Capítulo 4

POV'S Carly

Abri os olhos com dificuldade devido à brusca claridade e me levantei preguiçosa. Avistei Sam dormindo encostada na parede, mas não encontrei Freddie em lugar nenhum.

Levantei desesperada e corri para sacudir Sam.

– Sam!! - Gritei nervosa enquanto a balançava.

– Ahhn... O que? - Ela resmungou manhosa.

– Eu não acho o Freddie! - Gritei.

– Hãm? - Ela perguntou, definitivamente dormindo.

– O Freddie! Ele não está aqui!. - Eu falei começando a surtar.

De começo, Sam não parecia ligar muito, o que eu já imaginava, mas despertou completamente quando me ouviu dizer que Freddie não estava aqui. Não pude deixar de ficar surpresa com a sua reação.

– Como assim o Freddie não está aqui? - Ela gritou.

– Eu não sei! Eu acordei e não encontrei ele! - Eu falei.

– Mas ele ficou comig.. com A GENTE a noite toda!! - Ela gritou nervosa e se preparando para ir atrás dele.

Eu franzi o cenho após Sam ter supostamente falado que Freddie ficou com ela "a noite toda", mas devido à minha preocupação, rapidamente procurei esquecer e, juntamente com Sam, ir atrás do Freddie.

– Eu sei que ele é babaca, mas não sabia que era tanto a ponto de se perder. - Sam falou enquanto procurava um casaco.

– Quer parar de fazer piadinhas? O Freddie pode estar em perigo! - Falei.

– Credo, desculpa. - Ela falou levantando as mãos em sinal de rendição.

Sam continuou procurando seu casaco enquanto eu tentava entrar em contato com alguém pelo celular.

POV'S Sam

Aff! - Bufei após minha tentativa fracassada de encontrar um casaco.

Olhei para trás e encontrei Carly tentando ligar para alguém, ela estava nervosa, muito nervosa, quase tanto quanto eu, senti até uma certa pena.

Eu estava claramente preocupada, apesar de tentar esconder isso de Carly, era evidente o meu desespero e a minha aflição. O pior, era que não fazíamos ideia de onde Freddie poderia ter se metido, mas sentia que ele estava bem, o difícil era convencer Carly Shay disso.

Deixamos nossas coisas no estacionamento e saímos em busca do Freddie. Carly fez questão de perguntar para todo projeto de gente que ela encontrava no caminho, aquilo já estava me cansando.

Durante o tempo que andávamos, permiti que minha mente lembra-se do que havia acontecido na noite anterior, e a única coisa que consigo pensar disso tudo é: "Que porra foi aquela?".

Freddie e eu nunca estivemos tão próximos um do outro, digo, sim, já estivemos muito próximos, mas ontem foi diferente. Não sei explicar ao certo, eu sentia minhas bochechas corarem e um frio na barriga, além da impulsiva, errada e louca vontade de sentir o gosto de sua boca.

Cada palavra que saia de sua boca enviava arrepios por todo o meu corpo. Sua voz rouca, calma e baixa, piorava ainda mais a situação, a minha sorte é que eu estava de calças e mangas compridas, evitando que aquele momento se tornasse ainda mais constrangedor.

Eu me sentia culpada, mesmo que não tenhamos feito nada demais, pelo menos eu acho. Só conversamos, e dormimos, como amigos normais.. Não tem nada demais.. Não é?

Se não tem nada demais, por que eu estou me sentindo assim? Eu devo contar para a Carly? Ou não? Acho que não... Por que eu não quero contar para Carly se não foi nada? Não, está tudo muito estranho, definitivamente foi alguma coisa.. Definitivamente tem alguma coisa.. Que porra está acontecendo?

– Vamos pensar, se eu fosse um Freddie, onde eu me esconderia? - Carly falou me fazendo voltar a realidade.

– Você está se esforçando demais. - Falei um pouco dispersa.

– Eu estou fazendo o que qualquer pessoa que se importa com ele faria. - Ela falou ainda pensando na resposta para a sua pergunta anterior.

– Você já pensou que pode estar se preocupando tanto por nada? - Eu falei enquanto olhava para o nada.

– Sam se você não se preocupa com o Freddie e não vai me ajudar, você é desnecessária aqui, seria mais útil você voltar para o estacionamento e vigiar nossas coisas. - Ela retrucou impaciente.

Me surpreendi com a forma que Carly me respondeu, mas não me ofendi, eu entendia a preocupação dela e seria crueldade da minha parte dizer algo, visto que só saem coisas desagradáveis e insensíveis da minha boca.

Segui seu conselho e resolvi voltar ao estacionamento, pude ouvir um suspiro de reprovação e decepção de Carly, mas ignorei e continuei o meu caminho, não sabia ao certo se eu estava sendo egoísta ou se eu estava lhe fazendo um favor.

Caminhei de cabeça baixa por todo o percurso até o estacionamento, ainda refletindo no que tinha acontecido comigo e Benson, me pergunto se ele também esteja pensando nisso, seja onde quer que diabos ele esteja.

Depois de alguns não demorados minutos, eu estava no estacionamento novamente, não haviam vestígios de que alguém tivesse aparecido por aqui, a aparência era inalterada e tudo parecia estar normal.

Sem ideia alguma do que fazer, eu me sentei e comecei a arrumar minha mala, posto que não tínhamos condição alguma de ir ao Japão, não cheguei a me frustar, pois já tinha em mente que daria alguma merda nessa viagem, pelo menos já posso dizer ao Benson e a Shay que eu avisei.

Depois de arrumar minhas roupas e bolos gordos dentro da minha mala eu me levantei e me convenci a ir atrás da Carly ajudá-la na busca por Freddie. Estava prestes a deixar o estacionamento novamente quando voltei para pegar meu bracelete e bati os olhinhos curiosos na mala do Freddie.

"Não Sam, isso é loucura." Pensei, mas eu não estava no meu normal naquele momento.

Freddie tinha sumido, Carly estava fora, provavelmente não voltaria tão cedo... Por que não vasculhar o que esse cabeçudo tem na sua mala de viagem?...

POV'S Freddie

– Três croissants por favor. - Pedi à garçonete.

– Ok, só 1 minuto. - Ela falou com uma piscadinha gentil.

Eu estava em dúvida sobre o que levar, Carly não gosta de comer quase nada de manhã, e Sam, já havia se entupido de bolo gordo, achei melhor levar algo salgado e que agradasse todo mundo.

Depois de exatamente um minuto, a garçonete retornou com os croissants.

– Aqui está. - Ela disse sorrindo e me entregando o pacote com aquelas belezuras.

– Obrigado. - Eu disse pagando-a.

– Eu é que agradeço. - Ela sorriu numa tentativa de flerte, mas eu estava tão centrado em voltar para o estacionamento que para mim era como se não estivesse acontecendo nada demais.

– Ta. - Falei irrelevante fazendo-a fechar a cara.

Caminhei com passos apressados, sei que não deveria ter deixado-as sozinhas, mas queria também fazer um agrado, visto que nossa viagem para o Japão estava sendo um desastre. Elas já deveriam estar preocupadas, pelo menos Carly, "sentir" não é muito coisa da Sam.

Ao mencionar seu nome, ligeiramente recordei da noite passada, minhas costas ainda doíam devido à posição, mas eu acho que valeu a pena.

Eu não sabia o que realmente tinha acontecido, ou o que estava acontecendo, mas eu me sentia tão férvido e feliz, não conseguia enxergar nada de errado ou diferente nisso tudo, eu só queria vê-la e poder dizer "oi" novamente.

Depois de quase 10 minutos eu cheguei na entrada do estacionamento e arrumei o meu cabelo que estava meio bagunçado através do meu reflexo na janela de um carro completamente desconhecido.

Adentrei o local e rapidamente meus olhos procuraram Sam e Carly, por um segundo, preocupei-me, pois não havia encontrado nenhuma das duas, até que, não muito longe, avistei Sam, abri um sorriso involuntário de orelha a orelha e caminhei até a sua direção.

A cada passo que eu dava parecia que o meu coração ia sair pela boca, eu não entendia que caralhos de sensação era aquela e nem me incomodei em questioná-la.

Eu me aproximava cada vez mais de Sam, e em um determinado momento dessa aproximação, eu estranhei o fato de Sam estar agachada, ela parecia procurar algo, mas não em suas coisas, e sim, na minha mala.

Me aproximei o suficiente de Sam tentando descobrir o que ela queria revirando minhas coisas.

– Sam? O que você está fazendo? - Eu perguntei intrigado e esperando uma resposta convencível...