Farol de Emoções escrita por Glenda Brum de Oliveira


Capítulo 1
Capítulo de introdução


Notas iniciais do capítulo

Um farol é a mais fiel testemunha no tempo de histórias que se perderam no tempo e de outra que irá iniciar-se.



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As ondas batiam fortes contra as pedras do farol. Ao se retraírem formavam um tapete de espuma rodeando as pedras. Lá no alto do rochedo um farol imponente se erguia majestoso lançando sua luz protetora aos viajantes noturnos, que passavam naquela rota pela costa.

A luz protetora durante gerações havia salvado a vida de muitos marinheiros e passageiros de grandes e pequenas embarcações que por ali passavam. Apenas duas vezes em sua história deixara de brilhar. E nessas duas ocasiões uma tragédia marcou essas datas. Mudou vidas e promoveu encontros e desencontros. Ligando e afastando vidas.

Muitos chamariam esses episódios de destino. Outros atribuiriam tais acontecimentos a coincidências que ocorrem de forma aleatória. Ainda há àqueles que delegam à providência e vontade divina. Os místicos os relacionam a convergências cósmicas ou às forças da natureza.

Seja como for, há olhares que se encontram para nunca mais se perderem. Mesmo que a vida e a distância os separe. Permanecem um no outro para sempre em suas lembranças, que são guardadas num arquivo especial e secreto da memória. São as histórias que o tempo não apaga. A distância não separa corações que se amam. E a morte não interrompe o fluxo da vida. E por vezes, os fatos parecem cíclicos se repetindo e levando os mesmos personagens ou seus descendentes de volta ao ponto de partida.

Sobre o ponto de partida de sua família Gregory desejava saber mais. Seu espírito aventureiro já lhe concedera prêmios no jornalismo. Agora o prêmio almejado era conhecer o trecho perdido de sua história. Remexer um passado do qual só ouvira sussurros. Seria uma aventura e uma viagem no tempo. O que encontraria nessa busca? Não tinha certeza do que desejava encontrar, mas seus trinta e poucos anos de idade e doze de profissão lhe ensinaram que nem sempre o que aparece é a verdade completa.

Sua avó lhe escondia um segredo sobre sua história e a morte de seus pais. Apenas lhe dizia que havia uma maldição na família. E que ele evitasse o mar. Não queria contrariar sua querida avó, portanto decidiu não lhe falar sobre seus planos. Se houvesse a necessidade de confrontar dados e informações encontradas, mas tarde lhe mostraria o que tivesse descoberto e quem sabe a avó se abrisse e lhe contasse o que ele mais desejava saber. Conhecer a história da sua família.

Luna caminhava pela praia apreciando a brisa que lhe bagunçava o cabelo, as ondas do mar que alcançavam seus pés e os cobriam de forma suave. Eu Olhava pro alto comtemplando a lua que parecia dialogar com ela. Quanta coisa ela gostaria de perguntar. A lua deveria saber das respostas pras muitas perguntas que lhe enchiam o coração. Porque era tão difícil para sua avó falar a respeito dos seus pais, da sua história. O que havia de tão terrível que a assombrava de tal forma a ponto de não aceitar tocar no assunto nunca.

Tudo que conseguira saber sobre seu passado fora fuçando seus documentos e os arquivos do jornal da cidade. Seus pais morreram num naufrágio. Sua mãe sobrevivera apenas por algumas horas depois que a tiraram do mar. Nesse tempo ela nascera. Também soubera que outra criança também nascera naquela noite, mas não morava na cidade. Era de outro lugar. Não sabiam dizer se era de outro país ou apenas de outra cidade.

O dia na biblioteca havia sido cansativo. Os dias estavam ficando mais longos. A primavera se aproximava. Esse inverno havia sido atípico e sua vó mais atípica do que o inverno. Quase não fizera frio. E sua vó andava calada demais. Sempre com o pensamento longe. Às vezes falava coisas que pareciam sem sentido para Luna. Ela procurara conversar com a avó procurando entender se havia algo errado, se a senhora estava doente, mas parece que o que atormentava a idosa eram lembranças sobre as quais ela preferia não falar nada.

Em dias como esse, em que o trabalho parecera insípido e em casa as coisas com a avó também não iam bem, Luna gostava de andar pela areia. Costumava sentar-se ao pé do velho farol e ficava comtemplando o céu. Conversando com a lua e muitas vezes essa conversa não era apenas no pensamento. Acabava expressando suas angústias e anseios em voz audível como se a lua fosse lhe ouvir e responder. Se alguém a ouvisse diria que estava ficando doida. Para ela era apenas a solidão. Não tinha uma melhor amiga. E muitas coisas não conseguia conversar com sua avó, apesar de seu companheirismo.

O céu naquela noite em particular estava repleto de estrelas como é normal num céu de inverno. A temperatura estava amena e ela precisara apenas de um casaco leve. Como havia apenas uma brisa vinda do mar, as ondas estavam suaves. O mar não mostrava sua violência costumeira contra as pedras. Pena que aquela calma do ambiente não refletia seu estado de espírito. Nesse exato momento sentia-se presa, de certa forma enclausurada, embora não estivesse numa cela.

O farol, seu velho companheiro nos últimos anos, podia ouvir-lhe, mas não lhe respondia as indagações e ela precisava de respostas. Desejava também algo para preencher seu coração solitário. Não sabia ao certo se queria um amor ou uma família, ou os dois. Mas sentia desesperadamente que precisava preencher esse vazio.

Ao fundo apontou o último barco do dia. Devia atracar dentro de uns quarenta minutos. O farol como sempre iluminaria seu caminho para que não batesse nas pedras do canal. Essa era a única forma de chegar até a ilha. Ou pegar um helicóptero. O que se tornava muito caro e era usado por poucos.

Gregory olhava a costa da ilha se aproximando ao fundo. Mais um pouco e estaria chegando. Tinha a sensação estranha de estar chegando em casa. Ao fundo a luz do farol lhe parecia aconchegante. Também dava ao farol um ar de imponência.


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Notas finais do capítulo

O que um encontro com jeito de reencontro pode mudar na vida de duas pessoas?



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