Nove Meses. escrita por MissDream


Capítulo 5
Quarto mês: malditos desejos.


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores, antes de mais nada queria agradecer e comemorar os 100 comentários mais lindos que já recebi, obrigada por todo apoio e carinho que enho recebido de cada uma que tinha um tempinho para comentar, favoritas, indicar, acompanhar... Enfim, quero aproveitar também para me desculpar por não ter respondidos os comentários do cap anterior, perdão, mas estive na correria por esses dias. Mas prometo responder com calma a cada uma. Enfim, ai está o cap e boa leitura, nos vemos lá em baixo?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/654274/chapter/5

Ela tem os olhos como os céus mais azuis

Como se eles pensassem em chuva

Detesto olhar para dentro daqueles olhos

E enxergar o mínimo que seja de dor


Seu cabelo me lembra um lugar quente e seguro

Onde, quando criança, eu me esconderia

E rezaria para que o trovão

E a chuva

Passassem quietos por mim.

(Guns N’ Rose)

~~OQ~~

Medo. Se tiver uma palavra que definia o que eu estava sentindo, essa era a palavra. Desde a hora que Felicity me contou que estava grávida, foi tudo tão rápido que eu não tive tempo de parar para pensar, vê-la sofrendo e com dor me deixou em alerta, ainda lembro-me da cor de seu rosto sumindo enquanto seu sangue se esvaia, meu medo de que algo acontecesse com minha amiga, meu susto ao vê-la tão frágil e vulnerável. A verdade é que depois disso, eu não consegui prestar atenção em mais nada, eu precisava que ela estivesse bem e tudo ficaria bem. Um bebê, mais uma pessoa por qual eu me preocuparia, mais um motivo para manter Felicity a salvo, essa criança precisaria dela.

Passaram-se duas semanas desde aquele susto e Felicity me deu espaço, ela entendeu que eu precisara de tempo para assimilar e organizar toda a bagunça que está minha cabeça, mas precisamos contar para os outros, o corpo de Felicity já mostra mudanças e logo não teremos como negar. Mas como contar para todos que eu sou o pai do bebê da minha amiga? Como olhar para ela e não pensar nas lembranças que invadem minha mente como de supetão?

̶ Mr. Queen. – sua voz invadiu meu campo sonoro. – O Mr. Palmer chegou para a reunião.

̶ Claro, deixe-o entrar. – ela assentiu e logo o vi entrar, não sem antes lançar um sorriso idiota em direção a ela. – Bom dia, Palmer.

̶ Bom dia Queen. – engraçado como o ótimo humor dele chamou minha carranca. – Bela secretaria, devo dizer. – idiota.

̶ Ela é. – me limitei. – Então, vamos aos negócios?

Palmer era um ótimo sócio, competente e bastante centrado, não tenho queixas em relação a ele. Mas vê-lo olhar sorrateiro para aquela parede de vidro a cada meia hora estava me irritando e eu nem ao menos sabia o porquê. Quero dizer, Felicity está grávida e deveria ser sacrilégio olhar com tanto escárnio para ela, mas o que eu estou dizendo, ninguém sabe que ela está grávida.

̶ Então é isso. – falou se colocando em pé. – Logo entro em contato para começarmos os preparativos.

̶ Estarei aguardando Ray. – falei acompanhando ele até a porta.

̶ Até logo senhorita Smoak. – e lá estava o sorriso idiota do Ray Palmer. – Espero vê-la novamente.

̶ Claro, quero dizer nos veremos em breve, não que eu esteja ansiosa ou algo do tipo, porque não estou, mas não é como se eu não quisesse vê-lo e... Droga.

̶ O que a senhorita Smoak quis dizer é que aguardará você entrar em contato para a nossa próxima reunião. – vi ela me lançar um olhar agradecido.

̶ Como imaginei, adorável. – Palmer falou deixando uma Felicity envergonhada, ok, hora de ir embora.

̶ Então, até mais Palmer. – assim que ele sumiu no elevador, Felicity me encarou.

̶ Oliver, precisamos conversar. – senti a urgência de suas palavras e fiz sinal para ela me seguir até minha sala.

̶ O que aconteceu, Felicity?

̶ Precisamos contar Oliver, eu estou entrando no quarto mês e a desculpa de frio para manter o casaco já está ficando suspeita. – ela soltou a respiração que parecia prender. – Olha, eu sei que prometi te dar um tempo para assimilar, mas a cada dia que passa algo cresce dentro de mim, centímetro por centímetro.

̶ Eu sei. – se eu estava apavorado? Muito, mas ela não precisa saber. – Vamos começar pelo o mais fácil, contaremos ao team hoje à noite e então você pode agir naturalmente, as pessoas da empresa não precisam de detalhes.

̶ Mas Oliver, as pessoas comentarão e...

̶ Desde quando você se importa? Felicity, você tem ideia melhor? Quer que eu anuncie sua gravidez?

̶ Não, claro que não. – ela soltou o que pareceu ser um longo suspiro. – Vamos seguir seu plano.

Então era isso, iríamos contar ao pessoal essa noite, eu não tinha ideia do quanto aquilo me assustava até perceber que o experiente havia acabado e logo eu teria que enfrentar a realidade.

~~FS~~

Pressionar Oliver era tudo o que eu não queria, mas eu via os dias se passar e ouvir o coraçãozinho do meu bebê nas consultas era um lembrete de que ele estava ali crescendo dentro de mim, e que logo seria impossível escondê-lo. Eu estava disposta a enfrentar tudo por ele e mesmo vendo Oliver ao meu lado no dia do hospital, eu tinha medo que ele não o quisesse, mediante seu afastamento era tudo o que eu podia pensar. Então era isso, Oliver querendo ou não eu contaria aos meus amigos, assumindo total responsabilidade.

Ok, eu sei que disse que assumiria tudo, mas depois do plano de Oliver de ignorar os comentários de toda a QC, eu confesso que toda aquela coragem se esvaiu de mim, não tenho ideia de como enfrentar tudo e todos, mas era meu bebê e por ele eu andaria de cabeça erguida e enfrentaria todos os comentários maldosos.

̶ Oi pessoal. – vi Oliver atravessar o porão com uma pasta em mãos. – Onde está Roy?

̶ Foi comprar comida para Felicity. – Olhei pra ele culpada enquanto Dig e Sarah riam. – O que é essa pasta, Oliver?

̶ Temos uma série de assassinatos, pelo visto um tipo de serial killer.

̶ E o que te faz pensar que ela seja uma serial killer? – falei já girando a cadeira em direção aos meus bebês.

̶ Uma flecha. – Oliver soltou um suspiro cansado.

̶ Uma flecha com um coração na ponta, que clichê. – falei enquanto digitava. – Certo, temos uma assassina que anda por ai se achando a cupido do mal. – me virei encarando os outros.

̶ Certo e o que vamos fazer? – Sarah já estava ao meu lado olhando a foto que o programa de reconhecimento facial mostrava.

̶ Ficar a espreita. – Oliver falou. – Vamos esperar sua próxima ação, tentarei contato com ela, mas precisamos ter cuidado antes de agir.

̶ O que eu perdi? – vi Roy se aproximar e voei nele como se o próprio fosse a comida.

̶ Certo, vamos acabar logo com isso. – Entendi o que Oliver quis dizer assim que seu olhar pairou em mim.

̶ Ah não vamos por esse caminho. – falei com a boca ainda cheia de comida. – Oliver, por favor.

̶ Do que vocês estão falando? – John perguntou com um rosto confuso assim como o de Roy, enquanto Sarah parecia se divertir.

̶ Tudo bem, vai em frente. – suspirei derrotada.

̶ Ok. Felicity e eu temos algo para contar a vocês. – começou. – Antes de falar, preciso dizer que não foi nada planejado e se não contamos antes é porque estávamos esperando o momento certo. Pessoal, nesse momento precisaremos redobrar os cuidados, acho até melhor Felicity se afastar por um tempo e eu vou ter que me esforçar mais ainda entre a empresa e a cave, preciso ver o colégio e a faculdade, preciso planejar o quarto e os gastos, tenho que abrir uma conta, tenho que....

̶ Eu estou grávida. – falei vendo que Oliver estava entrando em pânico.

̶ Já sabíamos. – Roy disse parecendo se divertir com a situação.

̶ Vocês o que? Como... Quando... O que? – Oliver parecia desorientado.

̶ Serio mesmo? Oliver, tudo o que Felicity tem feito esses dias é comer, sentir tonturas e bocejar. – John enumerava tudo. – Não precisa ser um gênio para perceber que não era frio que ela evitava com esse casaco, mas resolvemos esperar que vocês estivessem prontos para contar.

̶ O mais legal é ver o Oliver entrando em pânico. – Roy gargalhou com os outros enquanto eu abafava um sorriso.

̶ Eu não estou entrando em pânico. – ele fez uma careta que só entregou sua situação.

̶ Você mencionou afastá-la da cave, Ollie. ̶ Sarah zombou.

̶ O bebê não pode correr riscos, ela tem que ficar longe do perigo.

̶ Cara, você está entrando em pânico. – John o abraçou pelos ombros. – Por acaso, parabéns.

~~OQ~~

Quinze semanas, esse era o tempo de gestação de Felicity, que já exibia uma barriguinha saliente. Não sei se por estar grávida, mas a luz que ela carrega consigo estava duplicada e a cada dia ela brilhava mais, arrisco dizer que poderia ofuscar o sol. As coisas estavam calmas e apesar de alguns boatos pelos corredores, estávamos lidando bem com as pessoas na empresa.

Hoje eu teria mais uma reunião com Ray Palmer para darmos inicio ao projeto para melhorias nos hospitais nos Glades, afinal o arqueiro já fazia a parte dele pela cidade, agora era a hora de Oliver Queen.

̶ Felicity, você poderia checar o horário da minha reunião com o Palmer? Acho que ele está atrasado.

̶ Estou aqui. – Vi as portas do elevador se fechar atrás dele. – Desculpe o atraso, mas peguei um transito horrível. Bom dia Felicity.

̶ Vamos Palmer? – Ok, desde quando ele tinha intimidade para chamá-la por seu primeiro nome?

̶ Bom dia Ray. – vi um sorriso no rosto dela enquanto ele me acompanhou até minha sala, mas que merda é essa?

Duas longas horas de planejamento e ideias, Felicity tinha se juntado a nós dois e ela tinha boas ideias, na verdade ela sempre dava um jeito de alterar até mesmo nossas ideias para melhor, claro.

̶ Então estamos todos de acordo a respeito da ala infantil? – perguntei recebendo acenos afirmativos de ambos.

̶ Preciso urgentemente de trouxas de alface.

̶ O que disse Felicity? – Ray perguntou e só então ela percebeu que divagava.

̶ Ah, nada. Na verdade eu estou louca por uma trouxinha de alface com doce de leite. – falou se levantando. – Mas vocês não precisam se incomodar comigo, continuem sem mim porque eu vou procurar minha comida ou sinto que surtarei.

̶ Felicity, você está grávida. – só agora Ray pareceu perceber a barriga saliente dela que ficava exposta pela blusa um tanto justa.

̶ Eu estou grávida. – Ela confirmou como se tivesse sido pega no flagra e eu juro que riria se não fosse pelo o que viria em seguida.

̶ Oh Felicity, que maravilhoso. – Ray pousou as mãos sobre a barriga dela e eu senti meu sangue ferver. – Já sabe o sexo? Quantos meses? Você está linda.

̶ Obrigada Ray, estou no quarto mês e não, não sei o sexo.

̶ Você está radiante, devo dizer. – idiota. – O pai é um homem de sorte.

Não sei, ver Ray ali com as mãos na barriga dela me fez sentir algo nunca sentido antes. Tinha um gosto amargo em minha boca e raiva era tudo que eu conseguia sentir. Era meu filho, eu tinha feito e ele não tinha o direito de por as mãos, não sei bem o porquê mais senti a necessidade de tomar as rédeas para mim.

̶ Realmente, eu sou. – soltei sem conseguir filtrar. Ray pareceu surpreso, mas logo mascarou com um sorriso idiota, já Felicity tinha um semblante indecifrável.

̶ Você é o pai, claro. – o que ele quis dizer? – Parabéns Oliver.

̶ Obrigado Palmer. – certo já podíamos encerrar aquela reunião e ele ir embora para longe dela. – Então, terminamos aqui?

̶ Acredito que sim, só precisamos de uma ultima reunião para ajustes financeiros, certo? – balancei com a cabeça em afirmativo. – Até mais Oliver, e você moça, se cuide e cuide bem do bebê.

̶ Não se preocupe Palmer, eu cuidarei bem deles. – não medi as palavras, só sei que precisava mantê-lo afastado por algum motivo desconhecido.

̶ Claro que sim. – juro que poderia facilmente tirar aquele sorrisinho besta dele, mas me contive. – Boa tarde.

Palmer foi embora e Felicity voltou para sua mesa, essa ultima estranhamente calada. O resto do dia passou sem contratempos e com uma Felicity praticamente muda, o que me levou a perceber que ela estava irritada com algo, o pior é que nem a chance de perguntar eu tive já que ela se manteve afastada todo o dia. No fim do expediente, John nos chamou até a cave para mostrar algumas pistas sobre a cupido, mas ainda assim ela se manteve calada. Percebi que o problema dela era comigo quando a vi interagindo normalmente com todos, até sorriu e brincou com os outros. Depois de ver o que John tinha para mostrar, fui com Roy fazer a ronda e percebi que essa noite poderia voltar mais cedo para casa.

Entrei na cave com Roy em minha frente, mas parei assim que vi a cena adiante. Felicity estava com a blusa levantada enquanto Sarah e John acariciavam sua barriga com carinho. Eles pareciam disputar quem conseguiria fazer o bebê se mexer primeiro. Olhar o ventre dela me fez perceber que eu nunca havia tocado ali e a vontade me invadiu tão de repente que me assustei. Eu queria tocar sua barriga, eu queria sentir aquele serzinho tão pequeno, queria ter contato com ele.

̶ Liz, você tem certeza que está tudo bem com nosso mascotinho? Quero dizer, ele nunca mexe. – me alarmei ao ouvir as palavras de Sarah.

̶ Sim Sarah, na ultima consulta eu até ouvi o coraçãozinho e a doutora disse que era um bebê preguiçoso e tímido. – ela deu uma pausa para um sorriso. – Acredita que não conseguimos ver o sexo? A doutora disse que ele mexerá assim que se sentir seguro, que é natural o bebê demorar a mexer, muita das vezes ele espera pelo momento certo em que se sinta seguro.

̶ Pelo visto, teremos um pai babão. – só então percebi que todos me olhavam e pior, eu estava com um sorrisinho idiota na cara.

̶ A noite está tranquila, pelo visto teremos uma folga hoje. Vai querer carona? – virei em sua direção.

̶ Não. – a resposta dela foi tão rude que todos se assustaram. – Poderia me levar John?

̶ Na verdade não, fiquei de encontrar Layla para jantarmos e creio que já estou atrasado. – o vi pegar o casaco e pousar um beijo casto em sua testa. – Aceite a carona de Oliver.

̶ Tudo bem. – ela parecia contrariada em aceitar e tinha um enorme bico que me fez querer rir.

O caminho foi extremamente incomodo, o silencio de Felicity era incomodo, e a tentativa de carranca que ela tinha na cara estava me deixando impaciente. Ela estava muito irritada.

̶ Certo Felicity, qual o problema? – perguntei a seguindo até sua porta.

̶ Da próxima vez que tal urinar em cima, Oliver? Não é assim que se marca território?

̶ Do que diabos você está falando? – a segui parando na sala, vendo fúria tomar conta de seu rosto.

̶ Oliver Queen, você me tratou como se eu fosse propriedade sua na frente de Ray. – então percebi o motivo daquela raiva toda. Ray.

̶ Então é isso? Você está bravinha comigo por causa de RAY PALMER?

̶ Não se trata de Ray, seu imbecil. – ela já estava nas oitavas. – O fato de ter feito um filho em mim não te da o direito de bancar o macho alfa, Oliver. VOCÊ NÃO É MEU DONO.

̶ Eu não quis te chatear Felicity, mas você viu a forma como aquele cara te devorou com os olhos? Aquele sorrisinho oblíquo deveria ser proibido de ser direcionado a uma mulher grávida.

̶ Qual o seu problema? Você acha que por eu estar grávida, eu me torno menos atraente?

̶ Não foi o que eu quis dizer Felicity, eu só... – vi seu dedo indicador levantar me pedindo para esperar enquanto ela ia atender a campainha que tocava insistentemente.

̶ MÃE? – o olhar dela era tão ou mais assustado que o meu, quando uma mulher entrou como um furacão abraçando-a, mas saltou assim que sentiu algo, entendi o motivo assim que seu olhar correu até a barriga de Felicity.

̶ FELICITY MEGAN SMOAK, VOCÊ ESTÁ GRÁVIDA?

̶ Oh eu realmente preciso do meu alface com doce de leite.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então, é isso e eu espero que gostem. Lembrem-se que tudo no seu tempo :)