Quando acordei senti que ainda estava em movimento, mas só depois de alguns segundos percebi que estava sendo carregada.
— Bom dia, Marry
— Posso saber o porquê de você estar me carregando?
— Eu não consegui te acordar quando a gente chegou então eu meio que tive que te carregar até aqui, desculpe se bati sua cabeça na porta do ônibus algumas vezes
— Isso explica a dor de cabeça,.........espera, você veio me carregando até o pátio da escola?
— Foi, por que?
Quando olhei em volta todos estavam nos olhando e alguns até tirando fotos. Ainda tive que ouvir alguns comentários como "não sabia que as esquisitonas eram lésbicas", "o conto da princesa e do mendigo", pelo jeito que Layla estava eu até entendo esse, e o melhor de todos, "as lésbicas do mundo mágico". Logo que Layla ouviu esses comentários ela ficou irritada, me colocou no chão e logo começou a dar sermão em todos.
— Olhem, a culpa não é nossa se vocês não têm nada melhor para fazer e logo tem que dar palpite na vida dos outros! Sabem o que eu acho? Acho que pra vocês homem isso é falta de mulher que aceite esse pinto pequeno de vocês, é pra vocês mulheres é só falta de pinto mesmo! Porque se estivessem se "divertindo" fariam como os animais que vocês são, iriam se incomodar apenas com suas vidas, babacas!
Ela pegou minha mão e me levou pra dentro da escola.
— Ei, me desculpe pelo que eu fiz você passar
— Não foi culpa sua, pelo menos não me deixou no ônibus. Agora a gente vai ter que te ajeitar, começa tirando esse pijama e só fique com o uniforme, por favor
— tudo bem
Ela começou a tirar a saia do uniforme e estava prestes a tirar a calça do pijama também até eu advertir
— Não tire a roupa no meio do corredor da escola!
— Então o que eu faço
Eu a puxei para dentro do banheiro feminino.
— Pronto, já pode se ajeitar
— E você vai ficar aí me olhando tirar a roupa?
— Entre numa cabine
Ela entrou desanimada por sua brincadeira não ter dado certo, parecia que ela gostava de me ver envergonhada. Eu só não entendia porquê eu ficava assim quando ela fazia isso, não é como se eu gostasse dela ou alguma coisa do tipo,...........não é? Meu momento de reflexão acabou quando ela saiu da cabine do banheiro com o uniforme pronto.
— Eu coloquei errado?
— Não, só.........está meio torto
Eu ajeitei a saia dela e agora era a hora de ajeitar o cabelo. Peguei o pente que eu deixava em minha mochila e tive que pentear o cabelo dela na sala de aula.
— Isso me lembra de quando eu era pequena, minhas mães gostavam de pentear o cabelo uma da outra quando não tinham nada pra fazer, às vezes faziam em mim também
— Você nunca achou estranho que todas as outras crianças tinham uma mãe é um pai e você tinha duas mães?
— Por que seria estranho? Elas se amavam, então não tem problema
— É verdade, realmente não tem problema, afinal, se elas gostam uma da outra elas podem ser tão felizes quanto um homem e uma mulher
Eu devia ter percebido que era estranho nós estarmos falando sobre isso no meio da sala de aula depois da cena de alguns minutos antes, paramos de falar quando vimos que todos tinham começado a cochichar enquanto nos olhavam. Terminei de fazer uma trança nela bem na hora que o professor chegou e logo tivemos que prestar atenção na aula. Mal podia esperar pra voltar para casa, não aguentava mais ficar no meio daquelas pessoas, estava começando a entender como Layla se sentia em relação à todos em volta.