Étoiles Perdues escrita por Gabe


Capítulo 1
'Cause you're my Future and my past


Notas iniciais do capítulo

é minha milésima tentativa aqui no nyah, então espero que gostem e que a procrastinação não me domine outra vez!

boa leitura :)


p.s.: os ****** limitam o início e o fim das partes que são no passado ;)



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Éponine

Paro em frente à construção escura me encostando junto à parede com o dilema do “entro ou não entro” ao meu lado. Cigarro nervoso na boca. Isqueiro aceso em dedos trêmulos sem saber o que fazer.

Droga.

Apago o fogo com um clic silencioso e a carteira nova de cigarros acaba no fundo da lixeira enquanto adentro os grandes portões rumo à liberdade arrastando sem animo a bandeira em nome da vida.

******

3 anos antes

São 4 da manhã e minha mente vai e volta no rapaz do apartamento ao lado que não para de chorar. Choro com ele através da parede do meu quarto. Sempre o faço.

Porque entendo a barra que é, primeiramente, morar aqui. Triste e sombrio. E úmido. E sozinho demais pra não querer o aconchego que as lágrimas de um estranho têm em alguns momentos.

Em momentos como esse.

Porque costumava vê-lo com os dedos sujos de tinta e um sorriso tímido no rosto, mas os gritos voltaram.

******

Enjolras

Ela chorou tão alto aquele dia que ouvi mesmo por trás do vidro do carro, mesmo pela distancia, mesmo pela janela trancada que ela não alcançava, mesmo por desejar tanto não ter ouvido.

Agora eu a deixava sozinha e perdida lá dentro. Agora eu teria uma irmã dois anos mais nova que se parecia comigo. Agora eu teria um quarto só meu. Agora eu deveria me sentir feliz e agradecido, mas só me sentia acabado e sem sorte.

Queria poder levá-la comigo. Queria fugir com ela se necessário.

Não deu tempo de falar a única coisa que devia ter dito. Podia ter dado esperanças, uma promessa no fim de tudo, podia ter ajudado.

Mesmo com tão pouca idade eu sabia o que era e tinha mais certeza daquilo do que de qualquer coisa.

Eu a amava.

E ninguém ama mais do que uma criança. – pensei de manhã quando Cosette me disse que fazia sete anos desde que eu fora morar com eles.

Ela chorou tão alto aquele dia que ainda da eco dentro de mim.

******

Grantaire

“- E o que você espera que eu faça, Enjolras?”– aumentei o tom consideravelmente ao perguntar com uma indignação da qual não sou digno de expressar. Ele estava certo outra vez. Da mesma forma como estou levemente bêbado agora.

Todos na sala dão risada.

“- Que procure ajuda, droga! Se não consegue sozinho então se junte a quem tem o mesmo problema. Não se torne seu pai, Grantaire” ele respondeu.

– E foi aí que senti a primeira e mais forte pontada do dia. Direto nos pulmões. Ou quem sabe era só a culpa me lembrando de parar de fumar.

Todos riem outra vez. Eu devia era cursar artes cênicas.

– E o odiei por dizer aquilo com o olhar sério que usava cada vez que queria me atingir.

Levantei o punho como um babaca faria enquanto Enjolras continuava grave e adulto a minha frente. Sem arrependimentos depois de suas palavras corretamente medidas. Sem medo de alguém como eu.

Ele pousou a mão em meu ombro quando suspirei cansado.

“- Sei que odeia quando dizem isso, mas é verdade. Não seja como ele, R. Não – ele fez uma pequena pausa. – Seja – outra vez. – Como ele. “

E se despediu dando duas batidinhas onde sua mão estava. Duas batidinhas que alcançaram cada célula do meu corpo e me fizeram dar cada passo até aqui. Então muito prazer. Je sui Grantaire.

Eles me dão as boas-vindas em coro enquanto sento e analiso a garota que entrou na rodinha durante minha fala.

Cabelos longos e escuros assim como os olhos. Infinitos como buracos negros e opacos como o esmalte de Cosette. Só não sei se faz sentido. Tanto minha definição quanto o fato de que minha ex-vizinha está no mesmo grupo de apoio a viciados que eu.

******

3 anos antes

A garota do apartamento ao lado passou a me olhar com um sorriso de consolo no canto dos lábios. Deve achar que eu não vejo, mas tem coisas que não me passam despercebidas como os olhos inchados dela pela manhã.

Ela sofre comigo.

Ela me vê.

E nada é tão reconfortante e sofrido ao mesmo tempo.

Éponine

As cores estão lá de novo. Roxo e vermelho. Sempre insuportavelmente como se pertencessem a ele.

Abaixo do olho esquerdo. Saindo dos lábios.

Roxo e vermelho.

O choro dele vai e volta, vai e volta. Um vidro quebra.

Imbecil.

Ninguém faz nada.

Você é um merda.

Levo um susto quando a parede treme com o baque.

Por que você não morre, hein?!

A porta bate, ao contrário do meu coração que se esvai, e, como por uma infiltração, pinga aos poucos do teto do cômodo do apartamento ao lado, e leva o amor que ainda me resta no barulho que o líquido faz em contato com o chão. Espero que ele não se importe com a quantidade, mas entenda que é tudo o que tenho e tudo que lhe dou.


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Notas finais do capítulo

então é isso, povo. sugestões ou algo do tipo são sempre bem-vindas. vejo vocês nos reviews! bye



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