O Cálice Escarlate escrita por lelouch


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Minha primeira fic postada aqui! Boa Leitura!-Leo Qualquer dúvida entrem em contato.



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O vento ricocheteava a porta trazendo o clamor das almas há muito esquecidas. As dobradiças já enferrujadas pelo passar do tempo rangiam e espalmavam conforme os desígnios dos céus. Tapeçarias cravadas nas paredes não faziam sentido devido à falta de visibilidade. Assim, neste curto espaço ilusório, a criança se via em um canto, e somente ela podia ver-se nele. Mesmo por fora, constatava-se uma penumbra que oscilava e causava um certo estranhamento em Maísa e em alguns momentos delineava as formas escuras que pairavam ao redor dela.

Maísa notou que nunca vira antes algo tão melancólico e obscuro. Seus dias de Direito na USP não a tinham preparado para aquilo. Agora, exatamente um ano após apresentar seu TCC, estando abarrotada de papéis e se sentindo imensamente frustrada, para ela parecia apenas que tudo aquilo tinha acontecido há anos luz de sua vida. Mas infelizmente era mais real do que ela podia imaginar.

O receio de entrar pela Porta lhe fez lembrar de Brás Cubas e do seu exímio criador, Machado de Assis, que descrevia perfeitamente aquele momento: “Na vida, o olhar da opinião, o contraste dos interesses, a luta das cobiças obrigam a gente a calar os trapos velhos, a disfarçar os rasgões e os remendos, a não estender ao mundo as revelações que faz à consciência...” talvez aquilo mesmo tivesse acontecido com eles e assim, no ardor da penúria inebriassem a si mesmos e acobertassem seu próprio ego a fim de não exibir sua incapacidade perante a vida.

A criança percebendo sua presença movimentou-se e levantou os olhos. Maísa se assustou, pois eram de um azul tão límpido como o mar em Fernando de Noronha onde tinha passado o verão de 2015, e verificou que contrastavam com sua face moribunda e seus braços esqueléticos.

Em seu estado em que não esboçava nenhuma reação, a criança atacou, exibindo uma força sabe-se de onde: monstruosa. Ninguém com braços tão pequenos e frágeis poderia possuir tamanha força. Ou poderia?

O sangue manchou o short branco que vestia e se espalhou pelo chão empoeirado, gotas escarlates voaram por todos os lados maculando as ricas tapeçarias. Agora Maísa podia distinguí-las completamente sem dificuldades, afinal, o sol estava se erguendo. Eram crianças bebendo o cálice da eterna juventude. Seria este o cálice que Chico Buarque recusara quando oferecido pelos Ditadores? Mas para essas pretensões já era tarde. O segredo estava guardado por mais algumas décadas. Ou talvez até o fim dos tempos...


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Notas finais do capítulo

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