Poison escrita por bearose


Capítulo 6
Quarterback || Peeta & Katniss


Notas iniciais do capítulo

Um capítulo agendado pra vocês, espero que gostem!



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Point Of View Peeta

Acordei com os braços e cabelos de Delly espalhados pelo meu peito, saí devagar da cama e a sacudi, ela começou resmungar e eu logo perdi a paciência e tirei com força o travesseiro que estava debaixo da cabeça dela.

— Droga, o que foi? – Ela levantou e o lençol escorregou, revelando seu corpo nu, mas ela nem pareceu se importar.

— Eu preciso que você vá para sua casa, só isso – Dei de ombros e fui até o banheiro.

— Sem beijinho de bom dia? – Ela gritou do quarto.

— Uma coisa que eu não sou é obrigado a fazer isso, agora saia – Gritei de volta começando a escovar os dentes.

Eu a escutei me xingando, mas não que eu já não tenha ouvido muito pior. Terminei de escovar os dentes e voltei para o quarto, não encontrando nenhum resquício de Delly nele e eu faltei me ajoelhar por causa disso.

Abri as portas do mini closet que tinha ali e decidi que hoje eu ia mostrar quem realmente era Peeta Mellark. Escolhi uma calça escura, uma camiseta de gola “V” preta que deixava os meus músculos a mostra, um coturno preto e minha adormecida jaqueta de couro. Me olhei no espelho e sorri com o resultado. Peguei os meus óculos escuros e desci até a cozinha, encontrando meu pai sorrindo em minha direção.

— Por que desse sorriso estranho? – Ergui as sobrancelhas.

— Porque hoje eu soube que você finalmente não pode desenvolver o que o doutor disse!

— E como o senhor pode saber disso?

— Porque aquela loira saiu xingando você pelos quatro ventos.

— E o que isso tem a ver?

— Que você não faria isso se já tivesse desenvolvido – Ele aumentou ainda mais o sorriso.

Resolvi ocultar dele que eu já tinha conhecido Katniss e retribui o sorriso, enquanto ele vinha me abraçar, o que me deixou realmente surpreso. Eu e o meu pai nunca fomos próximos exatamente, mas de uns tempos pra cá eu sinto que eu devo me apegar mais a ele, já que é minha única família viva nos EUA. Me separei do abraço dando a desculpa de que ia me atrasar para a escola e saí dali o mais rápido possível, mas antes pegando a chave do meu carro.

Coloquei uma música qualquer no rádio e fui cantarolando até estar em frente ao Capitólio. O ronco do meu motor chamou a atenção de algumas pessoas, e uma delas era Katniss que estava conversando com Clove, ela olhou em direção ao carro e revirou os olhos voltando a sua conversa.

 Estacionei perto da saída e saí do carro com uma expressão séria, passei ao lado delas e lancei um olhar para Katniss por trás dos óculos e tenho certeza que ela percebeu pois me acompanhou com o olhar até eu entrar pelas portas da escola. Fui até a parede de anúncios que ficava no início do corredor e vi uma folha que me chamou atenção.

TESTES PARA O TIME DE FUTEBOL MOCKINGJAY

O NOSSO QUARTERBACK LUCAS BRONSON SOFREU UM ACIDENTE E QUEBROU A PERNA ESQUERDA, PRECISAMOS DE UM SUBSTITUTO IMEDIATAMENTE!

INTERESSADOS, POR FAVOR FALAR COM O CAPITÃO OU COM O VICE DO TIME DE FUTEBOL : FINNICK ODAIR E BARRET JONES.

OS TESTES ACONTECERÃO NO DIA 15 DE ABRIL AS 15:00, POR FAVOR NÃO SE ATRASAR.

ATENCIOSAMENTE, PLUTARCH H.

Então, o capitão do time de futebol era o irmão da Katniss? Ótimo, mais uma razão para que eu entre para esse time e o teste só seria daqui a uma semana? Ótimo também. Além do mais, eles estavam precisando de uma melhorada drástica ali, porque pelo que eu vi não venciam um jogo fazia tempo.

Fiquei procurando Finnick, para ver se ele aparecia pelo corredor e o encontrei conversando com Cato. Cheguei mais perto deles e os dois pararam e me olharam, cada um com uma feição diferente: Finnick com os olhos brilhando de um jeito estranho e Cato de um jeito como se me odiasse, também não fui com a cara dele então não dei bola.

— Oi, sou Peeta Mellark e eu soube que estão atrás de um novo quarterback e queria saber se ainda dá tempo de se inscrever.

— Já sabemos quem você é – Eles falam em uníssono e Finnick continua – Claro que dá, é só você assinar aqui – Me entregou uma prancheta com uns trinta nomes e eu assinei quase no final da página – Prontinho.

— Obrigado – Acenei com a cabeça quando escutei Cato me chamar – Sim? – Me virei em sua direção.

— Cuidado – Me fuzilou e eu o fuzilei de volta. Carinha mais abusado.

— Com o que, posso saber? – Cruzei os braços, esse cara já estava me irritando.

— Com a minha irmã, é melhor ficar longe dela – Ele se aproximou em passos pesados de mim e ficamos frente a frente, já que éramos do mesmo tamanho.

— E se eu não quiser? – Uma  rodinha se formou ao nosso redor.

— Eu aposto que você ainda gosta das suas duas clavículas inteiras.

— E se você não se afastar de mim, eu aposto que você vai precisar fazer uma plástica nesse nariz – Estralei os dedos da mão e tirei os óculos.

— Ei ei, vamos nos acalmar – Finnick chegou e empurrou nós dois para trás – Mellark, saia daqui, o teste ainda está de pé – Apontou pro lado esquerdo do corredor – E você, irmãozinho, vamos deixar o temperamento para o outro dia – Ele puxou um braço de Cato, mas o mesmo se soltou e foi em passos duros até a saída – Acabou o show, pessoal! Todos pra sala – A voz dele foi ficando abafada a medida que eu ia me distanciando.

Eu ainda quero explicar o tamanho da raiva que eu havia sentido ali, quem ele pensava que era? Só por que era irmão da Katniss achava que tinha o direito de vir como se fosse o dono do mundo que eu não ia bater nele? Claro que não. Deixei esse pensamento para depois e entrei na minha primeira aula: História, que por coincidência eu faria com Katniss.

Sentei em uma cadeira perto da janela e olhei em volta, para minha surpresa Katniss estava ali sentada a apenas cinco cadeiras a minha esquerda e de vez em quando me lançava olhares indiferentes, acho que tem algo haver com a mensagem que eu a enviei.

 Na verdade, eu enviei porque eu tinha o plano de ser alguém nessa escola para depois conseguir a garota, já que era assim que sempre dava certo e dane-se se ela ficou com raiva, ela ia ficar comigo de um jeito ou de outro e não importava se ia gostar ou não. A professora entrou na sala e então começou a dar uma matéria qualquer sobre as conseqüências da Guerra Fria.*

Quando o sinal finalmente tocou e eu estava arrumando as minhas coisas, um ser pequeno com um vestido vinho parou na minha frente, fui subindo o olhar e vi que era Katniss. Me encostei na cadeira e lancei um sorriso sedutor em sua direção, que aparentemente não funcionou.

— Por que diabos você quer adiar aquele trabalho para semana que vem? – O rosto dela começou a tomar uma tonalidade vermelha de raiva.

— Porque essa semana eu vou estar muito ocupado – O que não era mentira, já que como eu ia passar no teste para o time, ainda ia ter aquele lance de preparação e treinos, o que resultava em pouco tempo para mim.

— E por que não disse antes? – Jogou os braços para cima exasperada.

— Porque eu me ocupei ontem a noite – Dei de ombros.

— Ah ta, eu sei bem com quem – Me olhou com raiva - Mas eu só vou te avisar uma coisa, Mellark – Chegou perto de mim tentando parecer ameaçadora, mas não conseguindo já que sua cabeça batia nos meus ombros – Eu nunca tirei nota baixa ou deixei de apresentar um trabalho, e principalmente para o Cinna, não é só porque você chegou que eu vou mudar isso – Me fuzilou e deu as costas saindo rebolando.

Mas, como eu sou, só olhei aquela boca carnuda se mexendo para lá e para cá e logo ela não ia se desgrudar da minha tão cedo.

Point Of View Katniss

Depois daquela maldita mensagem eu salvei o número dele como “Babacão Mellark”. Que idiota! Eu nunca deixei de fazer um trabalho do Cinna e agora eu vou ter que fazer tudo sozinha, já que o rei do mundo com certeza não vai me ajudar.

Darius me olhava andando de um lado pro outro enquanto falava o quanto Peeta havia sido irresponsável comigo. Eu estava quase fazendo um buraco no chão de tão nervosa quando ele se levantou e agarrou os meus braços me forçando a olhar em seus olhos.

Monamour, você sabe que não pode ficar nervosa – Sorriu e eu respirei fundo – Se o loiro foi irresponsável? Lógico. Mas você tem que lidar com irresponsáveis se quiser seguir com a profissão de advogada e você pode conversar amanhã com ele.

— Tudo bem, acho que você já tem que ir – Mudei de assunto – Tio Brutus e Tia Enobaria já devem estar loucos para te ver – Sorri.

— Sem nervosismo, Everdeen – Apertou o meu nariz e beijou o canto da minha boca.

— Sai logo daqui, safado – Ri e o empurrei até a porta, ele saiu e eu tranquei.

Mas que tipo de pessoa se ocupa a semana toda em uma só noite? Ah, eu esqueci, gente preguiçosa que só quer tudo nas mãos. Eu aposto que ele está mentindo só para mim fazer o trabalho sozinha, mas ele está muito enganado se acha que eu vou deixar ele levar mérito por causa da minha nota.

Resolvi que era hora de dormir e então subi as escadas para o terceiro andar onde ficavam os quartos e vi que a porta do quarto do Finnick estava no chão, assim como a de Gale e os dois já estavam dormindo como dois porcos que eram. Fui até a porta que ficava vizinha a minha e entrei, vendo Cato sentado na borda da janela, já que só o meu quarto tinha varanda naquele andar.

— Oi – Cheguei perto do meu gêmeo e abracei seu pescoço.

— Oi – Respondeu seco e retribuiu o abraço, rodeando minha cintura.

— Está com raiva de mim por causa do castigo?

— Não, a raiva só foi passageira – Sorriu de lado.

— Por que está olhando pela janela? – Acompanhei seu olhar e só vi as árvores que ficavam ao lado.

— As vezes é bom pensar – Sussurrou – Katniss.

— O que?

— Quero que fique longe do Mellark – Naquele momento, eu gelei.

— Por que? – Tentei não parecer nervosa, mas meus músculos ficaram tensos.

— Porque? Katniss ele não combina com você! Ele é fechado, eu só vi ele falando com você nesse tempo todo de aula e ele olha pra você como se fosse uma maníaco sexual louco pela sua presa e sei lá, fazer de você uma escrava sexual.

— Ele não me olha desse jeito – Corei.

— Olha sim, até eu fiquei com medo – Soltou uma risada – E é difícil eu ter medo de alguma coisa, você sabe – Confirmei com a cabeça começando a pensar também.

Desde pequenos eu e Cato nos entendemos muito bem, mas por causa do temperamento forte dele e a maioria das vezes que sua cara fica fechada, as pessoas acabam sempre o julgando e também não é pra menos, ele sempre fala o que pensa mesmo que magoe as pessoas. Mas o jeito dele é esse, ele só se mostra afeto para quem ele realmente confia e eu admiro muito isso nele.

Já que eu sou exatamente o contrário, confio tanto nas pessoas que é impossível contar as vezes em que ele me chamou de burra por me decepcionar com elas. Todos falam que ele é o gêmeo do mal e eu sou a gêmea do bem, por causa dessa diferença entre as nossas personalidades.

— Katniss, me promete que vai tomar cuidado com ele? – Se separou de mim e me olhou no fundo dos olhos.

— Me promete que não vai fazer nenhuma besteira? – Cerrei os olhos.

— Prometo.

— Prometo – Sorri e beijei sua bochecha – Agora para de pensar e vai dormir – Virei as costas rindo e fui para o meu quarto.

Acordei com a claridade no meu rosto e me cobri com o lençol até escutar batidas na porta e o meu pai me mandando acordar, levantei devagar e fui tomar um banho rápido. Saí com a toalha enrolada no meu tronco e escolhi um vestido vinho e uma rasteirinha preta, passei delineador e baguncei o meu cabelo.

Peguei minha mochila e desci as escadas, Gale e Finnick estavam brincando como sempre e Cato estava comendo uma maçã, meu pai tinha chegado na mesma hora que eu e me deu um beijo na testa.

— Bom dia, família – Peguei uma maçã e comecei a comer.

— Bom dia, KitKat – Responderam todos, menos Cato que só acenou.

— Vamos logo porque eu não quero me atrasar – Bati o punho na mesa umas três vezes.

— Estamos indo, chata – Gale revirou os olhos e se levantou, sendo seguido por Finnick e Cato.

— Bom dia hoje no trabalho, Sr. Delegado – Sorri para o meu pai.

— Obrigado, querida – Riu  - Tchau, marmanjos e não se esqueçam de trazer Primrose da escola também.

— Eu que não tenho que esquecer, esses aí tem perda de memória desde o berço – Revirei os olhos e saí de casa, seguindo os meus irmãos.

Entramos os quatro na Ranger, eu e Cato atrás, Gale dirigindo e Finnick no carona. Com a velocidade do carro, não demoramos muito e logo estávamos na porta do Capitólio onde poucos carros já estavam estacionados.

Saí do carro deixando que os três fossem estacionar e fui em direção a Clove que estava sentada em um banco que tinha ao lado da entrada. Me sentei ao seu lado e apoiei minha cabeça nas minhas mãos.

— O que foi? – Perguntou distraidamente ajeitando seus longos cabelos negros.

— Muita coisa – Bufei e me virei pra ela – Primeiro: Peeta Mellark vai me deixar fazendo o trabalho do Cinna completamente sozinha, ou seja, vou ter que cantar sozinha.

— E qual o problema nisso? Você ama cantar sozinha, Everdeen.

— Eu sei que sim, só que é um trabalho de dupla!

— Siga o meu conselho, que eu sempre dou a você e que você sempre ignora – Revira os olhos – Se ele ferrou você, ferre ele de volta.

— Mas... – Ela me interrompe.

— Mas nada, o mundo é dos espertos, Everdeen.

— Então eu vou ser espera – Ri e ela me acompanhou quando escutamos o ronco alto de um motor.

Olhamos para o lado, a tempo de ver uma BMW preta passando lentamente ao nosso lado, até estacionar na vaga que ficava a nossa frente. E adivinhem quem saiu de lá? Peeta Mellark, com um estúpido par de óculos escuros que estavam virados em minha direção, não fraquejei e o acompanhei com o olhar até que ele entrasse.

— Ou, o que foi isso? – Clove me olhou de olhos arregalados.

— O que? – Perguntei me fazendo de desentendida.

— Essa troca de olhares Bella e Edward.

— Não teve troca de olhares nenhum, vamos pra aula que a gente ganha mais – Revirei os olhos e peguei minha mochila sendo seguida por ela.

Quando entramos, avistamos Peeta olhando para alguma coisa no quadro de avisos e seguimos em frente sem ele nos ver. Encontramos Madge e Annie no caminho e Clove logo se pôs a contar o que tinha acontecido no estacionamento. Me despedi das três já que eu teria aula separada e vi algumas pessoas fazendo uma rodinha em volta de dois garotos, mas eu nem me importei já que eu acho que brigar na escola é um costume bárbaro e fútil.

Entrei na sala de História e me sentei no meio da sala onde não tinha ninguém sentado. Alguns minutos depois um Peeta de punhos cerrados entra e se senta a algumas cadeiras da minha, quando ele percebe que eu estou na sala, fica me encarando e as palavras de Cato voltam a minha mente.

Ele olha pra você como se fosse uma maníaco sexual louco pela sua presa e sei lá, fazer de você uma escrava sexual.

Mas não, ele não seria capaz disso. Será? Não, o Peeta é uma boa pessoa. Durante toda aula nossos olhares se encontraram várias e várias vezes, mas todas elas eu fiquei indiferente e acho que ele percebeu, pois parou de me olhar tanto.

Quando o sinal tocou eu vi que era a oportunidade perfeita para que a gente conversasse então parei em frente a mesa dele quando estava arrumando seu material. Seu olhar subiu da barra do meu vestido, demorou um pouco nos meus seios e focou nos meus olhos.

— Por que diabos você quer adiar aquele trabalho para semana que vem? – Senti o meu rosto queimar de raiva

— Porque essa semana eu vou estar muito ocupado – Percebi que era só uma mentira esfarrapada para não fazer o trabalho.

— E por que não disse antes? – Joguei os meus braços para cima irritada.

— Porque eu me ocupei ontem a noite – Deu de ombros.

— Ah ta, eu sei bem com quem – O fuzilei com os olhos - Mas eu só vou te avisar uma coisa, Mellark – Cheguei perto dele até que pude sentir o seu hálito de hortelã – Eu nunca tirei nota baixa ou deixei de apresentar um trabalho principalmente para o Cinna, não é só porque você chegou que eu vou mudar isso – O fuzilei mais uma vez e dei as costas pisando duro para fora da sala.

Ah, mas ele vai ver! Ninguém passa Katniss Everdeen para trás.

 

 


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