Definhando . . . escrita por Joana Emília


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Tudo começou assim: EU estava sentada conversando com minhas amiguinhas e do nada fiquei com vontade de escrever uma One. Perguntei um tema e a Querida M Nuds me respondeu: Vampiros. Já que ela foi o único ser vivo que pareceu notar minha pergunta acatei o tema, ainda mais depois de ter visto CSI Las Vegas. Tem um episodio bem louco de vampiros/falso lá! Coff coff.. Oque? Eu me baseando nesse ep pra saber mais sobre bares de sangue? Tá não vou mentir.

Eu queria escrever alguma coisa nova,original sem Percy Jackson no meio,(FOI UMA EXPERIENCIA TERRIVEL), foi oque eu fiz. Espero que gostem. Passei um tempão e gastei muitas playlists pra que isso desce certo.

M NUDs tá ai.



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Pequenos bloquinhos de lego estavam espalhados a minha volta, tão coloridos e bonitinhos.

Soltei uma gargalhada pensando em como seria divertido encolher e brincar dentro de um daqueles castelos pequeninhos. Olhei em volta ansioso e sorri ao ver a primeira pessoa chegar depois de mim na sala de aula. A professora foi até a porta conferir alguns papeis, ela também tinha feito isso com a minha mamãe, a minha coleguinha de classe estava abraçada as pernas da sua mãe. Tinha uma franjinha na testa e segurava uma mochila da Barbie de carrinho. A minha, era mais bonita! Tinha um Ben 10 desenhado. O UM e o ZERO juntos formavam DEZ. Mas não somando!

Ri mais uma vez e acenei chamando a menininha. Quando ela me viu cutucou a mãe e apontou pra mim. Sorri pra senhora e ela sorriu de volta. A menina deu um beijo na mãe e veio correndo em minha direção.

— Oi... — Ela disse baixinho, parecia tímida.

— Meu nome é Dylan. — Respondi — Quer montar isso comigo? — Apontei para as brilhantes pecinhas

— Eu quero sim! Mas só se você me deixar destruir tudo depois de pronto!

Me diverti bastante com a ideia de destruição.

— Então, sem boneca? — Ela me olhou triste

— Mas a Popy queria ajudar! — Suspirei

— Tudo bem! Pode usar a sua Popyee...

— É POPY! E meu nome é Castia – A franja dela era cortada tão engraçado tampava sobrancelha. Eu gostava.

 

***

 

— Ei Castia! — Gritei rindo – Que portinha é essa na sua boca?

Ela automaticamente tampou a boca e tentou falar alguma coisa, mas a burrinha esqueceu que estava com a boca tampada e ficou bem estranho.

— Larga de ser chata e me dá um sorriso! — Insisti

Ela destampou a boca apenas pra falar

— Dylan seu... seu banana!— Ela gritou lá de cima da casinha do parquinho.

— Aé??

— É!

Subi correndo pela rampinha ao invés da escada e tentei segurá-la, mas ela pulou e saiu correndo. Eu também pulei e continuei a correr atrás dela.

— Quer quebrar outro dente? — Gritei.

— A culpa vai ser sua dessa vez! — Ela rodeou a gangorra e correu para o lado oposto.

— Só porque eu quero te fazer cosquinha? — Perguntei sorrindo e ainda correndo atrás dela e por um pouquinho não segurei seu vestido azul

— Vai ter que me pegar primeiro!

— Eu vou! — Pulei por cima do banco e continuei a correr ela teve que dar a volta, mas não conseguiu a tempo.

— Não! Não! Dylan! Calma aí... — Segurei ela pelo braço, mas ela não parava de rir e se contorcer, caímos na areia e eu a soltei.

— Vitória! — Gritei — Ninguém ganha de mim!! Uruu!

Ela se levantou e ajeitou a franja de sempre, cortada engraçada na testa.

— Ganhou? Não me lembro de estar competindo! – Castia colocou a língua pra fora — Bobão!

— Vamos competir quem chega primeiro aquela parede ali? Valendo! — Me levantei e saí correndo.

— Não é justo! — Gritou ela de algum lugar logo atrás de mim — Você trapaceia de mais.

Comecei a rir e diminuir até bater a mão primeiro na parede colorida da casinha.

— Ei palitinha! — Alguém gritou com uma voz fina – Não consegue ganhar do besta do Dylan?? — Era Mel a loirinha lá da escola, sempre brincávamos juntos, mas ela e Castia viviam brigando e acabavam atrapalhando a brincadeira.

— Eu ganho do besta do Dylan fácil... — revidou

— Eu acabei de ver o desastre!

— Nenhuma das duas ganha de mim! — Concluí, corri até Mel e a toquei no ombro — Tá com você!

 

***

 

Eu estava empolgado porque era nossa formatura, estávamos saindo do fundamental, indo pro ensino médio, minha empolgação não era porque teria um grande baile e blá blá blá. Castia é que estava maluca com isso. Tinha comprado um vestido e tudo. Nós combinamos de ir juntos porquê: a) Ela queria ir a qualquer custo; b)Eu tinha que ver com meus próprios olhos aquela babaquice e c) Talvez me divertir um pouco.

— Anda garota! — Reclamei, minhas pernas formigavam de tanto ficar ali parado esperando ela sair de dentro do carro alugado — Maquiagem se faz em casa!

— Querido... Seja um pouco mais cavalheiro —– Minha mãe que estava dirigindo disse provocando risos em Castia, isso a fez borrar aquela coisa que se passa nos cílios.

— Viu o que você fez? — Ela reclamou ainda rindo

— Ah não...

Depois que ela concertou aquilo nos entramos na festa, meu nó de gravata estava torto porque nem eu nem Castia sabíamos amarrar e eu não ia pagar o mico de pedir a minha mãe.

Ate que a festinha estava da hora, tinha ponche e tudo, era pra ser sem álcool mais alguém tinha batizado com vodka.

Roony se aproximou de nos dois e tirou Castia pra dançar porque ela queria muito dançar e eu não, e porque Mel, sua companheira tinha enjoado dele, mas essa parte eu tento manter em segredo.

— E ai? — Perguntei a menina.

— Quê? — Ela perguntou com um tom de voz mais alto por conta da música.

— Quer dançar? — Soltei sem pensar duas vezes.

 

Pra mim ela ia me xingar e dizer que estava cansada mas ela só ajeitou minha gravata e colocou as mão no meu ombro, a envolvi pela cintura e ficamos dançando por um tempo, ela era um pouquinho mais baixa que eu mas os saltos não tão altos a deixavam do meu tamanho, o cabelo loiro e liso dela ficava grudando no batom vermelho toda hora, eu sempre tirava pra ela, enquanto conversávamos sobre as pessoas em volta. Passei o dedão no canto da boca dela devagar puxando um fio e então pensei em borrar aquilo tudo e foi o que eu fiz. Eu a beijei, a beijei até sentir alguém me cutucando. Me virei e era Roony rindo de mim, fiquei com vontade de socá-lo, mas me contive. Ele levou Mel que não pareceu muito satisfeita pra pegar uma bebida e me deixou com Castia, que ficava me rodando, bagunçando meu cabelo escorrido e me chamando pra dançar de um em um minuto. Parecia uma criancinha, só faltava aquela franja de antes.

Não aguentei mais, Rooney não voltava e eu devia isso a ela, já que a trouxe pra cá. Aceitei dançar, a música que estava tocando era eletrônica, mas logo que entramos na pista de dança ficou lenta, todos os holofotes e luzes pareciam estar em Castia. Aquilo ao invés de me assustar me atraiu como uma mariposa, lhe abracei e dançamos no ritmo da música. Eu acho que não queria mais soltá-la, era tão bom!

Dançamos umas cinco músicas colados daquele jeito, ela não parava de falar sobre a faculdade, uma coisa que só aconteceria daqui a três anos mas, que a deixava feliz e empolgada. A respiração dela estava fazendo cocegas no meu pescoço, ela se afastou um pouquinho e me encarou.

— Tá me ouvindo? Cara você tá viajando.

Os olhos dela tinham cor âmbar, e estavam me encarando, bem de perto.

Dessa vez foi um erro o que eu fiz, pensei que seria uma ótima oportunidade, e tentei beijá-la, mas ela não retribuiu. Me senti tão... mal. Ela encostou a cabeça no meu ombro e suspirou.

— Eu não sou como elas Dylan.

— Eu sinto muito... — consegui dizer

 

O resto da festa foi normal, o resto do mês foi igual, o resto das férias foi normal. Como se nada tivesse acontecido.

 

***

 

Estava esperando o grande ônibus amarelo pra me levar à escola como todos os dias, no ponto estavam as mesmas pessoas de sempre. Meu amigo Ronny, quatro imbecis da rua de cima e uma das amigas de Mel, ela era tão... gata! Com aquela calça jeans apertada e o incrível cabelo cacheado. Seu nome era Anya.

O olhar dela se encontrou com o meu e eu não desviei, claro que não, mas também não era do feitio dela desviar olhares, ela arqueou a sobrancelha convidativa, sorri pra ela e comecei a andar em sua direção.

— Hey Dylan! — Ronny passou a mão na frente da minha cara – Você tava me ouvindo?

Anya sorriu se divertindo e desviou o olhar.

— Cara! Você estragou minha chance. – Suspirei esfregando meu cabelo castanho escuro entre os dedos.

— É... Você não estava me ouvindo! — Concluiu o garoto.

— Ai meu Deus! Deu pra perceber? — Debochei.

Ele riu.

— Deixa de ser dramático. Você vai ficar com ela, sabe disso.

 

O ônibus amarelo finalmente chegou, fui o primeiro a subir e caminhei até o final me sentando no último banco, joguei a mochila no banco do lado, Ronny estava sentado dois bancos à frente com a garota dele, Rachel, fingia que ia vomitar toda vez que ele olhava para trás, sempre me trocando por ela, mas eu não ligava.

Quando o ônibus parou mais alunos entraram como uma enxurrada, incluindo Castia. Ela vestia a habitual calça jeans preta, converse preto e estava com o cabelo castanho claro solto, sem a franja estranha e estupida que ela costumava usar. Tirei minha mochila e ela se sentou, fiquei a observando enquanto tirava um casaco preto de dentro da mochila preta e o vestia. Pela primeira vez ela olhou pra mim.

— Oi! – disse fazendo ela sorrir

Castia me passou um lado do fone, ficamos assim em silêncio por um bom tempo, era nossa rotina. Todo dia de manhã a mesma coisa. Às vezes ela ficava escrevendo em seu caderno bege. Era chato, mas, sei lá, às vezes eu a observava de lado e voltava a encarar a janela Falando sério, eu nem gostava das músicas dela, eram tão depressivas e eram cantadas em um inglês meio embolado. Às vezes, uma música ou outra, eu dançava com ela, só as legais.

 

Não estudávamos mais na mesma sala, ela fazia muitos cursos e eu só queria saber de jogar basquete. Como agora, todos estávamos indo para o ginásio. Metade do turno seria jogo, minha camisa era a Nº 09. A arquibancada estava cheia, Mel, Anya e as líderes de torcida vibravam por nós, o placar do meu time estava ótimo!

— Ei grandão! — Gritei pro cara alto do outro time – Vocês estão perdendo feio ein!?

Ele correu em minha direção, mas antes que ele me acertasse joguei a bola. Fui esmagado, mas pelos gritos e assobios foi cesta!

Ele urrou de raiva e se levantou me deixando lá. Por pouco tempo, escutei o apito anunciando o fim do jogo e todos meus colegas de time correram até mim, pulamos e gritamos, fizemos festa e combinamos de tomar umas cervejas na casa do capitão do time mais tarde, Owen. As meninas se aproximaram e nos cumprimentaram, Anya enroscou os braços em volta do meu pescoço e me encarou.

— Mais uma vitória pra sua coleção.

— Tenho que arranjar mais espaço pra guardar meus troféus, você podia ir lá em casa.. no meu quarto me ajudar e... — Ela colocou o dedo na frente da minha boca.

— Boa tentativa gato! — Se virou jogando aquele monte de cabelo cacheado na minha cara.

— Como se ela não pensasse nisso todo dia antes de dormir! — Debochou Ronny.

Ri distraído olhando a arquibancada, procurando Castia. Ela estava sentada no canto da quadra, onde a luz do sol quase não chegava, mas não estava sozinha, o garoto encrenca e reprovado da minha aula de química, Dickson Burt, estava sentado de frente pra ela, os dois estavam lendo e escrevendo em seu caderno de capa bege, eu já tinha lido aquele negócio, era quase uma historia de vampiros, Castia amava vampiros, mas pra mim aquilo era muito aterrorizador, não eram historinhas fofas de maninhas apaixonadas por caras que brilham, era uma coisa mórbida com sangue e pactos. A mãe dela já a havia proibido de ler sobre isso na internet, mas ela insistia, pra mim não tinha problema desde que ela não acreditasse mesmo nessa coisa de matar pessoas.

Uma vez eu disse isso a ela e ela me respondeu:

— Não é matar pessoas, apenas sugar a fonte de vida.

— Sugar o quê?

— O sangue, basta um corte no ombro e beber. Jamais no pescoço.

— Só.. não faz isso ok? Pelo amor de Deus!

— Eu prometo! — Ela riu de mim

 

Continuei observando, eu conseguia ver uma fumaça subindo. Cigarro? Desde quando? Castia nunca gostou dessas coisas.

Eu estava indo na direção daqueles dois, mas Owen me puxou, ele começou a perguntar o que eu iria querer na festa e me distraiu arrastando-me para o vestiário.

 

Eu e Castia voltamos andando para casa, pra variar, como sempre. Quase não nos falávamos, mas não era por falta de tentativa.

 

— Ganhou de novo? — Perguntou Castia

— Como se você não estivesse vendo meu jogo!

— Você estava jogando? Hoje? — Ela perguntou irônica, mas no fundo eu sentia que realmente ela não sabia.

— Engraçadinha você né?

— É! — Ela respondeu

Tentei fazer cocegas nela como antigamente, mas ela não ria mais.

— Qual é? Castia! Perdeu a graça! – Resmunguei

— Perdeu foi? — Ela deslizou os dedos entre os fios do meu cabelo bagunçando-o todo. — Isso não!

Ela disparou a correr e eu fui atrás tentando bagunçar o cabelo cheio de mechas vermelhas dela também. Ela deixou a mochila cair no chão e se jogou junto, deitei ao lado dela sem folego no meio da calçada e ficamos olhando o nada. Ai estava o silêncio constrangedor de novo, foi um tempo longo até alguém falar alguma coisa. Já estávamos andando novamente quando tomei a iniciativa.

Uma folha da arvore mais próxima flutuou e caiu bem no cabelo dela.

— Nossa que acessório incrível!

— Sem graça! — Ela passou a mão na cabeça se livrando da folha e me deu língua.

Há muito tempo ela não me dava língua.

— Infantil! — Ela riu tão fofa, apesar de toda aquela roupa preta, que eu apertei as bochechas dela com uma das mãos.

Foi perfeito por alguns segundos, até eu ver os dentes.

— Ei! Que merda e essa Castia?

Os dois caninos dela estavam afiados como dentes de vampiro. Ela se afastou de mim devagar encarando o chão.

— Você não vai entender!

— Isso é de verdade?

— Eu afiei... Eu, eu não

— Como assim afiou os dentes? — Abaixei um lado da blusa dela pra poder enxergar o ombro e nele tinham vários cortes — Castia?

— Dylan! — Ela começou a chorar — Eu... Você...

— Pensei que era só brincadeira de criança idiota aquela porcaria que você escrevia.

— Você pegou pesado! — Ela disse baixinho quase sem respirar e então gritou — Me esquece Dylan!

— Castia! Você prometeu!

A garota atravessou a rua batendo o pé, no seu quintal estava o menino que dividia o caderno vampiro com ela, e pelo jeito o sangue, quando ela entrou ele foi junto, ela me encarou e bateu a porta com um estrondo.

 

Foi vendo-a entrar com aquele menino, chorando desesperada que me fez ter certeza de que a amava, e foi assim desse jeito turbulento que descobri ser apaixonado por ela.

 

***

 

 

Eu estava jogando a bola de basquete pro Owen e ele está rebatendo-a pra mim, isso no meio do corredor de armários na escola. Todo mundo estava ansioso pro final do ano, pra faculdade, todo mundo já tinha recebido suas cartas e a maioria já tinha alugado casa.

— E você cara? Onde foi aceito? — Samantha me perguntou.

— Campos Universidade Nashville!

Anya assobiou

— Isso é bem longe daqui!

— Eu e Roony alugamos uma casa com mais 3 caras! Vai ser muito tenso!

— Imagino as festas. – Disse Mel emburrada, nos dois tínhamos terminado o namoro por isso, por eu estar com a “ideia fixa de ir embora”, palavras dela — É isso que você quer! Não é?

— Mel eu já…

— Eita! Vamos parar com isso! DR agora não, por favor — Anya me interrompeu

— Ei olha quem resolveu aparecer na escola!— Samantha apontou. – Vejam só se não é a Vampira sanguinária emo gótica das trevas?

Castia estava encostada em um dos armários, estava completamente vestida de preto o cabelo castanho claro estava desgrenhado e cheio de tranças, a calça preta parecia brilhar, eu poderia dizer que ela estava muito gostosa com aquela calça, mas o resto do visual e, a última conversa que tive com ela estragava meu barato, ver essa menina quase apagava a imagem que eu tinha dela. Fazia-me sentir saudade da franja escrota que, me lembrando agora, eu já achei bonita.

Naquele momento eu só queria me enterrar dentro daquele armário, mas o que eu fiz foi dar uma risada sem graça pra tudo oque eles falavam sobre a menina que eu amava.

— Me disseram que ela desenha símbolos pelo corpo – Disse Owen estremecendo

— Fora que ela frequenta bares de sangue! — Completou Quentin. – Sabe... Lugares onde bebem sangue um do outro!

— Isso é coisa do...

— Hey! — Interrompi a conversa antes que eu surtasse – Hum... Acho que foi o sinal batendo!

— Desde quando você liga para algum sinal que não seja o da saída? — Mel me perguntou revirando os olhos. – Você quer desviar o assunto daquela vadia macumbeira. Isso sim.

Ela pegou muito, muito pesado, se ela não fosse menina eu acertava um belo de um soco no meio daquela cara amassada de plástica dela!

Respirei fundo, uma, duas, três, quatro vezes , e sorri falso.

— Isso tudo é ciúmes gata? — Perguntei trincando os dentes

 

***

 

Acordei com o barulho do telefone tocando estridente na cozinha, peguei o despertador e chequei o horário, eram apenas três da madrugada eu ainda estava chapado da noite de ontem/hoje, tivemos uma super festa de despedida do colegial, aquela coisa que você só vê em filme. Todo mundo pulando na piscina de beca e chapéu, todo mundo dançando e se pegando com um copo de cerveja sempre na mão.

Esfreguei os olhos irritado, talvez fosse algum panaca lá da escola muito chapado passando trote.

O telefone parou de tocar e eu ouvi a voz da minha mãe conversando com alguém.

Enrolei-me com o lençol e acho que dormi de novo.

Acordei com minha mãe me sacudindo de vagar, olhei em volta, a luz do sol invadia o quarto, mas ainda deveria estar muito cedo, encarei minha mãe em busca de respostas e seus olhos estava vermelhos e inchados. Levantei-me da cama rapidamente, era terrível ver a própria mãe chorar, a abracei.

— O que houve? — Perguntei

— Ontem... — começou ela — Promete que vai ser forte?

— Mãe! Fala! Tá me assustando.

— O telefone, ontem a noite, eu decidi deixar você dormir mais um pouco e… eu também não consegui falar, eu não sabia como falar.

— Mãe?

— Eu ainda não sei como falar me desculpe! — Ela fungou e colocou as mãos em meus ombros — É Castia... Ela... Aquela pequena garotinha..

— MÃE! — Gritei, eu nunca tinha gritado com a minha mãe, aquilo me fez chorar, lágrimas não paravam de cair.

— Castia se foi, Dylan. A nossa Castia morreu!

Pareceu que eu fui drogado, drogado por palavras, não via o chão, não via minha mãe e muito menos as paredes. Estava tudo turvo por conta das lágrimas, eu estava respirando rápido de mais, meu coração doía. Não aquela dor que todo mundo diz sentir. Uma dor de verdade, uma coisa indescritível, eu tinha acabado de perder metade dele.

 

Corri exasperado ate o guarda roupa, vesti uma blusa de frio e calcei os sapatos, eu já estava com a calça jeans da noite passada mesmo.

— Onde você vai meu filho?

— Só não dá pra acreditar! Não consigo.

Peguei a chave do carro em cima da escrivaninha e desci. Entrei no carro e bati a porta. Ao ver meu próprio reflexo no retrovisor mais lágrimas escorreram, meus olhos estavam vermelhos, meu cabelo espetado e minha cara amassada.

Dirigi até a casa dela, parecia vazia até eu ver as luzes do outro lado. Dei a volta por dentro do quintal ate chegar lá. Tinha muita gente ali, tinha carros de noticiários assim como tinha policiais, passei por baixo daquela fita amarela e fui direto na mãe dela que chorava sentada na calçada. Quando ela me viu tentou sorrir, mas o sorriso murchou como um balão. Isso me deixou mais arrasado do que eu já estava.

— Me diz que ela esta aí dentro fazendo as malas pra faculdade – Pedi suplicante.

— Eu... — Ela começou a falar normalmente e então a gritar e chorar – Eu queria que estivesse!


Consegui ouvir um dos repórteres que estava mais próximo. Ele usava uma blusa rosa social.
— Acabamos de receber a confirmação.  Castia Mologni, 19 anos, morreu ao ser mordida no pescoço por um de seus amigos mais próximo, o jovem Dickson Burt. Isso aconteceu após a festa de formatura do colégio regional. — Cerrei os punhos nervoso, EU era o amigo mais próximo dela, não Burt, Burt era seu assassino. — Estão chamando esse tipo de morte, que vem ocorrendo entre adolescentes dessa idade... — Parei de ouvi porque meu torpor era muito grande.   

Mais lágrimas escorreram pelas minhas bochechas, um dos médicos perguntou se eu estava bem. OBVIO que eu não estava bem!

Tinha acabado de receber a notícia de que minha melhor amiga, a menina que eu sempre adorei estava morta, tinha sido assassinada por um garoto psicopata que se achava vampiro.

Saí de lá ainda mais atordoado do que antes, larguei o carro e corri até o Playground, onde brincávamos, onde eramos felizes, onde não tinha maldade. Deitei na areia e fechei os olhos tentando me lembrar dela. Meu celular não parava de tocar. Meu toque tinha que ser a música preferida dela? Devia ser a sétima vez, arranquei ele do bolso e o lancei contra a primeira coisa que vi, a casinha. Chorei como um condenado ainda ouvindo aquela musica enquanto alguém tentava me ligar.

Eu só conseguia lembrar daquela voz fofa me desafiando a subir, descer, pular e correr entre esses brinquedos coloridos.

 

 

***

 

Ela estava tão bonita, apesar da pele pálida e dos dois furos no pescoço. Parecia um anjo, nada de maquiagem escura e roupa preta, só ela, com as bochechas rosadas e o cabelo bem penteado. Passei a mão em seu rosto, tão gelado e sem vida. Uma lágrima minha caiu em seu vestido branco.

Será que ela gostaria de ser enterrada assim? De um jeito que ela não era mais?

Pra mim ela ainda era a Castia de franjinha, que me dava língua e sorria a tôa!

Eu estava torcendo pra ela levantar dali e me abraçar, eu estava torcendo muito por isso.

Passei o dedo nos lábios pintados de rosa dela que nada combinavam com os olhos fechados. De repente eu queria bater naquele filho da mãe que fez isso com ela, eu queria bater nela por inventar de deixar os outros tomarem o seu sangue, eu queria estar lá quando ela precisou de mim, eu queria ter evitado que ele se aproveitasse da insanidade dela. Mentiras, a única coisa que eu queria era ela de volta.

 

Será que ela se foi sentindo a mesma coisa que eu sinto por ela? Apaixonada, incompreendida, me amando em segredo?

Não... Isso seria muita maldade!

Era melhor ela ter ido pensando em mim como um babaca, idiota que não estava lá quando ela precisou. Que não a ajudou a se livrar das presas em seu pescoço. Que a tinha abandonado na primeira chance.

Doeria menos nela, ninguém merece sentir isso que eu estou sentindo, ninguém merece perder um amor assim.

Ela não merecia ter morrido apaixonada por mim.

Eu merecia não ter o amor dela.

 

Uma mão me puxou devagar pra trás enquanto tampavam o caixão e desciam ela pra …

.

.

.

Pra bem longe de mim.


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Notas finais do capítulo

Comentários por favor? Estou mendigando mesmo! Comente oque achou, pode criticar ou elogiar, só deixe sua marca aqui, como se estivesse avisando:- Ei Joana eu li até o fim okay?