A princesinha e o dragão escrita por Misu Inuki


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Um pouquinho atrasado, mas ai está meu presente para dia das crianças. Afinal todos nós ainda guardamos nossa criança interior, não é? XD
Espero que gostem!
Beijos e borboletas azuis!



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-Mamãe, me conta uma história antes de dormir?

A menina me olhou com seus olhinhos verdes brilhando pedintes. Já passava muito da hora dela dormir, mas quando ela me olhava com essa carinha fofa não tinha como resistir.

-Tudo bem.-Me rendi e recebi um sincero sorriso banguela como resposta. -Mas só uma.

Ela balançou a cabeça concordando. Porém eu conhecia minha filha bem o suficiente para saber que ela usaria o mesmo truque barato depois que eu terminasse a primeira para barganhar pelo menos mais umas 3 historinhas. Levantei da pequena cama de madeira e fui até a escrivaninha pegar o já bem gasto livro de conto de fadas.

-E qual você quer que eu conte hoje?- perguntei enquanto acendia o abajur.

Ela colocou a mão no queixo, pensando por um instante. Ela ficava tão bonitinha quando estava concentrada. Franzia as sobrancelhas e crispava os lábios numa linha fina, e quem olhasse pensaria que estava tomando uma decisão difícil e arriscada, como um presidente discutindo os termos de um tratado de paz. Mas eu já fui criança um dia, e sabia que na cabecinha dela escolher entre Cinderela ou Branca de Neve era tão complexo quanto.

-Que tal uma história inventada?-sugeri depois de um tempo.

-Uma história inventada?- Ela me olhou entusiasmada com a ideia.

-Sim... Mas você vai ter que me ajudar a criar ela, está bem?

Ela concordou e rapidamente foi para um dos cantos da cama para me dar espaço para sentar ao seu lado. A cama era um pouco estreita para nós duas, então estiquei um dos braços e ela se enroscou nele, ficando assim meio abraçadas. Ajeitei os lençóis cobrindo nossas pernas. À noite estava um pouco fria, e eu anotei mentalmente que não deveria esquecer de pegar um segundo par de meias para colocar nos pezinhos dela.

-Era uma vez um reino muito distante, onde os dias são sempre ensolarados, e as noites iluminadas por milhares de estrelas coloridas. Neste reino vivia um rei.

-Este rei era mal?- a garotinha indagou

-Não.- A tranquilizei ajeitando sua franjinha negra- Ele era bom e muito justo. Só era um pouco guloso. Podia comer pratos e mais pratos o dia inteiro sem parar.

- Eu também podia fazer isso! -a garota riu- Principalmente se fosse bolo de chocolate.

-Mas isso não seria muito saudável, não é?

-É... Ia dar uma tremenda dor de barriga!

-Sem dúvida!- eu ri junto com ela- Continuando, o rei guloso tinha muitas posses, mas abria mão de todas suas joias, castelos e terras pela sua família. O bem mais precioso do rei e de sua esposa, a rainha, era a sua única filha, a princesinha mais linda de todos os reinos.

-Qual é o nome da princesinha?

-Qual nome você gostaria que ela tivesse?

-Sen. -ela sorriu-Podia ser Sen.

-Tudo bem.-eu sorri com a resposta.- A princesinha Sen tinha tudo que ela queria, pois os reis sempre faziam de tudo para fazê-la feliz. E por causa disso ela se tornou um pouco mimada. Um dia, ela estava caminhando pelo terreno do castelo, e encontrou um caminho escondido entre o canteiro de rosas. O caminho levava a um jardim secreto, cheio de árvores frutíferas, flores exóticas e borboletas tão coloridas que pareciam ter sido pintadas com aquarela. Mas o que mais chamava atenção no belo cenário era um longo rio que cortava o jardim ao meio, com suas águas cristalinas brilhando sob a luz do sol. Sem pensar muito ela tirou seus sapatinhos cor de rosa e colocando-os perto da margem do rio para poder por seus pezinhos na água. Ela ficou brincando de jogar água para cima com os pés, rindo sozinha. Uma sapa ouviu a risada da menina e ficou muito zangada.

-Por que?

-Porque ela era uma sapinha muito mal humorada. Não gostava de ver ninguém se divertindo sem ela. E a princesinha tinha entrado na casa dela, sem autorização. O que não era nada educado.

- O jardim todo era da Sapa?

-Na verdade, não. Haviam vários outros moradores no jardim. Mas a Sapa dizia para todo mundo que era a dona.

-O nome dela podia ser Yubaba.- a menina riu travessa.

-Boa ideia.-eu ri junto, imaginando um sapo com cabelo grisalho e com uma verruga gigante- A Yubaba resolveu se vingar da menina, pegando um dos seus sapatinhos e jogando ele no rio. A garota viu o seu calçado favorito afundar nas águas, sem poder fazer nada, pois não sabia nadar. Então ela chorou, e chorou e chorou. Chorou tanto que o guardião do rio resolveu aparecer para ajudá-la. Quando viu a criatura surgir serpenteando, ela gritou assustada. O guardião do rio era um grande e feroz dragão branco, com dentes afiados e chifres. Ele a saldou com um aceno respeitoso, se oferecendo para buscar seu sapatinho, mas queria que ela prometesse alguma coisa em troca. Rapidamente a garotinha perdeu o medo e ofereceu tudo que tinha, seu colar de ouro, sua tiara de diamantes, seus anéis de rubis. O dragão negou tudo, e disse que só pegaria o sapatinho se ela prometesse que ia ajudá-lo a quebrar a maldição que o prendia ao rio. Ela concordou no mesmo instante e ele mergulhou para buscar sua peça preciosa. Mas mal pegou o sapatinho de volta, um grupo de vassalos apareceram no jardim procurando pela princesinha. O dragão se escondeu nas águas e ela foi levada pelos criados para o castelo. Ao chegar em casa, a princesinha encontrou o rei muito zangado. Ela tinha ficado o dia inteiro sumida, e seus pais ficaram muito preocupados. Sen tentou contar a história do sapatinho e do dragão mas quando o rei ficava irritado não tinha conversa: ela ficou de castigo em seu quarto e avisou aos criados que ela não poderia sair de lá sem autorização expressa do monarca.

-Tadinha! Não foi culpa dela ficar tanto tempo no jardim!-a menina exclamou com pena- E a promessa que ela fez para o dragão?

- Esse era o grande problema. Sen podia ser mimada e até um pouco reclamona, mas sempre cumpria suas promessas. Ela andava de um lado para o outro no seu quarto de marfim pensando em como poderia encontrar o dragão novamente. Estava tão ansiosa que não conseguia dormir ou comer direito, e quando mais dias se passavam mais fraquinha e doente a princesinha ficava. Não havia médico, curandeiro ou mago que conseguisse curar a menina. Então uma noite, os guardas anunciaram que tinha alguém exigindo ver o rei para falar sobre sua filha. Sem se importar com o horário, o rei permitiu que a pessoa entrasse. No primeiro instante ele quase se arrependeu pois quem passou pela porta era uma asquerosa sapa com uma verruga gigante no meio da testa e olhos quase humanos. A sapa perguntou com uma voz grave se o rei se importava em falar com um humilde anfíbio. Ele pensou por um tempo e respondeu com sinceridade que todas as criaturas do reino tinham direito a uma sessão com o rei, independente de quem ou o que elas eram. Na mesma hora a sapa se transformou para sua verdadeira forma: uma bruxa baixinha de cabelos grisalhos e sorriso gentil. Ela disse que viu bondade no coração do rei, e ao responder que não se importava com aparências ganhou o direito de saber o que estava acontecendo com sua filha.

-Essa bruxinha é a Zeniba, não é?

-Ela não seria a Zeniba porque é uma historinha inventada, mas bem que parece, não é? Acho que podemos chamá-la assim. -a garotinha concordou e eu continuei.- A bruxinha Zeniba disse que a princesinha estava sofrendo porque estava ligada ao guardião do rio. Ela contou sobre o acidente com o sapatinho e a promessa que a menina fez em ajudá-lo a quebra sua maldição. O rei ouviu tudo com muita atenção, e como um líder honesto, ele sabia o quão poderosa e importante a palavra de alguém. E como a princesinha tinha dado sua palavra, era natural que sofresse por não poder cumpri-la. Ele perguntou a Zeniba se ela sabia como quebrar o encanto. A bruxinha negou pesarosa, dizendo que já havia dito tudo que sabia. A única solução era libertar a princesinha e deixá-la cumprir seu destino. Apesar da insistência do rei, a bruxinha partiu logo em seguida deixando-o sozinho com seus pensamentos. Ele decidiu chamar seus três conselheiros para discutir o assunto. E esse foi seu grave erro.

-Por quê?

-Porque seus conselheiros apesar de parecerem sábios, eram apenas três grandes cabeças vazias. Apontavam sempre o caminho mais fácil, mais curto, porém não necessariamente o caminho certo. E foi o que eles fizeram dessa vez. Eles conseguiram convencer o rei de que se um dragão poderoso não tinha conseguido quebrar o próprio encanto era porque era algo impossível. Na certa, disse o primeiro, o dragão tinha enfeitiçado a princesa. O segundo concluiu que a bruxa Zeniba só poderia ser aliada da criatura, afinal seres mágicos andam juntos. E o terceiro deu o conselho final: a única forma de livrar a princesinha de seu sofrimento era matando o dragão.

- Não!-a garotinha protestou- O rei não pode acreditar neles!
- Infelizmente, o rei acreditou. Apesar de ser justo e bom, o rei costumava a agir precipitadamente quando o assunto era sua querida princesinha. Ele reuniu seus melhores homens e começou uma caça ao jardim secreto. Uma das criadas ouviu tudo por trás da porta e resolveu avisar a princesinha. Ela conhecia a menina desde de que tinha nascido, e nutria um amor de irmã mais velha por ela....- fiz uma pausa pra pensar e sugeri com um sorriso- Que tal ela se chamar Ling?

A garotinha estava tão absorvida na história que demorou alguns segundos para concordar com a ideia com um aceno de cabeça.

-Ling contou tudo para princesinha que ficou desesperada. Ela precisava voltar para o rio para ajudar o dragão. Ling avisou que seria perigoso, mas Sen não deu ouvidos. Mesmo contrariada ela e o cozinheiro, outro grande amigo da princesinha armaram um plano para distrair os outros criados e a rainha enquanto Sen fugia. Ela conhecia o caminho escondido entre as rosas, então mesmo fraca conseguiu chegar antes dos soldados do rei. As flores, vagalumes e árvores se esforçavam para ajudar a menina, mostrando o caminho mais fácil, e fechando-o com pedras, galhos e espinhos assim que ela passava. O dragão estava deitado as margens do rio tão fraco que mal conseguia se mexer. A maldição estava devorando o coração do dragão aos poucos. Mas ela pode ver que seus olhos brilharam ao encontrá-la ali. A garota perguntou o que poderia fazer para ajudá-lo, tão preocupada quem se esqueceu completamente de que tinha ido ali pra avisá-lo sobre seu pai. O dragão explicou que sua maldição era antiga, e para quebrá-la era preciso encontrar a resposta entre dois enigmas. o primeiro era mais ou menos assim: Com ele, sou quem sou. Sem ele, eu não sou mais. Faz parte de mim, mas não posso ver ou tocar. Mesmo assim quase nunca o costumo citar. - aconcheguei melhor minha menina deitada no meu braço- Então, o que você acha que é?

Ela colocou a mãozinha no queixo, fazendo novamente aquela expressão pensativa. A menina repetiu a pequena charada algumas vezes até seu rosto se iluminar com a resposta.

- Já sei! É o nome! O nome dele é a resposta.

- Muito bem, querida! -elogiei dando-lhe beijo no topo da cabeça- É essa mesma a resposta!

O dragão acenou quando a princesinha acertou o primeiro enigma e lhe disse o segundo enigma: Não tem pés, mas muito corre. Mesmo tendo leito, nunca dorme. E se um dia parar ele morre. A garota pensou um pouco, mas ao longe começou a ouvir os cavalos do pai cada vez mais perto. Não tinha muito tempo para responder.

-Calma, calma! -a garotinha levantou as duas mãos e pensou por um instante.

Comecei a batucar nas minhas próprias pernas imitando o som da cavalaria chegando. A garota me lançou um olhar zangado, e eu ri muito ao ver o quanto ela estava levando tudo a sério.

- O rio! A resposta é o rio.

-Essa é a minha garota! Reposta correta. Mas só isso não era necessário para quebrar o feitiço. Era preciso encontrar a solução entre os enigmas. A garota ouviu um dos soldados do seu pai gritar que encontrou o caminho entre as roseiras. Em minutos eles estariam ali.

-Se a primeira resposta é o nome a segunda é o rio... Então só pode ser o nome do rio...?

-Tem certeza?

-Não...-ela olhou para baixo pensando mais um pouco- O nome... O nome dele e o rio.O nome do dragão e o nome do rio é o mesmo! A resposta para quebrar a maldição é descobrir o nome dele!

-Era isso! A princesinha começou a procurar em volta do jardim, uma placa, um sinal, qualquer coisa que indicasse o nome do rio. A lua iluminava o leito do rio, e ela viu lá no fundo do rio um pedaço de madeira que parecia ter alguma coisa escrita nele. Mas o dragão estava muito fraco para se levantar da margem, e os soldados já tinham entrado no jardim com suas flechas e facões em punho. Sem pensar duas vezes, Sen pulou no rio.

-Mas ela não sabe nadar!- minha filha cobriu a boca com as duas mãos em choque.

-Sim, a princesinha não sabia nadar, mas estava tão preocupada com o dragão que nem se lembrou disso até ter conseguido pegar a plaquinha no fundo rio. Ela tentou subir de volta, mas por mais que balançasse os bracinhos e as perninhas nada a fazia sair do lugar, e quando já tinha perdido todo o fôlego, algo a carregou para a superfície novamente. Era o dragão. A criatura tinha usado todas suas forças para ajudá-la. Se alguma pontinha de medo dos dentes afiados ou dos chifres dourados, ainda existia nela, sumiu completamente naquele momento, e ela o abraçou. Os soldados e até mesmo o rei, ficaram paralisados tentando entender a cena. Tadinhos, muitos daqueles homens nunca o tinham conhecido, mas o que estava se passando ali ia muito além de feitiços e promessas. Algo mais forte que o destino, e que poucos tiveram o privilégio de encontrar. Mas acho que nem mesmo a princesa e o dragão sabiam disso naquele instante. Sen pegou a plaquinha e leu em voz alta o que estava escrito ali...

-Nigihayami Kohaku Nushi! - a garota levantou os dois braços enquanto repetia o nome tão conhecido. Estava já comemorando antecipadamente o final feliz.

-Então num nuvem de escamas e pétalas de flores surgiu um garoto no mesmo lugar onde antes estava o dragão. Ele se curvou agradecendo e explicou que essa era a forma original dele antes de ser enfeitiçado por uma bruxa malvada. Ele e Sen se abraçaram, e o rei mandou seus homens voltarem para o castelo. Dizem que muitos anos depois o menino-dragão e a princesinha se casaram e governam o reino de forma justa e sem aqueles conselheiros malucos. Dizem também que eles tiveram uma linda menina, a princesa mais linda de todas, e os três viveram felizes para sempre.

- Foi uma linda história, mamãe! - ela comentou entre bocejos - Mas por que a bruxa malvada tinha enfeitiçado o menino?

-Isso fica para uma outra história.- me levantei da cama, ajeitando os lençóis sobre ela- Quem sabe amanhã eu conto?

-Ia ser legal...- ela abraçou seu ursinho de pelúcia, com os olhinhos pesados de sono.

Em poucos instantes ela já estava dormindo. Não sei quanto tempo passou, mas eu permaneci ajoelhada ao lado da cama vendo ela adormecer. Estava tão tranquila, como um anjinho. Um anjinho que eu tinha o privilégio de ter em minha vida. Ainda ontem podia levá-la junto ao meu peito, tão pequena que a carregava facilmente entre meus braços

-O tempo passa tão rápido...

Tive um sobressalto, olhando para direção da voz. Encontrei um homem encostado no batente da porta do quarto. Seu rosto alvo estava muito mal iluminado pela luz do abajur no criado mudo, mas dava para ver seu olhos verdes rindo divertidos.

-Haku!- reclamei com um sussurro.- Você me assustou!

Ele murmurou desculpas, mas eu pude ver nos olhos dele que não estava nem um arrependido. Essa era uma das características marcantes do Haku. Além, da irritante habilidade de se locomover sem fazer nenhum ruído parecendo que brotou das trevas, ele se comunicava pelos olhos. Não sei explicar direito, mas é como seus olhos tivessem vida própria. Poderíamos passar o dia inteiro conversando sem trocar uma única palavra, apenas por olhares. Apesar de alguns amigos nossos jurarem que é telepatia. Sempre defendi a ideia de apenas nos conhecíamos bem depois de tantos anos juntos, mas quando eu vi um par de meias nas mãos dele, vi que talvez Ling e os outros tenham um pouco de razão. Cuidadosamente, Haku colocou o par de meias extras nos pezinhos da nossa menina, que continuou babando no travesseiro, dormindo à sono solto. Ele murmurou boa noite, e beijou sua testa delicadamente, antes de saírmos devagar do quarto.

- Foi uma boa história. - ele comentou enquanto andávamos pelo corredor.

-Estava ouvindo atrás da porta? -reclamei brincando- Podia ter entrado, e inventado com a gente.

- E provavelmente ela ficaria tão agitada com nós dois, e ia perder totalmente o sono.

-Tem razão. Para Aiko* tudo é motivo de festa.

-Nem sei de quem ela puxou essa animação toda...

Eu tive que rir. Aiko era até calma se a compare-se comigo quando tinha sua idade. Não tinha historinha, cantiga de ninar, que me fizessem dormir quando eu não tinha sono. Tadinhos da mamãe e do papai, pensei me lembrando daquela época.

-Estava pensando... -Haku comentou - Essa sua história inventada me pareceu um pouquinho familiar, não?

-Sou inocente. -me defendi enquanto lutava para conseguir tirar meu cordão quando chegamos no nosso quarto.- Foi a Aiko que escolheu os nomes.

Haku veio em meu socorro, colocando meu cabelo para o lado e sem nenhuma dificuldade soltando fecho do acessório.

-Okay...- me rendi gesticulando- Talvez eu tenha me inspirado um pouquinho em fatos reais.

-Um pouquinho? - ele repetiu sarcástico envolvendo seus braços na minha cintura.

- Um pouquinho mais que um pouquinho, satisfeito? - admiti e recebi uma risada em resposta.

Deitei minha cabeça no peito dele e ficamos nesse abraço por um tempo. Outra coisa que Haku fazia era me fazer perder a noção das horas. Era como se criasse uma bolha a nossa volta e o tempo e o mundo parasse para nós.

-Obrigado.

-Por que?-murmurei ainda com a bochecha colada em seu peito - Por ter quebrado seu contrato com a Zeniba?

-Também. Mas tem muito mais. - ele segurou meu queixo levantando meu rosto para que eu pudesse olhar em seus olhos. Lá estavam eles, sempre um passo à frente de suas palavras. Mostrando uma gratidão e amor tão intensos que eu quase podia tocar.
-Eu queria te agradecer, Chihiro, por estar comigo durante todos esses anos. Por ter me ensinando o que é amar e ser amado. Por ter acreditado e lutado por mim. Por ter me dado essa família maravilhosa que tenho. Queria te agradecer por todos os dias me provar que a felicidade existe, ao acordar pela manhã e te ter ao meu lado.

Ainda com o coração meio agitado pela declaração, Haku me beijou. E algo que definitivamente, só ele conseguia era que toda vez que nossos lábios se tocavam eu me sentia como da primeira vez. As mesmas borboletas no estômago, a mesma sensação de voar alto nos céus e se derreter numa poça no chão ao mesmo tempo. Com Haku aprendi que era possível se apaixonar todos os dias por uma mesma pessoa. Sem se afastar de mim, ele estalou os dedos, e desligou todas as luzes da casa.

-Exibido!-impliquei mais para não perder o costume.

Porque na verdade não importava. Ele era um dragão exibido, e sua princesa mimada que depois de tantos encontros e desencontros vivíamos enfim, o nosso mais que merecido pedaço de felizes para sempre.


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Notas finais do capítulo

Aiko quer dizer filha do amor ♥
Fofíssimo demais, né gente?

Até uma próxima história!



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