Rebelião -em ajustes escrita por Pere, Lily Becker


Capítulo 4
Ela se foi




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/654060/chapter/4

Era quinta feira, dois dias depois do acidente, estávamos na sala aguardando nosso pai. Minha mãe havia tido uma melhora no dia anterior, mas não o suficiente pra ser considerada fora de risco. Eu estava nervoso e não conseguia ficar quieto um segundo se quer e o impacto de meus tênis se chocando contra o chão parecia esta deixando a Amélia louca; pois a cada passo que dava ela se remexia na cadeira. Ela estava-me observando e parecia que se eu desse mais um passo o lápis que ela estava usando pra prender o seu cabelo iria parar na minha garganta. Então eu parei e me sentei na cadeira. Ficamos alguns longos minutos em silencio ate que a porta abre. Nos ainda tínhamos alguma esperança dela ter melhorado. mas ela se desfez assim que vimos nosso pai. Ele nos encarou por alguns segundos.

_ desculpa gente mas eu não sei como dizer isso.- ele respirou fundo seu olho começou a lacrimejar então ele olhou pra cima depois pra nos.- a mãe de vocês... a Hanna... a nossa Hanna. Morreu.

Eu não pude conter o choro. E ele me abraçou. Então olhamos pra Amélia. Ela em pé atrás de mim. Parada. Inexpressiva. Intacta. Seus olhos eram duas bilócas quase completamente pretas do tanto que sua pupila estava dilatada. Aproximei-me e a abracei. Ela encostou a cabeça no meu ombro e retribuiu o Abraço. Senti seu corpo ficar mole e então ela desmaiou. Meu pai me ajudou a colocar ela no sofá. Eu não estava conseguindo processar direito o que estava acontecendo, era como eu simplesmente não acreditasse no que estava acontecendo. Era como se eu não acreditasse que a minha mãe se foi. E que aquilo doía. Aquilo fazia eu me arrepender de todas as brigas que já tive com ela, e que agora parecem completamente toscas.

_ filha, acorda por favor- falou meu pai a balançando. - Diego trás um pouco de sal. Agora!- peguei uma pitada de sal e coloquei em baixo da língua dela assim como meu pai pediu depois. Aos poucos ela foi acordando. Então ela foi se dando conta do que estava acontecendo e começou a chorar. Levantou e deu alguns passos escarou a gente, deu um soco na parede, depois outro e depois mais um. Ela encostou a cabeça na parede e deslizou ate o chão. Meu pai tentou se aproximar, mas ela se afastou.

_se você quiser subir- limpei a garganta- eu cuido dela.

_obrigado, qualquer coisa me chama, eu vou avisar a família de sua mãe.

_tudo bem.

Uma das coisas mais assustadoras na minha irmã, e que quando ela esta muito nervosa, ela começa a se punir. Sei disso porque uma vez ela chegou da escola, na época que sofria bullying, e nesse dia haviam batido bastante nela. Ela chegou em casa completamente suja e com alguns roxos espalhados pelo corpo, no inicio ela deu a desculpa de ter caído da bicicleta mas um pouco mais tarde nesse dia ela falou a verdade. Depois quando eu fui mexer no meu computador, na época nos ainda dividíamos, eu descobri que foi o Victor, um amigo virtual dela, que a encorajou de contar. Apenas por que ela esqueceu a janela da conversa aberta. Em fim o que importa e que naquela noite eu a vi se machucar, eu a vi descontando tudo nela mesma. Ela implorou pra eu não conta nada ao nossos pais, mas eu contei mesmo assim porque naquela manhã havíamos brigado e eu queria ela encrencada, e antes que falem alguma coisa eu tinha 12 anos, então eu contei. Mas nossos pais são bem compreensivos e começaram a ajudar, logico que forçadamente por que no fundo eles estavam putus. dai acabou que colocaram a Amélia em uma luta pra tenta impedir que ela apanhasse novamente e depois dai as coisas começaram a melhorar pra minha irmã. E fato é que dês daquele dia eu nunca mais a vi fazendo nada daquilo, até hoje de manhã. Ela passou de pijama por mim e eu vi, suas coxas estavam bem vermelhas e tinha alguns risquinhos vermelhos. Pela finura dos cortes e pela vermelhidão cheguei a conclusão que dessa vez ela apenas se arranhou.

Olhei pra ela, estava passando a unha delicadamente no pulso. Depois começou a passar a mais força. Cheguei perto e a segurei. Ela era tão forte quanto eu então foi meio difícil acalmar a fera.

_ ja acabo com seu showzinho?- perguntei a segurando. E ela me olhou com raiva- otimo, agora vem.- a puxei ate meu quarto com muito custo mas consegui. Tranquei a porta e guardei a chave comigo. - caso você resolva da uma de "super Amélia" e fugir. Agora vamos ver onde eu guardei.- falei a soltando e indo procurar um cortador de unha. Como meu quarto não estava lá muito arrumado foi meu complicado acha, mas acabei achando dentro de um potinho com canetas.

_ nossa que legal você vai corta as minhas unhas! Eba! Esta afim de lixar também não?- falou irônica. - você não acha que se eu quisesse fazer alguma coisa, unhas cortadas realmente me impediriam de fazer?

_ Não. mas dai seria problema seu. o que eu posso fazer eu estou fazendo agora senta ai e para de encher meu saco. - falei pegando a cadeira da minha escrivaninha e deslizando ate ela. Olhou-me por um segundo eu achei que ela iria socar a minha cara ate eu perder a consciência, porem ela sentou e me deu a mão. Eu cortei o mais curto que pude.

_ você poderia pintar também. seria legal - falou e sorriu pra mim, mano essa garota esta abusando da minha paciência.

_ quer "gritter sinhora" ?- falei enquanto terminava a ultima unha.- prontinho "sinhora" rala daqui. - falei e fui destrancar a porta. - agora é serio Amélia, não quero que você se machuque.- falei antes de abrir a porta.

_vai cuidar da sua vida.- sorriu e foi pro quarto dela.

Eu estava num meio termo entre dormindo e acordado quando começo a ter uma sensação ruim de que algo vai acontecer. Levanto e começo a andar pela casa, ela estava escura e vazia. me encontro no quarto dos meus pais e os vejo dançando animadamente então a minha mãe simplesmente evapora e meu pai se transforma em um homem bem magro e começa a me olhar então seu rosto começa a derreter e chega perto de mim e sussurra em meu ouvido " é culpa sua" e então se desfaz a pó. Começo a correr pela casa e acabo tropeçando em algo. Quando olho é o corpo ensanguentado de Amélia já sem vida. Ela tinha um bilhete em suas mãos. Peguei, estava escrito com a letra de minha mãe com tinta prateada "isso é tudo culpa sua" então quando levanto já não estou mais em casa, estou na casa da julie. Ela estava feliz com o joe cozinhando alguma coisa. E de repente ela pega uma faca e finca em seu peito. Joe me encara e fala "isso também é sua culpa". E eu sei Isso é culpa minha, falo a mim mesmo e então eu acordo.


Não estava conseguindo dormir, não apenas por esta revivendo aquele pesadelo inúmeras vezes em minha cabeça, mas também por amanhã ser o enterro da minha mãe e parte de mim ainda não esta conseguindo se convencer que eu estou acordado e que ela realmente havia me deixado e amanhã seria o dia de dizer adeus. Eu queria ter sido um bom filho pra minha mãe. Mas eu nunca fui, e a pior parte e que agora não adianta se arrepender.

eu fui, estou sendo, e sempre vou ser o filho ruim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Rebelião -em ajustes" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.