Eu nasci doente, é oque eles dizem pelo menos, bem devo ser doente realmente, deixe-me explicar, quando me olhar eu sou normal, minha doença está em meus pensamentos meus desejos, eu sou um doente que ama sua doença, essa é minha triste verdade.

Me levam a igreja, todos os domingos me dão esse veneno, cada semana me deixam mais triste, eu sou um pecador, eu sou um doente, e eu gosto disso.

Mas por mais doente pecador que eu seja eu ainda posso alcançar meu paraíso particular, toda vez que estamos juntos eu alcanço ele, quando estamos juntos não há mais inocência, não há reis, não há rituais, apenas nós e nossa humanidade imunda, quando estamos juntos afundamos no nosso suave pecado.

E é assim entre quatro paredes, que fazemos culto pagão, entre quatro paredes que atingimos o paraíso, mas essa deusa pagã é cruel ela quer um sacrifício, ela sempre quer um sacrifício.

Leve-me a igreja vou louvar como um cão pecador no santuário de suas mentiras.

Dê-me algo carnudo, esse “cavalo” é bem charmoso não?

Todas essas lembranças me atormentam, eles me farão confessar os pecados, enquanto isso vão amolar suas facas para me servir dessa morte imortal, temos fieis famintos e parece que eu sou a refeição saborosa.

Ou não, não é a mim que eles querem é meu amado, irei correr, Bom Deus, por favor, me deixe te dar minha vida, mas deixe a dele, Amém, Amém, Amém.

Cheguei tarde, sua casa está em chamas, à cama em que dormimos, tão limpos, tão humanos, doentes e pecadores, está queimando vejo uma fogueira, não adianta correr você já está nela, porem não posso evitar, eles tiraram o meu pedaço de paraíso, eles que são os sadios? Eles que fazem essas atrocidades e eu que sou o doente? Isso é errado, errado demais, em meu caminho de dor e lamento vejo algo, um pedaço de terra remexido.

Sem me controlar cavo aquele buraco, um baú, eu já tinha visto aquele baú, estava no quarto dele, era ali que ele guardava todas nossas coisas, eu o condenava por isso e se alguém o pega-se? Aquilo era uma sentença de morte, ele deve telo posto ali quando viu oque ira ocorrer, não consigo conter as lagrimas pego o baú, estava trancado com um cadeado, é claro se outra pessoa o pegasse não poderia abrir, eu conhecia aquele cadeado, ele me deu meses atrás a chave de presente, não poderíamos usar uma aliança, mas para mostrar nossa união ele me deu as chaves de seu coração, mas agora entendi, não era algo simbólico apenas.

As chaves abriram perfeitamente, peguei o baú e sai correndo, aquele não era seu coração era o meu agora, lagrimas me vieram aos olhos, eram a prova de um amor, um amor de dois garotos, de dois amantes, de dois pecadores, de dois doentes, condenados, me leve à igreja, vou confessar meus pecados como um cão, enquanto amolam suas facas, me permitindo em fim poder ficar com ele sem remorso, nem que seja no inferno.

Amém, Amém, Amém.