Ethan me levou até sua mesa, um pouco mais distante das outras. Durante a conversa, ele me contou que era amigo de infância de James (marido de Kenna). Era um três, tinha 24 anos e trabalhava como advogado.
Confesso que sua companhia era muito agradável. Ethan era muito gentil, educado e divertido. Conversamos sobre muitas coisas, e então apareceu um menino de uns 3 anos, correndo até nossa mesa. Tinha cabelos bem pretos e lindos olhos azuis.
– Papai! – ele disse, pulando em Ethan, enquanto eu arqueei as sobrancelhas. – É hora dos parabéns! Vem vem vem! – ele disse, super animada.
– Ta bom – ele deu uma risada – já estou indo, ta bom? Pode ir na frente! – ele disse, e ela saiu correndo em direção à mesa do bolo.
– Então... – eu disse, curiosa, e um pouquinho irritada por ele ter escondido isso de mim. – É casado?
– Não. – ele respondeu, não mais tão sorridente – Sou viúvo. A mãe dele morreu no parto. – ele disse, e eu soube que aquilo ainda o machucava.
– É um menino lindo. Se parece com você. – eu disse, e só depois me dei conta da besteira que tinha feito.
– Ah, então me achou bonito? – ele brincou e eu corei.
– Ahn.. – eu murmurei – Ah, droga. Não foi isso que eu quis dizer! Vamos logo pro parabéns, anda! – eu disse, para dar fim à conversa.
Foi um momento lindo. Kenna e James babavam na filha Astra, que tentava bater palminhas. Depois da música, tiramos milhares de fotos, e até Kota apareceu em algumas delas.
Depois das fotos, corri os olhos pelo salão e encontrei Ethan brincando num canto, no chão, com seu filho. Fui até eles e me ajoelhei no chão, pra ficar da altura do menino.
– Oi! – eu disse, tentando atrair a atenção dele. – O meu nome é America. E o seu? – perguntei e, após incentivo do pai, o menino respondeu.
– Owen.
– Ah, é um nome lindo. Será que eu posso brincar com você? – perguntei e ele fez que sim com a cabeça.
Depois que sua timidez passou, deu pra perceber que Owen, como o pai, também era muito educado, e também muito falante. Mas, observando os dois juntos, imaginei como seria a rotina dos dois. Uma mãe fazia muita falta, e Ethan com certeza se desdobrava para cuidar do filho.
Percebi que minha mãe já estava cansada, e que era hora de ir embora, me despedi de Kenna, James e Astra e depois de Ethan.
– America, ouça – ele disse, quando eu já estava na porta do salão para ir embora. – quero te ver de novo. Me deixa te levar a um lugar amanhã?
– Tudo bem. Vamos a esse lugar – eu dei um meio sorriso, e fui embora.
Ao chegar em casa, dormi rapidamente, e cheia de novas expectativas.

No outro dia, acordei um pouco tarde. Não sabia a que horas Ethan viria a minha casa, então já vesti uma roupa apresentável: um vestido floral, sandálias baixas e prendi meus cabelos em uma trança embutida.
– Hmmm Ames! – May disse, assim que eu apareci – Vai sair é? É com o cara da festa de ontem não é?
– Ai May... Ta, é com ele. – eu disse e ela deu um gritinho.
– Só pra constar, acho ele bem melhor que o príncipe - ela disse, e voltou seus olhos para a televisão novamente.
Mas para mim, ninguém jamais poderia ocupar o lugar de Maxon.
Depois de umas boas horas, Ethan chegou às 15h. Preferiu não entrar, então eu o encontrei em seu carro, fora de casa. Notei que com ele, também estava Owen.
– Se importa por Owen ter vindo? É que você gostou tanto dele.. – ele perguntou, quando eu ainda nem tinha entrado no carro.
– Claro que não! – eu disse e entrei no carro. – Pra onde vamos?
– Surpresa! – ele disse e seguimos pela estrada. O tempo passou rápido com as conversas com Owen e suas risadas no banco de trás.
Ethan virou em um trecho da estrada, e fomos parar num lugar bem bonito. Tinha um lago com água bem limpa e rodeado de pedras. Havia árvores de todas as espécies.
Ethan tirou do carro uma cesta e eu logo entendi que ele havia planejado um piquenique!
Enquanto Owen andava pelo lugar, ajudei Ethan a estender a toalha. Ele havia trazido um monte de comidas e bebidas, mais que o suficiente para nós três, e também alguns brinquedos para Owen.
Eu estava cada vez mais deslumbrada por aquele homem. Ele era mesmo real?
Durante os meses que se seguiram, nos encontramos cada vez mais, e cada vez mais a lembrança de Maxon se tornava mais distante.
Eu sabia que ele era filho único, e seus pais já tinham morrido e, fora alguns parentes um pouco distantes, ele era sozinho no mundo. Owen também não tinha tios e também já não tinha os avós.
Ele conheceu minha família, e minha mãe se encantou completamente por ele e Owen. Eu também fui à casa dele várias vezes, mas nunca nada havia acontecido entre nós.
Porém ele estava conquistando meus pensamentos. Eu também estava ficando muito apegada ao Owen, e ele a mim.
Até que um dia, Ethan deixou Owen com uma babá e me levou para jantar.
Fomos a um restaurante lindo, em frente a uma praça. Depois de jantar, caminhamos pela praça, e foi aí que aconteceu.
Ethan pegou a minha mão e me virou de frente para ele. Ficamos nos olhando, sem falar nada, até que ele foi chegando mais perto até nossos lábios se encontrarem.
Foi um beijo calmo, e que confesso que me deixou com aquelas “borboletas” voando na barriga. Ainda assim, ele não era o Maxon.
Desde então, nos encontrávamos cada vez mais. Um dia, em sua casa, Owen viu a gente se beijando e, ao contrário do que esperávamos, ficou super alegre. Disse que “a mulher que o papai beija é a mamãe” e começou a me chamar de mamãe. No começo foi um pouco estranho, eu tinha medo que eu e Ethan não ficássemos juntos e que isso magoasse Owen. Mas depois, eu sentia que parecíamos uma família. Nós três passávamos cada vez mais tempo juntos, e quem visse realmente acharia que éramos uma família.