Blood5 escrita por roux


Capítulo 2
Corpos sem Sangue




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/653448/chapter/2

Era madrugada. A janela do quarto estava aberta, e mostrava um céu escuro. Com certeza choveria ainda aquela noite. Valentim havia sentado sobre a cama do amigo e olhado para o céu. Algo o estava incomodando. Mas o que? Pensou ele.

— O que foi cabeça de vento? — A voz sonolenta de Gus chamou.

— Nada, volte a dormir. Só estou sem sono. Vou pegar algo pra comer! — Disse Valentim já levantando da cama e calçando seus chinelos.

O garoto caminhava devagar pelo corredor da casa estranha. Ele sempre ia à casa do amigo, mas não tinha o hábito de dormir. A casa parecia diferente pela noite. Ou talvez fosse apenas à paranoia que sempre o acompanhava. Desceu a escada e logo entrou na cozinha. A luz apagada. Valentim sentiu o corpo arrepiar. Cerrou os olhos tentando enxergar no escuro. Parecia que alguém lhe observava de fora da casa.

— AAAAAH! — Gritou Valentim enxergando pela grande janela de vidro a silhueta perfeita de um homem no escuro.

O garoto correu até o interruptor e ascendeu a luz.

Não havia ninguém lá. Apenas os arbustos.

— O que houve? — Gritou uma voz grave e forte. Era Sr. Josef. Pai de Gus. O homem segurava um taco de baseball e olhava pela cozinha em busca de alguma ameaça.

Valentim olhava pela janela em busca da pessoa que estava ali. Não havia ninguém. O garoto encostou a testa no vidro frio e sentiu o corpo relaxar, estava caindo. Estava caindo na escuridão.

(...)

James sentou-se sobre a cama de madeira escura e olhou para o teto. O que estava fazendo? Não deveria perseguir aquele garoto. Já havia poupado sua vida mais cedo. Então porque perseguir o coitado agora? Nunca gostou de brincar com suas presas, como fazia os irmãos. Então o que tanto havia gostando naquele garoto? Além do cheiro, do coração pulsando, dos sangues percorrendo sua veia. Talvez o jeito irônico? O modo como controlou seu medo do desconhecido. Pensou o rapaz. Estava perdido em pensamentos e não percebeu o irmão entrar em seu quarto.

— Não conseguiu jantar essa noite, irmãozinho? — A voz esganiçada e rouca falou despertando James dos pensamentos.

— Randolf!? — James perguntou seco, frio, raivoso. Mudou sua postura, antes desleixado, ficou em estado de alerta. — Não sabia que tinha voltado à cidade!

Randolf gargalhou e sentou-se na cama do irmão. Era um homem alto, forte. Os cabelos negros aparados tinham alguns fios brancos em evidencia. A boca grande e vermelha. Olhos grandes e sedutores num tom avermelhado. Era lindo.

— Existe muita coisa que você não sabe irmãozinho. Muita coisa! — Randolf disse baixo num tom mais sedutor. — Fiquei sabendo que você está no comando agora!

— E com certeza, você veio reivindicar seu lugar de líder! — James deu de ombros.

— Claro que não querido irmão. Só queria indicar que voltei! Não pretendo ficar por muito tempo! — Falou Randolf irônico.

— Onde está Newt? Acho que ele não deveria deixar qualquer um entrar em casa! — James falou seco.

Randolf gargalhou mais uma vez.

— Isso são modos de falar com seu irmão mais velho? — Randolf falou rindo. — Estou de bom humor, não irei ligar, mas só dessa vez.

James rosnou para Randolf.

— Sem essa, querido James. Estou indo pro quarto, preciso descansar. Amanhã voltarei a ativa aqui em Connor O’Hill. — Randolf levantou-se e saiu do quarto de James em passos lentos.

(...)

Valentim abriu os olhos e os fechou rapidamente. A luz do sol já brilhava forte. O garoto sentou-se sobre a cama. Sentia-se cansado e dolorido, como se um trator gigante tivesse passado por cima de seu corpo uma trezentas vezes seguidas. Olhou o relógio na mesa de cabeceira. Era tarde. Havia um bilhete do lado.

“Bom dia, cabeça de vento, deixei que dormisse um pouco mais. Espero que acorde melhor. Não pude o esperar para irmos para universidade, nos encontramos lá. Beijão. Gus!”

— Inferno! — Valentim falou alto. Estava atrasado para aula. — Por que me deixou dormir, filho da puta? — Falou sozinho.

O garoto caminhou rápido pelo quarto e recolheu suas roupas que estavam largadas pelo chão. Precisava correr se quisesse chegar a tempo de assistir a terceira aula. Vestiu-se o mais rápido que pode e correu em direção ao seu carro que estava na garagem dos Wootdles.

Entrou no carro e saiu pisando fundo pelas ruas de Connor O’Hill. A faculdade não ficava longe dali. Poucos minutos depois e o garoto procurava um vaga no estacionamento da universidade May Dorothea Koeng. Encontrou uma se jogou ali sem muito cuidado. Desceu as pressas do carro, e o tentou fechar. A chave caiu no chão. BUCETA! Pensou o garoto bravo. Estava pronto para abaixar-se e pegar a chave quando a mesma foi colocada em frente ao seu corpo.

— Acho que isso aqui é seu! — Disse uma voz fria e conhecida para Valentim.

— J-James? — O garoto assustou-se e olhou para o homem que estendia a chave a sua frente.

James sorriu de uma forma fria e sedutora.

— Não sabia que você estava matriculado por aqui... — Valentim falou sério, pegando a chave que estava na mão do homem. O corpo arrepiado, em alerta. Pronto para sair correndo dali.

— Acabei de me matricular. Estou na primeira turma de direito. — Disse James dando de ombros.

— Direito? Ah que interessante. Eu... — Disse Valentim sem jeito. — Estou atrasado, nos esbarramos.

James apenas assentiu com a cabeça.

Valentim saiu correndo em direção à escadaria da grande universidade. Estava assustado. O coração batia forte no peito. Como aquele homem havia chegado perto dele de uma forma tão silenciosa. Aquilo não era normal. Não era normal mesmo. Olhou para trás e assustou-se mais ainda. James não estava lá. Olhou pelo estacionamento em busca de algum carro em movimento e nada. Valentim sentiu o sangue gelar e correu para longe dali.

Entrou desesperado na sala de aula e correu para o fundo, na carteira que sempre sentava.

—Olá senhor? — Perguntou uma voz masculina.

Valentim virou-se rapidamente em direção à voz e parou onde estava. Quem era aquele? Onde estava o Senhor Juddes?

— Moyes! — Respondeu Valentim sério.

— Bem vindo a nossa aula. Estávamos esperando você! — O homem falou com grande sarcasmo.

— E você seria... — Falou Valentim dando espaço para que o homem completasse.

— Randolf Smith, seu novo mestre em didática. — Disse Randolf com seu sorriso sarcástico estampado nos lábios.

Valentim deu de ombros e sentou-se na carteira. Smith? De onde ele conhecia aquele sobrenome?

A aula seguiu-se sem mais interrupções. Valentim não via a hora que o sinal indicasse que aquela aula havia acabado. Em apenas quarenta minutos de aula ele tinha brigado umas duzentas vezes com seu novo professor. Que homem prepotente, arrogante e imbecil. Pensou várias vezes durante aula.

O sinal tocou, e muitos alunos levantaram e saíram literalmente correndo daquela aula. Valentim seria um deles, se não tivesse sido interrompido pelo professor.

— Gostei da sua postura, Moyes. É assim que um verdadeiro jornalista tem que ser. Questionador! — Disse o professor.

— Obrigado, Senhor Smith! — Valentim falou sério, com um pé atrás em relação ao elogio feito pelo professor.

Randolf gargalhou.

— Me chame de Randolf. Não precisamos de toda essa formalidade. — Disse o homem e tocou no braço de Valentim.

Frio. Pensou Valentim e puxou seu braço rapidamente do toque do professor.

— Com licença, Senhor Smith, mas eu tenho outras aulas. — O garoto respondeu seco e se dirigiu para fora da sala de aula.

(...)

O dia havia acabado. Era hora de ir embora. O corpo de Valentim pedia cama. Não tinha tido uma noite muito legal, precisava da sua cama, do seu chuveiro e ficar sozinho um pouco para pensar em tudo que havia acontecido. O garoto caminhava devagar e distraído pelos corredores em direção ao estacionamento. A primeira coisa que notou foi James! O homem estava encostando-se a um carro ao lado do seu. Valentim tremeu e sentiu frio. Continuou caminhando e notou um movimento estranho no final do estacionamento. Muitas pessoas aglomeradas. Outros jovens corriam para a roda, outros corriam da roda. Outros simplesmente ignoravam aquilo e se dirigiam em direção aos seus carros.

Valentim foi em direção à aglomeração, precisa entender o que acontecia. Tentava caminhar passando pela multidão para ver o centro da roda. Sentiu alguém segurar seu braço, era James.

— Você não vai querer ver isso! — Falou o homem seco e ríspido indicado que Valentim não fosse.

Valentim puxou o braço do aperto frio de James e conseguiu ver dois corpos caídos no chão. Brancos feito papel. Sem sangue. Pensou Valentim sentindo o estomago revirar. Smith. Lembrou-se de onde se recordava daquele sobrenome.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Oi, gente.
Espero que vocês gostem desse capítulo. Cometem o que acham e me deixem feliz, HAUHSUH. ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Blood5" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.