A chinesa havia terminado de arrumar as malas. Sabia que não tinha se esquecido de nada, mas ainda assim checou mais uma vez a bolsa de viajem que carregaria.

Talvez fosse uma forma de permanecer mais um tempo no Q.G... algo na cabeça dela falava. Não era de tudo verdade, mas também, não poderia ser considerada uma mentira, afinal, Melinda May queria ficar aonde pertencia.

Sua cabeça era como um recipiente fervendo. Muitas informações, muitas dúvidas, poucas certezas, perguntas sem resposta adequada, no total, uma verdadeira bagunça. Ela ainda não conseguia lidar com os últimos acontecimentos envolvendo a equipe. Skye ter preferido ficar com a mãe, embora lógico, a machucou muito. Ela trazia a garota bem próxima de si, principalmente nos últimos meses.

Tudo pra ela era novo. E Melinda não gostava de surpresas, então quando o colapso se instalou e ela pode falar com Andrew foi como se a única coisa familiar fosse ele e isso a tranquilizou, mais do que ela gostaria de admitir.

Ela fechou finalmente a mala que pretendia carregar rapidamente até a saída do Playground e fechou o armário. Caminhava pra fora daquela sala, mas resolveu voltar e pegar a arma, só no caso...

Saiu do corredor imenso próximo e já estava dobrando mais um, a cada passo a saída pra o que quer que fosse estava mais perto.

Car is parked, bags are packed, but what kind of heart doesn't look back

At the comfortable glow from the porch, the one I will still call yours?

O carro está estacionado, malas estão prontas, mas que tipo de coração não olha para trás

No brilho confortável da varanda, o único que ainda chamarei de seu?

Melinda não queria se despedir e foi por isso que escolheu um horário onde todos estariam ocupados com alguma coisa, pelo menos, foi o que ela pensou.

Quando dobrou o último corredor, aquele que dava fim ao lugar onde viveu por esses últimos meses e o mesmo que dava início a uma vida da qual ela sempre quis gozar, esse mesmo corredor também abrigava certo Diretor.

Ele tinha a cabeça baixa, mas assim que a notou o fim do corredor ele levantou o queixo e a encarou profundamente.

All those words came undone and now I'm not the only one

Facing the ghosts that decide if the fire inside still burns

Todas aquelas palavras se perderam e agora eu não sou mais a única

Enfrentando os fantasmas que decidem se o fogo aqui dentro ainda queima

Quando ela manteve o olhar, May teve quase vontade de chorar. Tudo o que ela sentiu nas últimas semanas voltou com força total e ela sabia que ele via em seus olhos tudo o que se passava dentro do seu peito. Era algo quase químico, físico, até mesmo mágico. Eles sempre foram tão ligados, tão únicos juntos. Melinda também não queria ir embora, mas precisava. Sabia que doeria tanto, mas curaria, tinha que curar.

Ela deu mais um passo, estava mais perto da porta e dele por consequência, não queria olhá-lo nos olhos, mas o azul sempre fora tão convidativo, tão pacífico, era uma droga, na qual ela queria se viciar a cada dia mais. Mais uma razão pra ir embora. O cérebro apontou. Ou pra ficar. Disse o coração. Ambos idiotas. Ela queria decidir por si mesma dessa vez.

All I have, all I need, he's the air I would kill to breathe

Holds my love in his hands, still I'm searching for something

Out of breath, I am left hoping someday I'll breathe again

I'll breathe again

Tudo que tenho, tudo que preciso, ele é o ar que eu mataria para respirar

Mantém meu amor em suas mãos, ainda estou procurando por algo

Sem fôlego, sou abandonada esperando que algum dia vou respirar novamente

Vou respirar novamente

Se tudo fosse fácil...

Melinda não estaria parada fronte a ele. Estaria em seus braços.

Ela não estaria com as lágrimas a ponto de descer. Choraria sem culpa, por que saberia tê-lo todo pra si.

May iria embora. Era sua decisão. Ficar divagando sobre possibilidades não a livraria do stress. A S.H.I.E.L.D. era tudo o que ela conhecia, toda a verdade estava presente naquela organização, a mesma caiu. E agora, não muito tempo depois, ela afundava, como um navio de casco quebrado.

Mas, se Phil pedisse; ela ficaria. E era por isso que ela não poderia fazer o que estava fazendo agora. Encará-lo.

- Melinda... – ele balbuciou.

- Não! – ela exclamou.

Ele não poderia fazer isso com ela.

Não poderia ser tão egoísta a ponto de querê-la só pra si.

- Por favor, não.... – a fala serviria para os dois lados, mas May surpreendeu-se quando ouviu sair de sua boca.

Coulson sabia do poder que tinha sobre ela e seu coração mandou usá-lo, mas ele a amava demais. E os livros dizer, a vida comprova, o amor verdadeiro não é egoísta. E ele não seria, não novamente.

- Se você sair por aquela porta... – ele pausou. – quer dizer que tudo foi em vão?

Ela passou por ele de cabeça baixa.

Open up next to you and my secrets become your truth

And the distance between that was sheltering me comes in full view

Hang my head, break my heart built from all I have torn apart

And my burden to bear is a love I can't carry anymore

Me abri ao seu lado e meus segredos se tornaram sua verdade

E a distância entre o que estava me protegendo ficou facilmente visível

Pendura minha cabeça, parte meu coração construído de tudo o que tenho, dilacerando-o

E meu fardo para suportar é o amor que não posso mais carregar

Melinda estava sendo tão diferente de si mesma agindo daquela forma. Mas, ela não conseguia ser diferente.

Talvez isso fosse uma mentira. Ela não queria ser diferente.

- Você sabe a resposta. – ela se virou pra ele. No momento Coulson viu os olhos frios vermelhos. – nada entre nós nunca foi em vão.

- Então não é um adeus? – ele indagou. A esperança morando no fundo da frase.

Ela não respondeu.

All I have, all I need, he's the air I would kill to breathe

Holds my love in his hands, still I'm searching for something

Out of breath, I am left hoping someday I'll breathe again

Tudo que tenho, tudo que preciso, ele é o ar que eu mataria para respirar

Mantém meu amor em suas mãos, ainda estou procurando por algo

Sem fôlego, sou abandonada esperando que algum dia vou respirar novamente

Ele viu os passos que ela deu em direção à saída. Suas pernas queriam se mover, mas elas não saiam do lugar. Estavam pregadas no chão liso do corredor.

Ele viu ela apoiar a mala nas costas e quando ela pousou a mão sob a fechadura da grande porta amarela, suas pernas lhe obedeceram e ele se aproximou.

Foi rápido. Uma fração de segundo.

Geralmente ela tinha uma resposta rápida, mas dessa vez seu cérebro lhe obrigou a ser lenta.

A mão mácula pousou na cintura feminina e virou o corpo pequeno. O baque surdo da mala batendo no chão se fez ouvir e a outra mão dele foi direto para a nuca de Melinda.

Coulson sentiu ela ficar na ponta dos dedos, uma vez que ela era tão pequena, ainda assim muito forte; a mão dela parou em seu peito, ela brincava com os botões da camisa dele enquanto os lábios do Diretor mesclavam-se aos dela.

Melinda tinha uma das mãos no final do cabelo dele, brincava com os fios, como se fosse algo natural. E talvez fosse, eles já tinham feito aquilo mais de uma vez a final, porém aquele beijo era diferente. Tinha um sabor de despedida e isso era o que ele representava.

It hurts to be here

I only wanted love from you

It hurts to be here

What am I gonna do?

Dói estar aqui

Apenas quis amor de você

Dói estar aqui

O que vou fazer?

O beijo da volta seria ainda melhor ele pensava enquanto seus pulmões gritavam por ar. Assim eles se separaram. Ele a viu pegar a mala do chão. Ele tentou ajudar, porém, ela era Melinda May, você provavelmente sabe como ela agiu.

Doía estar ali ainda e doía mais ter que dizer adeus, mesmo que fosse por um tempo. Ela não tinha certeza antes, mas agora ela sabia que voltaria. Sem data nem hora, mas ela pisaria novamente naquele lugar, pelo time, por ela, por ele. Só precisava de um tempo pra digerir e agora ela sabia.

- Você... – ela o encarou. Não esperava que ele ainda fosse dizer alguma coisa. Talvez ela esperasse que ele fosse lhe pedir pra ficar, que Deus não permitisse por que Ele sabe que ela ficaria. – Você... significa muito pra mim... Eu... – ele a viu sorrir. Uma sensação de dejá vú passando por sua mente. Ele sorriu. – Eu te amo.

All I have, all I need, he's the air I would kill to breathe

Holds my love in his hands, still I'm searching

All I have, all I need, he's the air I would kill to breathe

Holds my love in his hands, still I'm searching for something

Out of breath, I am left hoping someday I'll breathe again

I'll breathe again

Tudo que tenho, tudo que preciso, ele é o ar que eu mataria para respirar

Mantém meu amor em suas mãos, ainda estou procurando

Tudo que tenho, tudo que preciso, ele é o ar que eu mataria para respirar

Mantém meu amor em suas mãos, ainda estou procurando

Sem fôlego, sou abandonada esperando que algum dia vou respirar novamente

Vou respirar novamente