My Inspiration escrita por LS Valentini


Capítulo 3
Primeira Decepção


Notas iniciais do capítulo

Voltei!!! Eu peço desculpas, mas tive que estudar para as provas finais, sem contar os vestibulares.
Agradeço os comentários, amei todos. E percebi que tem novos leitores, então sejam bem-vindos!
Ah, depois vão para as notas finais, é importante.
Boa leitura *---*



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“Eu me odeio, eu me odeio, eu me...”, perdi as contas de quantas vezes minha mente repetiu essa frase. Concordo que o termo “odiar” não seja o apropriado, mas não venha me chamar de exagerada porque aquele momento estava acabando comigo. Meu coração ainda ia me dar problemas, eu sabia.

Você consegue seguir minha linha de pensamento? Quero dizer que apesar de Henry ter Thor de volta e Emma não querer me ver por causa daquele motivo estranho, fui novamente contra meus princípios e bati na porta do apartamento.

“Fraca”, Cora se infiltrou nos meus pensamentos, mas a ignorei.

– Gina! - a porta se abriu e um pequeno corpo se chocou contra o meu - Pensei que tinha se esquecido da gente.

Engraçado, fazia menos de 24 horas em que tínhamos nos visto pela última vez, e ainda sim eu sentia falta deles. Mas, de repente, notei que tanto seus olhinhos quanto suas bochechas estavam vermelhos de tanto chorar.

– Henry, o que houve? - me abaixei na altura dele - Cadê sua mãe?

Assim que pronunciei a última palavra, uma pequena lágrima percorreu seu rosto e ele me abraçou com força. Tinha algo de muito errado acontecendo ali. Apesar de não ser tão religiosa, acabei fazendo uma prece para “quem quer que fosse que mandasse no Universo”, e também torcia para que não envolvesse ferimentos.

– Ela está trancada no quarto. - ele sussurrou, ainda com os braços em volta do meu pescoço.

“Pense positivo, Regina... É isso o que sua irmã idiota sempre diz. Pense positivo”.

– Henry, - desfiz o abraço - ela deve estar cansada, por isso ainda não saiu de lá.

A quem eu estava tentando enganar mesmo?

– Não é isso! - ele disse e foi aumentando a voz - Ontem ela não pediu pizza e foi direto pra cama, nem falou comigo... ‘Tô’ chamando ela faz um tempão e nada... Será que minha MAMÃE foi pro céu igual meu PAPAI?

Senti meu coração se quebrando em pedaços quando o garoto falou aquilo, sem contar que a possibilidade de Emma ter ido para o “outro lado” fazia meus olhos arderem. O que havia de errado comigo?

Para me acalmar um pouco e esquecer todo aquele pesar, olhei as horas no meu relógio de pulso. Já estava atrasada demais para voltar atrás ou para fugir.

– Vá brincar com seus super heróis, - lhe entreguei o boneco - eu cuido disso.

...SQ...

Se há uma coisa que eu havia aprendido com Cora Mills era que nunca se deve perder uma discussão, e apesar de nem ter começado a falar, não iria desistir tão cedo. Eu era extremamente insuportável quando queria.

– Emma? É a Regina. - cheguei perto da porta do quarto dela - Sou a última pessoa com quem você quer conversar, mas sua única opção também.

Nada.

– Por favor, só dê um sinal de que... está viva.

Ouvi um pequeno ruído; talvez fosse ela se revirando na cama. Ainda bem. Cheguei a perguntar mais algumas coisas para certificar que ela estava em seu juízo perfeito, mas Emma se negou a conversar comigo. Onde já se viu me ignorar?

“Já chega, se é Mills que ela quer, é Mills que ela terá”.

– Sabe o que você é? Uma COVARDE que passa todo o tempo escondendo seu talento. - assumi o tom de minha mãe - Acha que com essas atitudes as coisas vão melhorar? Deixe de infantilidade, Emma, saia desse quarto.

Ouvi ela se levantando da cama. Eu estava no caminho certo, né?

– Acha que é fácil lidar com o meu trauma?! - ela vociferou com toda a força - Desculpe se não posso ser a "Srta. Perfeição" como você é.

Eu perfeita? Nem em sonho. Talvez eu a tivesse magoado com aquelas palavras tão duras. Me arrependi amargamente. Se eu quisesse que Emma saísse daquele cômodo ia ser de outro jeito.

– Saiba que eu também tenho um trauma, de... palhaços. Aliás, foram eles que me deram essa cicatriz nos lábios. - me arrepiei só de pronunciar - Estou disposta a contar, se você quiser.

Ela deu um passo em direção à porta com um provável receio.

– Quando eu tinha dez anos fui até um circo, mas por um erro o local foi consumido pelas chamas justamente no dia em que eu fui à Casa dos Palhaços. - lembranças vieram e eu segurei o choro - Foi aterrorizante ver todas aquelas máscaras sendo dissolvidas pelo fogo... E se não fosse pela minha irmã, eu estaria morta.

Mais passos. Agora estávamos separadas por apenas uma porta de madeira.

– Eu quero dizer que apesar dos tormentos, alguém sempre estará lá para nos amparar. - sequei uma lágrima - Você tem o Henry e agora tem a mim, por isso não se preocupe porque vou te fazer não ter medo da dança e em troca você pode tirar o meu de palhaços.

O peso que eu guardava por anos tinha se esvaído com as palavras. Com Emma tudo se tornava mais fácil.

– Mãe? - Henry surgiu do meu lado, provavelmente tinha escutado toda a “conversa” - Queremos um abraço apertado que só você consegue dar. Por favor, abre a porta.

Ele foi tão fofo e verdadeiro que certamente Emma tinha ficado mais comovida do que eu. Peguei Henry no colo e o enchi de beijinhos, esperando sua reprovação pelas marcas de batom que não vieram.

– Falou muito bem, meu pequeno príncipe. - eu sussurrei, e me surpreendi por ter dito aquilo.

– Gina... - ele falou impaciente - Sou um super herói, não um príncipe!

– O título de príncipe combina com você. - Emma finalmente abriu a porta.

Ela tinha a aparência abatida, principalmente pelas olheiras enormes que marcavam seu rosto pálido. Mesmo assim um belo sorriso estava ali presente, e eu não pude deixar de fazer o mesmo.

Antes que eu dissesse alguma coisa, ela nos abraçou com toda a força e já não ligava para as lágrimas que insistiam em cair de seus olhos. Entendi aquele gesto como um “Desculpe, vamos recomeçar de novo”, já que Emma não tirou Henry de meus braços em nenhum momento, e muito menos lançou qualquer olhar mortal.

Eles dois eram os únicos que conseguiam me fazer somente a “Regina sem o Mills”, ou seja, me tornavam feliz e... apaixonada.

...SQ...

Eu jamais tinha feito café na vida - Starbucks foi criada pra que? -, e não era naquela bela manhã que eu iria me arriscar, então optei por um suco de laranja. Detalhe: Era de caixinha.

Enquanto isso, meu pequeno príncipe vasculhava os armários em busca de seu maior tesouro: cookies de chocolate. Definitivamente ele precisava de alimentos mais saudáveis do que um pedaço de biscoito sem vitaminas.

– Eba!!! - ele havia encontrado.

– Henry, por que você não troca esse cookie por uma maçã? - perguntei ao terminar de arrumar a mesa e me sentei próxima a ele.

O garoto levantou-se rapidamente, ignorando sua comida e olhou bem no fundo dos meus olhos, dizendo:

– Você jamais vai querer outra coisa depois que experimentar isso daqui. - apontou um biscoitinho na minha direção, e meus pensamentos gritavam: “Não aceite”.

Mas aí o estrago estava feito, e aquela bomba calórica já estava na minha boca. Confesso que cookies não doíam como eu pensava, e até que eram bons. Mas eu daria o braço a torcer? Nunca.

– Filho, pare de atormentar a Regina. - uma voz de autoridade se fez presente e Henry voltou ao seu lugar inicial com aquela típica carinha de anjo.

– Ele jamais faria isso. - comentei ao encará-la, salvando a pele do garoto.

Há alguns minutos Emma fora tomar um banho e colocar a cabeça em ordem - talvez isso fosse possível -, e voltara ainda mais radiante. Seus cabelos úmidos cheiravam a canela, e era óbvio que eu queria senti-los mais de perto. Só que eu não era tão insana assim.

– Olha essa mesa! - ela quase gritou - Nunca esteve tão perfeita.

Sim, eu tenho um excelente gosto para decoração, mesmo tendo poucos pratos e copos - além de uma toalha xadrez -, que era o caso.

Servimos-nos com o suco, e enquanto eu pegava emprestado mais um cookie, Henry me perguntou:

– Regina, por acaso você é rica?

Sim.

– Não, sou uma pessoa comum. - suspirei - Por quê?

– É que eu observei o seu carro da janela e ele parece ser muito caro.

E era. Minha Mercedes Benz R107 era uma relíquia que meu pai me presenteara quando completei 16 anos. Agora... como explicar que eu era bem de vida?

– É da empresa onde eu trabalho. - menti - E-Eles têm ótimos carros para os funcionários que moram longe.

– Queria que Sra.Mills fizesse o mesmo. - Emma riu de si mesma - Aliás, você a conhece?

– Só por nome. - menti novamente.

Sem julgamentos, ok? Eu sei que deveria ter contado a verdade, mas será que Emma não iria se afastar por eu ser uma pintora quase famosa e filha de Cora Mills? Duvido que você faria diferente.

Passados alguns poucos minutos, em que as brincadeiras entre nós três não cessavam, a loira me elogiava o tempo todo. Eu já estava ficando sem graça. Após terminarmos o café da manhã, eu estava retirando os pratos e ela veio conversar comigo, estávamos mais afastadas de Henry.

– Regina, eu não sei como te agradecer.

– Só... me deixa te ajudar? - era uma mistura de ordem e súplica - Sei que ainda somos desconhecidas, mas eu queria muito que você voltasse a dançar sem medo.

– Sim, é...

– Claro que ela deixa! - o garoto surgiu soltando sua frase bombástica - Quero ter uma nova mamãe!!!

Minhas pernas bambearam. Ele era tão inocente que jamais conseguiria repreendê-lo. É claro que ter Emma como companheira não seria nada mal, muito menos observá-la adormecida todas as noites. Mas o que eu estava pensando? Ela era só minha nova amiga.

– Mamãe não, Henry. - a loira se pronunciou, tirando qualquer chance de eu falar - Uma tia, talvez.

Eu não era boa o suficiente? Só porque ela era linda, talentosa, inteligente, carinhosa e perfeita? Mas também por ser hétero e jamais querer alguma coisa comigo. Aquela era a realidade.

Você deve estar se perguntando: “Mas, Regina, você gosta de mulheres?”. A resposta é sim, ou estava achando que minha admiração por Emma era apenas uma amizade? É claro que escondi tudo para tentar esquecê-la, mas era algo tão forte que eu preferi levar como um sentimento passageiro.

E agora Emma tinha me rejeitado indiretamente. Parabéns, Mills.

...SQ...

Quando o silêncio se faz presente eu o acompanho, mas isso não significa que meus pensamentos fiquem calados.

Durante a carona que dei para Emma e Henry até a Companhia, prometi a mim mesma de que a loira teria sua ajuda psicológica, e eu poderia vê-la de vez em quando, cumprimentando-a como se fosse uma conhecida qualquer. Eu era assim: tudo ou nada, sem lugar para um meio-termo.

– Gina??? - Henry gritou - Já que você não se interessou pela história do Capitão América, posso te perguntar uma coisa? - ele não deixou que eu respondesse - Isso aqui é um quadro?

A minha obra de arte estava embrulhada num papel de cor parda, dividindo o banco do passageiro com o garoto.

– É sim.

– Foi você que comprou? - Emma se interessou e eu apenas discordei com a cabeça. Acho que ela notou a minha frieza.

Cinco minutos depois eles já haviam descido do carro, e a loira mordeu os lábios ao voltar repentinamente e jogar uma fita de vídeo que estava o tempo todo em sua bolsa no banco do passageiro.

– Quero que assista isso. - ela sorriu timidamente e foi embora.

Apenas murmurei um "Adeus" e guardei aquela raridade no porta-luvas. Talvez eu a obedecesse.

Antes que eu desse a partida no carro, aquela voz risonha falou ao meu ouvido:

Sis? O que está fazendo aqui? - educação era inexistente - Já passou da sua hora de trabalho.

– Eu só...

– Não me diga que está com a faxineira? - um sorriso sínico brotou em seus lábios - Ouvi dizer que Emma é quase morta de fome.

– Zelena.- eu tentava me controlar, mas aquela coisa que eu chamava de irmã não parava.

– É claro que se ela tivesse aceitado o convite da mamãe...

– Cale a boca!

Só havia uma pessoa capaz de me estressar ao limite, e era ela.


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Notas finais do capítulo

"Isso vai dar uma treta maligna" ashuashuashuashuas... Então, o que acharam do capítulo? Vejo vocês nos reviews.
IMPORTANTE: Eu estava pensando e achei melhor mudar o nome da fic para "Masterpiece", mas preciso de opiniões.