Querida Sarada... escrita por Hitari Amai


Capítulo 2
A verdade dói


Notas iniciais do capítulo

Gente, obrigada pelo carinho de vocês! ^-^
Gostei do incentivo que me deram e espero que vocês gostem deste capítulo, melhor prepararem os lencinhos!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/652438/chapter/2

Depois que eu vi minha mulher, na minha frente, morta, Shikamaru aproximou-se de mim e me tocou o ombro.

Me afastei daquele contato e sai da sala. Peguei minhas coisas e voltei para casa.

Quando eu cheguei, Sarada estava vendo televisão enquanto abraçava seu travesseiro.

– Não foi para a escola? - Indaguei.

– T-Tio Naruto me buscou... - Murmurou com a voz embargada. - A mamãe...

– Por favor, não fale nisto. - Repliquei. - Vá tomar um banho e dormir.

– Papai, o senhor não está triste?

– Sarada. - Lhe repreendi e ela fez o que mandei.

Minha secretária deve ter recebido a informação e passou para a dona da escola que minha filha estuda, Hinata. Que é esposa do meu amigo Naruto.

Mas nada importava naquele momento. Senti meu corpo fraco e me joguei na cama de casal desarrumada do meu quarto.

O cheiro dela estava ali. Fios de cabelo rosado. Pijama jogado sobre a cama. Tudo. Tudo me lembrava ela.

Encolhi meu corpo e comecei a chorar.

Por que tem que ser assim? Por que minha esposa teve que morrer? Por que logo no dia em que completávamos 10 anos de casados?

Estas perguntas martelavam em minha cabeça e só me faziam chorar mais ainda.

Abri o guarda-roupa e peguei as roupas da Sakura. O aroma dela estava lá.

Mas não importa o quanto eu procure, pois ela não está lá. Em nenhum lugar!

Agachei-me ao chão e abracei meu corpo, gritando e chorando amargamente. Tamanha dor era insuportável.

Por que as pessoas importantes para nós têm que morrer? Por que esta dor toda? Por que esta amargura?

Chorei tanto naquela noite que dormi ali mesmo, no chão frio, assim como a minha alma.

[···]

– Papai... Acorda. - Alguém me cutucava nas costelas. - Vamos, eu tenho aula.

– Sarada? - Murmurei sem abrir os olhos. Pareciam que estavam grudados. - É você?

– Sim, sou eu. Levanta do chão.

Foi aí então quando me lembrei que Sakura havia falecido. Não era um sonho?

Levantei-me lentamente e fui ao banheiro lavar o rosto. Meu rosto estava completamente inchado.

Olhei para minha filha e ela estava arrumada para ir para a escola. Franzi o cenho e olhei para meu relógio. 12h00min... Eu dormi tanto tempo assim?

– Você já comeu? - Perguntei.

​- Tinha um restinho na geladeira. Esquentei no microondas.


– Sobrou pra mim?

– Não.

Sentei-me na cama e logo em seguida me deitei.

– Papai, levanta. - Sarada me cutucava. - Eu tenho aula.

– Pede pra sua mãe te levar.

– A mamãe não tá aqui! - Bradou com voz embargada.​


​- Não grite com seu pai! - Repreendi. - Eu estou cansado, pode faltar se quiser.

– Eu tenho prova. - Soluçou.

– Para de chorar. - Bufei. - Liga pro Naruto e pede pra ele te buscar.

– Tá. - Resmungou e correu para o andar de baixo para utilizar o telefone fixo. Enquanto isso, eu voltava a dormir...

[...]

Parei em frente a casa do meu amigo e buzinei. Logo uma menininha de nove anos com os cabelos curtos e pretos apareceu correndo em minha direção.

– Tio Naruto! - Me abraçou contente.

– Oi, meu amor. - Lhe beijei na bochecha. - Onde está o Sasuke?

– Dormindo. - Respondeu chateada.

Sorri sem graça e afaguei sua cabeça. Ela estava com o rosto avermelhado, provavelmente acabou de chorar.

Me doía vê-la desta forma, sempre considerei a Sarada como se fosse minha filha.

– Vamos? Boruto está no carro. - Ela assentiu e deu a mão para mim.

Abri a porta do carro de trás para que ela pudesse entrar e logo começou a fazer companhia ao meu filho.

– Naruto... - Minha esposa que estava no carona me cutucou. Obviamente que eu já sabia o que ela queria.

– Melhor não perguntarmos nada... - Cochichei e ela assentiu.

– Tia Hinata. - Sarada sorriu ao vê-la. - Quando a Himawari vai nascer?

– Breve. - Disse minha mulher enquanto acariciava seu ventre. - Daqui a três meses.​


Dei partida no carro e fui em direção à escola deles e os deixei.

– Amor. - Hinata acariciou meu rosto após as crianças saírem. - Você tá de folga hoje, né?

– Sim, por que? Quer ir ao supermercado mais tarde?

– Não. - Riu docemente. Já falei que babo horrores por esta mulher? - Ajude o Sasuke, mesmo que ele queira ficar sozinho, não o deixe.

– Eu sei. - Suspirei. - Eu pretendo ir falar com ele, mas não sei o que dizer.

– Seja você mesmo. - Me deu um selinho enquanto saía do carro. - Até mais tarde.

– Até. - Disse enquanto ligava o carro novamente.

O que eu devo fazer? Quando eu descobri que a Sakura faleceu eu chorei horrores, pois sempre a considerei uma irmãzinha. Consigo nem imaginar como meu amigo está se sentindo, afinal, ele era casado com ela.

Passei no Ichiraku e comprei dois lámens instantâneos; e passei na casa do Sasuke.

Toquei a campainha e dois minutos depois ele veio atender.

Ele estava péssimo. Fedia a álcool e tinha olheiras enormes​.


​- Eaí cara? - Sorri. - Tudo bem?

– Como acha que eu estou? - Bufou.

– Tudo bem, pergunta idiota. - Levantei as mãos rendido.

– O que tem na sacola? - Abriu espaço para que eu entrasse. - Espero que não seja lámen.

– É exatamente isso. - Ele revirou os olhos. - Eu tenho certeza que você não comeu ainda. Então, nada melhor do que uma comida instantânea.​


​- Vou ferver a água. - Falou enquanto ia à cozinha.

– Sasuke. - O segui. - Mesmo que eu saiba que você não está bem, eu preciso saber o que você tá sentindo. - Falei preocupado.

– Você saber o que eu sinto vai mudar alguma coisa? - Reclamou. - Vai trazer a Sakura de volta? Não! Então não insista.

– Que dia é o enterro? - Perguntei o ignorando. Sei que Sasuke sempre foi uma pessoa difícil.

– Hoje a tarde. - Suspirou.

– Você vai?

– Não sei. - Bagunçou os cabelos. - Nunca gostei de enterros. Ainda mais quando este é o da minha própria esposa.​


​- E a Sarada?

– O que tem ela? - Estendeu a mão pedindo pelo lámen e eu o entreguei.

– Como ela reagiu?

– Não sei. Pergunta pra ela. - Me entregou o copinho enquanto voltava para a sala com o seu.

– Você é o pai dela e não sabe? - Bufei.

– Deveria?

– Claro!

– Não tive tempo pra perguntar isso a ela. - Deu de ombros.

– Mas teve tempo pra encher a cara de álcool, né?

– E o que você sabe sobre isso? - Bradou.

– Sei que a Sarada agora precisa de um pai presente, e não de um pai alcoólatra​!


​- Naruto, você veio aqui pra quê? - Vociferou. - Pra me azucrinar? Você não entende o que eu sinto! Você tem uma família! Ao contrário de mim, você não perdeu sua esposa!

– Você ainda tem a Sarada! - Repliquei. - Deixa de ser egoísta e olhar apenas para o próprio umbigo! Não é só você quem está sofrendo com toda esta situação! Pare de agir feito coitadinho!


​- Como se uma criança pudesse entender o que é perder alguém que ama! - Debochou.


– Claro que ela sabe! - Bati na mesa com força. - Ela não precisa ter dezoito anos pra entender isso!

– Então por quê você não a leva consigo?! Já que você a entende melhor do que eu?! Eu sou o pai dela, não é você!

– Tem razão. - Me afastei. - VOCÊ é o pai. Então aja como um.

Peguei a chave do meu carro e me preparei para abrir a porta.

– Sasuke, entenda... Sei que não é fácil... Mas coloca uma coisa na sua cabeça: coloque a Sarada ao menos uma vez em toda a sua vida como prioridade máxima. Esqueça dos teus problemas, das tuas dores, e se concentre apenas nela. Você não faz ideia do fardo que ela pode estar carregando...

– Ah, e você sabe? - Perguntou com ironia.

– Sei, pois eu também perdi a minha mãe. Caso você tenha esquecido.


​Dito isto, abri a porta e fui até o meu carro e dei partida; e voltei para minha casa.

Eu espero, de todo o coração, que ele entenda o que eu quis dizer.

​[...]

Esse Naruto!

Bem que ele poderia tentar entender o que eu estou passando.

Ele acha que é fácil superar isso?

Caminhei para minha cama e voltei a dormir, estou muito cansado.

Acordei por volta das 18h00min por causa da campainha que estava sendo tocada.

Desci as escadas e abri a porta, nem perguntei quem era.

– Oi, papai. - Sarada foi entrando e jogando as coisas na sala.

– Oi. - Tranquei a porta.

– Pai, o senhor tá ocupado?

– Não.

– Me ajuda com o dever de casa?

– Não. Eu tenho coisa pra fazer.

– Mas você disse que não estava ocupado...

– Não quer dizer que eu não tenha nada para fazer. - Revirei os olhos. - Tenho que organizar minhas coisas, volto a trabalhar amanhã.

– E quem vai me levar pra escola? - Indagou chateada.

– Quem mais seria? Naruto, ora essa!

– Eu não quero o tio Naruto... - Escondeu o rosto atrás do caderno. - Ele me bateu...

– Então não vai pra escola! - Bradei.​ - Que saco.


Ela me encarou com os olhos marejados e se aproximou pegando em minha calça.

– Por que você não me leva?

– Eu acordo mais cedo que você. Se quer ir comigo passe a estudar de manhã.

– Então pede pra tia Hinata me mudar.

– Pede você. - Me retirei. - Não tenho tempo para isso.

Subi as escadas e fui para meu escritório organizar minha agenda.

Naquela salinha havia várias fotos do meu casamento com a Sakura e da Sarada bebê... Era nostálgico, porém doloroso.

" Por quê você teve que morrer? ". Esta pergunta martelava em minha cabeça direto.​ E toda vez ela me fazia chorar feito criança.


​- Papai... - Minha filha bateu na porta do escritório.

Limpei minha garganta e sequei as lágrimas que escorriam.

– O que foi? Não disse que estou ocupado?

– Posso entrar?

– Entra.

– Licença. - Após entrar encostou a porta e sentou-se na cadeira que ficava em frente ao computador que eu utilizava.

– Já disse que não vou poder te ajudar com seu dever de casa.

– Não é isso. - Negou com a cabeça. - É que... A vovó ligou perguntando porque a gente não foi ao enterro da mamãe... - Sua voz começou a ficar embargada.

– Se ela ligar de novo diga que não fui porquê não quis. Prefiro guardar em minha mente os momentos que passei com minha esposa quando ela era viva. - Respondi me contendo. - É só isso?

– Só.

– Ótimo. - Me foquei nos papéis.

Ela permaneceu ali olhando as fotos que tinham naquele escritório​. Parecia encantada, mas hora ou outra secava o rosto porque estava chorando.


​- Sinto falta dela... - Murmurou se agachando e abraçando o próprio corpo. Soltou um grito abafado seguido de soluços. - A mamãe... Ela se foi...

Apertei a caneta que eu segurava e respirei fundo. Não queria chorar, não podia chorar.

– Sarada. - Lhe chamei e ela me encarou com o rosto todo vermelho e molhado. - Vá terminar o seu dever.

Ela levantou-se e secou as lágrimas em sua saia.

– Papai... - Fungou. - Quanto o senhor cobra por consulta?

Me surpreendi pela pergunta repentina.

– Em torno de 240 reais... Por quê?

– Uma amiga minha queria saber... A mamãe dela vai ter neném.

​- Diga pra sua amiguinha que a mãe dela tem que ver isto com o médico que fez o pré-natal dela.


– Pré - o quê? - Franziu o cenho.

– Nada. - Ela não entenderia mesmo.

Ela assentiu e fechou a porta. Novamente, estou sozinho.​


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eaí? Gostaram?

Aposto que curtiram a treta kkkk



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Querida Sarada..." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.