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Isabela solta seu braço bruscamente e sai pisando fundo

Talvez eu seja um idiota

POV´s Joaquim (continuação)

– Isabela volta aqui – grito, mas ela me ignora

– Me esquece idiota! Vai atrás da sua namoradinha caipira

Corro e paro em sua frente

– Não! Eu não vou. Eu fui um grosso, foi mal

– Pelo menos admite – diz com arrogância

– Eu não vou contar que te vi, mas se a Manuela se encrencar...

– Problema dela. Eu passei anos trancada e não vou voltar, não me importo com quem ficou para trás.

Bufo de raiva

Será que essa garota só pensa em si mesma?

– Então é melhor ir embora logo, os seguranças não devem estar muito longe.

Ela sai

E depois volta

– Eu vou para sua casa – diz ela autoritária

– Não mesmo! Pirou de vez Isabela?

– Isso foi uma ordem

– Se enxerga garota – digo irritado, quem ela pensa que é, a rainha da Inglaterra?

Sigo com meu caminho, mas sei lá, tem alguma coisa me incomodando no peito.

O fato de ver a Isabela depois de tantos anos, tão... Maltratada

Ela está alguns centímetros menores que a Manuela

O cabelo da Manu bate nos ombros, o dela já passa da cintura

Seu rosto é mais pálido, seu semblante é mais frágil. Ah também notei alguns machucados feios pelo corpo dela...

Não que eu estivesse observando o corpo dela. Longe de mim!

Na mansão Junqueira;

[N/A Isabela fugiu depois que Manuela voltou para a mansão]

POV´s Manuela

Assim que voltei do passeio com o Joaquim tomei banho e depois fui cumprimentar a Marina na cozinha, mas a encontrei chorando na bancada.

Fui até ela e levantei sua cabeça

– O que foi Marina? – pergunto preocupada

– A Isabela... – ela não completa a frase e volta a chorar

– O que ela fez?

– Fu-Fugiu – gagueja enquanto soluça

Sinto o ódio correr em meu sangue.

Como ela tinha sido capaz de fazer isso novamente?! Da ultima vez que a Isabela tentou fugir acabou me deixando para trás, como sempre, mas a Regina me castigou no lugar dela.

Minha Vozinha

Morta pelos capangas da Regina

Tudo culpa daquela mimada

Eu fui obrigada a assistir o assassinato da minha avó. Morta com cinco facas e um tiro na cabeça

Dias depois descobriram que Isabela apenas vagava pelo jardim, já que não conseguiu passar pela cerca-elétrica.

Deixo uma lágrima molhar meu rosto e escorrer até o pescoço, não faço questão de limpá-la. O que aquela monstra ruiva vai fazer com a minha família quando descobrir que a Isabela fugiu?

Minha mãezinha?

Minha tia?

Meus amigos?

Quem será a próxima vitima dessa seita?!

“Regina vai matar minha mãe” – penso já com o soluço entalado na garganta.

Mas eu não permitirei! Vou achar essa garota egoísta nem que seja a ultima coisa que eu faça.

– Marina? – chamo tentando ser firme

– O que? – diz limpando as lagrimas do canto dos olhos

– Preciso fazer uma ligação

– Não pode, Dona Regina nos mataria se soubesse

– É por uma boa causa

– Boa ou não, não está autorizada a ligar.

– É para achar a Isa o mais rápido possível – de certa forma

Marina me encara desconfiada e arqueia a sobrancelha, parece estar em duvida entre ceder ou não.

Por fim ela acaba me entregando o telefone fixo da casa

– Seja rápida – Marina fala e sai

Aperto forte o telefone contra meu coração.

Joaquim, você é minha ultima esperança!

Começo a discar seu numero.

No Vilarejo dos Sonhos;

POV´s Sabrina

Tristeza

É o que sinto depois de mais uma briga boba com o Matheus.

Será que ele nunca vai se tocar dos meus sentimentos por ele?

Após tanto tempo juntos acabei me apaixonando pelo cabeça de banana, quem diria!

Mas ele nem me notava, bem, não no bom sentido da palavra. Matheus ainda pega muito no meu pé, pelo menos somos “amigos”, que brigam a cada cinco minutos por uma pedra se possível.

Ele me chama de loira encrenqueira. Esse idiota ainda não se ligou que essa é minha forma de demonstrar afeto e tê-lo por perto.

O tempo passou, tantas coisas mudaram (não só entre mim e o sem noção), desde o desparecimento da Manuela o vilarejo nunca mais foi o mesmo.

Eu nunca fui muito ligada a ela, tinha até raiva pelo fato que ela sempre estava com o Téo, minha antiga “paixão” (que na verdade era apenas uma quedinha).

A Rebeca ficou tão arrasada que nunca mais foi à mesma, ela casou com o Otávio, o único que pôde ajudá-la na recuperação.

Mas tudo foi por água a baixo com a misteriosa morte da Dona Nina, sinto falta daquela velinha. Até a Dona Fiorina chorou no enterro da senhora.

Dona Nina foi achada morta no Cloreto, o lugar onde a neta cantava. O que ninguém entende é quem faria mal a uma velinha tão amável?

– Filha não se esqueça de levar esses sanduíches para a Helena – minha mãe avisa

– Certo, mãe – grito do meu quarto

Pego a bandeja na cozinha e vou até a antiga casa da Rebeca, onde mora a Helena.

– Boa tarde – digo ao entrar

– Boa – ele fala sorrindo – trouxe nosso lanche?

– Claro – ponho a bandeja na mesa

Depois da morte da Dona Nina a Rebeca não suportou ficar no Vilarejo, depois de tantas tragédias, e foi morar na cidade com o marido rico...

Ops... Otávio

Helena ficou muito sozinha, por isso eu sempre venho todas as tardes. Jogamos conversa fora e comemos, assim acabamos por virar grandes amigas.

– Temos vista hoje, espero que não se importe – ela diz

Vejo uma garotinha branca de cabelo castanho no sofá, muito parecida com o Otávio

– Quem é ela? – pergunto confusa

– Minha sobrinha

Minha boca se abre em um perfeito “O”

– Ela é filha da Rebeca?

– Sim, não se lembra dela? É a pequena Anna – responde feliz

Que lindo, Rebeca, tem outra criança para esquecer a filha desaparecida.

Já tinha esquecido essa menina, a Rebeca não vem mais aqui, agora virou uma metidinha de nariz em pé!

Helena percebe meu olhar torto para a garota e repreende

– Não pense bobagens. Minha irmã sofreu muito com a perda da Manu e da mamãe – diz com amargura – merece ser feliz.

– Ela está tentando substituir a Manuela isso sim! Esquecer a morte da filha.

– Anna foi uma surpresa para todos. Rebeca engravidou dela quando a mamãe ainda era viva, há dois anos. Nem pode presenciar o nascimento da neta.

Percebo que os olhos da Helena se encheram de lagrimas, deve ser difícil falar da mãe morta e a sobrinha desaparecida.

– Ela foi o único motivo pelo qual a Rebeca se manteve bem, para cuidar da filha, sem a Anna eu poderia nem ter tido mais minha irmã.

– Helena...

– Sabrina, por hoje já chega. Eu preciso esfriar a cabeça.

Saio calada e volto para casa.

Acho que falei demais...