Rebel escrita por Blake


Capítulo 13
Basement




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Encontrou a mulher sobre a escrivaninha de Bae, insinuando-se para ele num ar que chegava a ser cômico. Se Bae pusesse a mão em alguém como Riley, não saberia nem por onde começar. Aproximou-se por trás, dando o susto da vida do gordinho.

– Já devolveu o resto do dinheiro dele ? – indagou cinicamente, era bem óbvio que Riley iria torturá-lo antes de devolver e iria inventar a mentira mais deslavada possível.

– Você disse que já tinham levado e que minha casa tinha pegado fogo! – o coreano se enfezou, arrancando uma gargalhada da dupla fatal.

– Relaxa, cosplay do Hamtaro – a morena falou, jogando três maços de dinheiro sobre a mesa, cada um contendo $ 10 mil – Sou ladra, mas até ladrões têm honra, trinta para você, dez para mim – anunciou de forma poética, antes de seguir Taylor para fora da sala.

– Temos um trabalho – esperou estarem a sós no corredor para anunciar.

Riley sorriu de forma cofabuladora e pulou sobre as costas de Taylor, que a segurou sem nenhuma dificuldade, era quase dez centímetros mais alta do que a baixinha, então não foi nenhum esforço.

– E vamos para a Rússia – anunciou quando lembrou-se daquele importantíssimo detalhe.

– Eu não acredito – uma animada Riley exclamou, depositando a cabeça sobre o ombro de Taylor – Eu necessito roubar algo na Rússia, veio bem a calhar esse translado – ela brincou, bagunçando (ainda mais) os cabelos da loura.

– Faremos algo antes, mas depois você pode roubar até a coroa da rainha da Inglaterra – a certificou e foi impossível não sorrir, seria divertido fazer aquilo na companhia dela.

–Bishop! – a morena, que ainda estava sobre as costas de Taylor, gritou, chamando a atenção do negro que parecia descontraído como sempre (não o tipo de reação que se tem quando seu irmão está preso em algum lugar), novamente o sinal de alerta soou em seu cérebro, mas manteve para si. Riley não sabia sobre a situação do irmão de Rick, aparentemente, os únicos que sabiam eram Grant, Bishop e agora, Taylor. Deu um beliscão discreto na perna dessa e a mulher a encarou com uma cara de dúvida.

– Onde você estava ? – Taylor foi a pessoa a iniciar aquela conversa, quando o grandão já estava próximo a dupla. Tudo sobre aquilo estava estranho, além do suposto sequestro do irmão de Rick, não o vira com Grant mais cedo e o homem era quase a sombra do moreno, desde o triste fim de Tobias.

– Me certificando de que não levarão mais ninguém da minha família – anunciou sem humor e foi possível notar os calos dos seus dedos manchados de sangue, como se tivesse socado alguém.

– Nós iremos recuperá-lo – declarou em forma de teste, podia notar quando mentiam para si, era uma espécie de dom e Bishop, definitivamente, estava.

Riley pulou das suas costas e ficou encarando a loura com certa confusão – Eles estão indo atrás das nossas famílias agora ?! – questionou num ar apreensivo – Eu preciso ir – exclamou e Taylor sabia que seria impossível impedi-la, não teve tempo sequer de dizer suas suspeitas de que aquilo era mentira, suspirou em resignação. Realmente necessitava da ladra para o que pretendia fazer. Bufou sem muita paciência, se dirigindo para a enfermaria.

Na falta de opções, usaria os novatos.

– Sra. Mitchell ? – chamou num ar respeitoso. Para todos os efeitos, o grupo dos cinco Inumanos acreditavam que HYDRA era uma espécie de organização antigovernamental, de esquerda, que tinha como intuito proteger os menos favorecidos. Grant Ward os pintou quase como anjos da salvação. Só faltava as aureolas.

A ruiva estava ocupada fazendo a sutura de um dos grandões que a cantava descaradamente, não que ela prestasse atenção a isso.

Já prevendo esse tipo de comportamento, Taylor pôs um segurança, de total confiança, para barrar os mais abusados, mas isso não a impediu de olhar com todo o desprezo possível para o homem sobre a maca. Nojento. O moreno ao ver a aproximação da loura (e sua cara nada amigável) rapidamente abandonou o sorriso cretino. A garota fez apenas um aceno com a cabeça, mandando-o deixá-las, estava pouquíssimo preocupada se ele iria sangrar até a morte. A fama de Taylor a precedia e o homem rapidamente acatou, afastando-se de forma apressada.

– Alexia, me chame de Alexia – a ruiva de cachos volumosos pediu, com um sorriso bondoso sobre os lábios, enquanto observava o homem quase correr da enfermaria.

– Como queira, Alexia – iniciou, com um sorriso polido sobre os lábios – Receio que precisarei da sua ajuda, estaria disposta ? – questionou muito calmamente, içando o corpo até estar sobre uma das macas.

– Claro – a mais velha concordou, estreitando os olhos, como se avaliasse a jovem a sua frente com genuína curiosidade – Posso te fazer uma pergunta ? – sempre muito diplomática, a mulher perguntou.

Deu apenas um breve aceno em concordância, esperando a tal pergunta – O que você está fazendo num grupo de mercenários ? – a ruiva indagou, arrancando um sorriso de Taylor. Então ela havia notado, era óbvio que a história de “heróis” não colaria por muito tempo, era só reparar nas pessoas que trabalhavam ali. Bishop tinha razão, a cara deles dedurava o quão honesto eles eram, ou nesse caso, o quão pouco.

– As circunstâncias me trouxeram – respondeu de forma ambígua, mas sincera – E você, por que não foi embora ? – questionou imparcial. Sempre estudara muito bem as pessoas e Alexia Mitchell não era um ser humano ruim, demonstrava genuína preocupação com todos e era uma presença deveras agradável.

A ruiva deu de ombros – Vocês não me puseram uma cela e me interrogaram por cinco horas seguidas, ninguém aqui olha para mim como se eu fosse uma aberração, em nenhum momento me disseram que eu deveria me envergonhar dos meus dons, não se importam quando algumas luzes se apagam sem motivo aparente – ia ditando com um sorriso fraco sobre os lábios, enquanto colocava um dos cachos para detrás da orelha.

– Mas isso não nos torna os mocinhos, mantenha isso em mente – a loura balbuciou e pulou da maca – Te manterei informada sobre o plano – anunciou, antes de partir.

△REBEL

Vigilância. Era isso que fazia naquele exato momento. Precisava descobrir qual era a rotina de Rosalind Price, só assim poderia bolar algum plano. Seria bem mais fácil se contasse com a ajuda de Riley, mas foda-se, podia se virar sozinha. Talvez quisesse a morena mais pela companhia do que pela ajuda, refletiu com apreensão.

Rosalind era uma mulher de rotina. Chegava ao trabalho todos os dias às 7 am, vinha num carro particular, com dois seguranças de guarda. Estacionava sempre na terceira vaga antes da entrada. Trabalhava num prédio do governo nada discreto, que tomava quase um quarteirão inteiro, o edifício tinha uma águia nada sutil na entrada, anunciando uma única coisa; não entre aqui. Saia às 13 pm, para o almoço, num restaurante que, considerando o número de agentes que iam almoçar lá, seria mais fácil invadir a Al Qaeda, resuscitar Osama Bin Laden, matá-lo novamente, do que sequestrar a mulher naquele momento. Sem rotas de fuga. Às 19 pm, um dos seus seguranças atravessava a rua, indo até o Starbucks, pedia um baunilha latte e aguardava cerca de dez minutos até receber o pedindo, voltava até o prédio, onde a morena o esperava na recepção. Pegava o café e só então partia para o carro, sendo novamente levada para casa. Morava num edifício com no mínimo cinquenta metros de altura, onde até o homem-aranha ficaria com medo de se pendurar. Sem filhos, sem cachorro, sem marido, a mulher era uma maldita máquina.

Ficou a observando por uma semana e todos os dias era a mesma coisa. Era hora de pôr o plano em ação.

△REBEL

– Eu estou tão animada – Skye dizia, jogando-se sobre a cama de casal do quarto de hotel, na qual ela e Tripp estavam hospedados.

O negro sorriu, divertindo-se com a inocência dela.

– Relaxa aí, Tremor, é um simples recrutamento – o homem respondeu, largando as malas ao lado da cama – Já estabeleceu contato com o Lincoln ? – indagou, num ar mais sério.

A garota apenas confirmou. – Mas ele não me diz onde está – admitiu um pouco frustrada – Está surtando com esse lance de divisão para nos caçar, mas ele aceitou me encontrar – falou e abaixou os olhos, esperando ter deixado claro o suficiente.

– Não seria nos encontrar ?! – Tripp notou a falta da sua inclusão naquela frase, o que não o agradou.

– Ele não confia na SHIELD e não te conhece, por favor, você tem que entender – tentou explicar – Eu consigo fazer isso, eu juro – falou e uniu ambas as mãos a frente do rosto, de forma suplicante.

– Diretor Coulson foi muito enfático com relação a isso, Tremor, eu não posso sair de perto de você – Tripp rebateu. Confiava plenamente no treinamento que Skye havia recebido, mas estava sob ordens e não tinha nenhuma intenção de quebrá-las.

– Você pode ficar no carro, me monitorando, sei lá, mas eu tenho que entrar só, ou ele irá fugir – decretou de forma emburrada. Odiava aquela situação, aquela superproteção, nunca seria uma agente como os demais e eles não a veriam como igual, não enquanto recebesse tratamento “especial”.

– Ok, eu posso trabalhar com isso – o negro anunciou num ar conciliatório – E quando será o encontro ? – questionou, sentando-se ao lado da asiática.

– Às 6 pm, no The Drake –

– Ok, vou te deixar se arrumar, ainda tenho que alugar um carro e avaliar o lugar, te encontro lá, pode ser ? – questionou, lançando um sorriso amarelo para a jovem, que apenas concordou.

Não queria admitir, mas estava ansiosa para o encontro com Lincoln, assim sendo, quis se superar no quesito “vestimenta”. Optou por um vestido branco, tomara que caia, que contornava suas curvas com perfeição, e um meia-pata de salto fino. Os cabelos ficaram soltos, caindo em ondas por toda extensão das suas costas e contornando seu rosto fino e delicado. A maquiagem foi simplória embora seus olhos puxados tenham sido destacados, assim como seus lábios carnudos. Para um simples recrutamento, Skye, sem sombra de dúvida, estava se esforçando, até demais alguns diriam.

Pediu um taxi e estava, “pontualmente”, a frente do hotel às 6:15 pm, mas é como dizem: “mulheres bonitas não se atrasam, aumentam a expectativa.”

O louro sorriu ao vê-la, já havia chegado e assim como Skye, decidira investir nos seus trajes: usava um blazer, camisa social, calça jeans e desert boots, os cabelos louros esvoaçantes, estavam rebeldes, como de praxe, e os olhos brilhantes eram exatamente iguais. A morena aproximou-se com um sorrisinho bobo sobre o semblante.

“Ei, tremor, falem do recrutamento antes de abordarem outros assuntos” Tripp brincou, fazendo a garota revirar os olhos. Estava com um ponto no ouvido e o colar que usava havia uma mini-câmera acoplada, foi a única forma que encontrou para o seu “supervisor” deixá-la ir só naquele encontro.

– Você está perfeita – Lincoln iniciou, oferecendo-a seu melhor sorriso, assim como estendendo sua mão.

Skye corou um pouco mais, e pegou na mão que havia sido oferecida, sendo guiada até o restaurante do hotel. Quando estivera no Afterlife, nunca imaginou que Lincoln pudesse ser tão abastado, mas aparentemente, ele era.

– Está pronto para pedir agora, Sr. Campbell ? – um garçom os abordou, entregando-os o cardápio.

Lincoln o dispensou com um aceno respeitoso de cabeça, enquanto Skye apenas o encarava com certa confusão.

– Sr. Campbell ? O que mais andou escondendo de mim, Lincoln ? – questionou baixo, avaliando o nada modesto restaurante onde estavam.

– Digamos que ser adotado por um senador não seja tão ruim – respondeu obliquamente, tirando o cardápio das mãos da garota.

– É por isso que não quer vim conosco, você já sente-se seguro ? – inquiriu.

– Não exatamente, como você pode ver, é um estilo de vida difícil de ser replicado nas bases da SHIELD – respondeu, estudando a jovem a sua frente, despindo-a com os olhos.

– Afterlife não era exatamente um hotel seis estrelas... – avaliou - Então você não virá comigo ? – quis saber.

– Eu não disse isso – sorriu cheio de possibilidades e se Skye tivesse de pé, com certeza teria fraquejado diante daquele sorriso.

– E Alisha ? – tentou focar-se na “missão”, por mais impossível que fosse.

ATCU capturou seus primos, ela os quer de volta – declarou.

– Olivia e Eric também virão ? Foram os dois únicos que também conseguimos rastrear – realmente esperava que Hunter e Barbara estivessem no estágio de “recrutamento” e não transando em cada hotel de beira de estrada que se deparassem, embora tivesse que admitir, estava com um pouco de inveja daquela possibilidade.

– Sim, para quem viveu numa comunidade por tanto tempo, estar só no mundo não é exatamente uma transição fácil, mas eles são minha responsabilidade, eu não sou ingênuo ao ponto de achar que vocês querem apenas nos proteger – falou, recostando-se na cadeira e vendo a expressão de Skye mudar completamente, adquirindo um genuíno ar de dúvida.

– O que você quer dizer ? – exigiu.

– Não seja ingênua, Skye, eu sei que você considerou essa possibilidade – respondeu sem alterar-se.

– Coulson não os poria em risco dessa forma – tentava convencer mais a si mesma do que ao louro a sua frente.

– São tempos de guerra, eu entendo – bebericou um pouco da sua água com gás, antes de pegar a mão de Skye, posta sobre a mesa – Está tudo bem, estamos dispostos a salvar os nossos, SHIELD poderá nos ajudar – finalizou e só então estava pronto para pedir.

△REBEL


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