Dona Mercedes é uma mulher vivida, com seus recém completos setenta anos, mas, com aparência e modos de uma jovem de vinte anos. Se casou cedo, pois houvera engravidado logo de seu primeiro namorado, senhor Euclides.

A sua primeira criança foi um menino, lindo e saudável, puxara a sua aparência e o gênio elétrico do pai. E o nome escolhido fora Enzo. Três anos após seu primeiro filho, vieram as gêmeas. Laura e Lara.

As coisas não iam bem para a pobre família, o patriarca e a matriarca eram de origem humilde. Ambos eram jovens do interior e tinham pouco estudo, seu Euclides trabalhava no campo enquanto dona Mercedes era uma dona-de-casa e mãe dedicada, sempre cuidando e zelando pelo bem de todos os membros de sua família, e o amor os mantinham juntos. Até que um dia, Seu Euclides veio a falecer devido a um acidente. O choque e tristeza se abateu entre todos os membros.

Mas Maria Mercedes não se deixou afundar pela tristeza, e logo após o enterro de seu falecido marido, arrumou um emprego como doméstica. E continuou educando suas crianças, e sempre tentando ser uma boa mãe. Mesmo criando os filhos por seus patrões e sendo mal paga, sendo julgada pelas pessoas a sua volta por ser uma mãe solteira. Ela seguiu firme.

O tempo se passou, as vezes de modo difícil, mas, também gracioso. Maria se viu já velha e com suas crianças já crescidas, sentiu-se como se seu trabalho estivesse concluído.

Mas então, ela começou a perceber que começara a se esquecer de coisas que ela realizava cotidianamente; primeiro uma receita de bolo...logo também se esquecera de onde ficavam as chaves, o mercado, de regar as plantas, de caminho de casa... Enzo foi o primeiro a perceber, logo Laura e Lara.

Após exames e exames, e o que era ‘probabilidade’ acabou se tornando ‘realidade’, o choro foi mutuo. A tristeza foi compartilhada entre mãe e crianças. Logo dona Mercedes, esqueceria de tudo.... Pouco a pouco, memórias e memórias. Mas, ela era forte, e aguentaria até o final, por eles.