Aishiteru escrita por Samy


Capítulo 8
Oito




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Mundo Digital

Cidade das Máquinas

 

— Essas mudanças pelas quais os nossos parceiros passam é algo meio assustador. – confessou Armadimon. – A Fumiko-okasan, arrumou um pretendente e isso deixou o Iori muito zangado, na verdade eu nunca tinha visto ele assim.

— Como assim? Humanas maduras também namoram? –  questionou V-mon. – Por que, se elas não podem mais reproduzir?

— Namoram sim, a Natsuko-okasan também tem um namorado, mas o Takeru e o Yamato não se importam.– confidenciou Patamon.

— V-mon, o namoro não serve somente para reprodução. As pessoas precisam de amor e não importa a idade. – opinou Tailmon.

— A Miyako estava conversando com a Kotomi-okasan sobre como  ela acha que o Iori está sendo egoísta. Todo mundo tem direito de amar.

— A verdade é que esse assunto de amor faz uma confusão na vida dos humanos, é bom, mas também os levam a loucura. – começou o digimon tatú. – Iori diz que está agindo assim, por amor.

— O amor também pode trazer uma tristeza muito grande. – choramingou Wormmon. – Eu acho que o Ken-chan está apaixonado, mas… Isso não tem feito muito bem pra ele, não tem dormido e nem se alimentado direito e não consegue mais desenhar. As vezes  vem ver TV comigo, mas eu sinto que ele não está prestando atenção.

— Você acha que é amor não correspondido? – V-mon sentou-se ao lado do parceiro de jogress. – Porque o Daisuke sempre fica muito eufórico quando fala sobre amor. Ele nunca perdeu o sono e come feito um  Supremo.

— Eu não sei. – Wormmon olhou pensativo. – Pela minha experiência em romance, acho que ela também gosta dele sim.

— Sua experiência em romance? – questionou Patamon. – Eu acho que não entendi.

E todos imaginaram Wormmon em um jantar a luz de velas com uma garota bonita e, ficaram com uma gotinha na cabeça.

— NADA DISSO! –Wormmon deu um grito agudo, soprando o balão de imaginação dos amigos. – Isso foi constrangedor. A minha experiência foi conseguida vendo doramas  e filmes românticos!

Todos começaram a gargalhar com a imaginação e com o embaraçamento de Wormmon.

— Hey! Vamos construir este parque de diversão? – Andromon surgiu acabando com o momento. – Depois vocês continuam discutindo sobre a psicologia humana.

E todos concordaram e se levantaram animados. Precisavam preparar a Cidade das Máquinas para receber os novos Digiescolhidos que surgiam a cada dia mais, deixar o local seguro e divertido.

No fundo Tailmon, mesmo não tendo desabafado sobre as atitudes da parceira, estava preocupada, ela não estava conseguindo entender se aquelas transformações de personalidade era mesmo algo comum. Nos últimos dias sentia como se uma barreira estivesse entre elas e não sabia como agir. 

Coincidentemente, Hawkmon também estava preocupado com Miyako, mas ao contrário de Hikari, sua parceira já tinha desabafado com ele e pedido sigilo. Inoue vinha sendo sufocada como sequências de favores pedidos por Yagami, quase já não tinha mais tempo para si. Ele também estava confuso sobre aquilo. A garota falava sobre amor entre amigas, gratidão e apoio, mas aquilo não estava parecendo certo.

...

Núcleo colegial

 

O clima pesou depois que Catherine descobriu a sabotagem que sofreu, então ela começou a ligar os pontos e entendeu o porque Miyako tinha sido gentil com ela a princípio, mas depois se tornou fria. Com certeza foi por lealdade a Hikari. Ela já teve amigas e sabia que as coisas funcionavam assim.

Pois bem, ela sentia-se deslocada e Hikari fez tudo o que podia para tornar sua vida mais complicada, entendeu que era por ciúmes de Takeru e mesmo não tendo interesse romântico por ele, aquilo agora era questão de honra.

A francesa já conversava com Takaishi, via rede social, desde  de que trocaram e-mails na Operação França, então ela já sabia peculiaridades sobre ele. Usaria isso para se vingar de Hikari.

Muito ligada em atualidades, sugeriu que Takeru criasse um blog e um canal onde faria resenhas sobre os livros preferido, daria dicas de leitura e escrita. Takaishi adorou a ideia e ainda confessou que tinha planos de sair caçando sebos pela cidade a fim de encontrar raridades.

— Isso é perfeito! Eu posso te ajudar nessa caçada, assim eu conheço a cidade e compro alguns livros que estou querendo. – Catherine sorriu animada e olhou discretamente a expressão de Yagami que remexia seu bentô, sem muita vontade.

— Combinado, mais primeiro temos que ativar e divulgar o blog e o canal, mesmo que seja para conhecidos. – sugeriu Takeru. – Você pode nos ajudar com isso, Miyako-san. Sei que já tem um canal bem grande.

— Eu…

— Vai estar ocupada essa semana, este mês, na verdade. Ela já se comprometeu em me ajudar na minha página. – interrompeu Hikari, chutando a amiga por baixo da mesa. – Não é?

Miyako assentiu automaticamente, já estava de saco cheio de ficar no meio daquela briga idiota. Como sabia que explodiria com a amiga e com a situação e não queria isso, começou a arrumar desculpas para não almoçar mais com a turma.

...

Daisuke ainda planejava sua declaração durante a abertura do campeonato, mas a escola do maternal e séries iniciais, onde Hida estudava, sofreu um incêndio e coube a instituição onde os mais velhos estudavam, conseguir salas para alocá-los. Devido a isso, as competições esportivas foram adiadas.

— Estou chateado por ter que adiar minha declaração. – reclamou o ruivo enquanto acompanhava Ken até a estação.

— Olha, Motomiya...– Ken não sabia bem o que estava acontecendo, mas o clima estava pesado entre as garotas e ele entendia que talvez o amigo não devesse fazer aquilo. – Você tem certeza que essa declaração pública é uma boa idéia?

— Claro cara, a idéia veio de uma garota. Por que  a pergunta?

— Você não acha que a Yagami parece diferente esses dias? Na verdade, todas estão meio estranhas.

— Isso é normal, coisa de garotas, alteração hormonal, puberdade. Sabia que nelas o efeito é triplicado?

— Eu sei, mas… Você realmente não percebeu nada, não é? – insistiu o ex imperador.

Ken não podia explicar, mas talvez por ter passado anos sob influência das trevas, tivesse o dom de sentir quando estavam próximas, quando a aura de alguém estava deturpada e pesada, mas ele tinha medo de falar sobre isso e não sabia o que fazer com essa percepção.

— Você leva as coisas muito a sério. Sabe porque os mangás shoujos vendem tanto? – Daisuke abraçou o amigo, que sutilmente arrumou uma forma de se desvencilhar do contato. 

Sim, Ken ainda tinha reservas sobre contato físico.

— Realmente não sei.

— Porque as garotas querem romance. Elas querem o cara cobiçado da escola que só tem olhos para elas e que vai fazer as amigas e outras garotas terem inveja quando ele fizer gestos românticos.

— Que superficial. – Ken soltou magoado. Sabia bem o que era ser assediado por pessoas que queriam vantagens em se relacionar com ele. – Tem que ser mais do que isso.

— Claro, na maturidade, mas acorda, estamos na adolescência. E no fundo todas as garotas são iguais, elas amam mais status do que tudo.

Ken engoliu em seco. Era uma frase cruel, mas não era de tudo mentira. Ele só queria acreditar que não, que nem todas eram iguais, que Miyako não era igual. 

Ele via os esforços de Mimi para ser sempre aprovada por um público tóxico, Sora em tempos antigos, como sentia-se especial por ter um namorado líder de banda e assediado, Hikari que era considerada uma softy girl e desmentia aquilo, mas sem muito esforço, pois era evidente que gostava de ser mimada… Ele só não via isso em Miyako, talvez porque ela realmente não fosse assim ou talvez porque  estivesse cego por ela, como o amigo estava pela Yagami.

Talvez ele fosse tão bobo quanto Daisuke, mas de maneira diferenciada. Ele era quieto, silencioso e, portanto, ótimo observador, pensava muito em cada ato e cada palavra e, muitas vezes acabava não agindo ou falando nada.

— E você e a magrela? – Daisuke decidiu quebrar as divagações do outro.

— Miyako-san? – respondeu de sobressalto.

A pessoa em quem mais ele pensava nos últimos dias, mas que agora, nem no intervalo conseguia ver ou falar com ela.

— Ah não ser que tenha outra magrela na sua órbita e eu não saiba. – zombou

— O que exatamente você quer saber? Quero dizer, você vê todos os dias que a única interação que temos é no portão.– apontou parecendo frustrado com o fato. – Então não sei que tipo de relato eu teria que fornecer.

— Espera? Vocês não conversam por mensagens, ligações ou chamadas de vídeo, nem nada? – o ruivo abriu a boca.

Ken balançou a cabeça negativamente.

— Por que deveríamos?

Ele pensava que realmente deveria se posicionar quanto a isso, mas estava com medo de se tornar mais um problema para a garota, que já parecia prestes a estourar.

— Porque rola uma química entre vocês.

— Piff!– bufou o outro.

— Tô falando sério, cara. Eu conheço aquela cabeçuda a vida inteira e, nunca vi nada deixar ela embaraçada ou corada, só rola isso perto de você. – ele imitou o hábito que a garota tinha de enrolar os cabelos entre os dedos. – Ah, Ken-kun! Você é incrível por fazer uma Berserker como eu, ficar toda derretida – imitou a voz dela.

— Sério? Então porque ela não está aqui agora?–

 questionou amargo, gaguejante.

 “ Vou te dizer o porque… Porque ela tá muito ocupada se envolvendo em problemas alheios .Se este é o conceito comum de amizade, não sei se eu quero ter amigos. Em quase um mês na escola, eu consegui maior interação com ela em  dois ou três momentos.” completou em pensamento. 

Ichijouji cerrou os punhos, sentia uma ira e angústia. Era só ele quem via o copulado de merdas que estava acontecendo? Ele tinha se mudado para perto dos amigos para ser feliz, mas estava tudo uma droga. Hikari surtando de ciúmes, Miyako se deixando levar pela amiga, Catherine disposta a provocar Yagami ainda mais, Daisuke não querendo enxergar e Takeru fingindo demência. 

Aquela não era a Miyako! Quem tinha abduzido aquela garota sincera e cheia de atitude e colocado  uma pessoa sem voz e covarde no lugar? Por que ela estava se deixando ser colocada no meio de tudo aquilo, se deixando sufocar? Como poderia falar  ou estar com ela, se a todo tempo ela estava pajeando a amiga?

...

    Naqueles dias, Hikari deixou o ciúmes e a competição lhe subisse à cabeça. Antes a garota usava suas redes sociais para postar suas fotos, que geralmente eram sobre lugares bonitos e animais fofos. Ela sempre gostou de fotografia e por isso brincava com cores e ângulos. Porém, ao descobrir que Catherine fazia certo sucesso com belas fotos de si, ela resolveu usar mais da própria imagem.

    Arrastando Miyako consigo, a castanha gastou todo dinheiro que vinha juntando a tempos para comprar uma câmera profissional, em roupas novas. Ela sabia que poderia se encaixar perfeitamente no estilo soft girls.

Vinha sobrecarregando a amiga, pois pedia que ela fizesse uma estimativa das lojas com os melhores preços. Sabia que Miyako era boa com números, gráficos e pesquisas e usou isso a seu favor. Também precisou treinar a violácea para ser mais habilidosa com a câmera, já que ela quem seria a fotógrafa.

    Inoue estava um tanto assustada com a amiga. Ela não sabia o que fazer ou como se posicionar e ao menos Hikari não estava mais sabotando ninguém dessa vez. Ajudou a castanha a divulgar sua conta e movimentá-la e, em pouco tempo Yagami já tinha tantos seguidores quanto Catherine.

    Entretanto, a vida de Inoue estava estagnada. Entre as toneladas de estudos e ter que ser fotógrafa da amiga e ajudá-la nos seus planos de destaque social, seu tempo para jogar ou cuidar de si mesma, estava todo tomado. Além disso, era como se Hikari negligenciasse completamente a necessidade da amiga se acertar com o crush.

    Yagami estava tão absorta e obcecada na própria trama, se sentindo injustiçada por ter sido a melhor amiga de Takeru quase a vida toda e agora está sendo ignorada, despriorizada, que Miyako não encontrava brechas para desabafar sobre sua atual situação com Ken. Todas as vezes que tentava iniciar o assunto, a amiga não dava muita atenção e voltava a chorar agruras. 

    Só podia ser uma fase, logo ela voltaria a ser a Hikari divertida simples e companheira de sempre.

...

Residência Inoue

18:50 PM

 

— Hey! Você está bem, Miyako-chan? – questionou Koushiro balançando a mão frente ao rosto da amiga.

— Er...– ela despertou constrangida. – Foi mal, senpai! Estou bem, só me distraí um pouco.– a fala não foi muito convincente.

— Um pouco? Eu acabei de te contar sobre a proposta de emprego que recebi, relacionada a nossa pesquisa com Digimons e o Mundo Digital. – andou pelo quarto, empolgado.– E você nem me ouviu direito, ficou aí babando e olhando para o nada, igual o Homer Simpson; ah… rosquinhas! – zombou imitando a voz do personagem e levou uma travesseirada da amiga.

— Credo! Também não exagera.

— Mas é sério, Miyako. Sabe o que isso quer dizer? –  se aproximou a segurando pelos ombros. – Um futuro estágio e emprego para você. Raciocina comigo. Quem no segundo ano do ensino médio fica diante de uma oportunidade dessas? É sair do colégio com garantia de emprego.

— É maravilhoso, claro! – ela sorriu. – Eu estou feliz por vocês e por mim, er… por nós!

— Não está. – constatou ele. –Há dias você não se concentra durante os jogos e me deixa sozinho nas partidas, não está empolgada em ajudar a banda do Yamato com as mixagens. O que tá rolando? É treta amorosa com o Ichijouji?

— Ah? O que? – ela fez caretas engraçadas– Eu não vou conversar sobre isso com você. Seria como me abrir para o Mantarou-nii!

— Tá legal! Eu não entendo nada de romance mesmo. – ergueu as mãos em rendição. –Só  acho que o Ichijouji parece ser meio complicado e confuso. Tá, não é da minha conta. –deu tapinhas no ar e balançou a cabeça negativamente. – Só não deixa nenhum idiota te botar pra baixo, tá?

Era inusitado que eles tivessem esse tipo de conversa, sempre estavam ocupados demais para falar de sentimentos. Koushiro realmente a considerava, ele não entendia muito de garota, mas via as meninas de sua classe em relacionamentos abusivos e temia pela amiga.

— Que fofo, tá preocupado comigo. – ela caçoou entre risos.

— Nem é. – empurrou a mais nova. – Para de rir, Chatonilda! Vai se ferrar! – levantou emburrado, embaraçado. – Vou pegar o Tento e ir pra casa.

Quando ele ia cruzar a porta Miyako sussurrou:

— Na verdade o problema é a Hikari-chan...– ela sentiu como se estivesse prestes a tirar um peso do peito.

Koushiro girou nos calcanhares, abismado, e voltou a se sentar do lado da amiga.

— Se quiser desabafar.

— Eu preciso. Não tenho sido eu mesma nos últimos dias. Não aguento mais ter que ser fria com alguém que nunca me fez mal e só está tentando se adaptar em terras estrangeiras.

— Está falando da francesa, Deneuve, isso? Deixa eu ver se entendi… A Hikari-chan te pediu para não falar com a Deneuve? Por que?

— Por causa do Takeru-kun. Você sabe que tem esse círculo de Daisuke gostar da Hikari e ela gostar do Takeru? Nenhum deles se declara ou deixa claro para o outro o que quer.

— Ptz! Como você foi parar no meio disso? Seu crush não é o Ichijouji?

— É! – ela admitiu sem pensar, mas quando viu que já tinha concordado e o amigo sorria com cara de “eu sabia” achou melhor deixar por isso mesmo. – A questão é que a Hikari é minha melhor amiga e exigiu que eu fique do lado dela.

— Exigiu? Essa palavra é um pouco forte, não?

— Pra você ver, mas foi exatamente o que rolou. Ela me lembrou de tudo o que já fez por mim, das vezes em que me ajudou e apoiou e, me fez prometer que faria o mesmo. Achei que era o certo, isso é reciprocidade, mas já estou me sentindo mal com as coisas que tenho feito.

— As coisas que você tem feito? Eu concordo que amigos se apoiam e se ajudam, mas você está começando a me assustar. O que você tem feito?

— Começou com dar um gelo na Catherine, mas depois...– ela parou esfregando o rosto, envergonhada. – Depois eu usei meu acesso ao histórico particular da Catherine, hackeei a conta particular dela e passei informações que a Hikari-chan usou para sabotá-la no teste da torcida.

— Gente, como o monstro da adolescência afeta as pessoas, a doce irmãzinha do Taichi. – horrorizou-se o ruivo mirando a amiga e franzindo o cenho. – E você Miyako-chan, como se prestou a isso?

— Eu sei, eu sei… Entendo a minha culpa, mas eu fiquei perdida, sabe? Foi muita pressão… Ela sempre me ajudou e, na verdade, ela é minha única amiga.

— Você abusou do seu cargo estudantil, violou a privacidade alheia e fez parte de uma sabotagem, prejudicando alguém que não te fez nada.– foi duro.

— A coisa ainda piora…

Miyako desabafou tudo que estava deixando-a magoada e preocupada. Contou sobre ter que sair com a amiga para longas horas de compras, tirar fotos e fotos em vários ângulos até que Hikari se agradasse delas. Sobre como não estava mais tendo tempo para si mesma.

— O que ela ganha se expondo assim na internet? 

— Os garotos começaram a dar flores e presentes em troca dela tirar mais fotos. Esse estilo de Soft Girl faz muito sucesso. Ela não liga para os presentes, mas com isso quer fazer ciúmes no Takeru-kun e mostrar que é disputada. Isso piora a cada dia.

— Então eu estava certo. Miyako você está num relacionamento abusivo, não romântico. Precisa se posicionar antes que as coisas piorem. – aconselhou sabiamente.

— Ae, quem deixou vocês dois sozinhos no quarto? – perguntou Mantarou aparecendo do nada e cortando o assunto.

— O que? – Koushiro admirou, constrangido. – Não é nada disso, cara!

— Só tô de sacanagem com você, Izumi.– desviou de um travesseiro jogado pela irmã.– Eu até apoio.

— Essa não é mais sua casa. Não me diga que veio jantar de novo? – ela se levantou colérica, com as mãos na cintura.– Se for isso, fique sabendo que ao menos vai ajudar a lavar a louça!

Uma discussão boba se iniciou e logo Inoue Kotomi, a matriarca,  apareceu anunciando que o jantar estava servido e insistindo que Izumi se juntasse a família. O rapaz até tentou recusar, mas Tentomon adorava a comida da mãe de Miyako e  fez o parceiro reconsiderar.

Dia letivo

Colégio de Odaiba

Intervalo, terraço

— A Catherine deu de presente para o Takeru-kun o livro raro que ele estava procurando. Ela fez questão de gravar a reação dele e postar. – Hikari contava furiosa.

— Amiga, precisamos conversar sobre isso. –o tom de Inoue era sério, mas passou despercebido para a outra.

— Claro que precisamos. Ela está em vantagem, sabe os livros que ele gosta, por causa do blog e do canal, ela vai ler para terem mais assunto. Que tal se você hackeasse a  conta dele, teríamos acesso a tudo que ele pesquisa para comprar. Eu saberia o que ele está lendo e poderia ler também.

— Você está ouvindo o que está me pedindo? O que aconteceu com você, Hikari-chan?

— Já fizemos isso antes. Dessa vez seria por uma boa causa. Eu só quero estar no mundo dele e na frente dela.

— Está errado. Fiz isso com a Catherine, mas a culpa tem me corroído todos os dias. O Takeru-kun é meu amigo, nunca vou fazer isso com ele...– a violácea suspirou desacreditada. – Sabe que ele gosta de livros de aventura e ficção e você ama romance de época. Vai ler o que ele gosta só por competição com a Catherine?

— Não só por competição… Miyako-chan, está dizendo que se arrependeu de ter me ajudado? Ficou com pena daquela… Daquela… Como você tem coragem de me dizer isso, é minha melhor amiga.

— Sou e, eu te amo, mas, você tá abusando disso! Só sabe falar de si mesma, quando eu quero falar, você me ignora como se minhas questões não tivesse importância, toma todo o meu tempo e quer que eu viole a privacidade alheia. Eu quero que você volte a ser como antes.

— Eu sempre  te ajudei. Se não fosse por mim você ainda vestiria calças por baixo de saias, com meia até a canela, blusas sobrepostas e bandanas, com cores destoantes. Se não fosse por mim, você teria sido enganada pelo idiota do Wallace, não se esqueceu disso, não é?

— Você tá certa em tudo o que disse. Eu sou muito grata pelas dicas e ajuda com as roupas e cabelo. Também nunca vou esquecer do lance com o Wallace, como poderia? 

— Então, vai me ajudar?

— Não. Desculpa amiga, mas não dá. Eu não posso mais fazer isso.

— Tudo bem, Miyako. Só se lembre de que se não fosse por mim você não teria nenhuma amiga porque as garotas te acham a esquisita dos computadores e te chamam de “Alexa.”– gritou Hikari enquanto a amiga passava pela porta e descia as escadas.

Hikari viu que agora estava sozinha e não sabia como iria continuar aquela luta, mas daria um jeito. Inoue desceu as escadas sem conseguir conter as lágrimas. Não era burra e sabia que era motivo de piadinha entre as garotas por seu amor a tecnologia, também sabia que devia muito a Hikari, mas ter tudo aquilo jogado na cara foi extremamente doloroso.

Enquanto Miyako atravessava os corredores semi vazios, recebia alguns olhares curiosos devido as suas lágrimas. Ela andou até seu armário de sapatos  os trocando e sentiu um toque em seu ombro, se virando abruptamente.

— Ah, você? – respondeu assustada e constrangida. – O que ainda faz aqui? – secou as lágrimas como se pudesse escondê-las.

— Combinei de assistir o treino do Motomiya. Você passou por mim nas escadas…

— Desculpe, Ken-kun, acho que não está sendo um bom dia. – respondeu contendo mais lágrimas.

— Se eu puder ajudar...–ele não sabia o que fazer e o olhar curioso dos alunos restantes só piorava a conjuntura.– Ou talvez você só queira ficar sozinha.

— É...–  ainda estava confusa e destruída.

— Então eu vou indo para a quadra.– anunciou frustrado, mas compreensivo.– Até mais.

— Sabe? – Miyako murmurou baixinho, mas ele conseguiu ouvir. – Eu tenho que fazer uma coisa rápida, mas depois quero dar um passeio no parque. Se você quiser dar o bolo no mané do Daisuke e vir comigo?

— Certo! – Ken respondeu prontamente, assentindo com a cabeça.

Miyako passou na diretoria, não demorou muito, foi entregar as chaves do laboratório de informática e contar o que tinha feito, realmente não conseguia mais carregar a culpa. Ela amava aquele posto mais do que tudo, mas era o certo a se fazer.

Ken esperou encostado na parede do corredor. Mandou uma mensagem para Daisuke e avisou que mudou os planos. Sendo bom observador, ele já deduziu o que poderia ter acontecido, mas não tinha certeza.

— Podemos ir? – Miyako o tirou das ponderações.

Ambos seguiram para o Parque Central de Odaiba, ela precisava mesmo respirar ar puro, sabia que acabara de perder muito em um único dia.

 


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