Rebel escrita por Blake


Capítulo 19
Safe




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Não teve tempo para segundas considerações pois antes mesmo que o plano estivesse completamente traçado na sua mente sons de tiros foram ouvidos do lado externo, anunciando que eles haviam chegado.

– Agora a festa está completa – Kevin ainda sorria, mas dessa vez parecia realmente entusiasmado.

Bishop confirmou a conta bancária e os três se entreolharam antes de Kilgrave tomar Rosalind pelo braço e mandar uma mulher, que acabara de surgir no recinto, levá-la para os “aposentos”. Ou sala de tortura.

– Vão ficar aí parados?! – Grant ralhou com a dupla que suspirou antes de sacarem as próprias armas e voltarem para onde a comoção realmente acontecia.

A sala, antes primorosa, agora era uma confusão de vozes e plumas esvoaçantes, sons de tiros eram ouvidos, assim como um leve tremor, que, a medida que foram se aproximando, se intensificou ao ponto de obrigá-los a segurar numa das paredes para não caírem.

– Skye... – ouviu-se Grant sussurrar com um sorriso de canto.

Os sons dos tiros cessaram tão rapidamente quanto começaram já que Marcus derreteu todo objeto metálico num raio de vinte metros, daí foi a hora da luta corpo-a-corpo, uma mulher que se dividia em cinco, choques, levitação, tremores e outros poderes que ninguém estava interessado em conhecer.

O quarteto (Kilgrave os seguiu), observavam à zona de longe, ainda teriam um longo caminho a percorrer caso decidissem se envolver naquilo. Riley travava uma luta com Lincoln, escapando astutamente de toda investida que ele tentava, mas para Taylor, vê-lo tentando machucá-la foi o suficiente para arremessar uma faca à longa distância, que tinha como destino seu coração, mas ele se moveu instantes antes do impacto e o objeto acabou cravado em seu braço. Pelo menos fora capaz de chamá-lo a atenção e lhe arrancar um urro de dor, o que foi particularmente satisfatório. Óbvio que todas as atenções se voltaram para eles.

Iniciou uma luta contra Skye, a pessoa que estava mais próximo, e podia notar a fúria dos seus ataques, aparentemente, a asiática estava tendo algumas aulas com May, mas não eram os dez anos que Taylor teve, e, pelo visto, ela não havia aprendido o principal, “nunca lute com força, lute com inteligência”. Aproveitou a inocente tentativa de Skye de lhe dar um soco no rosto e a acertou um golpe, meticulosamente calculado, na cárdia, um pouco acima do fundo do estômago. A garota caiu no chão, segurando a própria barriga e Taylor riu sadicamente, tirando do bolso seu inseparável bisturi, o rodopiou entre os dedos, quase se divertindo ao ver a garota tão indefesa aos seus pés.

– Taylor! – uma voz conhecida, pertencente ao seu passado, a chamou. Pensou em não virar, se não virasse talvez ele fosse embora, mesmo que estivesse sendo ingênua ao pensar dessa forma. – Taylor! – chamou mais alto dessa vez, exigindo sua atenção com uma autoridade que apenas ele tinha o direito de lhe destinar.

– Todos parem e fiquem calados! – Kilgrave sobrepôs sua voz ao barulho da confusão imposta ali e absolutamente todos ficaram estáticos em seus cantos. Era quase surreal, entrou no jogo, mesmo que não se sentisse impelida a continuar parada. Sabia o porquê daquilo não ter gerado nenhum efeito em si.

O homem de terno colorido andou em meio aos seus “convidados”, avaliando-os de forma desejosa, quase como se estivesse selecionando novos brinquedos numa loja infantil.

– Você – apontou para Lincoln – Você – Alisha – Vocês também – sorriu mais largo ao apontar para Olivia, Eric e Riley – Definitivamente você – Kyle – Vai ser um pouco difícil mantê-lo longe da minha prataria – divagou sobre Marcus – Gostei de você – opinou sobre Bobbi e aproximava-se de Taylor e Skye, a loura tentava se manter o mais imóvel possível, até sua respiração era controlada. Se movesse um músculo sequer, arruinaria tudo. – Vocês duas... Que luta – sorriu com satisfação e aproximou o rosto do de Taylor, ela podia sentir o hálito dele em seu pescoço, teve instantânea repulsa, mas manteve a pose de estátua.

O homem olhou para Skye, ainda no chão – Taylor, certo? – falou com a asiática. Possivelmente considerou que Coulson chamasse por ela, e não pela loura. Sorte da adolescente, embora todos os demais soubessem que ele estava fazendo uma confusão ninguém estava autorizado a dizer nada. Passou os dedos displicentemente pelos cabelos louros da mais nova e sorriu – Não posso deixar que mate nossa amiga tremor, mas acho que ela se importa muito com aquele velho ali, e como eu gostei particularmente de você, permitirei que o mate, agora pegue esse bisturi e mate aquele homem – ordenou, olhando por cima do ombro de Taylor para Coulson.

Nada estava correndo do jeito que havia planejado. NADA.

Seus passos foram mecânicos até Phillip, achou, em meio à baderna, o olhar suplicante de May, mas apenas prosseguiu. Ouvia o bater frenético do próprio coração, nunca estivera tão nervosa na vida e, enquanto dava aqueles decisivos passos, refletia nas suas duas únicas opções: Matar Coulson e fingir ser uma das marionetes de Kilgrave, ao ponto de obter suas respostas ou matar Kilgrave e nunca descobrir o que realmente aconteceu... Tudo que fizera seria em vão, nunca preencheria as lacunas pendentes. Pode não parecer, mas ela levou longos e sufocantes instantes numa dúvida torturante. Chegou até onde Coulson estava e ergueu o bisturi, pronta para cortar-lhe a jugular, mas ao invés disso virou-se e arremessou o objeto no coração do homem de roxo, que com certeza foi pego de surpresa... Ela também havia sido pega de surpresa. Seu corpo soltou uma descarga de energia, como se estivesse retendo aquele poder por tempo demais e tudo congelou, novamente havia interrompido o fluxo do tempo.

Correu até a parte externa deparando-se com o solo todo manchado de vermelho e inúmeros homenzinhos da neve abatidos, como se tivessem sido alvejados pela metralhadora do quinjet, possivelmente Skye houvesse os visto através do infravermelho. Poderia fugir, poderia pegar o dinheiro, Riley, e apenas fugir, mas algo a impedia de cruzar aquela porta. Talvez fosse o olhar amoroso que o pai a fitava, instantes antes dela, assumidamente, matá-lo, talvez estivesse cansada de fugir, talvez visse uma oportunidade de ouro ali... Era hora de se livrar dos empecilhos. Levou trinta segundos para elaborar um plano, se era bom ou não... Possivelmente nem Deus soubesse. Caminhou até Bishop, que ainda possuía a maleta, e a abriu, tirando de lá um único papel com o número da conta bancária e a senha, decorou os números e jogou o papel na lareira, pegou o celular dele e mandou uma mensagem para Brody, o homem que ficara no comando da nova instalação, com instruções claras, por via das dúvidas mandou a mesma mensagem para Alexia, apagou qualquer vestígio daquela mensagem ao jogar o celular na lareira. Pegou algemas e as foi colocando ao redor dos pulsos de todos os membros da HYDRA, inclusive os seus, os alinhou no canto da parede e então desejou que o tempo voltasse ao normal. E ele voltou, após dois minutos de uma apreensão absurda, juntamente com a cara de surpresa e espanto de todos.

– O que aconteceu? – era a pergunta geral, mas ninguém tinha exatamente uma resposta.

– Acho que a morte desse homem desencadeou uma espécie de congelamento temporal – alguém opinou.

– Que merda é essa? – Bishop e Ward se debateram inutilmente, enquanto Taylor sentava-se tranquilamente no chão, com as costas contra a parede, ao lado do seu grupo criminoso. – Você fez isso, garota?! – Ward esbravejou em tom raivoso e se precipitou para atacá-la, o que ele possivelmente teria feito se Coulson não houvesse posto uma pistola na sua têmpora.

– Não me dê mais motivos para estourar seus miolos, seu desgraçado – o repreendeu seriamente.

Taylor pôs Riley exatamente ao seu lado e, embora a morena parecesse realmente devastada, não parecia irritada.

– Nós vamos ficar bem – sussurrou ao ouvido da morena e a beijou ternamente na bochecha. Fato que trouxe o lindo sorriso que Riley sempre esbanjava.

Ward e Bishop ficaram à mira da arma de Bobbi e Hunter, enquanto os demais vasculhavam o complexo em busca de Rosalind, que não tardou a ser trazida, intacta. A mulher ainda olhou com confusão para Taylor, mas nada disse, só estava grata por ter sido resgatada.

– Hora de irmos – Tripp anunciou e uma fila indiana, guiada por Riley, começou a caminhar, a morena era seguida por Taylor, que era seguida pelo ex-combatente, que era seguido por Bishop e por último havia Ward. Poupou os dois inumanos, sabia que eles não apresentariam resistência uma vez que se vissem em menor número, só pôs em amarras os mais perigosos.

Foram acomodados no chão do quinjet, ombro a ombro, e era quase divertido ver o quão temerosos alguns pareciam ao vê-los. Taylor não escondeu o largo sorriso ao observar Skye entrar no veículo um tanto envergada e com a mão apoiada no local do soco, aquilo ficaria doendo por um bom tempo, era sua única certeza.

– Espero que não tenha machucado – falou cinicamente.

– Não, você não espera – Skye rebateu ainda furiosa.

– Sem falar com os prisioneiros – May aconselhou Skye. A asiática não havia encarado Taylor ainda, tinha medo do que encontraria e apenas passou reto pela garota, indo até o painel iniciar o quinjet. Com todos à bordo, direcionou-os até o Bus.

Rosalind Price passou boa parte da viagem encarando Taylor, que fora algemada, juntamente com os demais, às pilastras da sala principal, ninguém queria deixá-los sem supervisão. A mulher quase duvidava que aquilo fosse real, parecia saber que havia um plano por trás daquela performance só tentava descobrir qual era, em dado momento cansou-se de imaginar os trágicos cenários e apenas puxou a loura pelo braço, sob os olhares atentos de todos, inclusive dos pais da garota.

– Qual é a jogada aqui? – cochichou para apenas a jovem a escutar.

– Que jogada? – se fez de desentendida.

– Não te conheço a muito tempo, mas já tive boas provas de quem você realmente é, acha que irei mesmo cair nessa rendição? –

Taylor alargou um sorriso, embora os olhos não sorrissem – Não acho nada, você é a pessoa das suposições, não eu –

Os azuis brilhantes de Rosalind chocaram-se com os de Taylor e ambas pareciam medir forças, testar alguns limites. – Eles irão descobrir seu truque, há exames de sangue para detectar Inumanos – a outra pontuou.

– Cinco milhões – a cara de confusão da agente forçou Taylor a prosseguir – Cinco milhões e você troca meu exame de sangue – tentou suborná-la – Eu cumpri minha parte do acordo, essa é a hora que você me devolve o favor – declarou.

– Algum problema aqui? – Coulson aproximou-se com uma cara séria.

– Não, nenhum – a agente respondeu ainda olhando para Taylor e o homem apenas levou a garota de volta à pilastra, prendendo-a ao lado de Riley.

– Por que você fez isso, Tay? – ela estava realmente triste e por algum motivo a menina teve vontade de abraçá-la e confortá-la. Até pensou em dizer-lhe que havia um plano, que tudo daria certo, mas não queria correr o risco de alguém a escutar.

– Eu não tive escolha – admitiu e não estava sendo irônica ou presunçosa, era um dos seus ímpetos de sinceridade, da mesma forma que tinha quando era criança e não entendia porque tinha que fingir sentir o que não sentia. – Era isso ou fugir pelo resto da minha vida, eles nunca parariam de me procurar, May provavelmente desistiria, mas meu pai nunca – suspirou com certa diversão – Ward falando de guerras... – revirou os olhos com enfado – Eu não sou particularmente fã das pessoas, mas eu também vivo nesse planeta, não seria legal se ele se explodisse em milhões de pedaços comigo aqui – comentou e olhou para Riley que exibia um mínimo sorriso.

– Você salvando o planeta, não achei que viveria para ver esse dia – brincou e ambas sorriram fracamente.

– Eu sou cheia de surpresas, então não se acostume com uma cela – aconselhou e sorriu sugestivamente. – Não esqueci nossos planos – concluiu.

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