Rebel escrita por Blake


Capítulo 15
Black Beauty




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– Então você vem conosco ? – Ward observou com falsa surpresa.

Taylor nada disse e apenas jogou sua mala num canto qualquer, sentando-se em seguida.

– Não fique brava, eu tenho uma surpresa para você – Ward não iria a dar uma folga pelo visto.

– O que você quer? – não estava no humor para nenhuma brincadeira.

– Eu ? Eu não quero nada, você quer – respondeu e a entregou um envelope, partindo em seguida com um sorriso cretino sobre os lábios.

Ficou observando-o afastar-se e só então abriu o envelope, tirando de lá cerca de dez fotos. As fotografias eram de uma cidade completamente bombardeada, havia entulhos por todos os lados, soldados, civis feridos... Aquele era o lugar onde nasceu, sabia disso pois nos arquivos da SHIELD haviam fotos semelhantes àquelas. Taylor só não fazia ideia do porquê de Ward a dar aquelas imagens, até chegar na última, Rosalind estava lá... E ela parecia comandar um esquadrão ?

A cara de confusão da loura foi inevitável.

– O que é isso ? – falou, jogando as fotos de volta ao colo de Ward.

– Até eu estou curioso – deu de ombros e sorriu, entregando-a novamente as fotos – O que você e essa cidade têm de tão especial ? – indagou, avaliando a garota a sua frente com interesse.

Taylor exibia aquele ar mórbido tão conhecido e simplesmente marchou para longe dele, sem se estender naquela conversa.

– Não vá torturá-la, querida Daminha, nosso comprador a quer em bom estado – Grant gritou para suas costas com escárnio, o ignorou.

A jovem entrou na sala onde Rosalind era mantida, com uma calma descomunal, seus olhos azuis eram duas lápides frias e sem vida, era impressionante como ela conseguia alterar a própria personalidade tão rapidamente, ou talvez aquela fosse a verdadeira Taylor, uma que ela teve que aprender a esconder.

Tirou a venda dos olhos da refém, que levou um tempo até adaptar-se com a luz, se ficou surpresa com a feição da sua “captora”, não demonstrou.

A loura pegou uma única foto, a última, onde Rosalind aparecia, e a pôs diante dos olhos da mulher, que pela primeira vez demonstrou alguma reação... Reconhecimento.

– O que você estava fazendo lá ? – Taylor quis saber, agachando-se até estar na altura da morena.

– Trabalhando – a outra respondeu e pôs um sorriso cínico na cara.

– Você estava procurando por uma criança ? – inquiriu, vendo a expressão de Rosalind se contorcer em confusão.

– Não – admitiu por fim, observando a garota a sua frente com uma atenção extra – Eu estava procurando pelo pai da criança – revelou e não sorria mais.

– Por que? – prosseguiu naquele tom contido e sussurrado, nada parecia ser capaz de entrar em seus nervos.

– Por que você quer saber? – Taylor teve que controlar toda sua vontade de socar a cara da mulher. Era ótima em reprimir sentimentos, mas não tão boa em reprimir atitudes.

– Eu não acho que você esteja em posição de fazer perguntas – a loura sussurrou friamente – Por que você estava procurando o pai da criança? – tentou mais uma vez.

– Você é a criança? – aquilo estava mais para uma afirmação do que uma pergunta - Coulson não te criou muito bem, olha onde viemos parar – concluiu com certa ironia.

– Ele me criou muito melhor do que você imagina – respondeu sem alterar-se.

A morena riu, os olhos azuis brilhavam em inteligência e mesmo numa situação merda como aquela, Rosalind parecia estar em total controle. Não por muito tempo.

– Eu era contra te matar, mas começo a achar que vai ser divertido – a garota falou, tirando um bisturi do cós da calça, brincando com o objeto que deslizavam com perfeição por seus dedos, sem, no entanto, a cortar.

– Não tenho medo de uma criança, pode me poupar da sua demonstração – Sra. Price era uma mulher de bravura, aquilo era inegável.

Dessa vez foi a vez de Taylor sorrir, com certo sadismo e diversão.

– Eu sou o menor dos seus problemas, na realidade, eu posso ser sua solução, Sra. Price – tinha um sorriso macabro sobre o semblante – Só depende de você – continuou, aproximando, perigosamente, o bisturi do globo ocular da mulher, encostando a ponta o suficiente para Rosalind senti-la – Você tem lindos olhos – avaliou de forma neutra, segurando com firmeza a lâmina que tinha entre os dedos. Caso tremesse, ou aproximasse o objeto um milímetro a mais, Rosalind perderia esse lindo olho – Se eu fosse você não piscaria, não faria nenhum tipo de movimento brusco e acima de tudo, começaria a responder minhas perguntas antes que se canse de manter esses belos olhos abertos ou pior, antes que eu canse de segurar tão firmemente esse bisturi, logo aviso, tenho uma paciência curta – ameaçou numa calma assustadora e parecia se divertir com a visão que tinha de Rosalind tão amedrontada.

Como previsto, a mulher não mais sorria. Na realidade, ela evitava fazer qualquer movimento, inclusive respirar. Umedeceu os lábios antes de sussurrar – Seu pai fez parte de um experimento do governo – iniciou pausadamente, sem mover sequer uma fibra do corpo – Eu irei dizer tudo, só abaixe esse negócio – implorou, mas Taylor manteve-se imparcial.

– Quanto mais você demorar a me dizer o que quero saber, mais tempo isso vai levar – respondeu sem se abalar.

– Ele tem uma espécie de vírus que o dá o poder de persuasão, nós usávamos ele em negociações com outras nações... Reféns, guerras... Mas ele ficou ambicioso, fugiu, decidiu aumentar o próprio poder, o caçamos até essa cidadezinha – falava de forma apressada, os olhos já estavam num vermelho vivo – Não aguento mais – admitiu e piscou, permanecendo com os olhos fechados por longos minutos.

Taylor retirou o bisturi segundos antes, mantendo sua parte da barganha de não arrancar o olho de Rosalind.

– O que mais ? - perguntou friamente. Dessa vez, quando a mulher a encarou, não havia a descontração de minutos atrás, havia algo que beirava o respeito? Taylor daria uma ótima agente da CIA, impiedosa como tal, engenhosa e fria como mármore no inverno.

– Ele forçou uma mulher a morar com ele, a engravidou e fez experimentos em você, para aumentar os próprios poderes e se livrar da nossa influência, ele não conseguia nos controlar, somos imunes ao vírus que o demos, então ele sabia que assim que puséssemos as mãos sobre ele, iríamos matá-lo, para isso não acontecer ele teria que ser mais forte do que o criamos para ser... – declarava num ar cansado, suspirando antes de prosseguir – Quando chegamos lá... Todos os civis eram seus servos, todos quiseram nos matar... – pausou, travando a mandíbula.

– Vocês os mataram antes – a jovem concluiu pela mais velha, sem demonstrar nenhum incômodo sobre a história que ouvia.

Agente Price concordou – Eu chamei a SHIELD quando a situação estava ficando fora do controle, sua mãe tinha... Habilidades – tentou achar uma boa designação e decidiu-se por ficar com aquela – Era uma grande bagunça, Kevin pôs as mãos num dos nossos agentes, o forçou a revelar nossas localizações... Eu pensei que você houvesse morrido na confusão que aquilo se tornou, ele conseguiu ficar mais forte, mas sua mãe conseguiu te entregar para uma agente da SHIELD, eu não sei como, ninguém é tão forte ao ponto de resistir a dominação dele, mas ela foi – falou e buscou no rosto de Taylor alguma emoção, não encontrou, apenas o completo vazio.

– Você o matou ? – foi a única pergunta que a garota fez.

Rosalind balançou a cabeça negativamente, com um pesar nítido, sentia-se culpada por não ter posto cabo na vida daquele infeliz.

– Desculpa – sibilou de forma abatida.

– Ótimo – Taylor sussurrou, erguendo-se.

– Ótimo?! – a mulher nem podia acreditar que ouvira aquilo.

– Eu iria odiar perder a oportunidade de matá-lo – anunciou sem emoção e guardou a lâmina, o rosto era a máscara mais indecifrável possível.

– Você não o conhece, eu posso te ajudar a encontrá-lo... – a agente realmente estava tentando uma negociação? Aparentemente sim.

– Eu ficarei bem sem a sua ajuda, eu posso ser muito engenhosa quando quero – respondeu e parou antes de atravessar a porta, olhando por cima do ombro – Mas eu irei pensar sobre a oferta -.

△REBEL

– Diretor Coulson ? – Simmons tentava controlar sua ansiedade, sem muito sucesso.

Phillip passava os recentos acontecimentos na cabeça, na tentativa de achar alguma lógica para HYDRA estar interessada em Rosalind Price, mas nada lhe vinha a mente... Tinha que haver um motivo, só precisava descobrir qual.

– Sim ? – respondeu calmamente, franzindo o cenho ao notar a britânica tão agitada.

– Descobrimos – enfim revelou, com um largo sorriso a se alargar por seu rosto.

Coulson sorriu também e a acompanhou até a sala de reunião, onde todos já estavam presentes e debatiam calorosamente. Fitz havia posto no painel a direção que a van havia tomado, mas em alguma parte do trajeto eles simplesmente perdiam o controle sobre os satélites e câmeras de segurança, perdendo, por conseguinte, o rumo que a van havia seguido... Cortesia da tecnologia que Alex Wilder e Bae implantaram na HYDRA.

– Ok, eu posso fazer isso – Skye se prontificou naquela missão, estalando os dedos antes de se sentar defronte ao computador.

**

– Estamos sendo hackeados ? – Alex questionou com incredulidade, se Skye, do outro lado tentava desarmá-lo, Alex fazia um excelente trabalho impedindo isso de acontecer. Não podia negar, a garota era boa, mas ele tinha uma ou outra habilidade por debaixo das mangas.

– Bae, me ajude com esses códigos – exigiu, focando-se no que fazia, era bom finalmente ter um desafio.

**

– Merda – ninguém havia visto Skye nervosa sobre computadores, aquele era o lance DELA, e para todos os presentes, ela deveria ser a melhor naquele quesito, mas, aparentemente, estava levando uma surra virtual. Digitava tão rápido, com medo de perder as brechas que conseguia achar, que estava quase afundando as teclas. Todos olhavam-na com expectativas o que não ajudava em absolutamente nada.

– Consegui – exclamou, mas a animação não durou muito, já que no instante seguinte a tela ficou completamente preta e letras garrafais surgiram; “NÃO DESSA VEZ” e em seguida o computador fez um barulho anunciando sua morte, e foi basicamente o que aconteceu, ele parou de funcionar.

Enquanto Alex impedia Skye de ter controle sobre os satélites, Bae a hackeou, foi uma luta injusta, ela não teve ajuda.

– Eu acho que não funcionou ? – Hunter perguntou, coçando a barba por fazer.

Skye estava pálida e seu único pensamento envolvia vingança e um duelo de formatação.

– Ok, reduzimos bastante a área, podemos trabalhar com o que temos... – Coulson tentou abrandar a situação, pousando a mão sobre o ombro da asiática.

– Cuidado Skye, você está sangrando um pouco da surra que levou – Hunter não deixaria aquilo barato e teve que correr quando Skye ameaçou arremessá-lo longe.

△REBEL

– Como você conseguiu aquelas fotos ? – a loura questionou pacientemente, sentando-se diante da mesa de Ward. Aquele era um avião bastante confortável, cheio de salas e mais espaçoso do que a primeira base na qual esteve, possivelmente Grant tenha se inspirado no Bus quando mandou fazê-lo. Era um homem sentimental pelo que tudo indicava.

– Eu fiz meu trabalho de casa, assim como a Sra. Price fez o dela – comentou obliquamente, levando o copo de whisky até os lábios.

– Isso não é uma resposta –

– É uma resposta, só não é a que você quer ouvir – pontuou, volvendo o líquido calmamente, enquanto observava Taylor com olhos cobiçosos.

– O que você quer ? – era óbvio que aquilo se tratava de mais uma negociação, se Taylor e Grant tinham algo em comum, era o amor pelo egoísmo, nunca faziam nada de graça.

– Você uma vez me disse que construiríamos uma HYDRA mais poderosa, seríamos reconhecidos e temidos nos quatro cantos do globo, eu quero que você fique e me ajude a torná-la tão grandiosa quanto eu sei que pode ser – revelou, depositando o copo sobre a mesa, sem desviar por sequer um segundo os olhos negros dos azuis celestiais de Taylor.

– Eu pensei que quisesse que eu fosse embora, cito suas palavras: “Eu não sei se conseguirei te ver todos os dias sabendo que sou apenas seu atalho” – respondeu, com a mesma cara imparcial de antes – Agora já quer que eu governe ao seu lado ? – indagou com sarcasmo.

– E você disse que nunca pertenceu a um lugar antes, pertença a mim – declarou de forma poética e Taylor ficaria lisonjeada, caso não conhecesse a personalidade bipolar de Ward.

– Eu nunca me importei com isso – iniciou monocromaticamente, olhando ao redor – Eu te usei – admitiu sem o menor remorso, focando-se no moreno a sua frente - Mas em algum lugar do percurso eu olhei em volta e vi um potencial desperdiçado... – falou realmente compenetrada em encontrar as palavras corretas para expressar o que sentia, não era exatamente boa nesse departamento ainda – Eu pensei que pudesse transformar isso em algo grande, digno de existir, capaz de causar reais mudanças – abaixou os olhos e umedeceu os lábios – Então eu me dei conta que não passamos de assassinos, ladrões, sequestradores baratos, a mudança que podemos fazer não é uma mudança que valha a pena existir – concluiu sinceramente.

– Desde quando você tem uma consciência ? – o homem questionou com sarcasmo, tornando a beber.

– Eu não tenho – passou os dedos distraidamente pelos longos cabelos – Eu sou egoísta demais para ter uma consciência – afirmou e deu um riso nasalado – Mas eu gosto de ter controle sobre a minha vida, eu não nasci para ser enjaulada e é isso que você está me propondo, um contrato vitalício por uma organização vazia e sem propósito – declarou, observando Ward se retesar inteiro na poltrona, tateando a arma que tinha embaixo da escrivaninha. A garota não se abalou e continuou encarando-o de forma neutra – Eu prefiro liberdade a poder, mas nós ainda podemos fazer sexo, se é disso que sente falta – finalizou sugestivamente, e piscou toda maliciosa antes de levantar, saindo do escritório sem esperar uma resposta. Não faria nenhuma diferença para ela, ele, felizmente, não era sua única forma de obter informações sobre seu “Dear Dad”.

△REBEL


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