Destino, homem sem leis escrita por PW


Capítulo 1
Destino, homem sem leis


Notas iniciais do capítulo

Aproveitem!



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Eu estava pronto para pular do edifício de trinta andares do centro de São Paulo. Provavelmente minha família toda estava sob o lugar, uma grande construção espelhada, que reluzia ao toque do sol. E os raios do crepúsculo eram mais belos, vistos dali. Também havia uma brisa que lambia meus cabelos a todo o momento, forçando-me a dar o passo da diferença, o mesmo passo que me levaria até a morte.

Estava claro para mim que o fim havia se consolidado. Que meu coração e minha alma já não dançavam ao som da mesma música, que já não gritavam pelo mesmo objetivo. A venda que cobria meus pensamentos mais remotos caíra há uma semana e desde lá venho arquitetando meu suicídio. Pois já estava na hora de ter uma conversa de homem para homem, com meu “amigo”, Destino.

Como eu consegui chegar até aqui sem empecilhos? Na verdade, eu trabalho aqui e fico feliz de ser minha última redoma. Se você quer realmente saber, eu adorava trabalhar no edifício Patrícia Donatela, porque era minha segunda casa. A casa onde eu recebia carinho, afeto, amizades. Onde era bem-visto e onde estava disposto a passar um pouco mais de meu tempo. Se minha vida era tão bonita assim, deve estar se perguntando: então, porque ele resolveu pular do topo de um prédio de trinta andares?

É nesta hora que eu grito para todo o mundo escutar, que eu fui apunhalado pelo meu amigo. O amigo que eu mais prezava. Aquele que servia como pilastra para me conduzir. Simplesmente era de quem eu menos esperava que viesse tremenda covardia. Era ele. Destino, o infiel amigo do homem.

Foi ai que senti a cidade silenciar. Era um silêncio profundo e avassalador. E naquela última sensação de conforto, eu me lembrei de um verso escrito por mim.

“Calmaria. No fluxo da calma, o silêncio da alma.”

De súbito, despertei no último segundo, notando que a cidade estava muda. Nada era audível àquela altura. Nem os pombos que cercavam o edifício estavam ali. Olhei para o lado, movendo minha cabeça devagar, e ainda sim, senti a brisa tocar-me o rosto. Meus olhos alcançaram, lentamente, o topo do edifício. Era o que parecia uma antena, mas feita de concreto. E de lá, os pombos assistiam risonhos minhas súplicas abafadas, feitas atrás de um indivíduo semimorto. Os repeli com meus longos braços pálidos e gélidos, fazendo-os alçar vôo em conjunto, em direção ao prédio vizinho.

O ritual fúnebre da rosa vermelha despedaçada em minhas mãos significava a parcela de mim que havia se ido. Um adeus repleto de dor e angústia. O mesmo adeus que me trouxe até e edifício onde trabalho. Um dos motivos poderia ser meu contato direto com Cecília, a domadora dos meus sonhos. A jovem mulher por quem dividi minhas intimidades e meus desejos mais quentes.

E Cecília não voltaria mais. Não aqui. Não agora.

Um.

Olhei o céu.

Dois.

Senti o banho dos raios de sol.

Três.

Ouvi o grito do silêncio.

No segundo seguinte, o vento soprou forte, beijando meu corpo inteiro em uma queda cinza...

Uma descida rápida, quente e escarlate.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Não esqueçam de comentar, pessoal. Vai estar colaborando muito pro meu crescimento como escritor e amador. Feedbacks inspiram-nos!



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