Música Tema

Marco : Sabe o que é mais engraçado disso tudo ?_esfregou uma mão a outra, Valáeria arqueou a sobrancelha esquerda.

Valéria : Não, o que seria ?_fitou a Guilherme por cima de seus ombros, enquanto o via mexer os lábios em silêncio e sair pela porta.

Marco : As garotas ricas roubam, as bonitas mentem, as espertas se fazem de burras e as burras passam seus dias tentando ser tudo isso._ele voltou a sentar-se em sua cadeira e empurrou todo seu corpo para manter a postura.

Valéria : Não tenho certeza se eu me encaixo em qualquer um desses.

Marco : Onde estava quando Adriano morreu ?_indagou sem paciência, Valéria engoliu o seco.

Valéria : Por que acha que você tem alguma moral comigo ? Me desculpa, mas você deve ter o quê ? Uns 23 anos ? Quase a minha idade ? Não consigo te levar a sério !_disse tentando ser sarcástica, porém suas mãos soavam frio.

Marco : Então você não me leva a sério ?_ela balançou a cabeça negativamente, enquanto Marco levava sua cadeira um pouco mais para frente e vasculhava a mesa com seus olhos.

Valéria : Você não me dá medo como deveria dar.

Marco : Suponho que eu então seja inútil aqui, certo ?_ele murmurou, soltando uma risada sarcástica.

Valéria : Não basicamente, você deve ser levado a sério por alguém_ele levantou um papel e o balançou no ar._o que é isso ?_esfregou os braços, agora um pouco mais nervosa.

Marco : Oh, nada, só sua vida em minhas mãos._ele deu de ombros, fazendo pouco caso.

Valéria hesitante, deu alguns passos para frente, sua mente havia entrado em uma batalha decisiva para decidir se pegava ou não o papel. Ela estava com medo !

Marco : Pode pegar Ferreira, acreditava eu, que você não tinha medo de mim._ele trancou o maxilar e Valéria tirou o papel de sua mão.

Não era um simples papel, disso ela já sabia, porém lê-lo foi bem pior. Era a decisão, ele só precisava de uma caneta e um X e então poderia acabar com sua vida. Apenas duas opções.

Declaro Valéria a primeira suspeita de homicídio de primeiro grau. e o quadradinho do lado.

Não declaro Valéria a primeira suspeita de homicídio de primeiro grau. e o quadradinho do lado.

Dois quadradinhos e depois daqui, apenas um seria marcado e com tudo isso, o destino de Valéria mudaria.

Marco : Agora será que você poderia se sentar ?_Valéria bufou e indignou-se._aonde estava na noite da morte de Adriano ?

Valéria : Estava com minhas 3 amigas.

Marco : Se mentir fosse crime, todos nós estaríamos na cadeia._ele serrou os punhos com um sorriso debochado e amargo.

Valéria : Isso é tão ridículo._cuspiu as palavras com rancor.

Marco : O que ? Não concorda comigo ?_olhou no fundo de seus olhos a amedrontando.

Valéria : Concordo que você é um completo estranho que eu tive o prazer de não conhecer ! Concordo que você por mais que investigue e tenha suas suspeitas você nunca poderá saber se estou ou não estou realmente falando a verdade e, então eu vou sair daqui, você vai chutar se sou ou não culpada e então pronto, minha vida vai ter sido um chute, vai ter sido decidida por um cara cujo não sabe da verdade, apenas suspeita, mas acredite, suspeitar não é o bastante, porque para você é muito fácil, porque o seu lado é julgar sem conhecer, julgar só para chegar no fim do mês e ganhar uma droga de salário, porque eu de verdade não acredito que você possa estar fazendo o certo, e se você me deixar escapar sendo que sou culpada ? E se você me prender para sempre sendo que sou inocente ? Você não sabe e nunca vai saber, mas o lado que julga é sempre mais fácil do que o lado que será julgado.

Marco : Cuidado com as palavras Ferreira, desacato a autoridade também te leva para prisão.

Valéria : Legal, mil pessoas na rua, mendigos sendo chutados e cuspidos e ninguém faz nada, loucos ameaçando pessoas por ai, e ninguém faz nada, mas ai quando é um político, ou um delegado, ou um investigador corrupto, se você disser um "ai" para eles e eles não gostarem, somos presos, mortos e ferrados, vocês são aberrações na humanidade, e eu ainda não sei porque é que nós que temos que ser presos.

Marco : Tentando virar o jogo ?

Valéria : Nem se eu quisesse, o senhor todo poderoso tem o direito de voltar o assunto para mim quando quiser.

Marco : Porque não para com seus jogos e mentiras ? Sei que parece até mais fácil, porém...

Valéria : Não há nada de simples em mentir.

Marco : Liberada._Valéria franziu o cenho, porém obedeceu e saiu da sala.

Guilherme : Como foi ?

Valéria : O gato brinca com o rato horas antes de come-lo, quando o rato morre a diversão acaba.

Ela não esperou por uma resposta, dispôs-se a sair dali o mais rápido possível, porém não sem antes olhar para a sala do lado onde continha o quadro de investigações.