Capítulo 11 – Meu vizinho e sua janela!

As aulas passaram tão lentamente que eu pensei que o relógio estava com birra comigo. Mal começou o ano letivo e eu já quero que ele termine. Isa e Cam me ignoraram como se eu nunca tivesse existido. Felipe me mandava olhares de reprovação em todas as aulas que tínhamos juntos. Por que eu não posso namorar quem eu quiser? Eles acham que são meus donos.

O sinal que indicava o final das aulas soou pela escola. Pessoas que pareciam nunca ter saído da escola pegaram seus matérias e correram para fora. Guardei tudo que era meu e me levantei pegando minha bolsa. Mike estava na porta me esperando com um sorriso sínico. Fui até ele e arqueei as sobrancelhas.

– Quer carona? – Mike perguntou e eu soltei uma risada baixa.

– Não tem detenção hoje? – Perguntei e ele fez uma careta.

– Não! Graças a Deus! – Milagre! O que ele mais teve nesses quatro primeiros dias de aula foram detenções. Não que eu tenha reparado nisso, mas foi o que parecia.

– Então eu aceito. – Eu disse saindo da sala.

– Tem um jogo no sábado e você tem que ir. – Ele disse começando a andar até o estacionamento.

– Jogo de basquete? – Perguntei e ele assentiu.

Fala sério! Eu nem sei nada sobre jogos. Principalmente de basquete. Paramos em frente a seu carro e ele abriu a porta para mim. Ele deu a volta e entrou deixando minha porta aberta. Metade, cavalheiro!

– Precisamos juntar o Justin e a Isa. – Ele disse dando partida no carro.

– E desde quando você virou o cupido? – Perguntei e ele riu baixinho.

– A partir do momento que meu melhor amigo virou um boboca apaixonado! – Nossa! Mike Hamilton tem sentimentos.

– Você tem sentimentos! – Exclamei e ele me olhou de soslaio.

Isa e Justin! Eles fazem o casal perfeito. Só preciso descobrir se a Isa gosta dele como ele gosta dela. E como isso vai ser difícil! Além dela estar completamente sem falar comigo, ela adora esconder os sentimentos.

– Chegamos! – Mike disse e eu olhei pela janela. Como chegamos tão rápido?

– Obrigada. – Disse abrindo a porta do carro. Assim que coloquei um dos meus pés para fora Mike puxou meu braço. Um puxão leve e sem machucar. Deve ser o dia dos sentimentos positivos!

– Nem um beijo? – Revirei os olhos. Como ele consegue estragar minha idéia, tão rápido? Puxei meu braço e sai do carro.

– Tchau Mike! – Acenei para ele que deu partida e saiu voando. Literalmente!

Entrei em casa e percebi que eu estava sozinha novamente. Esqueci que Liam tinha me ligado. O que aquele demoníaco queria? Vamos descobrir! Digitei o número dele no telefone de casa e ele atendeu:

– Alô?

– Oi maninho lindo!

– Ai está você sua vadia.

– Que palavreado é esse?

– Por que não atendeu minha ligação?

– Porque eu estava na escola.

– Era hora do intervalo.

– Eu estava ocupada!

– Fazendo sexo no armário? – Olha o que as universidades fazem com essas pessoas!

– O que você queria?

– Fugindo do assunto! Mas vamos lá. Eu vou levar uma pessoa ai sábado.

– Já está fazendo sexo com outra garota? - Peguntei soltando uma risada divertida.

– Ela é especial.

– Foi o que você disse para a garota da padaria.

– Eu gostava dos pães que ela fazia!

– Nem era ela que fazia os pães.

– Olha só avisa para a mamãe! Tchau! – Antes dele, me deixar falar tchau desligou.

Universidades mudam a cabeça das pessoas! Principalmente de pessoas que tem pouco cérebro que nem meu irmão. Coloquei o telefone no lugar e subi as escadas. Entrei no meu quarto que parecia ter recebido a visita de um furacão.

– Talvez eu te arrume amanhã. Ou não! – Disse para mim mesma. Olhei pela janela do quarto e vi uma cena um pouco desconfortável.

Eu já disse que minha janela da de cara com a do vizinho? Isso mesmo dá de cara com a do vizinho! E ainda por cima da de cara com um quarto. Mas sempre que eu olhava a cortina estava fechada. Mas desta vez não! E eu posso te dizer que eu preferia ela fechada.

Meu querido vizinho que eu nunca tinha visto antes estava prestes a fazer sexo com uma mulher que parecia ser trinta anos, mais velha que ele. Deuses! Para que um DVD de pornografia quando se vê isso da sua própria janela? E para meu azar minha janela ainda não tem cortina! Azar puro!

Ele estava com tanta atenção nos peitos da mulher que nem percebeu que tinha uma garota semi traumatizada olhando pela janela. Isso era pior que ver seus pais fazendo sexo. Muito pior! Ou talvez. E meus olhos não saiam dali. Estou virando uma pervertida!

Finalmente ele olhou pela janela e me viu. Seu rosto que antes era branco ficou vermelho. Muito vermelho! Imagina o meu rosto então? Eu devo estar parecendo um tomate. Sorri de fininho pra ele, para amenizar o clima pesado. Muito pesado por sinal! A mulher apareceu na janela e me olhou. Acho que estraguei a transa deles.

– Oi. – Ela disse acenando para mim. Só eu que percebi que eles estão sem roupas?

– Oi. – Falei acenando de volta.

– Meu nome é Keila. – Quem quer saber o nome de uma pessoa nessas horas? Ela nem se quer parece estar constrangida por uma garota de 16 anos ter visto sua quase transa!

– O meu é Brianna. – Eu disse e o garoto que parecia ter quase minha idade sorriu. Um sorriso bem bonito por sinal! Acho que eu sei o do porque aquela mulher estar ali.

– E o meu é Jacob! – Ele disse e eu sorri sem mostrar os dentes. Aquilo poderia ser uma conversa normal se eles não tivessem sem roupa.

– Eu tenho que ir passar aspirador de pó na casa! – Eu disse tentando ter uma desculpa agradável. Essa foi á única coisa que veio na minha cabeça!

– Claro! Tchau. – Keila disse com um sorriso sínico no rosto. Acho que eu não estraguei transa nenhuma!

Sai dali o mais rápido possível. Preciso urgentemente de uma cortina! Eu estou traumatizada. Completamente traumatizada. Quem faz sexo sem antes de conferir se ninguém está vendo? Nunca mais vou olhar por aquela janela. Nunca!

POV MIKE HAMILTON

Cheguei em casa e estacionei meu carro na garagem. Entrei e lá estava meu pai esparramado no sofá. Ultimamente ela está chegando em casa mais cedo. Infelizmente! Subi as escadas e entrei no meu quarto jogando a mochila em qualquer canto.

Ouvi a campanhinha tocar. Graças a Deus meu pai está em casa se não eu teria que descer a escadas e abrir a porta. Ouvi passos vindo em direção ao meu quarto. A porta se abriu e dela entrou Justin. Ele estava sem mochila e sem a roupa que ele estava na escola.

– Oi cara. – Ele disse se jogando na minha cama. Ousadia pura!

– Quem te deu permissão para deitar na minha cama? – Perguntei e ele revirou os olhos.

– Pelo jeito namorar a Brianna está afetando seu cérebro. Ela é muito certinha para você! – Como se eu ligasse para o que ele diz! – E a aposta?

– Ainda está de pé! – Ela levantou seu corpo da cama e se sentou.

– Se você não se apaixonar por ela! – Ela disse e eu arqueei as sobrancelhas.

– Acha mesmo que eu sou tão idiota para chegar á esse ponto? – Ele assentiu e eu fiz uma careta.

Nunca me apaixono por garotas tão fácil. Vocês devem estar se perguntando: Você nunca se apaixonou por ninguém? Não, nunca! E eu dou graças a Deus, porque pelo o que as pessoas dizem se apaixonar é horrível. Principalmente pela pessoa errada. E eu não vou me apaixonar por Brianna Clarckson!

– Na verdade eu tenho quase certeza! – Ele disse e eu o mostrei meu dedo do meio. Ele deve estar assim porque está apaixonado pela Isabella.

– Você fala isso porque está apaixonadinho pela CDF! – Falei e ele bufou.

– Cala a boca. – ele disse e eu soltei uma risada baixa. – Vamos jogar vídeo game! – Ótima idéia!

– Vamos lá! – Disse e ele foi até onde eu guardava meus jogos e escolheu um.

Ele como sempre escolheu um de luta. Viciado a flor da pele! Ele colocou o jogo e nos começamos a jogar. Um defeito nessa peste que eu chamo de amigo é que ele não sabe perder. Então eu sempre deixo ele ganhar, porque se não ele destrói minha casa com um grito.

POV BRIANNA CLARCKSON

Eu estou sentada no sofá da sala a mais de vinte minutos. Eu não voltar naquele quarto até eu ter certeza que aqueles dois não estão fazendo mais sexo. Maldita cortina que não estava fechada!

A porta da minha casa se abriu e de lá minha mãe entrou com uma aparência de cansada. Imagino que esteja mesmo, já que ela trabalha muito para sustentar dois filhos. O Liam deveria ter vergonha na cara e começar a pagar a universidade com o próprio dinheiro dele. Nem que ele tenha que trabalhar para isso.

– Oi filha. – minha mãe disse vindo se sentar ao meu lado. Ela depositou um beijo na minha bochecha e eu sorri. – O que está fazendo aqui?

– Nada! – Só tendo certeza que o nosso vizinho não esteja fazendo sexo com uma mulher que tem idade para ser mãe dele.

– Como foi seu dia? – Ela perguntou e eu fiz uma careta. Tirando a parte de eu ter visto o vizinho fazendo sexo, até que foi bom.

– Bom e o seu? – Ela me olhou e balançou a cabeça em negação.

– Cansativo. – Ela disse e eu a puxei para deitar no meu colo. Acariciei seus cabelos loiros como o meu e ela fechou os olhos.

– Preciso de uma cortina. – Eu disse me lembrando da cena no quarto do vizinho. Minha mãe soltou uma risada baixa e assentiu.

Mamãe se levantou e foi para a cozinha. Peguei o controle e liguei a televisão. Eu ficaria ali por mais um tempo só para garantir. Eu já estou traumatizada demais! Mudei todos os canais, não passa nada de bom nesta hora. Resolvi deixar em um canal que estava passando Bob Esponja. Odeio esse desenho! Mas é a única coisa que parece prestar para assistir agora.

– Mãe! – Chamei e minha mãe apareceu na ponta do sofá. – O Liam disse que vai trazer uma garota aqui sábado!

– Ele e suas namoradas. – Ela disse e eu soltei uma risada baixa. Ela voltou para cozinha e eu me virei para prestar atenção naquele desenho.

Dei um nome para cada personagem do desenho. O Bob esponja era o Justin e aquela esquila chamada Sandy era a Isa. O Patrick é o Mike, o Lula Molusco é o Cameron, a pérola é a Caroline, o Gary é o Liam (só porque eu sou malvada), o Seu Sirigueijo é o Felipe e eu não sou ninguém porque eu sou uma pessoa totalmente normal!

Voltei a prestar atenção no desenho e vi uma fogueira acessa. Olha eu quase nunca assisto esse desenho, mas eu sei que eles moram debaixo do mar. Então me explica como acende-se uma fogueira debaixo da água? Desenhos animados! Ri sozinha e mudei de canal.

Acho que já posso voltar para meu quarto. Ninguém fica fazendo sexo por tanto tempo, fica? Desliguei a televisão e levantei do sofá. Subi as escadas correndo e ouvi minha mãe mandando-me parar de correr. Entrei no meu quarto e olhei a janela. Meu vizinho estava vestido (Gloria Deus!) e estava apoiado na janela olhando para meu quarto. Como ele ficava bonito naquela posição! Fui até a janela e parei nela. Apoiei meus braços nela e sorri para Jacob.

– Ai está você! – Ele disse sorrindo.

– Aqui estou eu! – Falei olhando para baixo. Tinha plantas crescendo ali. É uma divisão bem pequena, mas se você estiver correndo de assassinos dá para se esconder.

– Eu estava esperando você acabar de passar aspirador de pó na sua casa, para pedir desculpas. – Na verdade na minha casa nem tem aspirador de pó.

– Desculpa pelo o que? – Perguntei. Eu sabia o porquê, mas não custava prolongar a conversa.

– Você sabe muito bem! Eu deveria ter fechado a cortina. – Ele disse e eu assenti. Com certeza deveria ter fechado a cortina.

– Relaxa quando eu tiver minha cortina você não vai precisar se preocupar. – Ele soltou uma risada que foi acompanhada pela minha. Eu não estou flertando com ele! Talvez eu esteja. Mas eu quero ter alguém para conversar já que meus amigos estão me ignorando porque eu estou “namorando” Mike Hamilton.

– Você deve estar traumatizada. – Você não sabe como! Ele me fez esquecer a vez que eu vi minha tia fazendo sexo com um vendedor de peixe. Ele fedia peixe podre.

– Que nada! – Eu disse tentando parecer verdadeira.

– Agora eu tenho que ir. Tchau. – Ele se despediu acenando para mim. Acenei de volta e ele fechou a cortina.

Ele pode me ver dormindo. Isso é um absurdo. Preciso de uma cortina urgentemente! Sorte que pela janela deve dar só para ver minhas pernas que vão estar cobertas pelo cobertor. Fui até meu banheiro e tomei um banho rápido e quente. Sai já vestida com meu pijama.

– Preciso de comida. – Eu disse para mim mesma. Abri a porta e desci as escadas indo até a cozinha. Minha mãe está sentada no balcão comendo um pedaço de pizza. – Compra pizza e nem avisa sua filha esfomeada!

– Pode pegar a vontade. – Ela disse e eu assenti. Peguei um prato e coloquei um pedaço de pizza. Fui até a geladeira e peguei um suco qualquer. Eu nem sei quem faz esses sucos, porque eu não sou.

Peguei o suco e o prato com pizza e voltei para meu quarto. Sentei na cama e comecei a comer. Meu celular apitou e eu o peguei. Uma mensagem daquela peste chamada Mike. Nela dizia que eu deveria parecer mais apaixonada por ele. Garotos! Mandei um palavrão pra ele como resposta.

Terminei de comer e coloquei o prato e o copo encima do criado mudo. Fui até o banheiro e escovei meus dentes. Sai e pulei na minha cama. Amanhã é sexta! Gloria Deus. Ou talvez não, já que depois de sexta vem sábado. E nesse sábado eu vou ter que ver meu irmão com sua nova “garota” e ainda vou ter que assistir um jogo que eu nem sei as regras.