Rebel escrita por Blake


Capítulo 6
Run




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— Junte-se à HYDRA e venha viver pior que um cachorro – brincou num ar meio infeliz. Estava encostada numa árvore, enquanto os demais montavam uma fogueira para mantê-los aquecidos, era a única mulher dali e por ser quase a sombra de Ward os demais passaram a chamá-la de Dama, possivelmente uma relação com a primeira dama, vai saber.

— Você anda mais mal-humorada que o normal, Dama – Ward avaliou, entregando-a uma garrafa de água e sentando-se ao seu lado.

— Taz – o corrigiu, pois além de machista, aquele apelido era estúpido - Passei uma semana inteira caçando ratos quando uma solução bem mais simples seria apenas explodi-los – enfim respondeu, checando a selagem da garrafa para ver se não havia sido adulterada ou nada do tipo, afinal, todo cuidado é pouco.

— Quando você me disser seu nome e como descobriu sobre aquele arquivo da SHIELD, talvez eu pare de chamá-la assim – ele soltou ironicamente.

— Você tem os seus segredos, eu tenho os meus – respondeu sem humor.

— Muitos problemas de confiança, hm ? – o moreno questionou, num ar jovial.

— Você me culpa por isso ? – rebateu.

— De forma nenhuma, eu a elogio por isso – ele respondeu, com um sorriso amigável sobre os lábios.

Retribuiu o sorriso, e involuntariamente corou um pouco.

— Para onde vamos agora ? – perguntou meio cabisbaixa, encarando a fogueira. Alguns homens já traziam bebidas, o que dedurava que aquela noite iria ser longa.

— Não se preocupe, daremos um jeito, você está segura - Grant sussurrou, passando o braço ao redor do ombro de Taylor, puxando-a para um abraço, ao qual ela não tentou fugir. A misteriosa garota já havia se provado digna, e o que antes era uma simples curiosidade, começou a se tornar um sentimento inquietante de proteção, cuidado ... Ward sabia, estava caindo em águas perigosas.

A loura encostou a cabeça no peito dele e a proximidade era estranhamente agradável, era reconfortante ser abraçada novamente.

— Você precisa mesmo de uma garota do RH – falou baixo e ouviu o homem sorrir, fazendo-a um leve cafuné.

— Eu sei – ele finalizou, enquanto ficavam em silêncio, apenas observando os demais.

△REBEL

Após o ocorrido, May e Coulson sentiam-se na obrigação de compartilhar toda informação que tinham sobre Taylor, sem omitir nenhum fato, por mais sórdido ou obscuro que esse fosse. Sabiam que precisavam detê-la antes que ela machucasse mais alguém, ou pior, que se machucasse.

— Taylor sempre foi muito precoce; aprendeu a ler com três anos, tanto em inglês quanto em mandarim, fazia cálculos aos quatro ... Aos dez ela passou a se inscrever em universidades, por puro hobbie - Coulson ia “explicando” alguns pontos sobre a filha. Enquanto May apenas concordava, não muito distante dali.

— Aos seis ela foi pega batendo num dos colegas de classe, mas não uma briga qualquer, ela usava golpes de karatê, quando eu a perguntei onde ela havia aprendido aquilo, ela apontou para mim – May falou, com certa amargura – Ela só precisa observar você fazer algo uma única vez para conseguir reproduzir tão bem, ou melhor, do que o original, então eu passei a treiná-la, temendo que ela fosse machucar mais alguém – a chinesa terminou seu relato, com a voz meio falha.

— Isso não deu muito certo – foi possível ouvir Hunter sussurrando por ali, mas todos trataram de ignorar, inclusive Coulson, que apenas prosseguiu.

— Taylor nunca foi muito falante, então na maioria das vezes não sabíamos o que se passava com ela, até que começaram a surgir reclamações sobre ela estar liderando clubinhos, beijando garotos, consumindo bebidas, praticando bullying ... Não acreditamos a princípio, mas quando a confrontamos, ela nem tentou desmentir ... O colégio ameaçou expulsá-la incontáveis vezes, não que ela se importasse com isso – Phil dizia aquilo num ar cansado e só agora parecia notar os sinais de alerta que Taylor os mandou. Por que não notara antes ?!

Parece uma garota adorável, o tipo de filha que eu e Bobbi teríamos - Hunter mais uma vez deu um de seus comentários desnecessários.

— Ela já havia fugido outras vezes, com alguns namorados – May prosseguiu.

— E namoradas – Coulson emendou.

— Mas ela sempre voltava, eventualmente, ela voltava – a chinesa concluiu.

— Taylor sempre foi meio fechada, inteligente demais para o seu próprio bem, May e eu tentamos acompanhá-la mas ... – pausou, relembrando das inúmeras vezes que encontrou uma pequena Taylor apenas observando as demais crianças brincando, sem nunca interagir com alguma – Nós nunca conseguimos – finalizou, com o olhar distante.

— Depois que ela bateu naquela criança a levamos a um psicólogo e ele a diagnosticou com Síndrome de Asperger, então pensamos que esse era apenas o jeito dela e respeitamos isso – May tentava quase se justificar, pois tinha noção que a história dava grandes indícios que tanto ela, quanto Coulson, foram omissos - Mas ficou óbvio que esse também não é o caso, aos dez, onze anos, ela passou a se relacionar com outras pessoas, acho que de tanto ela observar interações sociais ela conseguiu imitar uma – soltou num ar resignado, ficando de costas para o grupo. Não queria ver a cara de julgamento deles. Toda pessoa que Taylor ferisse ou matasse, o sangue também estaria em suas mãos, ela era a mãe ... A responsável.

Todos, sem exceção, ouviam ao relato, boquiabertos. Até Skye que tinha os olhos puxados conseguiu abri-los bem, porque a surpresa foi grande.

— Então ela é sociopata ? – Hunter, novamente, utilizou-se de toda sutileza para questionar.

May e Coulson deram de ombros, não sabiam se Taylor poderia ser enquadrada em algo, ela era complexa demais para isso.

— Tudo isso porque vocês não a contaram sobre o passado dela ? – Barbara questionou, se certificando de que havia entendido bem a estória.

— Nós a contamos o que acreditávamos ser o suficiente, que ela foi deixada na nossa porta e que havíamos a adotado – Coulson respondeu.

— Vocês mentiram para ela – Skye pontuou.

— Ela não ficou feliz quando descobriu que havíamos mentido mais uma vez e nesse ponto, tudo ruiu – May sussurrou, era impossível não sentir-se culpada. Podia realmente culpar Taylor pelo que ela estava fazendo ?! Possivelmente não.

— Ela matou uma pessoa – Tripp trouxe a tona o grande elefante branco que todos pareciam querer ignorar, embora fosse impossível fazê-lo.

— A autópsia disse que Audrey morreu no incêndio – Coulson saiu em “defesa” da sua problemática prole.

— Mas todos aqueles cortes, condizentes com métodos de tortura da CIA, foram feitos antes do incêndio – Hunter o relembrou desse fato.

— Ninguém sabe o que aconteceu naquele quarto, tudo que sabemos é que quando Taylor saiu de lá, Audrey ainda estava viva, ponto – o líder novamente se pronunciou e tinha os punhos cerrados, numa postura meio assustadora, que fez Hunter recuar. Phil sentia-se no dever de protegê-la, pelo menos até ter reais evidências.

— Como ela sabia sobre HYDRA ? – Fitz tentou quebrar o clima tenso, salientando outro ponto importante.

— Ela hackeou nosso sistema – Skye respondeu, já havia suspeitado dessa possibilidade e não demorou a notar que tinha razão. Taylor nem se esforçou para ser discreta, tinha sua assinatura digital por todo o lugar, só precisavam saber para onde olhar – Ela é boa, deixou sua marca propositalmente, não estava tentando se esconder – a asiática dizia, fazendo três letras se destacarem naquele gigantesco código que ninguém, com exceção de Skye, entendia.

— Taz – Simmons leu a palavra, achando aquilo no mínimo incomum para uma assinatura digital.

— Pelo menos o senso de humor dela está intacto – Coulson deu um riso nasalado, um riso triste, repleto de pesar.

△REBEL


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