Capítulo 5

POV'S Sam

Sem alguma razão aparente, comecei a vasculhar as coisas do Freddie. Uma busca inútil por nada, não encontrei nada além de roupas, equipamentos de filmagem, seu notebook e essas coisas de nerd.

Ao me convencer de que não encontraria nada, voltei a arrumar as coisas do Freddie. Bom, "arrumar" não seria bem a palavra, qualquer coisa, eu daria a desculpa de que, num momento de raiva, joguei sua mala na estrada e ela foi atropelada por um caminhão.

Enquanto colocava suas coisas de volta na mala, fui surpreendida por uma voz familiar.

— Sam? O que você está fazendo? - Disse a voz familiar, supostamente do Freddie.

Eu gelei e me virei bruscamente procurando uma resposta para Freddie que não fosse tão ridícula.

— Sam? - Ele me encarava confuso e sério, porém, não parecia irritado.

— Er.. eu... - Gaguejei.

— Por que estava mexendo na minha mala? - Freddie falou extremamente confuso.

— Eu... eu estava...

Eu sentia que estava ficando ainda mais nervosa, não só pela sua expressão séria como também a mistura de sentimentos confusos na minha cabeça.

— Eu estava procurando o meu celular. - Dei um sorriso forçado.

— Nas minhas coisas? - Ele indagou.

Após sua pergunta, percebi o quanto a minha desculpa havia sido idiota, mas precisava mantê-la pois não conseguia pensar em mais nada.

— Er.. sim?

— Hum.. E achou? - Freddie perguntou nem um pouco convencido, mas parecia não se importar muito e nem querer aprofundar aquela conversa para saber o real motivo de eu estar mexendo em suas coisas, e aliás, nem eu sabia o real motivo.

— Não... - Respondi um pouco confusa com tudo aquilo.

Freddie deu um meio sorriso e se agachou para reorganizar sua mala. Durante alguns segundos que pareciam anos, ficamos em um silêncio constrangedor, pelo menos para mim.

— Onde está a Carly? - Freddie me perguntou dobrando sua última camisa e guardando-a na mala.

— Hum? Ahn.. Ela.. Ela saiu. - Eu disse, me sentindo uma completa idiota por estar tão nervosa naquele momento.

— Para onde?

— Ela.. Ela foi procurar você, não sei exatamente para onde ela foi.

— Me procurar?? Por que?? - Ele perguntou um pouco nervoso, não o agradava muito a ideia de deixar Carly sair sozinha por ai.

— Porque você tinha sumido completamente sem dizer nada para ninguém! Achamos que tinha acontecido alguma coisa seu bobão! - Eu falei, com um tom de voz um pouco mais alto devido a minha irritação momentânea.

— E por que você ficou aqui?

— Como??

— Por que só a Carly saiu? - Ele perguntou um tanto quanto decepcionado, porém não o suficiente para demonstrar em seu rosto.

— Ah..

— Bom.. Eu também tinha ido procurar você... - Eu disse um pouco tímida.

Freddie riu alto e eu me espantei, ao mesmo tempo que me senti ofendida.

— Conta outra Puckett. - Ele continuou sorrindo.

— É sério! - Eu disse ofendida.

Ele continuou me encarando com uma expressão irônica, e obviamente, não acreditando em nada daquilo.

— Eu saí junto com a Carly, pateta!

— Mas...

— Mas...? - Freddie perguntou.

— Nós... Nós discutimos no meio do caminho... Carly disse umas coisas, e daí eu voltei para cá. - Eu continuei falando.

— O que Carly disse?

— Umas... coisas... - Falei, não muito a vontade com a situação.

— O que seriam essas coisas?

— Coisas do tipo... que não me importo com você... - Expliquei, a timidez era nítida em meu rosto.

— E...? - Freddie perguntou.

— Como assim?

— E não é verdade? - Ele sorriu como se já soubesse a resposta.

Eu hesitei um pouco, aliás, bastante, antes de falar.

—...não... - Respondi bem baixo.

— Como? Não ouvi. - Ele disse me provocando.

— Não! - Eu falei novamente, alto e claro, o que o fez sorrir.

— Eu me importo com você bobão.

— Não é o que parece. - Freddie falou ainda sorrindo.

— Mas é a verdade, e afinal de contas, quem além de você iria me emprestar dinheiro e não me cobrar depois?

— Haha, muito engraçado Sam. - Ele zombou.

— Só não te cobro porque sei que você vai me chutar.

Eu ri alto.

— Por que eu te chutaria?

— Porque você é você. - Ele riu.

— Bobão... - Dei um leve tapa na cabeça dele e peguei uma garrafa de whisky na minha mala.

— Sam!

— O que foi? - Perguntei assustada.

— Você não pode beber! - Ele me alertou.

— Por que não? Minha mãe não está aqui, e se estivesse, beberia junto comigo.

— Eu não acredito que você trouxe álcool para a viagem. - Ele disse sério.

— É crime agora? - Perguntei já irritada com aquelas perguntas.

Freddie suspirou e sentou no chão próximo de sua mala, eu o acompanhei e lhe ofereci um pouco de whisky, ele negou, mas depois de um tempo, acabou cedendo.

— Carly está demorando... - Freddie disse e eu concordei com a cabeça.

— Espero que ela esteja bem... - Ele continuou.

— Ela está. - Eu me arrisquei em dizer, e pareceu ter tranquilizado ele.

— Nossa! Eu esqueci de dizer! - Ele praticamente saltou de seu lugar e tirou algumas notas de seu bolso.

— Mas o que...

— Eu achei o dinheiro das nossas passagens! Ontem a noite, procurei na minha mala e encontrei, assim que Carly voltar poderemos ir.

— Que bom! Finalmente você foi útil pateta.

Nós sorrimos e ele voltou a se sentar do meu lado e a dar goles no whisky também.

— Essa garrafa que você trouxe é grande. - Freddie disse.

— Sim... - Eu falei, um pouco alterada, nunca fui forte para álcool.

— Você está bem? - Freddie perguntou ao perceber minha alteração.

— Estou. - Eu sorri.

— Olha Sam, Carly está demorando muito, acho que devemos procurá-la. - Freddie falou se preparando para levantar.

— Não...

— Não? - Ele disse franzindo a testa.

— Vamos ficar aqui... - Eu comecei a puxá-lo mais para perto.

— Mas Sam, ela já está fora há horas.

— Ela está bem... - Disse, me aproximando e arrumando alguns fios de seu cabelo.

— Sam... vamos... - Ele insistiu, incomodado.

— Não, deixa a Carly para lá, vamos ficar aqui, nós dois... - Eu disse, claramente bêbada e muito próxima de sua boca.

— Sam... - Ele disse se aproximando, eu pude perceber seu desejo mútuo.

— A gente não pode fazer isso... - Freddie continuou.

— Vamos Freddie... Ela nunca vai saber... - Eu sussurrei e toquei meus lábios levemente nos seus.

Freddie hesitou antes de se afastar um pouco.

— Isso é errado... - Ele disse.

— Ora.. deixe disso... deixa de ser tão... certinho... - Eu falei decidida a beijá-lo.

Senti que ele ainda estava confuso, porém, rendido, e com tanta vontade quanto eu, nos aproximamos ainda mais, estávamos prestes a nos beijar.

— Sam?? - Uma voz perto de nós exclamou fazendo com que nos afastássemos.