Murciélago escrita por Karina Vitório


Capítulo 1
Despreocupada




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Do pó viemos e ao pó retornaremos ...

Acordei em um ambiente árido e sem vida ... Hueco Mundo. Não estava tão desorientado ao ponto de não saber que havia sido derrotado por Kurosaki Ichigo.

Levantei e caminhei em direção a Las Noches. Conforme me aproximava ficou claro que não havia mais batalhas ocorrendo no Hueco Mundo. A presença de Halibel e Grimmjow era tangível.

Entrei na sala e examinei a cena diante de mim. Halibel era claramente a voz de comando e parecia muito calma, enquanto escutava as reclamações de Grimmjow. Ela foi a primeira a me notar e pareceu apenas um pouco surpresa.

– Parece que você conseguiu se recompor, Ulquiorra. – sua voz não demonstrava qualquer emoção, mas sua declaração fez com que Grimmjow esquecesse das reclamações que dirigia a ela.

– Ora ora, veja quem está de volta ... Um tanto atrasado para seus padrões, Ulquiorra. – Grimmjow estava claramente tentando arrancar alguma reação de mim.

– Gostaria de ser informado do que ocorreu enquanto estive fora, Halibel. – passei por Grimmjow e fiquei em frente ao que parecia ser um trono onde Halibel estava.

– Você fez um trabalho de merda! Não conseguiu derrotar Kurosaki Ichigo, que acabou derrotando Aizen! – obviamente Grimmjow não conseguia se calar após eu o ter ignorado abertamente, suas afirmações vinham carregadas de escárnio. Halibel suspirou, como se estivesse cansada de lidar com ele.

– Você não deveria se sentir orgulhoso ao falar assim com Ulquiorra, Grimmjow, após ter sido derrotado pateticamente por Kurosaki Ichigo. – Grimmjow se limitou a fazer um ruído de desgosto – Me tornei a líder, já que possuo o número mais alto dentre os que sobreviveram. Aizen tornou-se um prisioneiro da Seireitei e Kurosaki Ichigo não é mais capaz de lutar.

– Não tenho nada contra sua liderança, Halibel. Suas palavras foram bem claras para mim, não temos razões para enfrentar os shinigamis ou incomodar Kurosaki Ichigo. Porém estou interessado na mulher humana – um silêncio de choque permeou a sala.

~

Cheguei a cidade de Karakura tarde da noite, a reiatsu que seguia era forte e clara. Ela se destacava dos demais humanos, todos lixos na minha opinião. Parei a uma certa distância de seu apartamento e decidi fazer uma rápida análise.

Como sempre ela era uma despreocupada. A janela do quarto em que dormia estava aberta. Eu poderia matá-la facilmente, mas não o faria. Seria uma ação desnecessária.

Pulei do telhado em que a analisava, diretamente para o chão de seu quarto. O ruído mínimo que fiz ao pousar não perturbou seu sono. Me aproximei de seu rosto, ao mesmo tempo em que ela se remexeu ...

– Ulquiorra ... – ela estava dormindo e pego de surpresa por ela me chamar, acabei por contestá-la.

– O que você disse, mulher? – seus olhos se abriram assustados e ela se afastou de mim, quando enfim se acostumou a escuridão e ao fato de que eu realmente estava lá, ela falou.

– Achei que nunca mais o veria – ela não desviou o olhar, não gritou, não chorou.

– Está com medo de mim, mulher? – ela sorriu um pouco, me fazendo perceber que ela se recordava daquele diálogo.

– Não estou com medo – era a mesma mulher forte, que eu havia visto pela última vez.

Fui pego de surpresa mais uma vez por aquela mulher, quando lágrimas desceram por seu rosto e ela se levantou apressada de sua cama para se jogar diretamente em mim. Ela se agarrava a mim, enquato soluçava em meu peito. Reconheci aquilo como um abraço. Uma demonstração de afeto dirigida a mim?

Esperei que se acalmasse e finalmente ela começou a me soltar e escorregar para o chão, a segurei e a coloquei na cama. A exaustão a tinha vencido e ela já havia adormecido. Uma lágrima escorregou por seu rosto e eu a peguei, analisei a pequena gota e então a coloquei na boca. Como o esperado, ela tinha gosto de sal.

Olhei para seu rosto e pensei que somente aquela mulher poderia ter me surpreendido duas vezes em uma mesma noite. A mulher que me fez entender o que é um coração. A mulher que me tornou mais humano.

~

A luz do sol entrou por sua janela e iluminou seu rosto. Ela despertou calmamente e ainda deitada virou seu corpo em minha direção, percebi que estava se certificando que eu realmente estava ali, sentado ao canto.

– Não vai fazer mal ao Kurosaki-kun, não é? – já conhecia sua preocupação para com seus amigos e sabia que ela faria essa pergunta em algum momento.

– Não tenho motivos para enfrentar Kurosaki Ichigo ou qualquer outro amigo seu, seja humano ou shinigami. E pelo que fui informado, Kurosaki Ichigo não está mais em condições de lutar – ela demonstrou alívio e ao mesmo tempo tristeza.

Ela fechou os olhos por um segundo e então levantou-se da cama. A roupa com a qual dormia me lembrou do uniforme Arrancar que uma vez usara, se assemelhava a um vestido e era completamente branco.

– Essa roupa fica bem em você – ela me olhou e então olhou para a roupa que vestia, seus olhos se arregalaram um pouco quando ela percebeu que na verdade me referia a cor branca.

A acompanhei com o olhar, enquanto ela rodava pelo quarto realizando suas tarefas. Era realmente uma mulher distraída. Não havia feito perguntas significativas. As peças de roupa limpa e os produtos de higiene foram minha deixa. Me levantei com a intenção de esperar em outro cômodo e lhe dar privacidade.

– Esperarei em sua sala.

Bati a porta atrás de mim, não dando tempo para que ela me respondesse. Ela demorou meio hora para finalmente surgir na sala. Seu cabelo estava úmido e agora vestia roupas que não eram brancas. Ela parou a pouca distância.

– Você está com fome? – uma mulher muito distraída.

– Eu não tenho esse tipo de necessidade, mulher, coma e não se preocupe comigo – ela ficou um pouco vermelha, mas logo deu um pequeno sorriso como se esperasse por aquela resposta e se pôs a trabalhar.

Seus ingredientes eram variados e suas misturas improváveis, mas não estava interessado o suficiente para questioná-la. Me sentei no chão, perto da única mesa do cômodo e logo ela trouxe sua comida e se sentou no chão ao meu lado.

– Itadakimasu! – ela comeu tudo, enquanto eu a observava, mas logo se pôs a falar – Você uma vez me ameaçou, caso eu não me alimentasse direito. Aquele dia fiquei muito brava com você, pois disse coisas muito cruéis sobre meus amigos – ela sorriu como se aquela não fosse uma lembrança perturbadora.

– Seja direta, mulher, não gosto de enrolação – ela olhou para mim seriamente.

– Por que está aqui, Ulquiorra?

– Porque você é interessante.


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