Difficile escrita por Delcastanher


Capítulo 1
Prólogo: Difícil




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As janelas estavam fechadas com a trinca e o jovem não fazia questão de se levantar da cama para abrir as cortinas e deixar o sol tomar conta do quarto. Fungou mais uma vez e rolou até o outro lado da cama, afundando a cabeça no travesseiro sem se importar com que dia da semana fosse, horas ou se nevava lá fora. Queria apenas fazer parte daquela cama e nunca mais sair dali.

É claro que alguns o denominavam o rei do drama.

– Blaine, obrigado por vir. -­ Burt deu um abraço no garoto que era quase um segundo filho para ele e pegou seu casaco para coloca-­lo no pendural.

Chamar Blaine havia sido seu último refúgio. Kurt estava naquela situação há dias e o pai sabia o motivo, apenas não imaginava que passaria tanto tempo e Kurt ainda estaria abalado com o término do namoro. Tentou várias vezes animar o castanho, mas sabia que apenas Blaine conseguiria.

– Onde ele está? -­ Blaine esfregou as mãos tentando se livrar do frio descomunal que a porta da frente da casa dos Hummel afastou. Tirou as luvas e baforava as mãos.

– No quarto, há dias. Mal desce as escadas, come muito pouco... No começo achamos que fosse uma besteira adolescente, mas agora achamos que pode ser algo sério. -­ Carole suspirou enquanto abraçava o amigo do enteado.

- Pensamos em te chamar antes, mas você estava todo animado com essa viagem ao Arizona...

– Sem problemas, Sra. Hummel. Dê-me quinze minutos que o tiro daquele quarto, nem que tenha que ser a força! - ­ O moreno deu um sorriso casto e subiu as escadas lentamente, indo até o final do corredor onde o breu se instalava.

Abriu a porta lentamente e encontrou a escuridão que era o quarto do castanho. Sorriu torto ao ver as cobertas se mexerem na cama reprovando a luz que passava do corredor ao interior do cômodo. Blaine caminhou lentamente até a cama e se sentou na beirada, um pouco perto do travesseiro onde Kurt jogava sua cabeça contra com um pouco de força.

– Bom dia, Kurtie. -­ Disse com uma voz calma e sorriu ao ver o rosto do amigo sair debaixo das cobertas sob a pouca iluminação do lugar. -­ Você pode ficar deitado se quiser. -­ Tirou uma mecha de cabelo que atrapalhava a visão do amigo. -­ Você vai me falar o que aconteceu?

– Você já sabe o que aconteceu. ­- Kurt resmungou debaixo das cobertas. -­ Ele me largou.

– É, eu sei. -­ Blaine sorriu e tirou a coberta que cobria ainda uma parte do rosto do amigo. - Kurt suspirou e se sentou na cama. Estava feliz que o melhor amigo estava ali. -­ Mas eu quero saber a sua parte da história.

– Ele veio aqui, falou coisas absurdas e foi embora.

– Kurt, você ficou quase uma semana aqui dentro sem passar pro lado de fora da porta. Eu esperava pelo menos algo mais grave, como rasgar uma peça de roupa sua, ou falar mal da Kim Kardashian... ­- Gargalhou baixo com o olhar que o amigo o lançou. ­- Que coisas absurdas ele falou? ­- Uma lágrima rolou pelos olhos azuis de Kurt e Blaine imediatamente levou a manga de seu suéter até o rosto do castanho para limpá-­la. -­ Sem choro, K.

– Ele disse que... -­ Hesitou. Blaine alcançou a mão de Kurt e a apertou. Naquele momento foi como se Kurt estivesse protegido. Retribuiu o aperto de mão, deu um breve sorriso e desabafou: -­ Ele disse que não me amava mais, que tudo o que sentia por mim havia se tornado um enorme carinho de amigo. De amigo, Blaine! Durante três anos cultivamos esse namoro, pra no fim ele gostar de mim como um amigo... Ele é inacreditável. Ele é... É...

– Kurt, ele é um otário.

– Fica fácil pra você falar assim, você não o ama. ­- Blaine abriu a boca para falar alguma coisa, mas Kurt continuou. -­ Muito pelo contrário, você nunca gostou dele.

– E agora eu tenho meus motivos, não tenho? ­- Kurt tentou esconder um sorriso, porém o encanto do Anderson fora maior.

– Você também não é a melhor das flores, Anderson. ­

Kurt sorriu torto e puxou o melhor amigo para a cama em um abraço apertado. Ficaram ali por alguns segundos, com Blaine apertando o rosto do mais velho contra seu peito. Kurt exagerava no drama e Blaine sabia exatamente como lidar com o Hummel nesses momentos... Ficar dias sem sair do quarto por causa de um ex-­namorado? Se conheciam há dez, talvez onze anos. A família Hummel e a família Anderson eram praticamente uma só devido à amizade dos dois garotos.

O moreno por alguns instante desejou ver o sorriso de Kurt que viu dias atrás, um sorriso cheio de calor que o Hummel costumava dar... Talvez pudesse fazê­-lo sorrir esse final de semana novamente.

– Eu sei exatamente o que vai colocar você pra cima! -­ Blaine se levantou da cama rapidamente enquanto ousava uma tentativa falha de puxar o amigo pelo braço. – Ao menos se o seu plano for me levar a uma caverna abandonada longe de todos os humanos, onde nem você e nem Sebastian me incomode, nem tente.

– Qual é, Kurt. -­ Puxou o amigo novamente. -­ Meus pais estão partindo daqui a pouco para o Arizona pegar o vestido de casamento da minha irmã, e eu tenho que ir com eles e estava pensando em acampar no deserto, como nos velhos tempos... Seria muito mais divertido se você fosse junto.

– E ter a possibilidade de ser comido por um lobo selvagem enquanto durmo? Sem chance. - Cruzou os braços.

– Você vai.

– Eu não vou.

– Ah, você vai.

– Você não pode me obrigar.

– O que está acontecendo lá em cima? -­ Carole correu até o pé da escadas onde podia ouvir os gritos vindos do andar superior. Eles se pareciam muito com os gritos de Kurt.

– Blaine, me solta!!!

E no alto da escada apareceu Blaine um tanto atrapalhado levando Kurt em um dos ombros e uma mala mal­feita em outro. Kurt tentava se mexer, mas os treinos de academia do moreno enquanto esperava por Kurt na aula de spinning finalmente havia valido à pena. Desceu as escadas com Kurt em seus ombros, que balançava as pernas rapidamente tentando se soltar.

– Sr. Hummel, peço permissão para levar Kurt comigo em uma divertida viagem até o Arizona. Prometo que o trago de volta vivo até o final da semana. -­ O pai da família gargalhou rapidamente. Kurt gritava coisas sem sentido enquanto batia as pernas no peito de Blaine, que não o soltaria até estarem dentro do carro da família Anderson.

– Façam uma boa viagem, meninos. -­ Burt gargalhou.

– Pai, não. - ­ Kurt gritou se esperneando.

O mais novo retribuiu o sorriso e saiu com Kurt nas costas até a rua onde o carro da família Anderson esperava. O castanho foi colocado no banco de trás à força e antes que pudesse pelo menos acenar para se despedir de sua família, o carro já saía em direção da interestadual.

– Que bom que você veio conosco, Kurt. -­ O Sr. Anderson sorriu pelo espelho retrovisor ao ver o garoto que era como um segundo filho para si. A parte de trás do carro estava cheia de malas, aparelhos de pesca e qualquer outra coisa que um Texano levaria em uma viagem prevenida e bem planejada. Kurt mal conseguia se sentar naquele carro minúsculo.

– Eu não tive escolha. ­- Respondeu rolando os olhos.

– Qual é, Kurt. -­ Blaine deu um esbarrão no melhor amigo. -­ Você vai gostar, podemos acampar no deserto, ver as estrelas... É o tipo de programa que você sempre quis fazer. Kurt não podia nem negar. Aquele garoto o conhecia muito bem.

– Me deixa dormir, Blaine. ­

Kurt revirou os olhos outra vez e se acomodou no espaço que ainda sobrava do banco, deitando sua cabeça no colo do moreno e fechando os olhos assim que recebia um cafuné gostoso do amigo.

– Qual é a do mau ­humor todo? -­ Perguntou a Sra. Anderson.

– Ele levou um pé na bunda, mas logo passa.

– Aaaarg, Blaine, eu te mato!

Todos gargalharam e o carro entrava na rodovia federal em direção à rota que o Sr. Anderson havia planejado até o portal de Arizona. No fundo tudo que Kurt queria fazer era agradecer Blaine por o ter tirado daquele quarto onde tudo lembrava Sebastian. Aproveitaria essa viagem para dar uma espairecida, colocar os pensamentos em dia.

Talvez sentisse a mesma coisa que Sebastian. Precisava sentir a mesma coisa que Sebastian. Porque amar é uma droga, e Kurt sabia disso. Estava namorando há três anos e desde então achou que o namoro houvesse acabado tantas vezes... Talvez dessa vez fosse outra daquelas vezes onde o casal passa uns dias separados e depois volta por não se aguentarem de saudades. Ou talvez tudo isso fosse um desejo de sua mente enquanto viajava com os pais de seu melhor amigo para uma cidade perdida no Arizona buscar o vestido de noiva da filha da família que se casaria em algumas semanas.

Suspirou, ainda de olhos fechados. O carro estava apertado com tantas malas, quais Kurt ainda não havia entendido o motivo, já que passaria no máximo dois dias na estrada. Sentia um aperto no coração toda vez que se lembrava de Sebastian, e Blaine estava fazendo aquele barulho com os dedos quais Kurt odiava.

“Teria algum jeito dessa viagem ficar pior?”, pensou Kurt.

All my ex's live in Texas - and Texas is the place I'd dearly love to be. But all my ex's live in Texasand that's why I hang my hat in Tennessee! – A família cantava em coro acompanhando a rádio que tocava o tradicional CD de viagens de família Anderson. Kurt sabia cada música daquele maldito disco, de trás pra frente e de modo aleatório e se odiava por isso.

É, Kurt não tinha sorte mesmo, mas ele tinha uma família postiça que estaria ali pro que o castanho precisasse. E às vezes, é tudo que se quer.


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Notas finais do capítulo

Oie. Estava lendo minhas fanfics antigas ontem e meu deu uma enorme vontade de postar todas, por mais que isso acabe me fazendo demorar ainda mais pra atualizar todas as que eu escrevo atualmente. Eu simplesmente não consigo deixar meu passado pra trás, e isso nem é considerado uma qualidade, sabe?

Enfim, isso é sobre Klaine e não sobre mim. Essa fanfic estava com uns cinco capítulos. Vou revisar eles e postar ao longo dos dias, dependendo de como vocês receberem ela novamente. Sdds meu klaine de 2012!!!!

Comentem o que estão achando e tal. Sebastian foi um verdadeiro filho da puta com Kurtie, mas o Blaine vai ajudá-lo, hehe. Enfim, até o prox capitulo, meus mozis. ♥



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