ANNIE POV.

“Que dor de cabeça! Então isso é ressaca?” Digo sentando-se no colchão. Olho para a cama ainda com os olhos meio fechado, e Maya já está no banheiro. Vamos voltar hoje para Ottawa. Pego o celular e olho pro relógio. Merda! Falta uma hora para o ônibus chegar.

― May! – levanto rápido. ― Porque não me chamou? – digo tirando a roupa entrando na ducha.

― Eu até tentei né? – ela diz saindo do banheiro terminando de se arrumar.

― Você sabe não gosto de me arrumar rápido. – grito dentro da ducha.

― Mas tentei, e relaxa que falta uma hora ainda.

Posso ouvir ela descendo com a mala.

Quando termino de ficar pronta, olho para o relógio falta vinte minutos. Desço as escadas correndo e Maya já está me esperando.

Quando chegamos a rodoviária, o ônibus já estava quase de saída. Por sorte não o perdemos.

As vezes elevam tanto ter dezoito anos. Que não vi muita coisa mudar, a não ser a troca do 7 pelo 8. Foi difícil me acostumar a ter que me virar sozinha, já que sempre tive tudo nas minhas mãos. Uma mordomia, o meu apelido era até princesa Isabel.

Minha cabeça continua doendo. Eu não tenho costume de beber e essa será a última vez. Olho para o lado e Maya já está dormindo.

Esqueci de avisar ao Scott que voltaríamos hoje. Mas pegamos um taxi sem problema.

[..]

Chegamos a noite em Ottawa. Chegando no prédio, não liguei para o Scott. Certamente ele iria querer me ver e eu estou muito cansada. Sei que ele irá entender, e nem vai precisar saber que cheguei hoje.

SCOTT POV.

Não lembro onde estava. Com quem estava e como me afastei da galera. Lembro que discuti com Jessie umas três vezes a noite, mas, também não lembro o conteúdo. Acordo em uma cama, o quarto é laranja com fotos de homens sem camisa por todo lado. Uma mulher loira está sentada na cadeira giratória de frente para o computador. Annie? Chacoalho a cabeça – tonto – claro que não é Annie.

― Acordou gatinho! – ela diz olhando para mim, sua voz é extremamente fina e manhosa. ― Quer almoçar?

Levanto da cama, pego meus sapatos, camiseta e cinto. Saiu do quarto sem mesmo responde-la. Posso ouvir ela me chamar descendo as escadas. Mas tarde demais já bati com a porta e estou dentro do taxi.

O cara do taxi me observa através do retrovisor interno. Deve ta pensando que sou algum fugitivo ou ladrão. Mas não cara, só tive uma bela e ótima noite de natal. Noite essa que não me lembro. Mas to exausto pra caralho.

― Finalmente. – grita Austin, ao me ver entrar em sem camisa.

Começa a rir e me jogo no sofá, largando todas as minhas coisas no chão. Posso ouvir Jessie batendo forte com os talheres na cozinha e Peyton terminando de organizar a mesa.

― Fui sequestrado cara e sem lance de resgate. – digo, ainda meio embriagado.

― Safado. Vacilo não terem me deixado ir. – diz Sam.

― Não termos te deixado ir? Tu capotaste no sofá pow. – rebate Austin. ― Mas fala aê Scott, onde o sequestro?

Sento-me no sofá ainda de cabeça baixo. Olho para Jessie que me encara fuzilando.

― Depois eu conto! – pisco para Jessie e levanto. ― Aqui tá pesado.

― Seja mais direto Benjamin Scott. – ela joga o pano de prato no balcão e serro os dentes, ela sabe que odeio que me chamem pelo nome completo. Jessie pega a bolsa e sai do apartamento.

Peyton se assusta.

― Você estava com a Jessie? – estranha Sam.

― Não, cê é louco cachoeira? – respondo, entrando no quarto. Angel ainda continua dormindo.

― Eu vou atrás dela. – diz Peyton, saindo do prédio.

― Agora fala! Fala – diz Austin, me sacolejando ainda dentro do quarto.

― Não faz isso porra! – reclamo rindo. ― Cara, que ideia de levar a Jessie e a Peyton? Perdeu. – grito, e Austin faz bico ― Show das mamães noel, nunca ganhei tanto presente na vida.

Sam começa a jogar as almofadas que tem sobre a cama.

― Porra Scott! Porra!

Eles dão risada, contei mais ou menos tudo que me lembro. Ou seja, apenas o lugar que acordei e a gostosa loira semi nua que estava sentada na cadeira giratória. E Angel já estava acordada encarando-me. Quase esqueci que ela também estava no quarto.

― Bonito né Scott, bonito. – ela diz batendo palma.

― Shit! – diz Sam.

― Shit mesmo! – Angel pega agua na geladeira.

― Ah Angel, é coisa pele, beijo na boca... – cantarolo, abraçando Angel atrás. ― Mas acontece que o tesão manda na gente...

Começo a fazer cosquinhas nela.

― Para com isso Scott! – ela diz rindo.

ANNIE POV.

Passei quase duas horas tentando falar com Scott, que não me retornou. Desistir. Espero que tenha uma boa explicação. Organizei tudo nas cômodas e no armário, as roupas que tinha levado na viagem. E aproveitei para passar o dia lendo o livro recomendado da semana.

Na manhã seguinte, Scott já estava esperando-me para irmos ao campus. Maya não tinha aula hoje. O trajeto do blue ao campus, Scott contou como foi o seu natal e que Jessie tinha tomado seu celular. Fiquei confusa, mas era compreensível que eles passassem o natal juntos.

― Olha só, hoje depois da aula. Me espera no quiosque? – ele pede.

― Porque? – pergunto.

― A Galera vai organizar os lances do ano novo, e quero que esteja presente.

― Mas Scott.

― Annie, uma trégua. – ele me olha. ― Já conversei com o Austin, ele é de boa, ele gosta de você.

Dou risada irônica.

― Ele mente muito bem pra você.

― Não, não mente. – ele beija minha testa. ― Tá tranquilo. Seu problema é com a Jessie, mas isso é relevante.

― Tá, tudo bem! – dou um sorriso convencida.

Entro na sala. Angel está com aquela cara de ressaca, sendo que o Natal foi a dois dias. Saindo da sala.

― Angel. – chama e ela espera. ― E então, como foi de Natal?

― Não me lembro. – ela diz rindo. ― E você?

― Normal, senti saudades dos meus pais e da minha irmã. Mas tranquilo. – ela franze a sobrancelha. ― Posso te acompanhar ao quiosque?

― Claro né Annie. – ela agarra atrás do meu pescoço.

Chegando ao quiosque já estão todos lá. Austin, Peyton, Sam, Scott e Jessie, que revira os olhos ao me ver. Peyton sorri – e por um momento pensei em avançar no seu pescoço e matá-la pela a situação que me colocou. Austin não me cumprimentou, claro, ele gosta de mim Scott. – disse em pensamento.

― Acho que podemos começar. – diz Austin batendo na mesa.

Eu me sinto deslocada ali, sei que não sou bem-vinda. Acho que só a Angel está tranquila com a minha presença, e o Sam, bom o Sam não conta.

O ano novo é daqui a três dias. E o Austin vai tocar na praia, depois da virada do ano ele sobe no palco. Então, o combinado era passar o ano novo na praia. Eu e Scott vamos buscar a Angel na noite e depois vamos nos encontraremos com o resto lá.

― O Dylan também vai. – diz Scott, Angel se anima.

Ótimo! A Maya vai adorar essa ideia, assim não fico tão sozinha quando o Scott tiver que acompanhar o Austin no palco. Sei que essa reunião foi para decidirmos nada. Era só para entrosar toda a turma do ano novo.