Indomável escrita por Ariane Munhoz


Capítulo 1
Único




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“Fui eu que notei sua ausência. Eu que quis encontra-lo.”, as palavras pairavam sobre sua mente como as ondas pairavam no oceano, em alto mar. Com aquela violência estrondosa que só ela conseguia causar em seu peito, como se de alguma forma seu coração ainda pudesse bater na presença intensa de Isabelle.

Tudo o mais naquele momento se tornou irrelevante: o som dos carros, as buzinas, a fumaça e o brilho cinzento que pairava sobre aquela cidade, como se fosse um eterno quadro tingido de preto e branco.

Por um momento ele imaginou Clary observando aquilo, com seus olhos críticos de artista. Como ela tingiria aquela pintura, com todas as suas aquarelas. Como ela seria capaz de dar cores àquele instante. Ele a imaginou tingindo os cabelos de Isabelle com um tom de azeviche, os reflexos reluzentes. Os olhos insondáveis e escuros como poços de meia noite, olhos que seriam capazes de tragar qualquer luz. De traga-lo para seu interior, porque, céus, ele não conseguia fazer nada além de olhar para eles, perder-se naquela sensação. E estava certo de que se precisasse respirar, estaria sem fôlego, o rosto quente e o coração batendo com tanta força contra o peito que poderia explodir.

Estavam tão próximos, pensou ele, tão próximos que podia sentir sua respiração, quente, em contraste com a frieza que seu corpo produzia pela ausência de calor, o calor que só sentia quando estava ao lado dela. E viu, com uma estranha familiaridade, como os lábios dela se entreabriram, como se quisesse lhe dizer algo. Como brilhavam em um tom escarlate, tão intensos quanto a cor do vestido que usava.

- Isabelle.

O som do nome dela era estranho aos seus ouvidos. Mas era como devia chama-la, ao menos naquele momento, sentiu aquela necessidade tão grande de dizer seu nome, um nome que enchia sua boca de jubilo, como se fosse mel derramado direto do favo em seus lábios. Um sabor que Simon sabia que jamais teria a oportunidade de sentir naquela existência imortal.

Quis beijá-la.

Imaginou-se fazendo, as mãos deslizando dos pulsos para os braços, até se encaixarem nos ombros dela. Ainda que Isabelle usasse saltos, ele havia crescido nos últimos meses, antes de se tornar um vampiro, e isso fez com que se inclinasse um pouco mais sobre ela. Seus olhos, antes ocultos pelos óculos, se mantiveram fixos nela, e por um momento Simon pensou se ela também pensava como ele. Se queria beijá-lo.

Se o desejava tanto quanto ele a desejava. Uma figura monumental, eternamente bela, ao menos naquele momento. Inatingível, inalcançável, tão artisticamente bela que Simon imaginou que nenhum artista seria capaz de reproduzi-la da maneira como realmente era: a indomável Isabelle.

Foi apenas por um instante, suspenso no ar, antes que os caçadores de sombras irrompessem pelo lobby, escancarando as portas duplas da entrada e Maryse se aproximasse da filha.

E então se afastaram, aquela pequena fagulha ainda acesa entre os dois enquanto seus olhares se distanciavam.

E embora quisesse a resposta para aquela pergunta—se ela o desejava—, jamais a saberia, pois era a graça a respeito do mistério sobre Isabelle Lightwood: nunca saber exatamente como ela pensava.

O momento havia passado. Mas, para Simon, anos mais tarde, quando tudo tivesse se acabado e ele estivesse sozinho na sacada do apartamento de um certo feiticeiro do Brooklyn, ainda se lembraria daquilo, gravado em sua mente eternamente. O único momento, em toda sua vida, em que seu coração morto havia batido novamente.

E se deu conta de que a amaria para sempre. Ainda que isso fosse tudo o que pudesse fazer depois que ela partisse, como uma estrela que ascende aos céus.


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Notas finais do capítulo

Sou uma dessas pessoas orgulhosas, que batem no peito pra dizer que shippam Simon com Isabelle SIM.

Não é, de longe, meu casal favorito da série porque, pfvr, Malec é vida demais pra ser ignorado. Mas eu senti uma química muito forte nessa cena em especial, um pequeno lampejo que achei que não deveria passar em branco. É algo que consigo imaginar bem acontecendo entre eles. Depois de toda a viadagem que foi o início do livro, com mimimis e etc, acho que é mais ou menos o que passou pela cabeça do Simon.

Então, tem citações da cena, mas não quis copiar inteiramente.

É isso.

Comentem, favoritem, façam uma escritora feliz.

Pra você, né, amiga, porque não podia ser de outra pessoa.

Te amo/sou



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