Farol de Emoções escrita por Glenda Brum de Oliveira


Capítulo 3
Capítulo 2 - Encantados


Notas iniciais do capítulo

Apresentações. Acomodando-se. Conhecendo-se. Encantando-se.



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Gregory e Luna perderam-se no olhar um do outro. Arabela encantou-se com a magia que se estabeleceu entre os dois, mas ao mesmo tempo preocupou-se. Sua neta nunca interessara-se seriamente por algum rapaz. Isso a preocupava, mas sabia que na história da família, as mulheres em geral amavam uma única pessoa a vida toda. E eram amores profundos como a eternidade.

Luna foi a primeira a recuperar-se daquele estado de êxtase e retirou sua mão com delicadeza. Gregory não pareceu entender porque ela fizera isso. Parecia natural segurar a mão dela. Limpou a garganta para ordenar as ideias, embora isso parecesse um sacrifício. Precisava dizer alguma coisa.

– É um prazer conhece-la.

– Bem creio que todos nós estamos com fome. Vamos nos sentar e comer. Luna pode mostrar onde fica o lavabo para o senhor Voltolini.

– Por favor, senhora, podem me chamar de Greg. Quase todos me chamam assim.

– É por aqui Greg. Estamos em temporada de reformas. No período de inverno aproveitamos para consertar e construir o que for necessário. A maioria dos nossos hospedes só aparecem no verão. Uns poucos aparecem no inverno. Em geral pessoas que já foram da ilha ou moraram aqui durante um tempo, que vêm passar feriados ou alguns dias de suas férias para matar a saudade.

– É uma ilha que vive da pesca, não é?

– Também. O turismo é muito importante no verão. E mais recentemente descobriram petróleo e gás natural. Parece que se tornarão nas principais atividades da ilha. A população já aumentou um pouco com a chegada de engenheiros e técnicos, mas a exploração ainda não começou. Estão em fase de testes ainda.

Pararam em frente de uma porta em um longo corredor que tinha uma porta na outra extremidade.

– Chegamos. Sabe voltar?

– Obrigado. Creio que consigo voltar sem me perder. Do contrário gritarei.

Luna arqueou as sobrancelhas, mas depois sorriu percebendo a brincadeira. Voltou para a sala do refeitório. Algo especial começara a acontecer. Sentia-se pisando em nuvens.

A avó lhe esperava com cara de interrogatório. Resolveu atacar primeiro.

– Vovó, teremos mais hóspedes para os próximos dias?

– Não. Por enquanto será apenas o senhor Greg. O que achou dele?

– O que eu achei? É um hóspede. O que é muito bom para essa época do ano em que ficamos sem receber quase ninguém.

– Não falei nesse sentido. – E calou-se porque ouviram passos na porta.

– A senhora tem muito bom gosto, dona Arabela. O que vi da decoração é tudo de muito bom gosto num estilo clássico e rústico ao mesmo tempo.

– Obrigado, mas o clássico é obra da minha menina aqui. E o rústico é o ambiente natural do lugar. Essa casa tem quase dois séculos de história. Um pouco antes de meu marido morrer, há dez anos atrás, resolvemos construir os chalés. Infelizmente ele se foi sem que o projetos tivesse ficado pronto. Havíamos construído apenas os cinco primeiros. Luna assumiu o controle nos últimos quatro anos e construímos mais dez chalés. E ampliamos a área aqui da casa principal. Assim acomodamos uma grande quantidade de turistas todos os anos. Assim que a primavera chegar de vez, vamos construir mais cinco chalés.

– Os negócios vão bem então! O que fazem no inverno?

– Sempre temos alguns hóspedes, como lhe falei. Há outros dois hotéis mais novos na ilha, mas as famílias mais antigas ainda preferem a nossa pousada. Também temos uma área de camping, para os mais jovens e aventureiros. Vamos ampliar essa sala para podermos atender mais pessoas na hora das refeições. Atualmente o pessoal o usa para festas e recepções de casamentos. Fazemos saraus, encontros para jogar cartas e conversar. Coisas de cidade pequena e do interior.

– Parece uma vida calma e sem estresse pra mim.

– O que o senhor faz?

– Sou jornalista. Cubro guerras e toda sorte de problemas políticos no mundo. Por conta disso viajo demais. Tenho sentido falta de parar e sossegar um pouco.

– Entendo o que o senhor diz.

– Você não quis sair daqui e ir para o continente, Luna?

– Fui. Fiz minha faculdade e outros cursos, mas preferi voltar e cuidar da pousada e da vovó.

– Ela devia ter ficado por lá e casado. Gostaria de uns bisnetos. Mas que se pode fazer. – deu um suspiro fundo antes de continuar – Ela ainda cuida da biblioteca da cidade na baixa temporada.

– Estou impressionado. – Greg falou olhando para Luna.

– Não fique. Vovó exagera. A biblioteca só funciona à tarde depois das quinze horas até às dezenove. Até aí faço o que é necessário para a pousada.

– Vim fazer algumas pesquisas. Existe jornal na ilha?

– Tem sim. E bem antigo – respondeu Luna. – Inclusive nos doou um acervo enorme de edições antigas. Nossa ilha foi muito importante no passado. Além de porto pesqueiro era um entreposto para os navios se reabastecerem. Por isso o jornal era importante para manter os marinheiros informados. Também há vários registros dos administradores da ilha desde o século passado.

– Bom, parece que serei seu companheiro de trabalho nos próximos dias. Esse material é justamente o que preciso para a minha pesquisa.

– Ajudarei no que for possível.

– Agradeço. Minha pesquisa ficará mais agradável com a sua companhia. – Luna enrubesceu. Esse elogio simples mexeu com ela. Estava acostumada a ser elogiada e até cantada pelos turistas, mas por sua beleza. Ser considerada agradável era diferente. Sentia como se esse sujeito na sua frente pudesse ver dentro dela.

O jantar terminou num clima amistoso e alegre. Dona Arabela acomodou Greg na mesma ala que ela e a neta moravam. Numa das suíte s novas que haviam reformado naquele início de inverno. Uma grande lareira dominava um dos lados do quarto. No meio do cômodo uma cama com dossel dominava o ambiente. Cobria o leito uma colcha azul-marinho com arabescos em branco formavam um delicado trabalho. Do outro lado da cama existia uma janela ampla e alta. A cortina era da mesma tonalidade da colcha e desenhada da mesma forma. Por baixo havia mais uma parte em branco, fina e com desenhos em azul na bainha. Num canto próximo a janela havia uma mesa redonda com uma toalha branca trabalhada em azul. Um vaso de flores e duas cadeiras azuis completavam esse conjunto. Na parede em frente da cama ficava um roupeiro branco com detalhes em azul. E ao lado uma porta que dava num banheiro com banheira azul, chuveiro, um amplo espelho.

Greg voltou para o quarto admirando a tapeçaria que cobria o chão. Os tapetes se pareciam. Azuis com paisagens desenhadas em branco e preto. Um estava na frente da cama e sobre ele um sofá de dois lugares assentava-se elegante. O outro com pelos altos estava na frente da lareira. Sobre este duas grandes almofadas tornavam o ambiente convidativo para se recostar. No canto ao lado da janela uma televisão de tela plana indicava que estava no século XXI. Tirando esse detalhe pareceria que estavam no século XIX.

Uma batida suave na porta despertou Greg dos seus devaneios e encantamento com o ambiente. Ao abrir a porta deparou-se uma Luna de braços carregados. Trazia um cobertor extra e toalhas.

– Desculpe, mas como o esperávamos só amanhã. Alguns itens não haviam sido providenciados ainda. Posso entrar?

– Claro.

– Os controles da TV, do ar e a senha do WI-FI estão dentro do criado mudo. Também tem informações sobre horários das refeições e serviços de lavanderia – Luna abriu o armário e colocou o cobertor lá dentro equilibrando as toalhas na outra mão. Desequilibrou-se e elas teriam caído se Greg não tivesse socorrido a tempo.

Esse gesto fez com que suas mãos se tocassem e seus olhos se encontrassem. Novamente a corrente elétrica que haviam sentido mais cedo quando se conheceram os atingiu. Greg e Luna sentiam-se encantados.


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Notas finais do capítulo

Surpresas, descobertas e preocupação são emoções do próximo capítulo.



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