Quem é você, Anna Rossi? escrita por Le petit Audrey


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Tudo bom gente? Boa leitura!



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Emma chegou no inicio da noite em casa, totalmente cansada. A luz da sala estava acesa, então pensou que seu namorado Davi estaria por lá. O encontrou em seu quarto, deitado na cama com um notebook em cima de uma almofada sobre a barriga dele.

– Ei, e aí?

Davi tirou os óculos para olha-la.

– Tudo certo. Como foi seu dia, querida?

– Tenho uma bomba pra te contar – disse Emma, com um tom ansioso. Tinha planejado não ficar assim mas foi impossível. Sentou na ponta da cama, tirou os sapatos oxford de cor marrom, a jaqueta jeans e se virou para ele – uma garota que estudava comigo no ensino médio é suspeita de matar um cara a tiros – os seus olhos arregalavam ao falar, esperando uma reação igual do namorado

– Uau... era amiga sua? – Fez um único movimento de levantar uma de suas sobrancelhas.

– Não, era uma colega mas fiquei muito chocada!

– Nossa, espero que a peguem – Davi colocou os óculos e voltou sua atenção ao notebook.

Emma se sentiu desapontada com o desinteresse de Davi.

– Sim... eu também espero. – resolveu falar num tom que disfarçou sua excitação.

Se ela realmente matou o cara. Emma pensou. La no fundo não queria ver Anna como assassina. Talvez pelo o que ela um dia fez por Emma.

Queria falar mais sobre esse caso e Anna com Davi. As discussões na sala da Redação pareciam não suficientes. Tudo isso era surreal. Porém, ele parecia não estar tão interessado ao contrário dela. Isso a deixou um tanto frustrada. Seguiu até o banheiro do quarto para tomar um banho.

Passou algumas horas até o horário de dormir. Davi e Emma moravam em lugares diferentes porém ele pediu que naquela noite pudesse dormir com ela, pois tinha uma consulta no dentista na manhã seguinte e o consultório ficava ali perto.

– Faz dois dias que não nos vimos direito. Estava com saudades – disse Davi, enchendo a nuca da morena de beijos.

– Eu também meu amor.

Emma estava deitada e de costas para Davi, ele não podia ver a expressão cansada dela.

Começou a apalpar o seu corpo, as suas mãos apertavam forte as coxas carnudas de Emma.

– Você é muito gostosa, Ems – disse baixinho em seu ouvido.

Emma se virou para olha-lo e sorriu.

– Amor, não me leva a mal não, mas estou cansada – disse com uma voz doce.

– Qual é! Você sempre me deixa excitado – acariciou os seios fartos dela por debaixo de sua camiseta e a beijou de um jeito faminto.

Emma viu que ele não ia desistir tão cedo e para evitar chateá-lo decidiu ir em frente. Só queria terminar com isso e finalmente dormir.

Quando terminaram, deram boa noite um ao outro e se viraram de lados opostos para então dormirem.

Quando Emma fechou os olhos as imagens de Anna Rossi surgiram em sua cabeça como fogos de artificio. Abriu os olhos relembrando e se perguntando o que foi aquilo tudo que se passou durante o dia? Apesar de saber quase de cor a história toda, isso ainda mexia com ela e ainda se via muito surpresa com a possível criminosa que Rossi seria. Já havia visto inúmeros casos durante sua experiência no jornalismo de pessoas que do nada vão lá e matam o "amiguinho" ou os pais. Sem terem necessariamente nenhum problema mental ou passagem pela policia.

Mas Anna Rossi era diferente.

Havia conhecido Anna há nove anos, quando estudavam no ensino médio. Nunca foram próximas, mas Emma sempre observava Anna de longe. Anna parecia a mais animada do seu grupo de amigos estranhos das quais todos sempre tinham aquela camisa de bandas de rock famosas, pareciam fumar bastante e diziam gírias das quais Emma não entendia. A cada semestre, Anna aparecia com uma cor diferente de cabelo e a impressão que Emma ficava disso é que ela tinha muita liberdade e não temia o que as pessoas achariam dela.

Os amigos de Emma sempre faziam piadinhas à Anna, a primeira nunca tinha coragem de se envolver e não gostava quando eles faziam tamanha idiotice, apesar de nunca ter lhes contado isso.

Emma lembra muito bem daquele dia em particular, que caiu num fim de semana em que a turma marcou de sair para acampar em Dana Point, localizado no estado da Califórnia em um parque chamado Doheny State Beach, um lugar recheado de imensas florestas, cachoeiras e praias. O lugar perfeito para aproveitar o verão com o inicio das férias e o último ano do colégio.

Ela tinha dificuldade de dormir em lugares cercados por mata e árvores, então já estava de pé cedo lá para as 7h. Observou o grupo de dezessete adolescentes permanecendo dormindo. Emma passou a noite com o biquini, então resolveu que não seria má ideia reanimar seu corpo dando um mergulho na praia logo ali perto.

O lugar parecia paradisíaco. Não havia ninguém àquela hora na praia. O céu estava bastante azul, sem nuvens. A água azul cristalina, as aves e os barulhos das folhas que dançavam ao vento fresco davam o cenário mais lindo que podia ver.

Respirou fundo o ar puro da natureza, sorriu e tirou seu short e camiseta branca onde jogou pela areia e seguiu andando devagar até a beira da praia. A última vez que esteve ali foi na tarde do dia anterior quando todo mundo chegou e resolveram celebrar dando um mergulho na água. Parou um pouco para deixar a água tocar seus pés. A temperatura gelada fez Emma se arrepiar, porém não desistir de enfrentar o mar.

À medida que adentrava cada vez mais na água, sentia seu corpo vibrar de excitação. Pouquíssimas vezes tinha a oportunidade de ir a praia, apesar de morar em uma cidade litorânea. Quando ia, sempre tentava aproveitar o máximo.

Deixou a água bater até a altura de seu peito, pressionou o nariz e mergulhou somente para molhar a cabeça. Nesse momento, sentiu uma onda passar pelo seu corpo, o movendo para frente e para trás. Subiu imediatamente pela superfície por conta do susto. Respirou e fitou o céu, queria flutuar então se posicionou como se fosse deitar na água.

Não teve muito sucesso.

Decidiu que iria tentar nadar. Mas antes percebeu que vinha chegando outra onda. Esperou ela passar e assim nadar de seu jeito desengonçado. E o fez.

Nadou no sentido horizontal. No segundo que ela deu uma parada, outra onda veio com força o suficiente para desequilibrá-la. Emma foi empurrada para trás e engoliu muita água. O nível de água já chegava a altura de seus ombros. Emma, com dificuldade, respirou um pouco, abriu os olhos que ardiam por conta do sal e estavam embaçados, conseguiu ver uma grande extensão branca do outro lado e logo procurou nadar para essa direção.

Outra onda veio desestruturando Emma. Um desespero cresceu dentro dela, que havia engolido muito água e não conseguia tossir direito quando encontrava o ar para respirar. Seus pés não encostavam mais na areia da água. Tentou desesperadamente se concentrar em respirar e não engolir mais água que acabou esquecendo de tentar nadar, fazendo com que ela ficasse estacionada. E as ondas vieram, a empurrando para frente e para trás e seu corpo ia afundando perdendo a luta contra a água.

O desespero era tanto, que apenas conseguia mexer as pernas e os braços freneticamente para fazê-la alcançar a superfície para então respirar e gritar pedindo socorro, mas não conseguiu.

A cada segundo que passava Emma foi perdendo forças e ganhando uma agonia intensa dentro do peito. Sentiu que a qualquer momento ele poderia explodir.

Sentiu algo puxar seu braço. Mas não tinha certeza se aquilo era real ou ilusão da sua cabeça, a enganando e chamando-a para a morte.

***

A sensação era que toda sua alma estivesse se esvairido de seu corpo.

Alguém a chamava repetida vezes após ela ter botado para fora muita água.

Você está bem?

À medida que consumia oxigênio, seu peito doía. Na décima inspiração, seus pulmões se acostumavam e voltavam aos poucos ao normal. Tossia bastante, a sensação de engasgamento era terrível. Sua cabeça estava muito pesada, seus olhos ardiam e manteve-os fechado. A sensação era tão arrasadora física e emocionalmente, que tinha vontade de chorar descontroladamente. Muita informação passava na sua mente naquele momento. O que aconteceu? Onde eu estou? Mãe, cadê você? Seu ouvido zunia. Precisou de uns minutos tentando entender o que havia se passado. Sentiu o sol quente em seu rosto e a sensação de areia presente em seu corpo. Foi aí que lembrou. Os flashes bastante nítidos em sua cabeça se revelaram e a assustaram. Começou a chorar de vez.

– Agora vai ficar tudo bem.

A voz que ouvira anteriormente, ao acordar, parecia mais presente e perto agora. Abriu lentamente os olhos inundados e se virou em direção à voz.

Um rosto cheio de sardas com expressão serena tinha olhos castanhos que a olhavam a espera de alguma coisa.

Ficaram se encarando por longos 11 segundos.

Emma extremamente confusa. Já vira esse rosto antes...

– O que... – Emma não conseguiu concluir por conta de mais uma tosse que a possuiu.

– Bem... você estava se afogando e não pensei duas vezes e fui lá para te ajudar – pausa – pensei que não fosse conseguir.

A voz da garota estava trêmula.

Emma sentou para digerir tudo aquilo mais uma vez. Abriu os olhos e voltou seu olhar para a garota, que agora observava o mar. O vento balançava seus cabelos escuros com mechas vermelhas. Tomou um susto quando se deu conta de vez que aquela garota era sua colega de turma, Anna Rossi. Nunca teve um contato tão próximo a ela e essa situação era bastante estranha. Olhou para o que ela vestia. Seu rosto queimou quando percebeu que era calcinha e sutiã.

– Olha, me desculpe... – disse se levantando com dificuldade, extremamente envergonhada – a culpa foi minha de decidir mergulhar sozinha agora cedo.

– Não se desculpe, por favor – Anna também se levantou, não encarando Emma. Estava a procura de suas roupas na areia.

– Obrigada – Emma parou para fita-la, queria se agradecer e encerrar aquilo – foi um milagre você aparecer e...

– Não, tudo bem – se virou para encara-la, sem jeito.

Emma pediu que aquilo ficasse só entre elas. Anna assentiu e voltaram a viver suas vidas como se essa manhã nunca tivesse acontecido.


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