Tudo o que eu pensava sobre Rick Grimes era errado. O cara, apesar de ter uma aparência nada amigável, e ter um porte seguro de si, era legal, não era do tipo que sorria, mas sabia a merda que o mundo está lá fora e por isso me deixou ficar.

Era realmente uma prisão, e para minha sorte, a essa hora, eles estariam jantando, mas para o meu azar minha bochecha e sobrancelha esquerda estavam machucadas e acima do meu nariz também, minha aparência era péssima, minhas roupas estavam sujas de sangue e rasgadas, meu longo cabelo cor de ferrugem estava em uma trança com alguns fiapos soltos, parecia mais uma zumbi do que humana.

Rick me disse das pessoas que moravam ali, começou pela sua família, disse que tinha dois filhos, Carl, que tinha mais ou menos minha idade e Judith, que era um bebê. Depois me falou dos Greene, Hershel, que era o mais velho e também o ‘médico’ daqui, Maggie que era filha mais velha de Hershel e Beth, a mais nova que cuidava de Judith. Depois ele me falou de Carol, que era viúva, Daryl e por último me falou de Glenn, que era namorado de Maggie.

Fomos passando pelas salas até que chegamos no refeitório, eles estavam rindo baixinho e quando me viram, se calaram imediatamente e olharam para Rick.

– Quem é ela Rick? – Perguntou uma mulher que tinha um cabelo curto e acinzentado.

– Eu a achei perto do portão, o nome dela é Melanie, achei que podia ficar, me disse que não tinha grupo. – Rick disse, e um homem mais velho, que julguei ser Hershel, veio na minha direção.

– O que aconteceu com você? – Sabia do que se tratava a pergunta.

– Ah, os arranhões? – Perguntei e ele me confirmou com a cabeça. – Eu os fiz quando estava escondida em cima de uma árvore, e começou a chover, tipo, muita chuva e quando eu estava descendo pelos galhos, meu pé deslizou e cai no chão, pra minha sorte, não quebrei nada, mas o lado esquerdo do meu rosto não escapou ileso. – Terminei a história e pude perceber, um menino, talvez o filho do Rick, que estranhamente usava um chapéu de Cowboy me encarava.

– Que história. – Disse Hershel – Eu posso olhar para você, com sorte você não pegou nenhuma infecção.

– Ah?! Não, quer dizer, não precisa, pode comer.

– Nada disso, eu já estou satisfeito, você come alguma coisa e dá uma pasada na enfermaria, vamos limpar isso ai. – Hershel disse e se retirou.

– Está com fome? – Perguntou a menina loira com olhos claros.

– Na verdade. – Encarei ela. – Faminta.

Carol me serviu e quando a comida tocou minha língua eu quase derreti, por um momento, pensei se Karla iria gostar disso. Karla era minha irmã mais nova, e nos perdemos a uns 11 meses, ela foi leva com um grupo, hoje, talvez se estiver viva, teria uns 6 anos de idade. Pensar nela acabou com minha refeição.

– Não está bom, querida? – Maggie me perguntou. Nesse pequeno tempo em que entrei no grupo, as irmãs, Maggie e Beth me pareciam ótimas pessoa, e se mostraram preocupadas comigo.

– Não, está ótimo, faz tempo que não sinto gosto de comida de verdade, está maravilhoso, é que, fiquei preocupada com o que o Sr. Greene disse sobre minha bochecha, eu acho melhor visita-lo. – Menti, mas não queria ficar ali, precisava de um tempo.

– Ok então, pode chama-lo de Hershel, papai prefere assim. – Maggie disse, não pareceu desconfiada, quando terminou a frase, me ofereceu um sorriso, e eu devolvi, saindo do refeitório.

Estava perdida nos meus pensamentos quando dou uma topada em alguém, isso não me faz cair, mas eu fui com o impulso para trás.

– Ei – Eu disse pondo a mão em minha cabeça.

– Eu é que diga, devia prestar mais atenção, Srta. Não lembro o nome. – ótimo, era o filho do Rick, Carl. Vindo de Rick, não esperava um menino rude assim.

– A sim, desculpe, cowboy, já que está aqui, pode me dizer onde eu encontro a enfermaria que o Sr. Gre... Hershel está? – perguntei.

– Você está bem próximo. – Ele disse, queria brincar comigo, era isso? Ele cutucou a onça com vara curta.

– Obrigada pela sua orientação, vejo que não era o melhor aluno em geografia. – disse ríspida.

– Pois é, não vai me dizer seu nome? – Ele perguntou.

–Não.

– Beleza, ‘Bruxa’.

– Pera ai, oque? – Olhei incrédula, aquele menino está me tirando.

– Bem, sem ser mal educado, é o que você está parecendo uma agora. – Ele disse e eu olhei meu corpo, eu estava um farrapo. Ele não esperou resposta minha, apenas saiu me deixando ali. Por sorte, como Carl disse, eu estava próxima da enfermaria, Hershel limpou bem minhas feridas e me deu alguns remédios.

Eu acabei ficando no Bloco C, numa cela embaixo, tomei um banho, Carol me trouxe uma roupa e me deitei, depois fiquei pensando na breve, porém desnecessária conversa com o filho do Rick, ela acha que é um tipo de cão, onde eu sou um tipo de gatinho frágil, mas ele estava enganado, eu sou como um Cavalo Negro, e ele iria perder.

– Então, você quer brincar com magia garoto, você devia saber com o que está lidando. – Sussurrei para mim mesmo, e com algumas lembranças felizes, eu adormeci.