Velhos Hábitos Não Morrem escrita por GrangerHastings


Capítulo 1
Capítulo 1 - Búlgaro...imbecil?




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— Acabamos de chegar, pode, pelo menos, me dar uma folga, Ronald?
Hermione arrastou as malas para dentro da barraca onde passaria as duas noites necessárias e se sentou no sofá, exausta. Os filhos, Rose e Hugo, agora com 8 e 6 anos respectivamente, jogaram as bagagens para cima dela e foram para a barraca dos tios, brincar com os primos. O marido, muito educado, se lembrou apenas de carregar as dele. Como se não bastasse, ele não parava de tagarelar desde que eles deixaram Londres e saíram da Chave do Portal. Era desgastante.
— Não enquanto você não prometer. - Ronald a encarou impassível, cruzando os braços e se apoiando na mesa do espaço destinado para a cozinha.
— Você, por acaso notou que veio falando a mesma coisa durante todo o caminho e ainda na frente das crianças? - Ela disse, tratando de levantar e levar as malas e mochilas para seus respectivos ''quartos''.
— Não mude de assunto Hermione.
— Não estou mudando! - Mas na verdade, ela bem que estava. - Apenas acho desnecessário e infantil da sua parte, discutir isso.
— Mas, veja bem, em nenhum momento eu quis pôr isso em discussão. - Hermione ouviu os passos do marido e ouviu quando ele se jogou no sofá antes ocupado por ela. - Você, transformou isso em discussão como sempre faz. Apenas te fiz uma pergunta e te fiz prometer mudar a resposta.
— Oh. - Ela contornou o sofá e parou em frente a ele com os braços cruzados. - Quer dizer, que eu sempre transformo tudo em discussão? Francamente! - Jogou as mãos para o ar e começou a gesticular. - Você quem teve a audácia de pedir para que eu não torcesse para a Bulgária, porque, simplesmente, meu amigo Vítor joga como apanhador. E ainda quer que eu aceite isso calada? - Quando percebeu que ele iria retrucar, prosseguiu. - Além do mais, é o último jogo dele, ele irá se aposentar e eu não posso torcer para seu time? Por favor!
— Primeiro: ele não é só seu amigo e você sabe muito bem disso. - Ronald se levantou e ficou em frente a ela, com os braços cruzados. - Ele é praticamente seu ex, e foi pra ele que você entregou seu primeiro beijo! E segundo: ele já deveria ter se aposentado a anos, isso não é nenhuma novidade e nada de especial.
— Ronald, eu estou casada com você! - Ela pôs as mãos na cintura e lançou um olhar raivoso ao ruivo. - Quando vai parar com esse ciúme idiota? E pode não ser especial para você, mas para Vítor, certamente é!
— Aaaah por favor Hermione, Krum está tão velho que não enxerga nem um pomo na frente do nariz!
— Que eu saiba, você é apenas três anos mais novo que ele. - Sorriu ironicamente.
— Ora vejam só, agora insinua que sou velho? Temos a mesma idade, querida esposa! - O tom de voz dele se elevou consideravelmente e ele prosseguiu. - E se pensa que vou permitir que você acompanhe Harry, James e Alvo até lá, está muito enganada. Nem você, muito menos as crianças iram prestar cumprimentos para aquele búlgaro imbecil!
Aquilo era demais. Se Ronald estava tentando irritá-la, havia conseguido. Hermione virou as costas para ele e seguiu para a porta que levava ao banheiro, nos fundos da tenda. Ela fechou as mãos em punho, respirando rapidamente entre os dentes, enquanto ouvia ele gritar.
— Ouviu bem, Hermione!?
A batida da porta, que poderia ser ouvida a quilômetros de distância, foi a resposta dela.

Hermione ficou imersa na banheira pelo que pareceram anos. Não queria encarar Ronald. Desde que ela se trancou lá, não ouviu mais nenhum ruído por parte dele. Não sabe se ele saiu para esfriar a cabeça ou acabou dormindo. Ela o amava tanto e ele sabia o quanto ela o amava. Mas parecia não bastar para que ele parasse com suas crises de ciúmes. Em parte, ela admitia, achava adorável suas orelhas e bochechas vermelhas e o medo dele de perdê-la. Mas havia ocasiões exageradas, que ela enxergava como total criancice da parte dele.
Como na vez em que ele fora visitá-la em Hogwarts, e pôde jurar que um dos alunos do último ano da Corvinal, Charles Benson, não parara de olhar Hermione o jantar inteiro. Ronald não se aquietara até que se levantou para tirar satisfações com o corvino. Ou como quando foram visitar Hagrid e um grupo de sextanistas lançavam cantadas ao vento e ele também jurara que era para ela - e realmente eram, mas apenas travessuras de adolescentes, obviamente. Ou quando ela foi para a Loja de Logros de seu cunhado, Gemialidades Weasley, onde Ronald atualmente trabalha como sócio, e acabou encontrando Córmaco lá. Ronald abandonou todo e qualquer cliente ao redor e enlaçou Hermione pela cintura, parecendo que não a soltaria jamais. O desfecho é claro, foi um constrangimento fora do comum da parte de Córmaco e ele se despedindo brevemente muito antes de começar uma real conversa com Hermione.
Sorriu, involuntariamente. Afinal, era o mesmo ciumento de anos atrás. De quando ela não entendia suas atitudes e se perguntava se ele sentia o mesmo que ela. Ele não mudara e ela também não. E Rony, sem seus defeitos, não seria ele. Não seria a pessoa por quem ela se apaixonou. Não teria graça. Ele era o homem mais insensivelmente sensível que ela já conhecera e era seu.
Se julgou uma idiota por não ter a coragem de enfrentar outra etapa da discussão que certamente viria e prendendo os cabelos em um coque no alto da cabeça, se enrolou na toalha ao sair. Aparentemente, Rony não estava, mas foi quando olhou para o lado do ''quarto'' deles e a cortina estava fechada, resolvou arriscar olha lá dentro. Seu marido estava sentado na cama deles, os cotovelos apoiados na perna, as mãos cobrindo o rosto e parecia cansado. Quando ela entrou, ele levantou a cabeça e a fitou prontamente.
— Se demorasse mais um pouco lá dentro, eu derrubaria a porta. - Sorriu de lado, meio sem graça. Suspirou. - Escute, Hermione. - Se levantou. - Pra variar, eu fui um tapado. Sinto muito.
— Tudo bem, Rony. - Ela suspirou, seguindo até uma pequena penteadeira dali e apoiando os cotovelos. Encarou o marido pelo espelho que estava logo acima do móvel de madeira. - Eu não irei torcer para a Bulgária - Disse por fim, já planejando seu pequeno protesto para a partida que seria no dia seguinte. - Muito menos irei cumprimentar Vitor com Harry e os meninos.
— Bem, esse último, nem se quisesse. - Comentou Rony. - Eles voltaram de lá faz alguns minutos. Harry deixou Rose e Hugo com Jorge e Angelina porque sabiam que eu não queria que fossem. Jorge veio avisar.
Hermione suspirou ruidosamente, com um extremo auto-controle de não gritar com Rony e estrangulá-lo naquele exato momento. Como ele pôde colocar até os filhos no meio de tudo isso? Ela tinha certeza que Hugo adoraria conhecer Vítor pessoalmente. Mas resolveu que aquela não seria a melhor hora para outra discussão.
— Nossa, fiquei por tanto tempo no banho? - Resolveu comentar.
— Chegamos no início da tarde e agora são quatro e meia.
— Me pareceu tempo suficiente.
Hermione não quis terminar a frase dizendo: me pareceu tempo suficiente para que minha vontade de matá-lo cessasse. Fechou os olhos e levou a própria mão a um dos ombros para massageá-lo. Sentiu a presença do marido atrás de si e quando iria abrir os olhos, ouviu a voz rouca dele, junto a seu ouvido.
— Estamos bem mesmo?
Sussurrou, colando seu corpo nas costas dela. Covardia, perguntar assim, e ele sabia.
— Uhum. - Hermione jogou a cabeça para trás, apoiando-a no ombro de Rony.
Rony passou a massagear as costas dela delicadamente e ela sentia toda a tensão do trabalho, dos pequenos problemas com os filhos e da discussão com o ruivo se desfazerem. Depois de todos aqueles anos, toda vez que ele a tocava, ela se sentia uma adolescente de novo. Uma corrente elétrica ainda percorria todo seu corpo, seu coração ainda batia incrivelmente forte e sua respiração se tornava acelerada. E com o passar dos anos, as formas de carinhos e atitudes de Rony também mudaram e amadureceram. Se ela soubesse que isso funcionária melhor que a água morna em que ficara tanto tempo, ela teria ido ao marido muito antes.
— Daqui a pouco, iremos para a tenda do Harry, uma pequena reunião da Armada. - Ele disse, fazendo sua voz mansa provocar cócegas no pescoço da esposa. - É melhor descansarmos antes disso.
Hermione se deixou ser arrastada por Rony a passos lentos até a cama, e quando ele se sentou na mesma a puxando para seu colo, ela o encarou, enquanto percebia a toalha se desprender misteriosamente das suas costas, deixando-as nuas.
— Defina melhor o seu, descansar. - Sorriu, no momento em que sentia a mão do ruivo fazer o caminho por toda a extensão de sua coluna vertebral.


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Notas finais do capítulo

Sem querer exigir nada...comentários? Quero opiniões. Não tem problema ser um texto ou uma linha. Para quem escreve, sabe como é importante e para quem não escreve, imagine o quanto é importante. É uma fic de cinco capítulos e postarei todos ainda este mês. Beijos!