Eu Não Sei Dizer Adeus escrita por Laurel


Capítulo 1
Capítulo Único.


Notas iniciais do capítulo

Oi, tudo bem? Então, essa é uma one-shot para deixar vocês na bad. Não sei como tive a ideia de escreve-la, apenas veio na minha cabeça. Recomendo que vocês escutem uma música triste enquanto estão lendo. Enfim, boa leitura.



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Eu não sei como dizer adeus a você. Já bebi todas tentando te esquecer, mas na manhã seguinte sempre me lembro de você se espatifando no chão. Toda vez que vejo algo vermelho lembro-me do sangue escorrendo da sua cabeça. Eu inibi as cores da minha vida, agora está tudo preto e branco.

Faz uma semana que você se livrou de seus demônios. Uma semana que eu tento criar uma maquina do tempo para poder te salvar. Mas eu sei que se te salvasse você nunca me perdoaria. Fazia meses que você lutava contra os demônios que estavam dentro de você. Você fingia estar feliz. Você não contou a ninguém o que planejava fazer. Você apenas colocou suas asas imaginárias e voou em direção à liberdade. Agora, você está vagando por um lugar melhor. Você está livre de si mesma. Pois você era o seu próprio demônio.

Eu gostaria de ter te falado tantas coisas. Mas você não se importava. Você já planejava colocar suas asas e voar em direção à liberdade há muito tempo. Eu queria que você tivesse sido apenas um caso de uma noite, porém você foi muito mais que isso. Enquanto você me fazia feliz, eu te fazia infeliz. Você se sentia culpada ao estar comigo. Você se sentia culpada por estar feliz com tudo acontecendo. Agora sou eu quem me sinto culpado.

Todos me dizem para levantar da cama e fazer algo além de beber. Mas eu não consigo. As lágrimas pararam de escorrer pelo meu rosto, mas a tristeza continua. Estou cansado de usar os verbos no presente quando falo de você. Esqueço-me que você é o meu passado. Toda vez que vejo a nossa foto que está colada em minha janela, eu imagino um mundo onde os médicos conseguiram te salvar.

Eu sei que é egoísta pedir para você voltar. Mas eu prefiro você infeliz ao meu lado, do que longe e feliz. São pensamentos horríveis, porém eu estou doente. Esse amor está me deixando doente.

Eu levantei de minha cama e andei em direção a nossa foto. As gotas de água da chuva escorriam pelo vidro da janela onde nossa foto estava grudada. Seu cabelo estava tão lindo aquele dia. Agora quando me lembro de seu cabelo curto platinado penso nele com as pontas cheias de sangue. Era assim que ele estava no dia em que você voou para longe desse mundo cheio de infelicidade.

No dia em que tiramos a fotografia, que está em meu quarto, você estava estável. Seus pais não haviam chamado-a de maluca e seu irmão não estava sobre efeito do álcool há uma semana. As coisas estavam indo bem, menos você. Um dia estável, no outro nem tanto.

Você era uma confusão de sentimentos, e eu sinto tanta falta disso. Eu sei que é egoísmo da minha parte, mas eu não paro de gritar “Volte para mim”. Escute-me uma vez na vida, querida.

Eu não consigo mais andar na rua. Pois tudo me lembra a você. Contudo, quando passo pelo prédio do qual você tomou impulso para voar eu sinto que vou desmoronar. Eu grito para o além. Xingo o universo. Pois querida, você devia estar comigo agora.

Essa já é a quarta garrafa de vinho que furto do meu pai desde que você se libertou. Eu sinto que preciso de algo mais forte para aguentar essa dor. Eu sinto que preciso de você.

Você era tão nova e tinha tantos sonhos. Você nunca havia falado sobre libertar-se da dor que você sentia. Os remédios deviam ter te libertado desse sentimento. Eu devia ter te libertado de tudo isso, mas você só se sentia pior.

Desculpa pelos presentes exagerados, pelas palavras doces e por todas as vezes que te impedi de ir embora de minha vida. Agora volte. Eu espero o tempo que for, mas volte para os meus braços querida.

Eu não fui à festa que fizeram de despedida para você. Contaram-me que havia várias flores e até um padre. Minha mãe contou-me que rezaram para você. Mesmo você não acreditando em Deus.

Você acreditava em tantas coisas, tinha tantos sonhos. Mas acredito que o sonho de sua liberdade era maior que todos os outros. Não noticiaram o seu voou. Não saiu no jornal da cidade. Sua família foi discreta em relação ao seu sumiço.

Hoje é a primeira vez que vou ver o santuário que fizeram para você. Nesse lugar em que estou tem vários santuários para quem voou para longe voluntariamente e involuntariamente. O seu está com flores amarelas em volta. Em seu santuário havia a foto de sua carteira estudantil. Você sempre disse que estava horrível naquela foto, mas estava tão bela. E eu fico imaginando como você está agora.

Volte para mim querida. Por que só assim vou conseguir acabar com os demônios que vivem dentro de mim. Você é como um buraco negro. Suga tudo para dentro de você. Eu fui sugado por você, sou um bêbado apaixonado. Então, volte para mim querida. Assim, acabe com os meus demônios como você acabou com os seus.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Ficaram na bad agora? Eu não coloquei o nome dos personagens, pois achei legal não dar muitas informações sobre eles. Eu só caracterizei a cor do cabelo da garota que se matou. Não sei se perceberam, mas em nenhum momento ele fala que ela se matou. Ele sempre fala que ela "voou para se libertar". Talvez tenha ficado meio cansativa, pois só retrata os sentimentos dele indo até o cemitério. Eu amei escrever essa one, e achei-a de certa forma linda. Me digam o que acharam, por favor. Estou ansiosa para saber a opinião de vocês. Beijos e nos vemos por ai.