Saímos do restaurante sem comer o polvo, mas ainda assim tivemos que pagar. Nós fomos até uma lanchonete e pedimos sanduíches, não nos arriscaríamos a pedir outra comida sem antes saber o que era.

— Bem melhor - disse Richard mordendo um pedaço do sanduíche - a aparência do polvo estava horrível.

— É verdade - Eu o olhei - mas tem algo errado.

— Algo errado?- Ele me encarou - O que foi Evelyn?

— Eu não estou me sentindo muito bem sabe... - minha visão começou a ficar embaçada - eu acho que vou, vou des...

Acabei apagando e não sei o que aconteceu depois. Antes de desmaiar eu ouvi Richard gritando meu nome e vindo até mim, depois não sei o que aconteceu.

Sonhei com algo bem estranho. Eu estava andando numa floresta num dia quente, usava um vestido branco e estava descalça. Meus cabelos estavam longos novamente e eu me sentia perfeitamente bem. Tudo estava bem silencioso e eu estava sozinha, até que o garotinho ruivo do meu outro sonho apareceu.

— Evelyn você precisa continuar a tentar - ele me olhou aflito.

— O que está acontecendo? - perguntei nervosa.

— Você está morrendo de novo. Sei que você consegue se lutar - ele me olhou tenso.

— Eu não posso morrer! Eu não quero deixar Richard e meus pais! Não posso morrer, não agora!

— Eu sei, então precisa se concentrar, não deixe que a doença te vença, não hoje. - ele se aproximou - Olhe para mim. Você tem que lutar.

— Como assim lutar? Eu nem sei onde eu estou. Que lugar é esse?

— Seu subconsciente. Você só está num lugar que te deixa mais calma. Tem que ter a vontade o suficiente para fazer com que seu corpo aguente.

— Eu não sei se...

Acordei. Eu estava no quarto do hospital que eu sempre parava depois de ter alguma recaída. Mas o problema é que eu estava em Los Angeles, por que acabei parando aqui?

— Bom dia Evelyn. Que bom que acordou - disse Dra. Emma com um sorriso.

— Por que eu estou aqui doutora? O que aconteceu? - perguntei nervosa.

— Você teve uma recaída, infelizmente. Como você não teria um tratamento adequado em Los Angeles para a doença, seus pais a trouxeram para cá. Infelizmente os resultados da quimioterapia não foram bons o suficiente para você poder viajar normalmente, sua doença evoluiu de uma forma inesperada nesses dias. Agora você vai ficar internada aqui por um tempo até que sua saúde fique estável novamente.

— Mas onde estão meus pais e Richard?

— Seus pais estão lá fora e Richard foi para casa. Nós pedimos para que ele descansasse um pouco já que ficou três dias direto no hospital.

— Três dias? Quanto tempo já se passou desde que voltamos?

— Você está dormindo há uma semana Evelyn. Richard ficou aqui durante três dias seguidos e agora vem aqui todo dia pela tarde para te ver. E seus pais não saem do hospital, vão rapidamente em casa e depois voltam para te ver.

— Doutora eu vou morrer? Minha saúde está muito ruim não é?

— Evelyn você passou por horas muito difíceis nessa semanas, mas agora está melhor. Eu vou avisar a seus pais que você acordou. Um instante.

Ela saiu do quarto levando sua prancheta com algumas anotações, então chamou meus pais. Minha mãe correu até mim, com uma cara de alívio.

— Minha filha que bom que você acordou! Estávamos tão preocupados com você! - Ela me deu um beijo na testa.

— Ainda bem que deu tudo certo na viagem de volta para cá, agora você parece bem melhor - disse meu pai sorrindo.

— Me desculpem por ter estragado a viagem, não tivemos tempo de aproveitar - falei triste.

— Não é sua culpa filha. Estamos gratos por você estar bem agora - disse minha mãe acariciando meu rosto.

Enquanto conversávamos, algo inesperado aconteceu. A porta se abriu bruscamente e Richard parou na frente dela ofegante. Quando ele me viu abriu um largo sorriso. Também sorri, vê-lo me fez ficar muito feliz. Como se ele tivesse acalmado a tempestade dentro de mim.