Crests of Waves escrita por Blair Herondale


Capítulo 1
Capítulo 1




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Unbelievers.

Era a música que tocava no carro.

Antes disso tinham escutado todo o álbum Modern Vampires of the City. Estavam repetindo aquela música apenas a pedidos de Catherine, afinal, era sua favorita.

Claro, claro, não podia deixar de gostar de outras como Hannah Hunt e Obvious Bicycle, porém, seu apego a Unbelievers tinha origem desde que o álbum havia sido lançado, em que ela ouvira a segunda faixa tantas inúmeras vezes ainda no primeiro dia, que depois disso a música não podia ser outra coisa se não sua preferida. Para Cath, Unbelievers já tinha um vínculo forte com ela e era impossível quebrá-lo.

See the sun go down

It’s going on down, and the night is deep

Catherine gritou nessa parte, sendo acompanhada quase no mesmo instante por Anne. Nathan havia se virado com o seu sorriso de aparecer covinhas para encarar as duas no auge da empolgação, enquanto Lauren Tanner se limitava a dar um pequeno sorriso de lado, mantendo sua concentração na estrada.

Quando, por fim, a música terminou. Nathan deixou escapar uma gostosa e sonora gargalhada.

–O que foi? -Cath perguntou, embora já soubesse o que ele iria responder.

–Não sei porque ainda me impressiono com a sua felicidade ao escutar essa música.

–Eu só me animo um pouco. Qual o problema nisso? -respondeu com um sorriso, dando de ombros. Sabia que um pouco era eufemismo.

–Um pouco? -Anne perguntou, quase gritando- Caramba Cath! Você ficou cantando essa música por apenas uma semana inteira! Eu estava quase te expulsando da minha casa.

–Catherine, você cantou tanto, tanto, que até eu aprendi. -Nathan complementou, reforçando a frase da sua irmã.

–Tudo bem, talvez eu me empolgue um pouquinho, mas eu não posso evitar!

Cath já estava pensando em uma forma de explicar como a música lhe tocava, quando Lauren interrompeu.

–Garotos... -falou baixinho, chamando instantaneamente a atenção dos três para o que ela olhava.

O carro tinha acabado de virar a ultima curva da estrada, quando o mar, imenso e azul, apareceu ao longe.

A maioria das casas conseguiam ser escondidas pelas árvores, as poucas restantes eram as que ficavam bem em frente ao mar, onde deixavam de ter árvores de grande e médio porte para ter coqueiros.

Aquilo era lindo.

–West Island, aqui vamos nós! -Anne gritou, jogando seus braços para o alto.

Os vidros foram abertos e o momento pôde ser vivido mais intensamente. Cath sentia o vento bagunçando seu cabelo, mesmo com as suas frustadas tentativas de manter os fios no lugar. Começou, então, a rir com o jeito de Nathan, que batia palmas e acompanhava os gritos de animação que sua irmã soltava. Eram brados de excitação.

–UHUUL! -gritou Cath, resolvendo acompanhar os dois, afinal, por que não?

Quando eles começaram a chegar na casa dos Tanners, os três já haviam se acalmado e Lauren começara a falar, ainda mantendo seus olhos na rua:

–Acredito que vocês vão gostar. Cath, acho que você nunca veio para nossa casa de praia, mas quando os meninos eram menores só o que eles queriam era vir para cá. Era um sacrifício fazê-los arrumar as malas quando o verão acabava.

Cath sabia que era verdade. Ouvira inúmeras vezes sua melhor amiga falando sobres as idas dela e do irmão para West Island, sobre como aquela praia era legal e como eles se divertiam ali. Às vezes não conseguia conter a inveja que sentia de Anne e o desejo de estar com eles se divertindo, já que seus próprios verões se limitavam a idas ao cinema, caminhadas de bicicleta com a mãe ou visitação à casa da avó. O verão dos Tanners era o verão que todos desejavam ter e agora que Cath finalmente teria, não conseguia conter sua animação.

–Eu sei. Me lembro de receber algumas ligações de uma Anne bem chateada por ter que ir embora de West Island.

–Bebê da mamãe. -Nathan falou com a intenção de irrita-la, se virando para apertar a bochecha de sua irmã, que afastou o toque com um tapa.

–Olha quem fala.

–Eu sempre era o filho que bravamente tomava a iniciativa de arrumar a mala. Sou praticamente um herói. -disse com um sorriso torto, piscando para Cath.

Puta que pariu.

Se Catherine Brooke não convivesse com os irmãos Tanner a mais de dez anos, com certeza teria corado com aquele gesto de Nathan. Porque, por deus, ela tinha que admitir, Nathan Tanner era o sinônimo perfeito para gostosura. Ele tinha aqueles olhos âmbar que brilhavam e seus cabelos castanhos caiam de maneira totalmente sexy em seu rosto, sem cobrir seus olhos. Seu corpo era atlético e musculoso, mas não de maneira exagerada. Porém, o melhor de tudo era o sorriso. Cacete. Nathan tinha o sorriso mais malicioso e descarado do mundo, era aquele sorriso de lado que parece sempre esconder uma piada interna. Isso era uma boa razão para Nathan ter uma fila de garotas na sua porta e mudar de ficante como quem muda de roupa. O mais surpreendente de tudo, é que ele nunca chegara a ter uma namorada.

–Temos um Capitão América no carro. -Cath ironizou.

–Esta mais para um Loki, se finge de santo, mas no fundo é pura maldade.
–Ei! Loki não é assim! Eu já te falei milhares de vezes! É totalmente compreensível você não gostar dele, mas não o trate como um monstro. O Loki é apenas uma pessoa quebrada e isso fica bem claro no segundo filme quando ele descobre que sua mãe morreu.

–Ele é um monstro, Cath, e você sabe disso.

–Isso é um absurdo! -ela responde exasperada- Eu queria ver se fosse contigo. Imagine passar a vida inteira na sombra do seu irmão, imagine seu pai ter uma clara preferência por Nathan, enquanto você sempre é colocada em segundo plano. Queria ver como você ficaria se depois de anos descobrisse que isso se devia ao fato de você ser o "monstro que os pais contam aos filhos de noite". Eu não ficaria bem, e o Loki enlouqueceu quando descobriu isso, mas isso não o torna esse monstro que você o está transformando!

Quando Cath parou para tomar fôlego e encarar Anne, viu que também tinha chamado a atenção de Nathan, que nem ao menos desviava o olhar.

–O que foi? -ela perguntou.

–Nada, eu só...

Ele foi interrompido por uma alta risada de Anne.

–Cath, meu deus, é muito engraçado esse seu amor pelo Loki, você ficou completamente exasperada tentando fazer seu ponto. Eu só estava brincando! Sabia que você ia ficar assim, mas não sabia que ia ser tanto. Desculpe, pode se acalmar.

Na mesma hora, Cath encolheu os ombros, envergonhada.

Droga! Era bem a cara da Anne fazer aquele tipo de coisa com ela, principalmente por saber que quando criticavam um personagem que ela gosta, tendia a levar para o lado pessoal.

–Bocó. -respondeu com um sorriso, dando um pequeno empurrão na melhor amiga.

–Não acredito que você ainda cai nas provocações dela, Cath. -Nathan disse em meio a uma risada, voltando a olhar para frente, depois de puxar o cinto que estava apertando seu pescoço.

–Chegamos! -Lauren disse por fim, ao estacionar o carro em frente a uma belíssima casa de praia.

Eles eram ricos.

Isso era inegável.

Aquela casa era enorme e tinha dois andares. Possuía um estilo antigo de casa de praia, o que significava que provavelmente havia sido dos avós ou bisavós de Anne. Possuía um tom azulado em toda a casa e branco, meio bege, nas portas e janelas.

Era adorável.

Tinha uma varanda com cadeiras e mesas de praia. Dava para fazer uma reunião de dez pessoas naquela varanda.

–É linda. -balbuciou Cath, era a única coisa que ela conseguia dizer naquele momento, se sentindo minúscula comparada com aquela casa -Não acredito que você nunca me trouxe aqui Ann! Sua vaca!

–Ei! Eu te chamei ano passado, mas você escolheu ficar doente.

–Claro que escolhi. - respondeu irônica revirando os olhos com aquela afirmação, se lembrava de ter ficado doente dois dias antes da viagem. Tinha sido terrivelmente triste para ela, já que estava quase morrendo de ansiedade para viajar. Claro que depois de ter uma febre de quase 40 graus, sua mãe resolver cancelar a viagem.

–Mas olha pelo lado bom, você está aqui agora com os Tanners e terá o melhor verão da sua vida. -falou Nathan enquanto saia do carro e fechava a porta.

–E essa diversão começa hoje! -disse Anne animada- Nós poderíamos ir para aquele morro! Nathan, sabe de qual eu estou falando?

Cath saiu atrás de Anne, prestando atenção na conversa e ajudando a tirar as mochilas do carro.

–Aí Ann! Aqui tem comida ou chumbo? -perguntou assustada com o peso daquela mochila. Segurava a alça com as duas mãos e mesmo assim carregava com dificuldade.

–Cath! São meus livros nessa mochila. -Lauren falou ao ver o que ela estava segurando.

–Epa. Calma aí. -Nathan falou, deixando a bolsa que ele segurava no chão e correndo para ajudá-la -Deixa eu pegar.

–Não, eu consigo levar! Só fiquei surpresa com o peso. -tentou explicar, não queria que Lauren pensasse que ela estava reclamando já no começo da temporada na praia.

–Que besteira Cath! -Nathan disse puxando a bolsa da mão de Cath. Seu cabelo caindo novamente na sua testa quando ele se abaixou para pegar.

Um triste fato era que, mesmo Catherine sendo bastante alta, Nathan conseguia ser uns bons dez ou vinte centímetros mais alto que ela, o que era horrível quando ela precisava falar com ele perto demais. Também tinha o fato dela se sentir um pouquinho desconcertada com o olhar dele, mas o mais importante é que ele tinha uma vantagem muito grande de força em relação a ela.

–Ei! Não precisa Nathan. -Cath disse puxando a bolsa de volta por reflexo.

–Garota, pode deixar comigo, eu aguento.

–Você está dizendo que eu não consigo? Só porque eu sou mulher,é isso?? -perguntou apenas para fazê-lo soltar a mochila, mesmo sabendo que era mentira.

–O que? -Nathan disse confuso- Não! É claro que não! E você sabe disso, só estou tentando ser educado!

–Mas não precisa. -respondeu da maneira mais delicada possível. Não queria parecer grossa, além de preguiçosa.

–Aí Cath! Deixe o Nathan levar! Você pode me ajudar com as mochilas mais leves. - Anne disse tentando parar com a briga, enquanto passava com sua bolsa para dentro da casa, acompanhando sua mãe.

–Deus do céu, Nathan! Como você é chato. -disse por fim, ao ver o menino com sua mochila já nos próprios ombros -É impossível discutir com você, não sei porque ainda insisto nisso.

–Também não, deveria ter desistido no segundo ano de convivência.

Catherine revirou os olhos, pegou sua própria bolsa e entrou na casa, observando cada mínimo detalhe.

Se de longe a casa já parecia perfeita, por dentro não havia nem um adjetivo bom o suficiente para classifica-la.

Ela estava se sentindo minúscula dentro daquela sala de estar. Tinha uma televisão, um sofá e um tapete, tudo em tamanho master. Entre o sofá e a televisão havia uma delicada mesa de centro com alguns livros e enfeites por cima. Do lado esquerdo do sofá, um pouco mais afastado, havia duas poltronas menores, mas não menos simples, detalhadas e delicadas que as outras coisas da casa, que ficavam de costas para a enorme janela de vidro.

Catherine parou um minuto para absorver esse detalhe, era realmente algo que ela nunca havia visto na vida. Claro, em filmes e seriados era uma coisa, mas estar presente em um lugar desses, era diferente. Era algo mais presente, real, palpável.

A janela ia do teto até o chão e tinha uma longa cortina bege presa no canto da parede.

Não. Não era apenas uma, eram duas. Uma em tom pastel, própria para tornar o ambiente completamente escuro em um segundo e outra, por cima, de um tom branco, quase transparente.

E foi nesse momento que Catherine realmente admirou o trabalho de Lauren, ela se importava até com o detalhe de uma cortina, se preocupava com o fato da cortina combinar com o mármore branco.

Era impressionante.

–Ei Cath! Vem logo! Quero mostrar nosso quarto. -Anne falou, chamando-a com o ombro direito, estava no meio da escada.

–Estou indo! -disse, apesar de continuar atenta ao que estava a sua frente. Logo atrás do vidro.

O mar. O belíssimo e incrível mar.

Conseguia quase sentir a sensação de estar mergulhando, o vento batendo no rosto e a areia grudando no corpo. A animação ia crescendo cada vez mais dentro de si e estava quase para soltar a bolsa que segurava, tirar as sandálias e correr para molhar os pés no mar, quando Nathan apareceu no seu lado.

–É muito bonita a vista daqui, não é?

Cath se limitou a assentir com a cabeça, ainda aproveitando a primeira vista daquela casa.

–E o mais legal é que a praia é só nossa. -ele olhou de soslaio para ela com um sorriso no rosto e tratou de continuar a explicar ao vê-la tão surpresa -Tudo bem, não a praia toda, mas temos uns 100 metros para a direita e para a esquerda de privacidade. Papai preferiu assim.

Disse dando de ombros.

–Caramba. Anne nunca me falou disso.

–Tem muita coisa que você ainda não sabe sobre a gente. Somos outras pessoas no verão.

–Queria ter vindo aqui antes. -resmungou, tentando não parecer chateada por não ter sido convidada antes.

–Você não pode culpar minha irmã, aqui sempre foi algo mais de família e gostávamos de manter isso, mas de uns anos para cá...bem, você já faz parte da família, não é mesmo? -perguntou com um sorriso, o tipo de sorriso que às vezes fazia o coração de Cath bater um pouquinho mais rápido. Às vezes.

–Não sei. -respondeu envergonhada, seria muita cara de pau dela responder sim de primeira.

–Cath! -Anne gritou do segundo andar, sua voz um pouco abafada pela distância- Vem logo!

–Vem, eu te mostro o quarto de vocês, se você demorar mais, é provável Anne ter um ataque.

Nathan se virou, pegando a bolsa que ela segurava sem que Cath, nem ao menos, conseguisse negar ou esboçar alguma reação.

Revirou os olhos, tanto porque sabia que o que ele havia falado era verdade, quanto porque Nathan tinha a mania irritante de tentar sempre bancar o cavalheiro.

Subiu as escadas cautelosamente, afinal, era incrivelmente desastrada e estava subindo aquele tipo de escada que não possuía corrimão.

Na verdade, a única coisa que parecia antiga da casa, era sua fachada, porque, por dentro, ela tinha um ar moderno, evidenciado tanto pelo estilo de móveis, quanto pelas cores e iluminação do lugar.

–Vocês reformaram o interior da casa ou ela sempre foi assim? -perguntou, não conseguindo conter a curiosidade.

–Reformamos, faz um tempo já, há uns 4 ou 5 anos. Antes ela tinha todo o estilo de casa de praia, com pisos de madeira, mesas de madeira, quadros de madeira, mas minha mãe estava enjoada de ser sempre do mesmo jeito e resolveu fazer uma reforma geral, por isso há esse contraste gritante entre a entrada e o interior da casa.

–Entendi. -respondeu, apenas para não ficar sem falar nada.

–Mas quer saber? Eu prefiro como ficou. Na época, Anne fez um barraco dizendo que não ia ser mais uma casa de praia se reformassem de maneira..hum...moderna demais, mas, sei lá, ficou melhor desse jeito. Mais prático.

–Ah ta. Entendi. -Cath respondeu e se irritou por estar repetindo a mesma frase duas vezes, portanto, se forçou a continuar- É realmente uma casa muito bonita, nunca tinha visto nada igual.

–Eu sei, não é? -Anne falou, saindo de um quarto e dando um susto em Cath, Nathan apenas riu- Agora, vamos! Coloque logo suas coisas aqui porque quero te mostrar a praia!

Catherine se virou para agradecer Nathan, mas ele já havia entrado no próprio quarto. Deu de ombros e sorriu para a amiga.

–Não acredito que sua casa é tão perfeita assim e você nunca me falou nada!

–Cath! É aquele tipo de coisa que você tem que ver pessoalmente para saber como é. -disse, puxando a bolsa da amiga e jogando no quarto que estava -Agora que já ajeitamos nossas coisas, só precisamos falar com minha mãe e poderei te mostrar e explicar tudo daqui!

–Acho melhor ajudarmos Lauren a guardar as comidas. -Catherine lembrou de maneira sensata.

–É mesmo, tinha esquecido, mas depois disso...vamos conhecer o mundo! -Anne respondeu com um sorriso, os olhos esverdeados, tão diferentes do irmão, brilhando de animação.

Catherine revirou os olhos e desceu com a amiga para a cozinha, atrás de Lauren Tunner. Que viesse então o primeiro dia de vários outros dias de verão.


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Notas finais do capítulo

Sério, por favor, comentem, gostaria muito de saber o que estão achando! Beijinhos. Até o próximo capítulo!



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