P.O.V Paulo
Eu e Alícia conseguimos resolver uma parte das burocracias para adotar o Théo e a Bellie, mas eles só podem sair de lá daqui a um mês, quando o tratamento terminar.
– Que cor você acha que a Bellie vai querer o quarto? – Eu perguntei a Alícia.
– Ela adora rosa e amarelo. Podemos fazer amarelo com bolinhas rosas. – Alícia respondeu.
– Só que o problema é que ela vai dividir o quarto com o Théo. – Eu disse.
– Sem problemas. Dividimos o quarto meio a meio. Uma parte é da Bellie e a outra é do Théo. Só falta saber que cor ele vai querer para a parte dele.
– Perguntaremos quando formos contar a história.
– Você já avisou pra eles que vamos passar um bom tempo sem ir lá, né? Ainda tem muita coisa pra resolver.
– Claro.
– Então como vamos saber qual a cor que o Théo quer?
– Outro dia, eu ouvi ele dizer que gostava de verde limão. Podemos arriscar.
– Não sei.
– Tenho certeza que ele vai gostar. Ele ficou tão feliz quando soube que íamos adotar ele e a Bellie, que nem vai se importar.
– Ok. Mas, por falar em história, esse capítulo que vamos contar é o último, né?
– Sim.
– Tive uma idéia! Podemos trazer as crianças pra nos visitar de vez em quando, para fazer a leitura de outros livros.
– Boa idéia. Vai ser ótimo pro Théo e pra Bellie. Mas agora temos que resolver a parte dos móveis e da arrumação.
– Certo.
Um Mês Depois
P.O.V Alícia
– Já estamos chegando? – Perguntou Bellie.
– Falta só mais um quarteirão. – Eu disse.
– Tô muito ansiosa pra ver nossa nova casa. – Ela disse, sorrindo e batendo palmas.
– Eu também. Mas qualquer coisa é melhor do que morar na rua. – Disse Théo.
– Com certeza. – Disse Paulo.
– Chegamos. – Eu disse.
Eu e Paulo subimos as escadas até o meu apartamento. Destranquei a porta.
– Nossa! – Disse Bellie. – É muito grande!
– Realmente. – Disse Théo, maravilhado.
– Subam as escadas. Vão até seu quarto. – Disse Paulo, mais animado que os próprios Théo e Bellie.
Eles subiram as escadas, e pude ouvir eles abrindo a porta, Bellie batendo palmas e dando pulinhos, e Théo dizendo: “Eu adoro verde limão”!
Eu e Paulo sorrimos.
As 20:05
P.O.V Paulo
Alícia e Bellie estavam assistindo TV no sofá, Théo estava lendo e eu estava preparando alguma coisa pra comer.
– Ding Dong! – A campainha toca.
– Deixa que eu atendo. – Disse Bellie.
Ela saiu saltitando até a porta.
– Olá, garotinha. – A pessoa disse.
Eu e Alícia nos viramos bruscamente. Ah, não.
Ele foi chegando perto de Bellie com um olhar assassino. Eu corri até Bellie e a coloquei atrás de mim.
– Não encoste um dedo nela, seu psicopata. – Eu disse.
Bellie estava com muito medo, pois agarrou minhas mãos e as apertou.
– Tio Paulo, quem é esse? – Ela disse.
– Oh, que fofo! Tio Paulo!
– Sai daqui, Abelardo. – Disse Alícia.
– Se eu não posso matar a menina, então eu mato o menino.
Théo estava imóvel na cadeira. Abelardo foi chegando, e Alícia se pôs na frente dele.
– Se quiser matá-lo, vai ter que me matar primeiro.
– Tia Ali... – Théo começou.
– Quieto, Théo. Por Favor. - Alícia pediu.
– Com todo o prazer. – Abelardo disse.
Ele levantou a faca e foi direcionando até o peito de Alícia.
Eu comecei a chorar. Eu precisava defender Alícia, mas não podia deixar Bellie, ela estava tremendo e estava chorando também.
A faca estava a poucos centímetros do peito de Alícia. Até que...
– Abelardo Cruz! Você está preso!