Unbemerkt escrita por Shan Hanfei


Capítulo 1
Para o que você viveria?


Notas iniciais do capítulo

O curioso desta pequena crônica é que escrevi a mando da minha professora de português, valendo nota.

Ela me deu um 8.



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Eu estava parada em uma fila enorme de cinema, afim de comprar ingresso para qualquer filme que estivesse em cartaz. Estava sozinha, pois o meu único amigo estava com febre e não pudera me acompanhar. Por um lado, era melhor assim.

Ele não entenderia o porquê de eu estar tão calada. Provavelmente eu não iria conversar por opção. O que eu estava sentindo era tão dificil de explicar. Às vezes, nem eu mesma conseguia entender. E o que eu mais queria era eliminar aquele sentimento que tanto me consumia e me despedaçava.

Pra que viver quando não há um propósito? A minha vida não tinha mais sentido algum. Eu tinha problemas em casa, os quais deviam me preocupar, mas simplesmente passavam despercebidos.

Foi então, já dentro da sala de cinema, que eu o vi. Ele estava feliz, sorrindo alegremente, segurando a mão de sua atual namorada, enquanto eu estava ali, sozinha, sofrendo por ele. Pensando nele. Triste.

Ele me olhou e seu olhar foi indiferente. Agora, eu tinha certeza que viver era uma opção estúpida. Se eu disesse isso em voz alta para alguém, esse alguém provavelmente diria: "Uma adolescente de 15 anos como você não deveria ter pensamentos assim". Mas, não me importei. Levantei de minha poltrona, deixando a pipoca e o refrigerante, e desci lentamente as escadas para a saída. Enquanto descia, eu o olhava. Tão lindo, ali, nos braços de alguém que não era eu. Eu o amava tanto. Algumas amigas diziam que ele me amava, mas eu duvidava. Ele me olhou mais uma vez, e seu olhar me assustou. Estava sério, não sorria nem nada, como se quisesse dizer alguma coisa. Saí da sala do cinema, em lágrimas. O rosto dele me encarando não sairia nunca mais de minha cabeça.

Peguei o primeiro elevador, por sorte, sozinha, e apertei parao estacionamento sem cobertura, no último andar. Cheguei rapidamente, e andei. Os carros ali ficavam sob o sol ou sob a chuva. Então, eu andei para a beirada. O shopping tinha 6 andares e era uma altura muito grande. Encostei-me no muro que chega até a altura de meus peitos. Ridículo, pois eu queria andar até não ter mais o chão para eu pisar. Então, eu subi em cima do carro mais próximo, e com um impulso, consegui me colocar em pé em cima do muro. Atrás de mim, havia o estacionamento e o chão muito próximo. A minha frente, olhando para o chão, havia minúsculas pessoas, minúsculos carros e minúsculas árvores. Fiquei quieta para me equilibrar, olhando sempre para a altura que não me daria chance de sobrevivência.

Aquela então fora a minha adolescência. A minha adolescência, dos meus 13 aos 15 anos, fora sofrer por um garoto que durante alguns meses, disse que me amava, e me abandonou. Sofri por alguém que não ligava para mim. Então, sem pensar, eu dei um passo para a frente. O vento gelado bateu com violência por todo o meu corpo, me deixando congelada. Mas tudo foi muito rápido. Eu não senti quando bati no chão.


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Notas finais do capítulo

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