Descobertas Paralelas escrita por Capitã Nana, lynandread


Capítulo 3
Primeiro contato parte 2


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, obrigada pelo carinho e por lerem essa fanfic que está uma delícia de escrever.
E mais um capítulo, continuação do anterior.
Espero que gostem e sintam se livre para se manifestar a respeito (PRA MIM O FEEDBACK É O MELHOR).
Espero também que a Nana já tenha parado de surtar por causa do cap ♥ :x Bom trabalho amiga!

Músicas do Capítulo:
Thinking Out Loud - Ed Sheeran;
Yellow e Violet Hill - Coldplay;
Under the bridge - Red Hot Chili Peppers;
Tears in Heaven - Eric Clapton.

Até, *_*



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Não era uma tarefa fácil para a jovem musicista descer do táxi com todos aqueles instrumentos em case. Jill estava irritada por sua amiga abandonar ela por algum motivo que nem mesmo quis compartilhar dessa vez. Conseguiu sair do veículo em seguida tentava se organizar para seguir rumo entrada do restaurante.

– Precisa de ajuda? – Uma voz grave surgiu ao lado da morena. Os olhos de Jill criaram um brilho intenso ao ver o homem bem vestido e com aroma amadeirado lhe oferecendo ajuda. Era o “cara” que sempre ia aquele lugar e que tirava suspiros da jovem.

– Não, ela não precisa Sr. Norrington. A nossa garçonete é musicista e já esta acostumada a carregar seus instrumentos. – Moira surgiu com seu sorriso venenoso, atrapalhando qualquer chance que a funcionária teria de um primeiro contato com aquele ilustre cliente que ela tanto almejava.

O homem bem vistoso apenas deu um leve sorriso para as moças e adentrou no estabelecimento. Jill não pode nem ao menos tentar dizer algo para ele, pois sua supervisora Moira Burton apareceu diluindo toda a sua expectativa.

A garota, um ano mais jovem que Jill, sobrinha de Jones era o que Jill considerava a pior criação do universo. Moira era autoritária e tratava todos os funcionários com indiferença, em especial a garota de Maryland. Sempre criava situações desagradáveis para a jovem diariamente.

– Valentine! Está atrasada! Incompetência logo na sua primeira apresentação? – Moira observou atentamente o traje de sua colega de trabalho. Jill usava um vestido boho chic azul e uma trança de raiz em seus longos cabelos – Essa roupa não é adequada para uma garçonete... Temos que dar um jeito nisso. Procure vestir ao menos algo com o nome do restaurante.

– Desculpe Srta. Burton, mas Melissa não usava uniforme para se apresentar. – Retrucou Jill escondendo seu desejo de usar as cordas de seu violão para enforcar a garota a sua frente.

– Melissa não era garçonete como você, ela era profissional. – Moira disse com desprezo. – Espero que se lembre que quanto mais tarde chegar, mais tarde vai sair. – Finalizou seguindo para dentro do Chiaroscuro.

Jill olhou a garoto com ódio. "Filha da puta", pensou e logo procurou se acalmar. Nada poderia tirar ela da concentração.

Assim que entrou, observou se o ambiente estava movimentado como sempre esteve quando era dia de música ao vivo no restaurante. Suas mãos estavam molhadas de suor, e após levar uma bronca severa vinda do Sr. Jones, tudo pareceu mais assustador.

Jill vestiu uma blusa manga longa com botões e o emblema do restaurante estampado no peito. Seu look escolhido a dias de antecedência, já não era tão belo, mas ainda tinha seu charme.

Quando entrou no pequeno palco e se deparou com vários olhares sobre si, uma sensação de pânico surgiu inesperadamente. Aquele ambiente nem de longe se comparava ao House's Café onde costumava se apresentar com amigos em Frederick. Aquelas pessoas acostumadas com a voz suave de Melissa Carter tinham grande expectativa a respeito da nova cantora e deixaram isso bem claro para Jill.

Logo ouviu alguns burburinhos como "Olha pra ela, duvido que seja melhor que a Srta. Carter" ou "Ela é bonita vamos ver se sabe cantar". Ela se aproximou do microfone um pouco trêmula depois de prender o violão consigo.

– B-boa noite a todos... Eu me chamo Jill Valentine. Agradeço a todos pela presença e espero que apreciem o show – Disse a jovem com seu coração acelerado.

Se sentou no banco em companhia de seu violão. Estava pronta mas será que iria conseguir? E onde estaria Ada? Porque ela ainda não havia chegado?

O Sr. Jones com seu olhar repreensivo estava esperando que Jill iniciasse a apresentação, ainda chateado pelo seu atraso. Sua vontade era de correr para Maryland e abraçar sua família, ou ter eles ali. De repente a porta do restaurante se abriu e revelou ninguém menos que Ada. E a morena estava acompanhada. Estava com um rapaz loiro, alto e de boa aparência. Logo a mente de Jill identificou o mesmo, porém levou um susto ao ver que ela o guiava de mãos dadas. "Talvez aquele era o motivo do sorriso de antes", pensou.

Ada se sentou próximo ao palco e logo percebeu o semblante assustado no rosto de Jill. O sons de vozes aumentaram indicando que todos estavam impacientes com a demora da garota. Ada sem emitir som algum disse a amiga para se acalmar que tudo iria dar certo. Jill deu um leve sorriso ao para a jovem mostrando que havia entendido a linguagem labial.

Valentine fechou os olhos e Thinking out loud finalmente estava começando a tomar forma, na voz mezzosoprano em conjunto com um dedilhado que fez com que os olhos arregalados das pessoas que lhe assistia pudessem se tornar delicados. E quando abriu os olhos novamente, notou que Ada não estava mais olhando para ela e sim para o rapaz ao seu lado. Isso fez com que a musica fizesse todo o sentido. E era essa a maior razão para Jill insistir em buscar música: fazer as pessoas sentirem sensações. E como dizia seu maior mentor, Eric Clapton: "Criar uma canção é dar forma a um sentimento." Pode ver amantes sorrindo uns aos outros, casais se acariciando e isso era lindo. A melhor visão daquele ambiente vinha do palco, e só ela poderia apreciar isso.

– - -

– Yellow, Coldplay... uma das minhas favoritas.– Leon comentou com a mulher ao seu lado. Ela que estava concentrada na amiga, mas logo desviou seus olhos para focá-los no homem que a fitava.


– Linda, mas eu prefiro Violet Hill. – Ada comentou ao notar que um dos garçons já estava tirando o prato que eles tinham acabado de comer.

– Somos mesmo muito divergentes. – Leon disse ao tomar um dos guardanapos para limpar o canto dos lábios de Ada que estavam manchados pelo molho vermelho do Gnocchi que haviam degustado

Ela levou um susto diante daquela atitude. Tudo o que vinha dele era algo que nenhum homem com quem saia costumava fazer. E se ela ainda não tinha percebido, a partir daquele momento começou a notar o quão cuidadoso e protetor Leon era. Isso fazia a jovem artista se encantar ainda mais por aquele homem tão único.


– Escolhas de músicas diferentes não definem nada, Leon.


– Então me conta um desejo seu? – Ele propõe.


– Conta você primeiro. – Ela rebate em curiosidade.


– Está bem... pretendo ser juiz. – Leon abriu um sorriso orgulhoso.


– Mas isso eu já sei. Conte algo que talvez você nunca tenha contado pra nenhuma garota. – Arriscou curiosa.


– Eu quero ter uma família. Sabe... ter alguém do meu lado que me ajude a crescer e ter muitos filhos. Odiei ser filho único, mas sempre admirei o casamento dos pais.


– Você está brincando, não é? – Ada disse tentando conter o riso. – Espera, você quer casar Leon? Em pleno século XXI? – A surpresa de morena fez com que Leon arqueasse a sobrancelha.

– Isso seria um problema?


– Não... É que... Eu não esperava por isso... Você é adorável. – Ela disse se inclinando para tocar em seu rosto com um sorriso satisfeito. Ele retribui com um sorriso tímido e desviando o olhar para um canto qualquer.


Na verdade, Ada não queria falar para ele o trauma que ela tinha com aquela palavra. Nunca enxergou o casamento de seus pais como um. Eles eram frios, foram praticamente forçados a se casarem e manterem o casamento, eram tão infelizes por isso. E Leon ainda queria filhos... Ada tinha acabado de começar a gostar de adolescentes, porque já eram pensantes... Mas filhos? Crianças? Talvez só um bastasse bem mais pra frente ou talvez um animalzinho de estimação. Isso quando ela tivesse consciência do que estaria fazendo e disposta também.

– E o seu desejo? – Leon perguntou curioso


– Ah, tantos... Mas o principal está bem ao meu alcance e por mais fácil que ele esteja, parece que é tão difícil. Eu quero minhas obras expostas na Galeria de Artes de Nova Iorque. Mas pra isso, ela precisa ser única, diferente, especial... E isso, eu ainda não domino. – Ela esboçou um sorriso frustrado.


– Mas isso é apenas questão de tempo. Tenho certeza que você tem uma carreira brilhante pela frente... E eu pretendo ser seu fã numero um. – Leon motivou a jovem que trocou imediatamente sua frustração por um olhar admirado. Então uma idéia rápida clareou sua mente.


– Como tem certeza que será meu fã se ainda não viu as minhas artes? Quer saber, vamos para minha casa... Vou adorar te mostrar o que eu tenho lá.


– Será um prazer... Mas e a sua amiga? – Ele perguntou olhando a garota que ainda cantava.


– Se eu a conheço, ela vai ficar tocando até o último cliente sair. Em música, ela não se importa de fazer hora-extra. – Ada afirma. – E ainda vamos ter um tempo pra ficarmos sozinhos, hm?

Depois de um momento, Jill começou a tocar Violet Hill. Procurou por Ada, porque sabia que era uma de suas canções preferidas. Mas se admirou ao ver que sua amiga não estava mais lá, e mesmo com uma pontinha de ciúmes, estava muito contente e curiosa para saber de todos os detalhes.

– - -


Ao som cativante de aplausos, Chris e Lisa adentraram no restaurante. Vários clientes estavam atentos em um determinado ponto do ambiente, o palco. Uma nova música começou enquanto o casal de universitários se sentava próximo ao bar.

– Aah...Yellow do Coldplay! Minha música favorita. Chris... Christopher? – Lisa chamou a atenção do jovem que passava um olhar rápido pelo local a procura de seu amigo.

– O que foi Michelle? – Perguntou Chris em falso cansaço.

– É Lisa... Tá certo que você tem dificuldades em decorar nomes, mas isso já está ficando chato ursinho. – Lisa usou uma voz manhosa ao chamá-lo pelo apelido carinhoso que ele tanto detestava.

Lisa Wilson era o tipo de garota que todo cara gostaria de ficar: loira, cintura definida, seios fartos, olhos verdes. Era como uma Barbie.

Chris a conheceu no campus há alguns meses e algumas vezes até passeava pela faculdade de mãos dadas com ela apenas para causar inveja aos outros estudantes que beijavam o chão que Lisa pisava. O jovem não tinha um relacionamento sério com ela e tão pouco queria ter. Mas Chris não poderia dispensar seus dotes na cama. Então criava uma máscara e fazia o apaixonado, encantando a moça quando bem entendia.

– Desculpa Lisa, e vê se para de me chamar de ursinho, pelo menos em público. – Assim que respondeu, Chris voltou a procurar Leon, ignorando completamente o que Lisa falava.

Logo o rapaz avistou seu amigo em uma das mesas próximo ao palco. Leon estava bem acompanhado e isso de fato o surpreendeu. O jovem tinha em mente que seu amigo estaria com uma garota totalmente desprovida de beleza já que o estudante de direito adorava entoar a frase "O importante é a beleza interior, blá blá blá...". Mas se enganou completamente. Apesar da distância Chris pode ver que a garota asiática era muito bonita.

Não demorou muito para Chris observar que Leon e sua garota estavam indo rumo a saída e não pode evitar seu sorriso cheio de luxúria.

– É isso ai garotão. Nem assiste pornô asiático e já leva logo a temporada inteira. – Redfield sussurrou para si.

– Christopher! – Exclamou Lisa – Da pra prestar atenção em mim? E que estória é essa de pornô? Do que você está falando?! – A garota já mostrava irritabilidade.

O motivo que levou Chris até o Chiaroscuro havia partido, Lisa não estava colaborando, então era hora de por um fim aquele incomodo. Olhou para ela irritado.

– Lisa não vai rolar. – Disse o rapaz sem qualquer emoção – Você fala demais e hoje eu não estou com paciência.

– O que?! Você me faz vim até esse restaurante sem graça, ouvir aquela garçonetezinha cantar, para simplesmente me descartar dessa maneira? – Lisa estava perplexa com a frieza de seu companheiro.

– Para com esse escândalo. Afinal ainda vou te pagar o jantar. – Chris a provocou ciente do que viria acontecer em seguida.

– Quer saber... Para mim chega! Eu vou embora. – Ela se levantou na expectativa que ele a impedisse de ir, mas sua raiva só aumentou quando ele acenou o para ela, cético. Então ela partiu decidida a nunca mais atender uma ligação vinda do rapaz.

Chris suspirou aliviado, finalmente estava livre. Porém seu mal humor tinha voltado a flor da pele. Havia sido um idiota com Lisa e reconhecia isso, mas não iria atrás dela nem tão cedo para pedir desculpas. Já que estava ali, iria aproveitar para beber e assistir a apresentação.

O jovem californiano precisava relaxar, então encontrou em Under the bridge e uma bebida forte a fórmula para felicidade. A “garçonetezinha” tocava e cantava tão bem uma das músicas favoritas de Chris, fazendo o jovem se recordar de São Francisco e todas as coisas que deixou para trás quando optou por "fugir" de casa. O time de futebol americano, os amigos, as garotas, Claire e por fim seus pais. Quando se lembrou do casal divorciado sentiu uma pequena frustração tomar conta de si. Seu pai – apesar de está sempre ocupado – era alguém fácil de lidar, mas sua mãe...

"Esquece ela, Chris." - Pensou o rapaz tomando um bom gole de sua bebida. Não queria pensar em sua mãe e o quanto ela o deixava mal. Observou a garota tão aclamada pelo seu público. Não se lembrava de já ter visto ela cantando outras vezes que esteve no restaurante, porém sua voz era familiar.

– - -

O jovem casal subiu as escadas com mais uma discussão sobre as opiniões distintas. A aquela altura já estavam se divertindo com as divergências e as persuasões que funcionavam como uma espécie de flerte.

Ada procurava a chave em sua bolsa de mão, a chave do apartamento 79 onde residia a dois anos. Ao achar o objeto, adentrou a casa e ligou as luzes, revelando uma sala extremamente organizada e decorada. Paredes vermelhas com quadros e instrumentos musicais pendurados lado a lado. Um tapete felpudo em cores frias, um jogo de sofá vintage no tom gelo e por fim um puff extravagante em formato de bota.

Leon olhou pensativo para o objeto que mais chamava atenção e Ada sorriu ao imaginar o que ele estaria pensando.

– Sempre digo a Jill que essa coisa ofusca toda minha arte nas paredes. – Ada sorri de forma sutil.

– Não se preocupe com isso, seus desenhos estão perfeitos. – Leon olhou para a silhueta que caminhava a sua frente com os saltos vermelhos em mãos.

– Você não vem? – Ela propôs adentrando na casa.

Ele a seguiu enquanto ela explicava sobre seu pequeno atelier que fez do seu próprio quarto, pela falta de espaço causada pela nova moradora. Leon comparava a casa com a sua própria, embora o quarto de Ada ficasse para a janela frontal do apartamento, como o de Chris.

O quarto foi iluminado apenas por abajures e luminárias em tons quentes. Mesmo assim, era bastante acolhedor. Ada explicava que gostava utilizar a luz do dia pela manhã quando não dava aula e trabalhar utilizando luminárias à noite.

Dentre seus artefatos, estavam telas, paredes, esculturas, desenhos, sketches sobre mesas e pequenos esboços. Mas o que chamou muita atenção do professor foi um sofá-cama futon.

Ada explicava detalhes de cada obra, como se fosse uma criança querendo impressionar um adulto. E Leon viajava em tudo o que ela falava. Era como se ele desejasse fazer parte de tudo que ela falava.

– E aquele ali? É o seu autorretrato? – Perguntou ao encontrar um quadro jogado no canto do quarto. Era o mais bonito, mas Leon não entendeu porque ele estava sendo tratado com tanto desprezo.

– Na verdade, não sou eu. É apenas uma parte do meu passado que me marcou muito, mas que eu não gosto tanto de trabalhar sobre ele mais. Esse quadro está incompleto, não se importe muito com ele. – Respondeu com uma voz mais grave. Não gostou de ter mencionado sobre ele, aquele quadro não poderia estragar sua noite, já que Leon pareceu incomodado de ter falado sobre a obra. Não agora que ela estava ficando perfeita. – Mas sabe... De tudo nesse quarto... É o teto que eu mais amo.

Leon olhou para cima e ela parou em sua frente, repousando as duas mãos em cada lado de seus ombros.

– Pode sentir a sensação de liberdade? – Ela pergunta ao vê-lo admirado.

Ele conseguia enxergar o céu em dois modelos. Metade do teto eram nuvens e outra metade estrelas, que iam da noite para o dia, desde um azul mais claro para as nuvens e tornando-o gradiente até o azul escuro das estrelas.

– É uma linda visão... Como você. – Disse ao olhar para a mulher a sua frente que já o fitava com olhos cheios de desejo. Ela subiu suas mãos até elas se encontrarem atrás da nuca dele e o beijou.

Enquanto ela o beijava suas mãos procuravam tirar a jaqueta que ele usava, no intuito de fazer ele se sentir a vontade. Feito isso, ela procurou o fim da camiseta que ele usava para em um momento muito atrevido, arrancar ela do corpo dele com força quando deixou seus lábios para fazer isso. E somente quando deixou os lábios dela, que ele se deu conta do que estava acontecendo. Principalmente ao ver ela tirar a blusa vermelha que vestia, exibindo um sutiã escuro. Aquele corpo era apenas a continuação da beleza dela que toda vez que se revelava mais, era mais atraente.

Leon sentiu um calor percorrendo por todo o seu corpo, quando ela o jogou delicadamente sobre o futon enquanto as pernas dela o prendiam contra a cama. Sua mente lhe jogava sinais de prudência, mas ele estava muito extasiado para tentar parar aquela sensação.

Ela parou em cima dele olhando seus olhos, por um momento enquanto morria de vontade de beijá-lo outra vez. Mas queria saber dele, se teria que fazer tudo sozinha.

Leon sabia onde aquilo iria acabar, e não queria que fosse daquele jeito, mas ela não ajudava em nada. Porque ele se sentia tentado e porque ela dava brechas e sinais bem convincentes de que ele poderia tudo aquela noite.

– - -

Jill estava cansada. Nas últimas musicas sentiu suas costas estalarem e uma dor imensa no pescoço. E assim que acabou de cantar, agradeceu a todos que gostaram muito do seu desempenho aquela noite. E assim que acabou o show, em dez minutos, a maioria dos clientes já tinham ido embora, pois apenas esperavam o final da apresentação para fazerem isso.

Mesmo assim, Jill insistiu em cantar apenas mais uma, para se despedir do pessoal: tears in heaven. Mas infelizmente foi interrompida, ao ver Moira desplugando a caixa de som quando o último cliente já estava na porta.

– Valentine... sai logo daí, quero fechar o restaurante em quinze minutos. Vamos! – Moira disse com autoridade ao notar que seu “namorado marrentinho” já estava impaciente sentado no bar.

Segundo Jill, quando aquele “cara” aparecia, ela se tornava mais insuportável do que já era. Pois ele sempre tinha que esperar ela sair, mas como supervisora, ela tinha que ficar lá até se despedir de todos os funcionários, então apressava todo mundo quando bem entendia.

Por isso, naquela noite, não eram as louças que iria aborrecer a garota mimada... Seriam os cabos e os instrumentos. Apenas uma simples vingança contra a falta de respeito da garota soberba. Jill fez o que pode para arrumar todo o palco em câmera lenta. E o palco era o único lugar que Moira não poderia dispensar tão cedo, por causa da organização que o Sr. Jones sempre pedia à Melissa.

Depois de um tempo, Moira apressou ela novamente, depois de ter praticamente colocado o chefe de cozinha para fora em uma forma muito agradável. E Jill estava adorando fazer aquilo, principalmente ao ver a garota sentada em frente a ela com uma cara aborrecida, esperando que ela terminasse tudo para fechar.

– Srta. Burton, aquele não é seu namorado indo embora? – Jill perguntou em falsa preocupação.

Moira se levantou imediatamente e foi até o encontro do rapaz, desesperada. Jill se divertia com a cena da briga em cochichos dos dois na porta do restaurante enquanto ainda limpava o palco. Em seguida, a supervisora voltou revirando os olhos.

– Valentine toma isso. É a chave de todo o estabelecimento. Se sumir uma agulha daqui amanhã, você está no olho da rua, entendeu?

Jill tomou a chave em mãos com um sorriso vitorioso e desejando a ela uma boa noite. Claro que não esperava ter a chave em mãos, mas já que estava, ela iria aceitar apenas para mostrar responsabilidade com a supervisora. Ao olhar no relógio se deparou com o horário bastante avançado.

Desceu do palco com os instrumentos em mãos, para deixá-los próximo a porta do estabelecimento enquanto pretendia apagar as luzes. Ao caminhar em direção a caixa de energia, próxima a cozinha, encontrou um cliente dormindo sobre a mesa mais escondida daquele ambiente e um copo vazio em mãos. “Como assim Moira não o enxotou?”

– Senhor... já estamos fechando. Poderia fazer a gentileza de se retirar? –Disse cutucando seu ombro, um pouco insegura. “Será que ele está vivo?”

O homem murmurou algumas palavras indecifráveis e continuou em sua posição, escondendo o rosto no braço que estava segurando o copo sobre a mesa. Jill suspirou cansada e procurou mais uma vez pedir a ele que se retirasse, mas dessa vez, ele parecia roncar.

– Senhor! Aqui não é hotel para bêbados! Você deve se retirar imediatamente! – Exigiu.

– Ei, para de gritar... Eu sou um cliente... Não se trata cliente assim, moça! – Ele reclamou levantando a cabeça. Ao sentir uma tontura, segurou a cabeça com as mãos e semicerrou os olhos.

Jill imediatamente achou que ele era familiar, mas não conseguia se lembrar de onde. Até mesmo se não tivesse naquele estado, até teria seu charme.

– Tudo bem... Você está certo. Mas tem que se retirar imediatamente ou vamos ter sérios problemas, Senhor. – Jill retrucou tentando agir educadamente, sentando-se na cadeira a frente dele.

Ele a encarou, ainda semicerrando os olhos, tentando ao menos conseguir enxergar a mulher a sua frente, e jogou um sorriso sedutor imediatamente ao notar que ela era agradável aos seus olhos.

– Não me chame de Senhor... Eu não sou velho. Pra você, belezinha, eu sou Chris. – Propôs. Em seguida ao sentir uma pontada forte, jogou a cabeça na mesa novamente, deitando sobre os braços.

– Ok, Chris... vamos fazer o seguinte. Eu sei que você deve estar morrendo de sono por agora, porque bebeu muito. Mas aqui ao lado tem um hotelzinho bem baratinho pra você passar a noite. Aí, como você não acertou sua bebida aqui no restaurante, porque já fecharam o caixa, você pode passar aqui no horário de almoço e acertar tudo. Geralmente eu costumo ficar por lá quando saio cansada daqui e até consigo um desconto pra você. – Ela propõe em tom amigável.

Ele levantou a cabeça, e por um momento parecendo sóbrio, sorriu de maneira marota.

– Gracinha, eu só pago hotelzinho se você vier de brinde. – Ele propôs e a viu sorrir sem graça por causa da cantada, revirando os olhos.

– Olha aqui Senhor...

– Chris – Ele interrompe corrigindo.

– Que seja... Parece que a sua sobriedade já voltou então aproveita isso e se retira logo do restaurante, porque a minha paciência já se esgotou. – Disse em falso bom humor e se levantou imediatamente para mexer no gerador de energia para apagar as luzes enquanto o cliente desagradável murmurava alguma coisa que ela não entendia, mas que não dava mais a mínima.

Estava cansada, bocejando e agora tinha a responsabilidade de tirar aquele ser dali. “Antes tivesse cooperado com a serpente.”, pensou ela se referindo a Moira. Enquanto deixava apenas as luminárias vermelhas de paredes ligadas, ao tentar entender como lidava com o gerador, sentiu uma gemido apertado por trás dela e quando ela virou para ver o que acontecia, levou um susto ao ver o cliente caindo sobre ela, repousando a cabeça sobre seu ombro esquerdo.

– Ei idiota,o que você está fazendo? – Perguntou tentando equilibrar o peso e a altura dele que pareciam bem maiores que ela até encará-lo.

– Vamos pro hotelzinho, eu pago. – Disse sussurrando com os olhos fechados.

Jill podia sentir o cheiro de álcool com perfume e isso a incomodava muito. Olhou na mesa ao lado alguma coisa para se livrar dele no meio da pouca luz e encontrou um copo de água ou ela torcia para que fosse água.

Ao alcançá-lo, jogou sobre ele o que continha no copo, depois de cheirá-lo e ver que era realmente água. O rapaz atordoado com o líquido em seu rosto pareceu ter despertado de imediato e olhou aborrecido pra ela depois de secar o rosto com as mãos.

– Porque você fez isso? – Resmungou.

– Você não me deu escolha, era a única maneira de fazer você acordar e tirar essa idéia maluca da mente. – Ela disse se divertindo internamente com a situação. – Pronto, agora pode ir dormir onde você quiser. E não se esqueça de passar aqui amanhã para pagar as bebidas.

Jill, se sentindo mais uma vez vitoriosa passou pelo rapaz, que começou a seguir até a saída enquanto se segurava nas mesas na lateral do corredor. Quando de repente, o ouviu cambalear e então um barulho de pratos caindo ao chão foi ouvido em seguida.

Ela olhou para trás e percebeu que ele estava se segurando nas mesas para segui-la, mas tinha perdido o controle, ao se segurar no carro transporte de bandejas e derrubá-lo no chão com alguns pratos.

– Eu não acredito! O que você fez? – Perguntou hesitando com uma voz chateada.

– Desculpe, não foi minha intenção. – Disse sem expressão, levantando os braços em rendição, com um rosto preocupado.

Jill suspirou profundamente e passou por ele quase correndo para ligar o gerador de luz. Quando voltou para ver o estrago, notou que eram logo os pratos italianos que tinham caído. Colocou a mão sobre a boca em espanto.

– Mas que... porra! Viu o que você fez? Você não sai daqui sem me pagar esses pratos! – Ela disse assim que se recuperou do espanto com as mãos na cabeça.

– Desculpe gracinha, mas estou sem dinheiro. Aqui passa cartão?

– O caixa fechou... Mas você tem que voltar aqui e pagar isso pra mim, se não eu vou ser demitida, entendeu?

– Eu prometo... dinheiro não é problema pra mim. Mas se quiser garantir que eu vou fazer isso, eu pago um quarto pra gente aqui ao lado. – Ele insistiu.

– Não senhor! Eu tenho que arrumar essa bagunça. Não posso sair daqui sem arrumar isso! – Disse andando até o gerador e religando ele. Em seguida entrou na cozinha.

– Bem, ela não disse que não. – Ele pensou alto e sentou ali próximo, esperando por ela.

Ela voltou com uma vassoura e pá e já estava começando a limpar quando notou o ser ali, intediado, sentado na mesa ao lado.

– Você não vai embora não, cara? – Ela já tinha perdido a paciência.

– Você não vai vir comigo? – Perguntou como se não estivesse errado.

– Não... Não mesmo. E chega dessas cantadas baratas... Você já me cansou. – Disse retornando ao afazer.

– Então tá, docinho. Quem vai perder... vai ser você. – Chris disse se levantando e apertando a bochecha dela. Ela tirou a mão dele imediatamente e deu passagem, sem olhar nos olhos dele. – Sua marrentinha. – Concluiu sorrindo e deixando o estabelecimento. Tropeçou no violão dela e saiu. A sorte é que o instrumento estava no case ou ele estaria em sérios problemas.

Depois de tentar relaxar sua raiva ao limpar os pratos em preocupação, Jill suspirou de cansaço. Precisava dormir. Deixou o estabelecimento em ordem, trancando os últimos detalhes e em seguida tomou os dois instrumentos em mãos e saiu caminhando até a esquina, onde tinha uma parada de taxi observando a rua iluminada.

Ao passar em frente ao hotelzinho, viu o tal “Chris” falando com o recepcionista. Ao menos, ela tinha ajudado alguém. Pensou que ele poderia retribuir o favor, passando no dia seguinte para acertar o que estava pendente, ou todo o dinheiro do cachê que ela tinha ganhado aquela noite iria para os pratos italianos inúteis. E torceu para que ele pudesse fazer isso.

Mas naquele momento, ela apenas precisava dormir.


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Notas finais do capítulo

Até mais... (mãos coçando para o próximo capítulo). Bjs!



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