Sobre Reis e Peões escrita por Leon Yorunaki


Capítulo 2
Madrepérola


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo que eu não revisei.
Espero que gostem.



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Duas semanas haviam se passado desde o início da jornada de Hilbert pela região de Unova. Havia passado por diversas distrações em sua jornada, que aos poucos se tornava independente com relação a Cheren e Bianca.

Cheren havia colocado como objetivo se tornar o melhor treinador de Unova; estava particularmente determinado a isso. Decidiram por desafiar o ginásio de Striaton juntos; ambos conseguiram suas insígnias naquele dia. Hilbert teve certa dificuldade de vencer o Panpour de seu adversário, considerando a desvantagem que Tepig possuía contra este, mas ainda assim saiu vitorioso. Cheren e seu Oshawott, no entanto, derrotaram o Pansage adversário tão rapidamente que até mesmo o líder do ginásio se assustou.

Bianca, por outro lado, ainda não tinha maturidade o bastante para sua própria segurança. Hilbert a encontrara perdida no dia anterior, perseguindo um grupo de Pidoves que roubara sua mochila. O esforço conjunto do Snivy da garota e de Hakun foram o suficiente para que ela recuperasse seus pertences; Hilbert decidira então escoltar o caminho da colega até a cidade de Nacrene; quase se arrependeu de fazê-lo, dado a falta de coordenação da colega. Ele podia dizer que ela tinha sorte de ter um Pokémon tão esperto quanto aquele Snivy; do contrário, Bianca certamente estaria em apuros maiores.

Hilbert, porém, não parecia ter um objetivo claro em sua viagem. Além de Hakun, lhe acompanhava em sua jornada um Munna ainda pouco amistoso que encontrara em Striaton, possivelmente abandonado por seu antigo treinador. Hilbert dera ao Pokémon a escolha de seguir com o novo colega ou de ficar em uma floresta próxima; apesar de este ter escolhido seguir com o rapaz, ainda não confiava nele.

O rapaz se pegou pensando em tudo isso durante seu descanso no centro Pokémon de Nacrene. Ele e Bianca chegaram na cidade no final da manhã; ela ainda descansava depois de fazer sua refeição, mas ele se encontrava desperto demais para tal ato. Decidiu então sair pela cidade, na esperança de encontrar algo que anuviasse seus pensamentos.

Enquanto caminhava sem rumo pela cidade, tentava imaginar o que de interessante ela possuía para ser considerada tão famosa quanto ouvia falar. Não tinha nenhum restaurante famoso como Striaton (restaurante esse que se revelou ser o ginásio da liga Pokémon), nem mesmo possuía muitas lojas ou grandes construções. A linha de trem que costumava passar por dentro da cidade havia sido desativada havia alguns anos, inclusive.

A única atração que restara era o grande museu de história natural que Nacrene abrigava. Para não considerar sua viagem até ali perdida, Hilbert decidiu por visitar a exposição atual de fósseis Pokémon.

Qual não foi sua surpresa, no entanto, ao literalmente trombar com um rosto conhecido à entrada do museu.

— Por que não olha por onde anda? — perguntou Hilbert, irritado.

— Você é quem estava desatento! — respondeu N, o garoto de cabelos verdes com quem se encontrara em Accumula.

Hilbert talvez não se lembrasse dos detalhes do estranho encontro entre os dois; lembrava-se apenas das convicções inusitadas do garoto e que elas haviam o deixado pensativo pelo resto daquele dia.

— Não acho que devemos discutir por causa disso… — N continuou.

— Tem razão… — Hilbert respondeu, enquanto tentava se lembrar do porquê dele se sentir incomodado com o encontro.

— Pensou naquilo que eu te falei?

— Aquilo o quê?

— Você continua aprisionando seus Pokémon! Você sabe que não devia fazer isso…

— Isso é um problema meu, não seu! — Hilbert parecia se irritar com o comentário, ao lembrar-se do teor da conversa. Durante essas duas semanas de viagem, o contato que teve com Hakun fez com que o garoto tivesse certeza da confiança entre Pokémon e treinador.

— Eu tento ver aquilo que ninguém vê. — N insistia, mesmo sabendo que não convenceria Hilbert. Este ignorava-o, entrando no museu, o que fez com que o garoto de cabelos verdes fosse atrás, com o intuito de continuar falando sobre suas convicções. — As verdades de como se sentem os Pokémon enquanto estão aprisionados. Os ideais de como os treinadores devem se comportar. Eu só quero que o futuro possa nos levar à perfeição… Você entende aonde quero chegar?

— Não enche!

— Eu esperava mais de você, sabe?

Hilbert concentrava-se em um dos fósseis expostos no museu, denominada Gema Luminosa; parecia ser apenas uma pedra como outra qualquer, de superfície branca polida; de fato não possuía nenhuma característica excepcional além de ter sido encontrada junto com outros artefatos raros durante uma escavação nas ruínas do Castelo Rélico. Sua concentração na peça era apenas um pretexto para evitar o confronto com o rapaz que o acompanhava.

Ele se perguntava, porém, porque ainda dava atenção ao garoto de cabelos verdes.

— Se eu te vencer em uma batalha, você muda de ideia? — Hilbert virou-se para N, sem crer que havia dito isso ao garoto.

— Você continua tratando seus Pokémon como objetos, como máquinas de guerra. — N respondia ainda calmo, apesar de sua fala parecer ainda mais apressada. — Se todo mundo pensar como você, o futuro de todos nós estará arruinado!

Hilbert sentiu-se mal pelo garoto por algum motivo. Não sabia exatamente pelo que, entretanto; seu coração parecia pular uma batida ao ver a decepção no rosto de N.

— Eu e meus amigos não podemos salvar o mundo ainda… Talvez um dia eu consiga mostrar ao mundo que todos estão errados…

N parecia contemplar o fóssil ao lado da Gema Luminosa, um hieróglifo que ilustrava a grande lenda de Unova; o Dragão Original. Segundo esta, havia um poderoso dragão que era governado por dois irmãos em um passado longínquo. Após uma desavença entre eles, o dragão se separou em duas entidades menores, denominadas Reshiram e Zekrom; cada um deles seguiu as crenças de um dos irmãos. Esses poderosos dragões possuíam diversos registros históricos, de tal modo que sua existência era reconhecida pela Pokédex; o Dragão Original, porém, era considerado pelos estudiosos apenas um mito.

— Sim, eu sei do que eu preciso. — N parecia sonhador ao encarar o artefato. — Zekrom. O dragão criador de Unova. O dragão que representa os ideais. Com a ajuda dele, poderei mostrar ao mundo o mal que vocês treinadores fazem com seus Pokémon.

Hilbert controlou-se para não rir. O garoto parecia sonhador demais, ainda assim estava convicto de que poderia fazer com que os Pokémon fossem livres.

— Alguém já te falou o quanto você é teimoso? — Hilbert respondeu, dando um breve sorriso, porém tentando não gargalhar.

— O nome é persistência. — N riu, estendendo a mão. — Amigos?

— Amigos. — Hilbert cumprimentou-o. O calor que sentiu ao apertar a mão do agora colega o fizera ligeiramente desconfortável.

— Espere por mim, Hilbert. — N falava, enquanto se virava para a saída do museu. — Eu serei o herói que Unova precisa.

Não o herói que Unova merece, pensou Hilbert, enquanto via o garoto se afastar.


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Notas finais do capítulo

Se alguma coisa ficou confusa, não se acanhem em tirar as dúvidas. Terei prazer em respondê-las e/ou arrumar o capítulo.



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