Pesadelo

"s.m. Sonho agitado, com sensação de opressão."

Lágrimas. Inundavam o quarto, fazendo-a se afogar, batendo as pernas desesperadamente, seus braços tentavam agarrar-se a qualquer coisa a sua volta. Seus cabelos curtos pareciam compridos demais, pois se grudavam em seu pescoço, apertando, fazendo-a ficar ofegante e roxa, sem ar. A água entrou pela sua boca, ela chutou algo duro. A água já lhe cobria a cabeça, seus pulmões ardiam. A água invadiu suas narinas ao respirar, e se assistiu, impotente, afundar até o chão de seu quarto. Seus olhos fechando-se lentamente, até ouvir um barulho infernal. Que a despertou de vez.

Seus cabelos rosas, herdados da família de sua mãe, estavam úmidos, seu rosto estava inchado e seu travesseiro tinha uma poça de lágrimas. Seus olhos azuis estavam apagados, sem brilho. E tudo por causa deles.

Flashback

Ela estava com ciúmes. E admitia isso. Aquela garota nova, Priya, era legal. Mas ela tocou em seus garotos. E isso não ia ficar assim. Ouviu a voz de Castiel, Kentin e Lysandre dentro da sala.

– Vocês viram a garota nova? - Começou Castiel,com um tom malicioso.

– Ainda bem que temos Priya como novata, eu não aguentava mais a tal da Zoe no meu pé - a voz de Lysandre soou irritada, e ao mesmo tempo igual ao tom de sempre.

– Cara... eu mal espero para que ela se dê conta de que não gostávamos dela e que só estávamos usando-a. - A voz de Kentin, debochada. A garota gelou e saiu de lá as pressas, parando ao lado do Grêmio, se apoiando na parede, chocada. As vozes de Nathaniel e Armin se ouviam, irritadas e divertidas.

– Tá bom, me dá um adjetivo para... a Priya. - Falava Armin.

– Perfeita. - Suspirou a voz de Nathaniel, seguida de uma risada debochada de Armin.

– Me dá adjetivos para a Zoe - a voz soou um tanto cruel.

– Tábua, chata, grudenta, feia, trouxa, esquisita... - Enumerava ele, mas isso foi demais para ela, que saiu correndo da escola sem se importar com os protestos de quem derrubava, sentindo as lágrimas se acumularem em seus olhos.

Fim de Flashback

Alguém bateu na porta e logo a conhecida cabeleira rosa apareceu na fresta.

– Oi tia - cumprimentou sem ânimo.

– Zoe, eu estou indo me mudar. - Falou, direta, com seu sorriso brilhante - E eu vou te levar junto - cantarolou alegremente. - Você precisa sair daqui, conhecer gente nova, esquecer aqueles imbecis acéfalos que não tinham ideia de quem tinham ao lado. - Sorriu e abraçou a garota, que sorriu tristemente.

– É, acho que mal não faz. Para onde vamos? - Perguntou desanimada.

– Para a Rússia!