Eu sabia que Sara estava certa, pelo menos em partes. Eu fui errado em renega-la se tivesse ido atrás dela antes talvez poderia estar com ela e com Julia. Julia era tão linda. Entretanto ela não podia me cobrar cuidados sobre Julia, não sabia da existência dela, e se soubesse teria sido o melhor pai do mundo desde então. Ou tentaria ser. Pelo menos melhor que os meus. Não, não tinha o que reclamar, não de meu pai.

Fui para a casa de minha mãe, que também era casa de meu pai, provavelmente ele não estaria lá a esta hora. Dela sim tinha muito que reclamar e devia tirar algumas coisas a limpo.

– Você conseguiu o que queria não é? Depois fingiu que não era a vilã da história. – Dizia com sarcasmo, aos berros.

– Baixa este tom de voz em minha casa. – Ela gritou. Na casa dela, somente ela poderia levantar o tom de voz. – Afinal, do que é que está falando?

– Estou falando de Sara. Da filha dela, alias, de minha filha. Eu não acredito que depois de tudo, você sabia que ela teria um filho meu e não me contou nada. Eu passei meses que nem um maricas chorando pelos cantos e você nem se importou comigo, não falou-me nada. – Estava irritado, acima de tudo decepcionado.

– Se ela não quis contar-te, por que faria isto? – Ela disse sínica. – Quem era eu para dizer que ela estava gravida de você? Alias, ainda tenho minhas duvidas se este filho é seu. Deus não seria tão cruel para misturar o sangue dos Grissom com aquele.

Isto me deixou completamente raivoso. Meu sangue subiu a cabeça como se fosse ferver.

– Você é minha mãe, acha pouco isto? – Ficava cada vez mais exaltado. – E para sua informação ela é a minha cara, é a minha filha, e se você a visse teria certeza de que ela não precisa nem de um DNA para mostrar que tem o sangue dos Grissom. E agora – engoli seco – Sara não quer nem que eu seja pai dela.

– Se você é realmente o pai, está tão convicto, é só seguir a justiça. Terá teus direitos sobre sua filha. – Ela ainda ironizava, como se não acreditasse que fosse minha filha.

– Não. – Suspirei, dando um basta. – Se Sara não me quer como pai dela, eu vou aceitar. Já errei tanto com ela em minha vida toda que está na hora de ela tomar suas decisões sem mim, alias ela já está fazendo isto desde o inicio não? – Comecei a acalmar-me.

– Você não precisa dessa filha Gilbert, você tem um futuro pela frente, não precisa dessa criança para te atrasar.

– Você está ouvindo o que você diz? – Não conseguia conceber o que escutava. – Você está prestando atenção nas palavras que saem da sua boca? Você só pode estar maluca falando assim da sua própria neta.

– Esta bastarda nunca será minha neta. – Beth cuspiu as palavras, a partir daquele dia ela seria apenas Beth para mim.

– Que bom saber disto, por que eu também não quero mais ser seu filho. – Sai batendo a porta e voltei para meu apartamento.