Contarei dois acontecimentos que ocorreram após os armários serem entregues:

Lá estávamos nós, Liza, Alice e eu, dentro da sala. Havia acabado de ir embora a luz, era horário livre, antes dos tempos da tarde.

Saímos e fomos para a área mais ventilada no momento e aproveitando, ia pegar um caderno para uma tarefa.

Fui até meu armário e o abri, procurando o bendito objeto.

Do nada, a criatura aparece e começa a mexer no 118.

Sentia os olhares e ouvia as risadinhas das duas. Comecei a rir baixo.

Maldito tique.

No momento em que achei o caderno, escutei perfeitamente Alice sussurrar à Liza:

— Empurra ela!

— Ahn?! — como eu te amo, Liza!

As ações seguintes passaram-se muito rápido: peguei o caderno, fechei o armário e voei para cima dela.

Quase levei o ombro dela ao chão, o que acabou dando-lhe um baita susto.

— De onde você surgiu?!

Mais tarde, a Alice ficou reclamando de dor no ombro e me chamando de exu.

Qual é?! Ela que quis me empurrar — literalmente — para cima dele! Hunf!

O segundo foi, assim como esse primeiro fato anterior, em algum momento do primeiro ano e que fiquei remoendo-me durante o dia todo:

Minha dupla de um trabalho não havia feito a parte dele e não teve a coragem de me avisar. Perdemos nota e uma matéria em que ele estava devendo!

Aquilo me irritou profundamente, até mesmo depois do almoço. Almocei bem rápido e subi para a sala, mas ainda estavam arrumando.

Lá estava eu, sentada no chão, de cara emburrada.

Ele passou com um colega.

Eu queria rir — já falei que odiava esse tique?! — mas a raiva falou mais alto.

Continuei irritada por mais um tempo e fui pegar meu material de matemática para o próximo tempo.

Nisso, já se havia passado uns vinte minutos e a Alice veio falar comigo.

Fomos até meu armário e quem estava na frente do meu conversando com os amigos?!

Pois é, maldito Sakai!

Respirei fundo e falei profundamente:

— Com licença, por favor!

Ele se assustou, ergueu levemente as mãos em defesa e afastou-se.

— Desculpa ai...

Peguei minhas coisas e sai de lá.

Era uma vez a minha raiva, comecei a rir igual a uma retardada.

Tomara que ele não se lembre de mim como a maluca agressiva do armário.