Since the beginning escrita por Thamiyyi12


Capítulo 14
Night of pajamas? No one deserves it...


Notas iniciais do capítulo

Falei que ia vim mais tarde, mas eu estou travada na fic que disse que iria me dedicar mais. Então....... Já estou aqui !!!
Sim esse capítulo é enorme comparado aos outros, e desculpe se tiver cansativo de ler.
Também gostei muito dele..... Tomara que curtam também.
Não revisado, sorry.
Espero que gostem !!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/652971/chapter/14

O som ligado num volume não muito alto, porém sua voz com certeza estava o contrário.
Me concentrava no violão em minhas mãos, sem tocar uma música certa. Na verdade, eu não sabia tocar.
Eu só fingia.
Ou tentava.
Meus dedos doíam um pouco, isso por causa da pressão que fazia nas cordas do instrumento.
Eles estavam vermelhos no topo, com as marcas mais em evidência.
Não tinha conhecimento dos acordes que eu estava tocando, talvez nem existissem.
Bufei, olhando para cima por um instante.
Calum tinha um microfone em mãos, e cantava uma música da Lady Gaga junto com o jogo.
Ele até me chamou para jogar com ele, mas... O que? Não mesmo!
O moreno parecia nunca querer sair dali, e acho mesmo que estava se divertindo.
Ninguém merece.
O garoto de cabelo alaranjado se encontrava do outro lado da sala, sentado no sofá.
Ele ria em alguns momentos, enquanto assistia Calum com o seu showzinho.
Michael também não queria jogar.
Eu não me sentia muito bem com o garoto aqui.
Não estava nem confortável com Calum ainda.
É estranho.
Ele é estranho.
Não gostei dele.
Desviei o olhar, quando percebi que estava olhando demais, e voltei a observar Calum.
Ele já havia ido para outra música, da qual não sabia de quem era.
Ainda cantava escandalosamente.
Rodei os olhos ao vê-lo rebolar em cima do tapete de centro.
Deixei o violão ao meu lado, em cima do sofá.
Na mesa perto de mim, cerveja e refrigerante eram vistos.
Eu já havia bebido. Uma vez.
Quando minha mãe morreu.
Naquela noite, não lembro de quantas bobagens eu fiz.
Não lembro de quanta merda falei, mas posso garantir, que ninguém pode contar.
Olhei para a garrafa aberta, pensando se deveria.
Meus olhos iam de uma bebida para outra.
Isso teria que ser fácil.
É só pegar e beber.
Porém, eu lembro da sensação de estar bêbado. Lembro das coisas idiotas que a bebida me insuzia a falar.
E não. Eu não quero ficar bêbado.
Não hoje.
Apanho o refrigerante, abrindo a latinha.
Dou um gole grande, sentindo minha garganta arder por causa do gás.
Sento no sofá de um jeito mais confortável, e outra vez, observo Calum.
O vento da janela passa pelo meu rosto.
Frio, e cortante.
Vento de chuva.
Me direciono para o lugar de onde ele vem, e vejo o lado de fora escuro.
A noite se inicia.
O que? Já é noite?
–Calum.- chamo, sem necessariamente direcionar minha atenção para o moreno.
Ele canta cada vez mais alto.
Rodo os olhos, deixando o refrigerante em cima da mesa novamente.
–Calum, porra!- grito, levantando do sofá.
Ele dá pause no jogo, e olha para mim.
–Me chamou?- pergunta.
Suspiro, afastando a vontade de revirar os olhos.
–Já está de noite.- anuncio, apontando para a janela.
Calum observa por um instante o lugar para onde apontei, e me olha com as sobrancelhas franzidas.
–Valeu pela informação.- fala, e se vira para a tv, quase apertando o play.
–Calum! Já é de noite. Eu preciso ir.- digo, já irritado.
Esse garoto é muito idiota!
Ando até a porta.
Pensei que a música que o moreno estava cantando segundos atrás, começaria a tocar novamente, mas isso não ocorreu.
Distanciei a vontade de olhar para trás, só continuando a andar.
Minha mão já estava na maçaneta, quando senti o toque em meu ombro.
O empurrão foi feito, e a minha costa estava prensada contra uma parede.
Olhei para seus olhos verdes.
Ele ainda segurava meu ombro.
Franzi as sobrancelhas, olhando para sua mão, depois para seu rosto.
–Está me segurando por que?- perguntei.
Quem ele pensa que é para me segurar deste modo?
Ninguém.
Ele não é ninguém.
O alaranjado também olha para sua mão, e depois para mim de novo, antes de se afastar de meu corpo.
–Vai aonde?- pergunta.
Franzo o cenho.
–Pra casa.- digo como se fosse óbvio.
Ele abre a boca para responder, mas seu corpo vai para longe.
Não entendo o que está acontecendo, até ver Calum tomando o seu lugar.
–Não escutei. Você vai para onde?- diz, colocando a mão na cintura.
Rodo os olhos.
–Pra casa, Calum. Sai do meu caminho, por gentileza.- a última parte é dita com ironia.
Ele franze as sobrancelhas.
–Por que?- pergunta.
Cruzo os braços, bufando.
–Porque já é de noite, e meu pai nem sabe que estou aqui.- respondo, tentando passar por ele.
O moreno me impede, prensando mais minha costa contra a parede.
–Lucas, fica.- pede.
Olho para ele confuso.
–Dormir aqui?- pergunto, juntando as sobrancelhas.
–Sim.- sorri.- Eu te empresto roupas.
Olho para outro ponto que não seja seus olhos.
Eu realmente não quero dormir nessa casa. Não vou ficar confortável, sabendo que os pais de Calum irão chegar a qualquer momento.
–E seus pais?- pergunto.
Calum faz uma pose indiferente.
–Eles vão chegar só amanhã. Depois do jantar com os pais de Michael, eles vão para o plantão.- responde.
Outra vez desvio o olhar.
–E meu pai?- digo, o olhando desafiador.
–Liga para ele.- responde como se fosse óbvio.
Rodo os olhos.
Não tenho mais desculpas, e ele parece perceber isso.
–Vamos Lukeee!- pede suplicante.

*,-)

Os números são contados mentalmente, enquanto meus olhos estão fechados, encostados no braços junto à parede.
Suspiro, colocando o peso do corpo sobre um pé só, inclinando um pouco meu quadril.
Na outra mão, um refrigerante resfria meus dedos.
Ainda mantinha a decisão de não beber, e estava até que me saindo bem.
Os outros não seguiram o mesmo caminho que o meu.
Calum já está bêbado, e o garoto de cabelo alaranjado bebeu uma garrafa, mas não vejo se seu estado está tão alterado.
O moreno consegue ser mais insuportável bêbado.
Ele se comporta como se fosse uma criança, o que é um saco.
Michael e eu não trocamos muitas palavras, não que eu tivesse reclamando, porque assim é ótimo.
Porém, ainda sim ria de suas piadas, e sorria quando o via sorrir, sem entender realmente o porquê.
O último número foi contado, e finalmente pude me afastar da parede.
Rodei os olhos, antes de falar:
–Preparados ou não, lá vou eu!
Rodei novamente os olhos, não acreditando que eles me convenceram mesmo de fazer isso.
Que merda!
Bebi um gole da latinha, passando a mão livre pelo cabelo e olhando ao redor.
O silêncio era incrível.
Não ter a voz de Calum por toda a casa era tão maravilhoso...
Talvez um ponto positivo vindo daquela idiotice que estávamos fazendo.
O barulho foi escutado, e olhei para o lado, dando um sorriso maroto logo depois.
Garrafa quebrando, esse era o som. E eu sabia de onde estava vindo.
Me abaixei, deixando a latinha de refrigerante no chão, de forma lenta.
Olhei para a cozinha, antes de dar um jeito de tirar meus tênis, tomando cuidado com os sons que fazia.
Deixei os sapatos em um canto, e olhei para a cozinha novamente.
Meus passos eram leves e lentos; andava um pouco curvado.
Fiz o máximo de silêncio possível, chegando cada vez mais perto.
Quando andei pouco antes da parede que dividia a sala da cozinha, escutei os som de cacos de vidro.
Sorri de canto, e me curvei de lado, deixando um olho aparecer e espiar o cômodo.
Segurei na parede para me dar uma base, procurando por algum sinal de qualquer pessoa por ali.
Meus olhos finalmente foram parar aonde o moreno estava, mesmo sendo evidente que ele tentava o máximo para que isso não ocorresse.
O garoto se encontrava agachado, e juntava os cacos do que eu sabia que antes era um garrafa.
Ele era cauteloso, fazendo pouco barulho, mas isso não valia de nada, já que o vi faz tempo.
Sua touca estava mal colocada na cabeça, com os fios escuros saindo do pano.
Calum estava descalço, o que me fez rodar os olhos.
Ele não sabe que pode se machucar com o vidro da garrafa?! E aposto que vai, já que ele se encontra bêbado.
Porém, de qualquer forma, deixei isso de lado.
Me permiti aparecer mais um pouco, colocando minha cabeça à mostra.
Sorri, me preparando de alguma forma para a corrida que irei fazer.
Franzi minhas sobrancelhas, na expressão mais debochada que conseguia.
E então, falo:
–Limpa bem direitinho, tudo bem?- evito um risinho, mas minha expressão, mantenho.
O garoto me olha com os olhos arregalados, deixando um caco cair de suas mãos.
–Droga.- sussurra, ainda me encarando.- Não, não, não, não, não, não. Que merda!
Ele se levanta lentamente, e o olho desafiador, falando através desse ato o que eu e ele já sabemos; o garoto não tem chance.
Quando ele pensa em se mexer, me antecipo, já correndo até a parede que estava encostado.
Desvio de algumas coisas que estão no caminho, não lembrando de tê-las visto quando fiz o mesmo percurso, só que andando.
Escuto os seus passos, e sei que o moreno também está correndo atrás de mim.
Pego no espaço que minha cabeça estava encostada há minutos, olhando para trás com o intuito de ver o garoto.
–UM, DOIS, TRÊS, CALUM!- grito, antes de ter o peso de seu corpo sobre o meu.
Aposto que ele pensava que ainda conseguiria, ou apenas não conseguiu parar no tempo certo.
De qualquer forma, minha costa é empurrada contra a parede, mas não dói. O máximo que faço, é dar um gargalhada, sem ainda enxergar o moreno.
Quando o acho, rio mais ao ver seu corpo no chão, e sua respiração ofegante.
Ele arruma a touca na cabeça, e levanta.
–Porra Lucas!- me empurra, assim que desencosto da parede, o que faz com que eu volte para o mesmo lugar.- Mas que merda! Eu ia me salvar, cara!
Ele me empurra mais uma vez.
–Ei, não desconte em mim! Não posso fazer nada se você é idiota.- digo sorrindo largo.- Acho que não sabe a sua função nessa brincadeira...
Ele roda os olhos, enquanto coloca as mãos na cintura, ainda recuperando o fôlego.
–É óbvio que eu sei! Eu só esbarrei naquela garrafa, e não podia deixar os cacos lá!- diz gesticulando com as mãos.
Rodo os olhos, negando com a cabeça, e ainda sorrindo de lado.
Procuro pelo meu refrigerante, e o apanho do chão, assim que o encontro.
Bebo um gole, e escuto a sua risada atrás de mim, o que me faz ficar confuso.
Dou de ombros, o encarando com as sobrancelhas franzidas.
–Cara... Merda! Eu fui mesmo um idiota, né?!- gargalha outra vez, levantando um pouco a cabeça.
Rodo os olhos.
Bêbados...
–Foi mais que idiota.- tomei um pouco do refrigerante.- Podia ter deixado para limpar depois.
Ele ri mais alto.
–Verdade, não é?!- responde, dando um tapa em sua testa.- Eu sou muito burro...
Olho para ele incrédulo.
–Cara, acho melhor você parar de beber.- digo.
Ele para de rir aos poucos, depois só me olha com seu sorriso largo costumeiro.
–Por que? Não entendi.- ele responde.
Suspiro lentamente, espremendo os lábios, em uma única linha.
–Calum, cala a boca por favor.- digo, fechando os olhos.
Ele ri por alguns segundos.
–Ei! Cala a boca você!- diz, depois de um tempo.
Rodo os olhos, e deixo o refrigerante no chão novamente, mas não antes de tomar mais um gole.
–Já achou o Mike?- escuto a voz do moreno, e termino de levantar, depois que deixo a latinha encostada na parede.
Mike? Mike.
–Não. Vou lá procurar por ele.- olho ao redor, e afasto o moreno de meu caminho.
–Ta. Eu vou ficar aqui.- Calum diz
Não o respondo, apenas continuo andando; meus olhos indo por todo canto da sala.
Demora um pouco para que eu entenda que provavelmente, Michael não está por ali.
Caminho lentamente, não sabendo exatamente aonde estou indo.
Subo a escada, passando a mão pelo corrimão gelado.
Meus pés não fazem muito barulho, o que agradeço mentalmente.
Só demoro para chegar ao andar de cima, por causa do ritmo demasiado devagar que usei. Sei que se fosse ao contrário, talvez o garoto de cabelo alaranjado, se tivesse realmente naquele andar, me notasse apenas por ser descuidado com as pisadas nos degraus.
Há outra sala naquele ambiente. Talvez eles a usem para suas visitas...
Ao contrário da lá de baixo, o cômodo está bastante arrumado. Os sofás são maiores um pouco, a televisão também. Existe uma mesa de centro, o que é o único ponto que diferencia as duas salas, já que a do outro andar, é o tapete que se encontra entre o telão e os sofás, não uma mesa.
Logo, próximo à um dos sofás, há um corredor, o que interpreto ser o que dá acesso aos quartos.
Outra vez, me pego elogiando a casa de Calum, antes de notar sons que se assemelham a passos.
Me foco novamente na brincadeira que estamos jogando, e começo a andar.
Paro perto da tela plana grudada na parede, e olho de canto para o corredor.
Espero uns minutos antes de andar até a parte dos quartos.
Normalmente, eu não fico confortável entrando assim na casa dos outros, mas não posso procurar por Michael parado.
São seis portas.
Eu sei que Calum tem só uma irmã, já que ele me disse hoje, enquanto falávamos sobre o lance do Ashton e sua mãe.
Eu penso assim:
Um quarto é dele, outro é da sua irmã, outro é dos pais, e uma das portas, provavelmente é o banheiro.
Dois quartos de hóspedes...
Porra, não sabia que eles tinham tanta grana assim...
Ando até a primeira porta à esquerda.
Minha mão está na maçaneta, e sinto uma ansiedade, ao cogitar que o garoto de cabelo alaranjado está lá, e que provavelmente será pego de surpresa.
O pensamento me faz sorrir de lado.
Conto até três num sussurro, e abro a porta rapidamente.
O preto das paredes se destaca, pelo menos para mim, já que nunca havia visto esse tipo de pintura em quartos.
A única coisa que quebra o clima pesado do ambiente, é a janela aberta, e o ursinho branco em cima da cama.
Acho que é o quarto da irmã de Calum.
E não. Michael não está lá.
Me afasto da porta, e só encosto a mesma, com medo de fazer barulho.
Tenho o pensamento passageiro sobre onde está a irmã de Calum, e agradeço mentalmente que mesmo se ela tiver em casa, é super massa não estar agora em seu quarto, pois não sei aonde enfiaria minha cabeça se eu tivesse aberto a porta daquela forma, e ela tivesse lá.
Mas acho que de uma forma ou de outra, a garota não se encontra em casa.
Balanço a cabeça, espantando os pensamentos, e então ando até a outra porta à esquerda.
Quando pego na maçaneta, e já a estou virando, é tempo suficiente para se escutar a frase vinda do andar de baixo.
–UM, DOIS, TRÊS, SALVE EU!
Praguejo baixo, e rodo os olhos.
Ando com passos largos até a escada.
Sento no corrimão, e deslizo por ali, logo chegando à sala.
Michael ainda tem sua mão encostada na parede, e sorri largo e satisfeito ao me ver.
Faço uma pose indiferente, cruzando os braços no peito e desviando meu olhar do seu.
–Parece que alguém procurou no andar errado.- Calum diz.
O encaro, cerrando os olhos, o que o faz rir. Depois, só olho para outro lugar, não ousando descruzar os braços.
Escuto o seu risinho debochado, antes de sua voz romper o silêncio.
–Ta, quem é agora?- é o garoto de cabelo alaranjado que pergunta.
–Calum.- digo, juntando os braços com meu corpo.
O moreno faz bico, abaixando os ombros.
Michael pega no braço de Calum, o trazendo para trás.
–Não, deixa que eu conto.- diz, e se encosta na parede.
Calum e eu nos olhamos, e assim que escutamos o garoto de cabelo alaranjado começar a contar, vamos atrás de um lugar para se esconder.
Meus olhos correm pelo espaço ao redor, e minhas mãos começam a suar.
Não sei exatamente aonde me esconder.
Corro até uma corredor perto da cozinha, este que não havia reparado antes, e o encaro.
Cerro os olhos, por causa da escuridão, e então enxergo a porta.
Olho para trás, vendo Michael apoiado em seu braço. O com a tatuagem.
Não escuto mais os números que ele conta, mas acho que falta muito para chegar ao cem.
Mordo o lábio inferior, e ando pelo corredor com pouca iluminação.
Caminho na ponta dos dedos, com medo do alaranjado me escutar, pois se isso acontecer, com certeza irá ser fácil para me achar, já que o corredor só tem um cômodo.
Movo a maçaneta, abrindo uma fresta e assim espiando o que há depois da porta.
Na verdade, não enxergo muita coisa, só vejo algumas vassouras e produtos de limpeza.
O lugar é apertado, porém, não penso em outro melhor.
Entro, encostando a porta.
Apalpo a parede, e assim que percebo não ter nada, encosto minha costa nela, na parte que sei que quando ou se Michael abrir a porta, a mesma irá me cobrir e ele não me verá.
Entrelaço minhas mãos, esticando as pernas um pouco e depois, decido cruzar os braços.
Segundos. Esse é o tempo que estou ali, e já escuto o barulho da maçaneta.
Na mesma hora, me encolho mais perto da parede.
Ele já terminou de contar?
Fecho os olhos, torcendo mentalmente para que o alaranjado saísse logo, já que ninguém nunca me veria ali.
Enxergo a touca cinza, fazendo um enorme esforço, e logo fico confuso.
Michael não estava de touca.
Quem quer que seja, entra, fechando a porta.
Ainda tento enxergar, mas logo ouço:
–Lucas? Você por aqui!- é a voz de Calum.
Finalmente entendo a touca cinza.
–Calum? Quê que você está fazendo? Aqui é o meu esconderijo.- sussurro, gesticulando com as mãos.
Ele ri por alguns segundos.
–Sinto muito, mas Michael já está terminando de contar, e não tem lugar melhor.- parece terminar, mas continua após um momento.- E acontece que eu pensei nesse lugar primeiro, só que tive vontade de ir no banheiro, então demorei para vir.
Rodo os olhos, suspirando pesadamente.
–Argh, você é um idiota.- digo baixo, passando a mão pela testa.
Pego na maçaneta, e já estou para sair dali, porém...
–LÁ VOU EU!- Michael grita.
Olho para os lados, mas a única opção que me resta, é voltar para o lugar pequeno.
Calum ri baixo, e lhe dou dedo em resposta.
Nós estávamos bastante próximos, já que era apertado.
–Eu q-
–Shiu, ele pode escutar.- tapei sua boca, fechando os olhos, e me concentrando em saber se o garoto de cabelo alaranjado se encontrava próximo ou não. Tentava ouvir se seus passos estavam pelo corredor.
Não escutava nada, porém.
Minha mão ainda estava na boca do moreno, sabendo que se não tivesse daquela forma, ele estaria falando mais do que tudo.
A agonia é visível em nós dois, mas sei que não podemos sair ainda.
Depois de alguns minutos que pareciam nunca querer chegar, achei seguro abandonarmos o esconderijo.
Tirei a mão lentamente da boca do moreno, olhando em seus olhos.
–Nós vamos sair, mas não fale nada. Ele ainda pode estar perto daqui.- sussurro em seu ouvido.
O moreno assente.
Empurro Calum um pouco para o lado, e já estou em frente à porta.
Minhas mãos soam de leve, e sinto meu coração palpitando forte no peito.
Giro a maçaneta, abrindo a porta lentamente.
Quando ela está totalmente aberta, e olho para o lado, me assusto de imediato.
Suspiro o ar fortemente, do tipo que fazemos quando levamos um susto.
O garoto me encara, encostado no batente da porta.
Seu sorriso de lado está lá, o mesmo que ele fez quando me olhou no começo da escada mais cedo.
Ele fica em pé direito já que estava inclinado, saindo de perto da porta.
–Sabia que os dois estavam aí.- diz, sorrindo maroto.
Mordo a parte interna da boca, sem saber direito o que falar.
Assim como na minha vez de contar, eu sabia que eu iria correr. E muito.
Michael parece ler minha mente, e se torna sério, dando um passo de leve para trás.
Espero pelo sinal.
É quando seu pé se mexe mais uma vez, que me preparo para a corrida.
Nos encaramos, percebendo um o movimento do outro.
Segundos depois, ele dá de ombros tão rápido, que leva um tempo para eu me tocar.
E então, eu o sigo, correndo o mais rápido que posso.
De forma rápida, não demora muito para estar do lado do garoto, pensando até mesmo que passei dele.
A parede está mais próxima, e sorrio com o fato.
Estico meu braço no ar, e...
–UM, DOIS, TRÊS, SALVE EU!!
Só não sorrio do jeito que deveria, por estar ofegante demais.
Escuto o resmungo atrás de mim, mas não ligo muito para isso.
–Um, dois, três, Calum.- Michael fala, o que me leva a pensar que o moreno não conseguiu correr tanto que nem eu.
Ando até o tapete, e deito no mesmo, com os braços abertos.
Meu peito ainda sobe e desce rapidamente, enquanto eu tento desesperadamente reverter isso.
Não demoro para sentir o calor ao meu lado esquerdo.
Desvio minha atenção para a mesma região, vendo Michael também com a respiração ofegante.
Franzo o cenho, saindo um pouco de perto.
Olho para o teto, começando a respirar normalmente.
Também vejo Calum deitar, só que perto do garoto de cabelo alaranjado.
E ali ficamos pelos próximos segundos.
Escuto os pingos pesados do lado de fora, me lembrando do vento frio que invadia a casa anteriormente.
Ouço o resmungo de Calum, e logo o vejo passando por cima de meu corpo, e indo até a janela para fechar a mesma e impedir a água que ameaçava molhar o lado de dentro.
Ao invés de voltar para o seu lugar de antes, o moreno deita ao meu lado agora.
Silêncio.
Silêncio até:
–Então, como foi o primeiro beijo de vocês?- o garoto ao meu lado esquerdo pergunta.
Rodo os olhos.
Que papo clichê e infantil!
Calum dá gargalhada.
Apenas ignoro, continuando a encarar o teto.
–Bom, o meu foi muito constrangedor.- o moreno começa, depois de sua risada idiota.- Tinha um garoto, ele era meu melhor amigo.
Junto as sobrancelhas, e antes de pensar direito sobre o assunto, Michael outra vez parece ler minha mente ao fazer a pergunta:
–Espera, garoto?
Calum se vira de lado. Ele abre a boca, mas eu o corto.
–É, não sabia que era viado.- digo.
Ele roda os olhos.
–Eu não sou viado!- fala, como se fosse a coisa mais óbvia.- Foi só uma vez.
Olho para o teto.
Ele esperou alguns segundos antes de continuar com o relato.
–Ta. Nós estávamos falando justamente sobre isso. Ia ter uma festa de um garoto da nossa sala, e ele convidou todos.- eu o olhei, me interessando pelo assunto.- A gente estava se arrumando no quarto dele, e ele mencionou que poderíamos ficar com algumas garotas. Na mesma hora, eu fiquei tenso. Não tinha pensado sobre isso, mas era verdade. Aí eu o perguntei se ele já tinha beijado. Ele falou que era óbvio que sim. E quando me perguntou a mesma coisa, eu apenas não o respondi, só abaixei a cabeça. Ele riu baixo, e o vi se aproximar. Eu estava sentado em sua cama, já que estava pronto e só o aguardava ficar também. Parou na minha frente, e sussurrou que tudo bem eu ainda não ter beijado, e que até achava fofo. Eu sorri, e na hora, a ideia veio em minha mente. Perguntei se ele podia me ensinar. Lembro dos seus olhos se arregalando.- riu por alguns segundos.- Mas quando pareceu mais calmo e depois de também parecer pensar, ele falou que podia sim. E então com um sorriso de canto, ele pegou no meu queixo, levantando minha cabeça, e a gente se beijou.
Me olhou, depois que terminou.
Arqueei as sobrancelhas, desviando a atenção para o teto, e limpando a garganta.
–Ahn... E foi bom?- perguntei baixo.
–Err, foi. Foi... gostoso.- deu uma pausa.- Mas também foi só aquela vez.
Soltei um "ah".
Ta. Aquilo foi estranho. Aquele assunto foi de simples, para estranho.
–E você?- escutei Michael ao meu lado.
Calum gargalhou alto.
–Lucas nunca beijou, não ta claro?!- perguntou escandaloso.
Rodei os olhos.
–Cala a boca, Calum!- respondi entre dentes.
Ele riu por mais alguns segundos, e do nada, encostou a cabeça no tapete e fechou os olhos, num sono já profundo.
Franzi o cenho.
O garoto ao lado esquerdo olhou a cena, e riu anasalado. Depois, se virou para mim.
–E aí?- perguntou.
Ok. Contar ou não contar?
Contar, porque, qual é! Não é como se fosse um dos meus segredos mais importantes. Na verdade, nem era um segredo, mas também não saía espalhando por aí. E também, até parece que as pessoas vivem conversando sobre primeiros beijos, então...
Falei sobre como a garota que se dizia minha melhor amiga na quarta série, me agarrou no segundo dia depois que a gente se conheceu. Eu retribui, mas não queria que meu primeiro beijo fosse com alguém que eu nem gostava de verdade.
Mas foi bom. Só um pouco, mas foi.
–E você?- perguntei.
Ele sorriu, olhando para outro ponto distante, parecendo pensar.
Começou a falar, mas eu não prestava atenção.
Eu não prestava atenção.
Por que não conseguia prestar atenção?
Eu só sorria, e isso era por causa do seu também sorriso.
Era aquele lance de que o sorriso dele também me fazia sorrir.
Era um saco não entender o motivo, mas eu não podia evitar.
Também não parava de olhar seus olhos verdes.
Eles eram tão intensos e lindos.
Pena que o dono é um idiota estranho.
Como disse antes, não fui muito com a cara dele. Mas eu não vou com a cara de ninguém, e nem é de propósito, apenas nao gosto de pessoas. Calum é quem eu mais aturo.
Nem sei porque estou mantendo essa conversa. Por que estou conversando com esse idiota mesmo?
–E foi isso.- disse.
Ele sorriu, trazendo como consequência o mesmo de mim.
Seus olhos pararam sobre meu rosto, me observando por alguns segundos.
–Você sabe sorrir.- diz debochado.
Rodo os olhos, afastando a ideia de lhe dar um murro ou de xingá-lo, fazendo uma expressão de puro tédio, e olhando para o teto novamente.
Tento me concentrar em outra coisa, tipo a chuva caindo com mais desespero do lado de fora, mas sua próxima frase, me faz ficar com mais raiva.
–Devia sorrir com mais frequência, Lucas.
Aperto os punhos.
–Cala a boca! Meu nome não é Lucas.- respondo, antes de lhe dar ombros, e ficar de frente com Calum.
Ele ri.
–Tudo bem. Boa noite.
Essa é a última coisa que eu escuto de sua boca, até porque ele não fala mais nada, e também não demoro muito para cair no sono.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hey, deixa seu comentário, falando o que achou.
Vai me motivar muito !!
Kissus...