Estava tocando um mixtape de Fugazi, uma banda hardcore, com Wu Tang Clan, uma banda de rap, quando Nymphadora Tonks grudou na parede, sentindo sua morte chegar. As pessoas dançavam lentamente, a música ia e voltava em seu ouvido como se o som estivesse brincando com seus neurônios.

Fechou os olhos desesperada, rezando para que Merlin lhe deixasse viver mais algumas horas para poder arrepender-se de seus pecados.

— Socorro! — gemeu, abrindo os olhos novamente e sentindo tudo mais lento do que estava. Olhou ao redor, procurando seus amigos, sentindo seu coração atravessando sua pele.

— Aí está você! — riu Audrey, aproximando-se. — O que foi?

— Audrey, me ajuda, eu vou morrer!

— Graças a Merlin. — disse Franchesca, tomando um gole de vodka.

— Tonks, o que foi? — perguntou Audrey, preocupada.

— Eu... Eu comi um bolinho daqueles, e eu sinto que vou morrer se sair daqui, é sério, não vai embora... Chame meus pais.

Franchesca e Audrey gargalharam da cara da amiga, o que fez Nymphadora olhá-las com indignação. Os cabelos vermelhos da garota reforçavam suas sardas e ela sentia seu vestido customizado com alfinetes lhe picarem, mas ela não se atrevia a se mexer. Fitou seus coturnos rapidamente, conferindo se não estava voando.

— Você cheirou algo? Fumou alguma coisa? É ecstazy? — Franchesca acendeu um cigarro, desviando de suas madeixas louras.

— Quê?! — gemeu Nymphadora, desesperada.

— Ei, o que tem nesses bolinhos? — perguntou Audrey para um garoto que comia um brownie estranho. Ele arrumou seus óculos com os olhos inchados, dando um sorriso vago para Audrey.

— Pó de flu.

— Jesus! — riu Franchesca. — Eu quero um desse agora mesmo!

A garota desapareceu pela festa e Nymphadora começou a sentir suas pernas falharem.

— Não me deixa aqui, por favor... — implorou.

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— Oh não... Zachary chegou. — Audrey ficou nervosa, abrindo um espelho no bolso de seu macacão jeans e conferindo sua maquiagem e batom. Nymphadora fechou os olhos novamente, mas era uma má ideia, ela sentia que estava flutuando pela música como se fosse uma espaçonave. — Dora, eu tenho que ir.

— Audrey, por favor...

— Olha, calma. — Ela sumiu por alguns segundos e apareceu com um garoto ruivo, aparentemente bêbado. — Esse é Bill Weasley, Bill vai cuidar de você, eu preciso falar com Zachary.

— Oh meu Merlin, eu vou morrer. — gemeu Nymphadora, segurando o choro. Estava morta de medo e determinada a não falar com suas amigas nunca mais em vida. O garoto ruivo observou Nymphadora enquanto mascava seu chiclete. Ele parecia com vontade de rir com seu xadrez detonado e os jeans sujos. — Oi.

— Oi.

— Quem é você mesmo?

— Bill Weasley.

— Ok. — Nymphadora inspirou forte. — Ok...

— Ok. — riu ele. — O que você tem? Está na bad?

— Bad? O que é isso?

Bill Weasley segurou o riso, virando o rosto. Nymphadora achou suas madeixas longas extremamente atrativas, principalmente o brinco na orelha, mas estava passando mal o suficiente para sequer sentir-se atraída.

— É a primeira vez que usa drogas?

— Eu fiz um voto que nunca ia usar drogas na minha vida.

— Um voto perpétuo?

— Não, eu escrevi em uma folha... E engoli. Eu tinha nove anos. — Bill sorriu lentamente. Acendeu um cigarro. — Fumar faz mal para a saúde.

O Weasley arregalou os olhos e jogou o cigarro no chão, pisando nele desesperadamente.

— Oh céus, graças a Merlin me disse isso antes que eu tragasse, muito obrigada mesmo, salvou minha vida. — Nymphadora não entendeu o sarcasmo então apenas fechou os olhos novamente, sentindo-se um pouco melhor. Mas ainda estava aterrorizada com o misto de sensações. — Olha, se você não relaxar, sua brisa não vai passar.

Nymphadora semicerrou os olhos.

— Sua pele é extraordinariamente linda. — Bill uniu as sobrancelhas. — Você usa essas pulseiras de jeito tão descolado, você se veste feito uma versão cowboy do Kurt Cobain, eu mal consigo colocar uma meia calça sem parecer uma gazela.

Bill colocou a mão no rosto, tentando não rir, tocou os ombros de Nymphadora, fazendo-a ter uma descarga elétrica por todo seu corpo em segundos.

— É melhor você tomar ar fresco, vem. — ele pegou sua mão e os dois saíram da garagem, indo em direção do jardim de Thomaz Thompson, do sétimo ano da Lufa Lufa. Nymphadora deitou-se na grama e tentou parar de tremer, ainda temerosa pela viagem, conseguia pensar em mil coisas em questão de segundos. Bill abriu mais uma cerveja para si e tomou, sentado, observando o local.

A garota sentou-se e o observou, tentada em saber mais coisas sobre ele. Queria perguntar se ele queria namorar com ela.

— Eu estou um pouco atraída por você, mas eu me atraio por todo mundo que eu conheço, tipo, nos primeiros minutos, e depois passa, então não se preocupe.

— Ok. — disse simplesmente. Ele estava um pouco decepcionado. Esperava mais da garota que burlava as regras usando coturnos e tinha mais de três alfinetes nas orelhas. Sempre rodeada de amigos e aparentemente engraçada. Olhou-a por alguns minutos, tentando desvendá-la, mas ela estava absurdamente chapada. — Está com fome?

— Vai ser um encontro?

— Não, vai ser eu te levando para comer e depois para casa. — Bill levantou-se e ajudou Nymphadora a se levantar,

— Ok, não que eu quisesse um encontro, é só para garantir.

— Claro. — respondeu ele, conferindo as horas. Deu um braço para Nymphadora, que pegou, empolgada. Ele era tão bom em aparatar que a garota mal notou que estavam diante de um restaurante japonês. Eles entraram e tiraram seus sapatos, ela nunca fora em um restaurante trouxa, aquela era primeira vez, mas Bill parecia acostumado.

— A comida aqui é sensacional. — comentou enquanto se sentavam em almofadas. A garota olhou ao redor, impressionada com os gatinhos dourados mexendo suas patinhas. — Vou pedir um temaki e alguns sushis, ok?

— O que é isso?

— É basicamente arroz e peixe cru.

— Você é tão descolado.

— Ok...

— Como descobriu esse lugar?

— Minha ex namorada me apresentou.

— Oh...

— Olhe, aquela sua amiga, Franchesca Diggory, ela tem namorado?

— Ela é lesbica.

— Que?

— Lesbica, ela gosta de meninas. Mas as vezes ela fica com meninos... Ai, não sei, é muito confuso, Franchesca é confusa.

— Tudo bem.

— Você está interessado nela? — Nymphadora observou o homem de olhos puxados servir a mesa. — Todos os garotos de Hogwarts gostam de Franchesca.

— Ela é meio veela? — questionou Bill.

— Não, só é meio vagabunda. — Nymphadora deu de ombros, pegando no cone de salmão. Cheirou antes de comer, amando instantaneamente. — É delicioso.

— Sim, eu disse que era. — eles passaram alguns minutos em silêncio, comendo. Nymphadora comeu todo o seu prato em menos de dez minutos e ficou batendo os palitinhos de forma tão irritante que todo o restaurante começou a lançar olhares fulminantes em direção dos dois. Bill resolveu intervir, tirando os palitos da mão dela.

— Me fale algo sobre você. — pediu Bill.

— Uma vez, uma amiga fingiu que tinha morrido só para não sair comigo.

— Ok... Acho que podia ter sido outra coisa.

— Eu raspei minhas sobrancelhas quando eu tinha cinco anos porque eu não queria que ficassem do tamanho do meu cabelo.

— Ok, eu quis dizer um fato sobre você, tipo, qual sua banda preferida?

— Ahhh, são tantas, eu gosto de As Esquisitonas, Os Duendeiros...

— Eu já fui em um show deles.

— Qual seu nome mesmo? Você é de Hogwarts? — Nymphadora assustou-se ao notar que não se lembrava do rosto de garoto.

— Meu nome é Bill Weasley e sim, eu sou de Hogwarts. Sou da Grifinória, estou no último ano.

— Ahhh, eu estou no sexto.

— Eu sei.

— Como?

— Bem, você é bem famosa.

— Sou?

— Sim.

— Isso é legal.

— Sim, é bem legal.

— Posso te beijar?

Bill não segurou o riso enquanto Nymphadora mordia a borda de se copo, também rindo. Seus cabelos mudaram para azul e ele arregalou os olhos, surpreso.

— Outro fato sobre mim. — sorriu ela.

O Weasley sorriu mais ainda, encantado.

Agora sabia porque todos gostavam tanto dela.