Apocalipse escrita por MapleWolf


Capítulo 45
Rivalidade


Notas iniciais do capítulo

Heyaaa! Leitoras, Leitores...

Como prometido... Segundo capítulo do dia xD

— Boa Leitura!
~May ♥



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Com o susto, a ruiva acordou com um sobressalto, esquecendo totalmente do feito daquela tarde. Sentiu a dobra do braço doer e notou que havia uma agulha no mesmo, ligado a um saquinho de soro vazio. Umedeceu os lábios com a língua, ainda sentindo o sabor do sangue em sua boca, depois olhou em volta, analisando o local. Estava na enfermaria da prisão que, diferente da ala médica, tinha algumas macas perfeitamente alinhadas na parede. 

Tirou a agulha do braço e puxou a manga da camisa até que cobrisse sua mão. Passou os olhos no local e percebeu que estava sozinha. Sem pensar duas vezes, saltou da maca e pegou a jaqueta que estava largada em uma das cadeiras e vestiu-a rapidamente. Levantou as mãos para ajeitar o cabelo bagunçado e ouviu o som de tecido se rasgando, tirou a jaqueta outra vez e notou que as costas estavam rasgadas, com marcas de unhas. Deduziu que teria rasgado quando fora arrancada das costas do homem.

Quando estava se dirigindo na direção da porta, Íris a abriu e atravessou a mesma, trazendo consigo uma bandeja com uma tigela, uma caixa de remédio e uma garrafa de água. A morena sorriu ao ver Lizzie de pé, colocou a bandeja sobre um balcão e fechou a porta em seguida.

— Mas você dá trabalho, hein? - Íris comentou em tom de brincadeira, pegando a garrafa da bandeja e estendendo na direção da ruiva. 

Lizzie riu do comentário e pegou a garrafa, usando a água para limpar a boca, depois cuspiu pela janela gradeada, fitando a calmaria do exterior por uns instantes. A enfermaria ficava no segundo andar, por isso era possível ver até os muros do local. Íris a fez sentar na cama e colocou uma tigela de sopa em suas mãos, sentando ao lado da ruiva em seguida. 

— Lá em baixo tá um caos... - a morena começou. - O povo tá revoltado porque você matou aquele cara. 

— Tenho meus motivos. - Lizzie rebateu com indiferença, levando uma colher de sopa à boca. 

— Eu sei que tem... A tenente Miller tá tentando controlar a situação, mas está complicado... Ela disse que quer falar com você o quanto antes.

Lizzie assentiu sem dar muita atenção. Íris esperou a ruiva terminar de comer e depois lhe deu um comprimido da caixa de remédio, fazendo a outra tomar. Saíram do cômodo e seguiram até o escritório da tenente, que ficava no mesmo andar. A loira andava de um lado para o outro enquanto dava ordens a alguns homens fardados, mas os dispensou ao notar as duas garotas na porta. Pediu para Lizzie se sentar na cadeira que tinha na frente da mesa, enquanto Íris esperava do lado de fora. 

A ruiva sentou-se e passou a observar a mulher andar de um lado para o outro. Sentiu certa nostalgia, como nas vezes que era pega fora da aula e mandada direto para a sala da diretora. Abriu um pequeno sorriso com a lembrança. A tenente sentou-se e respirou fundo, repousando as mãos na mesa.

— Se for pra me punir, faça agora ou será tarde demais. - disse a ruiva, o tom de voz demonstrava sarcasmo, e o olhar de deboche media a loira. 

— Não te chamei aqui pra isso. - ela respondeu com calma, entrelaçando os dedos e endireitando as costas. - Muito antes de você e seu grupo chegar, eu tenho percebido que há certa divisão entre o grupo que já estavam aqui, os policiais legítimos, e os que foram chegando, os refugiados... Alguns membros que se encaixam nesse segundo grupo conspiram contra a organização, eles querem me tirar do poder porque acham que o mundo está perdido.

A tenente fez uma pausa, analisando as expressões da ruiva. Lizzie arqueou uma sobrancelha e se arrumou na cadeira, ficando com as costas retas, passando a fitar a mulher com certo interesse. A loira então continuou:

— Desde que o grupo de Jon descobriu as anotações da cura, eu adotei uma visão mais esperançosa do mundo atual. Se de fato encontrarmos a cura, o mundo pode ser restaurado, essa pandemia pode ser exterminada de vez. 

— E onde eu me encaixo nessa história? - disse Lizzie, digerindo as palavras.

— Eu preciso de pessoas como você aqui, pessoas que lutam pelo que é certo, que saibam persuadir as outras, e tenham habilidades... Peculiares... Eu estive observando você e o Nick desde que fizeram a proeza de pular os muros sem que meus soldados vissem, e fiquei admirada com o modo que trabalham juntos. Se isso for explorado para o bem, vocês dois podem fazer coisas incríveis a favor da humanidade. 

— Não somos fantoches. 

— De fato não são, e que é melhor. Vocês são humanos. - fez uma pausa, buscando as palavras seguintes que poderiam convencer a garota. - O que eu realmente quero é que vocês se juntem à organização, e que sejam agentes contra a conspiração. O Nick já aceitou a proposta, e eu ficaria feliz se você aceitasse também.

— Mas... Você sabe que eu tenho sérios problemas com as outras pessoas, certo? - Lizzie comentou, deixando bem claro o aviso indireto. A tenente assentiu solenemente, como se pressentisse tal comentário. - Então por quê?

— Porque você não vai hesitar em aniquilar as supostas ameças. O jeito que você se portou quando a sua irmã estava sendo atacada mais cedo... - disse com admiração, lançando um olhar ambicioso para a ruiva. - Nem mesmo eu seria capaz de tal ato... 

— Então, se esse é o caso, estou de acordo. - Lizzie respondeu com um sorriso

Trocaram um firme aperto de mãos, como se assinassem um pacto. Levantaram-se e seguiram na direção da porta. Íris levantou com um impulso, o olhar aguardava por notícias, porém, Lizzie apenas sorriu para a amiga. Seguiram para o andar inferior. 

No pátio que dividia as celas, todos estavam discutindo entre si, trocando ofensas e empurrões. Todo aquele caos tinha sido gerado pela morte daquela tarde. A tenente Miller puxou Lizzie até as escadas e tomou a atenção para si, fazendo toda a baderna cessar em poucos instantes. A loira respirou fundo para começar o monólogo:

— Eu sei que todos você estão afobados e querem saber o que foi decidido, e eu tenho a resposta: a Lizzie vai ficar conosco. - antes que as vozes começassem a se sobressair outra vez, ela se adiantou para continuar. - O motivo da morte é perfeitamente plausível, e eu sinto muito pela perda de vocês, que eram próximos do falecido, contudo, a Lizzie é indispensável.

Lizzie permaneceu em silêncio, passando os olhos pelas pessoas que estavam mais abaixo, até seu olhar encontrar o do loiro com que teve suas desavenças no refeitório, ele lançava um olhar de ódio para a ruiva. Ela retribuiu o olhar hostil do loiro com um sorriso sínico, atiçando ainda mais a fúria do loiro. 

Ao fim do discurso da tenente, algumas vozes cogitaram a ideia de continuar o debate, mas foram calados com o olhar ameaçador da mulher. A multidão se dispersou aos poucos. Quando o silêncio voltou a reinar no local, a loira desceu as escadas outra vez, mas Lizzie chamou sua atenção.

— Tenente! - aguardou a mulher virar-se e continuou. - Por acaso não teria um carretel de linha preta e uma agulha? 

 A mulher ponderou um e depois puxou o ar para falar:

— Deve ter alguma coisa nos armários... Pede pra Lilian te levar lá depois...

Lizzie assentiu e terminou de subir as escadas. 

— Agora que você é importante vai ficar toda metida... - disse Íris em tom zombeteiro, fazendo a ruiva rir. 

— Onde você tá alojada? - a ruiva indagou.

— Lá do outro lado, com a Ellie. Mas eu não sei onde o Nathan tá, e nem via a peste desde hoje de manhã. 

— Beleza... Eu vou ver como a minha irmã tá, depois vou procurar uma linha pra costurar minha jaqueta...

Íris assentiu e seguiu para o lado oposto ao da ruiva. Lizzie seguiu na direção da cela onde seu pai e Lilian dormiam. A morena estava lá, acompanhada do pai. Ao perceber a presença da ruiva, Lilian levantou e deu um abraço apertado na irmã, como forma de agradecimento. 

— Você tá bem? - Lizzie indagou, ainda abraçando a irmã.

— Eu é que deveria perguntar isso...

Afastaram-se e examinaram-se por alguns instantes.

— Eu tô bem. Mas não posso dizer o mesmo da minha jaqueta. - a ruiva disse com um sorriso, mostrando a jaqueta em suas mãos. - A tenente disse que você sabe onde tem linha pra costura. 

Lilian assentiu depois voltou o olhar para Oliver:

— Eu já volto. 

O pai assentiu e as gêmeas saíram da cela. Lilian desceu as escadas e seguiu pelo corredor, dando a volta e indo para os fundos. Passaram por algumas portas fechadas até chegarem ao fim do corredor, atravessando esta. A ruiva escorou no batente e esperou a irmã acender um fósforo e posteriormente algumas velas que tinham sobre a mesa e alguns balcões. 

Era uma sala grande com mesas redondas no centro e armários nas paredes, como uma sala de reuniões.Lilian pegou um molho de chaves e abriu um armário, remexeu-o e tirou de lá uma caixa com a tampa transparente, e colocou sobre uma das mesas. 

— Você se importa se eu voltar? - Lilian indagou.

— Pode ir, eu vou ficar bem. - respondeu com um sorriso. 

A morena sorriu de volta depois saiu da sala, deixando a irmã sozinha. Lizzie colocou a jaqueta sobre a mesa e caminhou até a janela, observando o céu escuro do lado de fora. Antes de sentar, pegou uma vela e colocou no centro da mesa, para ter uma visão melhor do que fazia.

Sentou-se e suspirou, depois remexeu a caixa até encontrar um carretel de linha preta e uma agulha fina, depois prendeu os cabelos avermelhados em um coque, antes de começar a costurar. As partes rasgadas da jaqueta se estendiam por quase toda as costas, porém, eram tiras finas. 

Após terminar os remendos, levantou a peça de roupa para ter certeza de que não tinha esquecido nada, e notou sombras humanas se aproximando pelas suas costas. Lançou um olhar discreto sobre os ombros e notou que Jon se aproximava com passos cautelosos.

— Você não está sendo muito discreto... - a ruiva comentou. 

— Como se você fosse. - ele debochou. 

— Mais que você, pode ter certeza. - a garota levantou-se, para fitar o outro presente no cômodo.

— Vou deixar você pensar que está certa. - cruzou os braços e fitou-a de cima a baixo. - Sobre a morte de hoje... Saiba que conseguiu muito inimigos causando tal discórdia.

— É o que eu faço, eu causo a discórdia. - ela balançou os ombros e lhe lançou um olhar de deboche. 

Jon deu uma leve risada e se aproximou, ficando sério ao ficar frente a frente com a ruiva.

— Eu sei que você mata por diversão, por isso não é muito discreta... 

— Você tem razão, matar é divertido... Mas só aqueles que merecem. - abriu um sorriso sínico. - Por que está tão preocupado, era próximo dele?

— Pelo contrário, ele estava na minha lista negra, e eu não gosto que roubem minhas vítimas. - estreitou o único olho que ainda estava bom para mostrar o quão sério estava. 

— Oh... Eu sinto muitíssimo! - a garota disse com ironia, abrindo mais o sorriso, mas logo ficou séria. - Da próxima vez fala pra sua vítima não chegar perto da minha irmã. 

Ele abriu um sorriso sínico e puxou um canivete escondido sob a manga do sobretudo, passando a lâmina no rosto da ruiva.

— Você tem sorte de ter a Lilian como irmã, caso contrário, já teria morrido antes mesmo de perceber... - ele comentou.

— Que engraçada a sua piada! - a ruiva forçou uma risada e depois voltou seu olhar de deboche para o homem. - Se quiser me assustar de verdade, vai ter que se empenhar mais... 

Trocaram um olhar desafiador. Antes que Lizzie dissesse mais alguma coisa, Jon puxou o canivete para baixo, quase acertando o rosto de Lizzie, fazendo a lâmina raspar no colar que ela usava e rasgando a blusa até o a a altura de sua última costela. A garota não se mostrou abalada.

— Se eu perceber que você é uma ameaça para as pessoas que eu quero proteger, não vou hesitar em te matar. - Jon a ameaçou, mantendo a lâmina do canivete contra a pele da garota.

Lizzie moveu os lábios para falar, mas antes que o som saísse, abriu um largo sorriso:

— Então você tem interesse na minha irmã... Bom saber... - deu uma risada maligna enquanto fitava o semblante de Jon. 

O homem juntou as sobrancelhas e bufou, suas tentativas de intimidar a ruiva tinham falhado até então, teria que mudar o método. Guardou o canivete outra vez e fechou o olho por alguns instantes:

— Você deveria aceitar o meu aviso. 

— E você pensou como a minha irmã reagiria se soubesse que você me matou? - ela fez uma pausa e deu outra risada. O fato de Jon não poder matá-la publicamente era visto como uma vantagem aos olhos da ruiva, porém, se ele conseguisse fazer da morte um "acidente", não sofreria as consequências. Era uma questão de cautela. - Se queremos proteger a mesma pessoa, por que me vê como uma ameaça?

— Por que você é uma ameaça. - disse Jon, depois desceu um pouco o olhar. - Mas tem um corpo bonito. 

A ruiva franziu o cenho e o empurrou. Visto que tinha conseguido pelo menos irritá-la, Jon escondeu as mãos nos bolsos do sobretudo e abriu um sorriso de satisfação, dando as costas e indo na direção da porta. 

— Veremos se estamos mesmo do mesmo lado... - o homem completou antes de atravessar a porta.


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Notas finais do capítulo

Fiquem de olho no Jon, ele será importante no futuro u h u
Podem montar suas teorias conspiratórias e compartilhar comigo e.e Quero saber o que vocês acham...

Eu queria postar mais um ainda hoje, mas tenho coisa pra fazer ;w; Sexta tem mais



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