Crime Passional escrita por Cinthia Feitoza


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá Pessoas! Aproveitei que o Fanfic Também é Leitura (FTEL) lançou seu desafio semanal e decidi escrever minha primeira fanfic Romione =D =D Estou aqui torcendo para que vocês curtam lê-la como eu curti escrevê-la e que toda a propaganda que a minha beta, ou Srta. Granger como eu a chamo,(1FutureWriter como ela pode ser encontrada por aqui) não seja imerecida! Alguns trechos de canções do Arctic Monkeys foram utilizados dentro do texto, nas notas finais deixarei a listinha com os títulos! Bem, então é isso, melhor eu ir andando antes que as notas fiquem gigantes! Obrigada por estarem aqui e ótima leitura! Me contem o que acharam nos comentários, por favor!!

CinthiaXx



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“... Você não tem ideia de que você é minha obsessão?

Eu sonhei com você quase todas as noites essa semana

Quantos segredos você consegue guardar?

Porque há essa música que encontrei

Que me faz pensar em você de alguma forma

E eu a coloco para repetir

Até eu dormir

Derramando bebidas no meu sofá...”

Você nunca espera que algo ruim possa te acontecer por culpa de alguém que ama, não é mesmo? Mas, e se você amar a pessoa errada? E se todos te alertarem de que você está jogando um jogo perigoso, se envolvendo com alguém que vive uma vida estranha, complicada? E se você ignorar todos os sinais que a própria pessoa te der? Bem, se você fizer isso é provável que acabe exatamente da mesma forma que eu... Amarrada a uma enorme cadeira de madeira, fria e velha, com uma mordaça cortando-lhe os cantos da boca, punhos e tornozelos feridos, corpo exposto e dolorido, à mercê da pessoa a quem você um dia devotou todos os seus melhores sentimentos.

“... Tudo que eu quero ouvi-la dizer é: "Você é meu?"

Bem, você é minha?

Você é minha?

Você é minha? Certo...”


Verão de 2010! A faculdade de História de Arte chegara ao final e agora eu precisava encontrar um emprego ou Londres deixaria de ser uma opção, e eu teria de retornar à Austrália, à casa dos meus pais, à vida pacata e sem graça em Byron Bay. Eu não queria retornar para lá, na verdade nunca quis ao menos me mudar para aquele lugar. Londres era o meu lar, o lugar onde nasci e onde deveria ter crescido e vivido todos os meus 22 anos. Mas nem tudo acontece da forma que nós queremos e, agora, eu, Hermione Granger, queria deixar de ser a filha perfeita, queria deixar de viver a vida dos sonhos dos meus pais e passar a viver a minha própria vida. Precisava de uma casa em Londres, precisava de um emprego... Precisava e consegui!

Cerca de seis semanas após a formatura, fui chamada para uma entrevista de emprego, fato ao qual eu só posso denominar ‘milagre’, para o cargo de Curadora do Tate Modern, um museu de arte contemporânea em Londres. Como qualquer outro integrante da família Granger, não tive dificuldades em preencher os requisitos necessários para o cargo, não deixando outra alternativa ao Sr. Sirius Black, um homem de estatura mediana, pele clara, olhos escuros e cabelos encaracolados, a não ser minha contratação, o que ele fizera dois dias após a entrevista. E foi lá, naquele museu, que eu conheci o homem que seria responsável por muitos dos meus mais belos sonhos e também a razão do meu pior pesadelo.

“... E pensei que eu era seu para sempre

Talvez eu estivesse enganado

Mas ultimamente eu não consigo passar um dia inteiro

Sem pensar em você...”

Vitor Krum era tudo o que qualquer garota poderia querer. O moreno alto, de olhos e cabelos totalmente negros, era a personificação da palavra gentileza. Dono de um sorriso encantador e de um humor inabalável, o segurança do museu fora simpático comigo desde o primeiro dia em que pus meus pés naquele lugar, me acolhendo e ajudando a conhecer cada pequeno espaço do museu gigante em que trabalharia. Ele era perfeito e muitos dos trabalhadores eram seus amigos, exceto por Ronald Weasley, o chefe do departamento pessoal e gerente do museu. Por razões que ninguém conseguia entender, Ronald nunca simpatizara com o Vitor; sempre que dividiam o mesmo espaço, uma aura negativa, pesada, dominava o ambiente. Com o tempo a minha amizade pelo Vitor se transformou em algo mais forte, mais sério do que qualquer um de nós esperava; em consequência minha repulsa pelo gerente ruivo e rabugento crescia, apesar dele nunca ter me destratado.

Talvez eu só me irritasse por não perceber aquilo que Ronald percebia; não enxergasse o defeito cruel que os olhos azuis do ruivo reconheciam no Vitor. Talvez, de todos nós ele tenha sido o único a quem o sorriso encantador do Krum não tenha conseguido cegar.

“... Do lado de fora do café perto da fábrica de biscoitos

Você estava praticando um truque de mágica

E meus pensamentos tornaram-se rudes à medida que você falava e mastigava

O último dos seus doces sortidos Pick and Mix...”

Agora, enquanto estou amarrada a esta dura e maldita cadeira, bem no meio do porão do Museu, me pergunto quão cega de paixão alguém pode estar?! Eu só podia ter quebrado todo e qualquer recorde que existisse para isso. Como não notei que o sorriso encantador dera lugar a uma linha perversa em seus lábios? Que as palavras doces e gentis foram deixadas de lado e substituídas por ofensas e palavrões? Que os abraços e beijos apaixonados haviam se transformado em apertões e contatos dolorosos? Ouvindo o tilintar da lâmina da faca afiando a ponta de outra faca, lágrimas grossas vertiam em meu rosto ao constatar que o meu amado havia, então, se transformado em meu grande carrasco.

Ah... Como eu queria gritar por socorro; como eu queria forças para machucá-lo como ele me machucou! Vitor havia levado os meus melhores anos, a minha pureza, meus sonhos e meu coração, e depois de não poder sugar mais nada de mim, está desesperadamente determinado a me tirar a vida. Funguei, não para chamar sua atenção ou delatar meu temor, simplesmente não pude evitar, mas isso pareceu distrai-lo de se trabalho de escolher com qual dos instrumentos, expostos sobre uma mesinha no canto direito do porão, ele iria arrancar meus olhos das órbitas, ou retirar minha língua da boca, ou desmembram-me dedo por dedo... “Cada parte de você me pertence, Hermione”, foi o que ele disse, e não ousei duvidar que ele fosse requerer a mim pedaço a pedaço.

— Se você não puder ser minha, não será de nenhum outro, Granger! Eu te avisei quando você decidiu ir embora, eu te disse isso! — os olhos negros brilhavam sanguinários e o pavor que eu sentia dentro de mim conseguiu crescer de forma absurda.

— Aquele ruivo idiota não vai ficar com você! Você é minha, não dele. Nunca dele! — o ódio impregnado em suas palavras era imenso e seu tom grave, somado a corrente de ar frio que circulava no cômodo, me fez estremecer.

— Eu e Ronald não temos nada, Vitor. — falei, o som soando estranho e abafado, pois minha boca ainda estava coberta pela mordaça. Ele se aproximou, puxando o tecido azul escuro para baixo, encostando um canivete pequeno e gelado bem próximo ao meu olho esquerdo.

— Você ousa negar, Hermione? Eu vi vocês juntos na noite passada; vi quando ele abriu a porta do carro e você desceu, vi quando a acompanhou até sua porta e beijou seu rosto... — ele dizia pressionando a lâmina em minha pele, deslizando-a, roçando o metal em minha carne até arranhá-la.

— Vi o seu sorriso para ele, o mesmo sorriso que antes era para mim, que era meu! —Vitor dizia, aumentando a força do canivete em contato com a minha bochecha, no exato lugar em que Ronald encostara tão gentilmente seus lábios na noite passada, rasgando-a sem pena. A dor do corte não era maior que àquela que eu sentia em meus punhos cortados pelo atrito com as cordas largas que o atavam junto à cadeira, ou àquela em minha coxa direita que havia sido queimada pelas cinzas ainda quentes do cigarro que ele fumara minutos atrás; tampouco poderia ser maior que a dor que ardia em meu centro brutalmente penetrado duas, três, quatro vezes. Chorei abertamente, sentindo o corte arder ao contato com o sal das minhas lágrimas.

— Por favor, Vitor... — comecei num tom de súplica — Deixe o Ronald fora disso. Ele só foi gentil, só me ofereceu uma carona para casa depois de um dia cansativo no trabalho. Não houve nada além disso, eu juro! — eu argumentava, tentava demovê-lo de seus intentos, mas nada parecia funcionar; ele estava possuído, louco em suas certezas, afogado em seu ódio. Deixei escapar um grito de dor, terror e desespero, alto o suficiente para ser ouvido por qualquer ser vivo dentro do museu, quando Vitor aproximou o alicate prateado de uma das minhas unhas, tencionando arrancá-la. Fechei os olhos com força, orando em silêncio por socorro, por alguém que houvesse esquecido algo e precisasse retornar ao museu; que ouvisse os meus lamentos e viesse, junto da polícia, acabar com toda aquela tortura. Esperei, mas ninguém veio; então, decidi que não possuía mais forças para lutar e me entreguei ao torpor que tomava cada centímetro do meu corpo destruído, tencionando adormecer no inferno e acordar no paraíso.

“... Sob um feitiço, você está hipnotizada

Querida, como você pôde ser tão cega?

Sob um feitiço, você está hipnotizada

Querida, como você pôde ser tão cega?...”

POV Ronald

O cansaço de um dia inteiro de preocupações e tarefas dentro daquele museu esgotou todas as forças que eu possuía e, apesar de eu saber que hoje deveria ir ao treino para me manter sempre em forma, tudo o que eu queria era tomar um bom banho, comer alguma coisa e cair na cama para acordar só na segunda-feira. As sextas administrativas, como acabei me acostumando a denominá-las de quase sete anos sendo obrigado a encará-las toda semana, eram o dia para pôr na mesa todos os problemas e necessidades do museu e eram, de longe, a pior de todas as reuniões que eu tinha de participar. Exigi do meu corpo mais do que ele podia dar hoje; estava cansado, dolorido, com sono e inegavelmente esquecido, porque só notei que a chave do carro não estava em meu bolso e em nenhum bolso da maleta, quando já estava prestes a destravar meu carro. Bufando, irritado com sei lá o quê, com a vida talvez, voltei em passos largos para dentro o museu, subindo os poucos degraus que levavam a entrada alternativa; não pretendia abrir aquelas portas pesadas que eram o caminho do público visitante. Andei na velocidade mais rápida que consegui impor aos meus pés cansados (o que não era tão rápido) e não tive dificuldades em encontrar minha chave descansando displicente sobre a mesa do meu escritório. Não demorou nem cinco minutos e eu já estava avistando a saída do museu, quando ouvi um grito estrangulado soar ao longe, como vindo debaixo do piso. Olhei para os lados, alerta, aguardando mais algum ruído e novamente um grito foi ouvido, desta vez mais abafado. Tomei nas mãos um taco de beisebol que estava exposto na sessão de esportes do museu e levei a mão ao bolso, trazendo meu celular e discando o número da emergência, avisando a polícia de uma possível invasão no museu. Os policiais me orientaram a esperar, mas os barulhos de metal que soavam atiçou minha curiosidade e não pude esperar; decidi ir ao encontro de quem quer que fosse! Desci as escadas, tentando fazer o mínimo de barulho possível, agradecendo pelo piso delas ser de concreto e não de madeira. Furtivamente, segui o rastro de uma fraca luz avermelhada que crescia ao avançar dos degraus e, ao alcançar o último deles, me deparei com uma cena que me rasgou por inteiro.

Hermione Granger, a garota morena de cabelos cheios e olhos castanhos que vinham povoando meus pensamentos desde que chegou ao museu, estava amarrada a uma cadeira de madeira, bem similar àquelas cadeiras usadas nas execuções de prisioneiros condenados à morte, com pés e mãos atados com cordas grossas, vestindo apenas um sutiã cor de rosa. De onde eu estava podia ver seu corpo manchado por rastros vermelhos, que só pude julgar ser o sangue dela. Um tecido azul escuro lhe envolvia o pescoço, seu rosto parecia cansado e machucado e sua cabeça estava levemente deslocada para a direita. Senti meu estômago revirar e um desespero estranho me dominou, me obrigando a largar o taco num baque surdo e correr em sua direção; ela não estaria morta, não podia estar! Aproximei-me dela, tocando em seu rosto, para acordá-la; sua respiração era precária, o sangue escorria por suas pernas, uma mancha muito vermelha maculava a pele amendoada de sua coxa, em seu rosto havia um fino corte.

— Hermione! Hermione acorde! Acorde, por favor — eu a chamava, o tom se tornando agitado e desesperado a cada segundo. Depois de alguns segundos, que me pareceram horas, os olhos dela se mexeram e, como se carregassem toneladas sobre si, eles se abriram, revelando o castanho perfeito que possuíam. Minhas pernas falsearam quando meu rosto focalizou a sua frente e ela sorriu fraco, liberando lágrimas de alívio em seguida.

— Ronald... –— a voz dela soava fraca, arrastada e metálica, como se não falasse há vários dias. Segurei seu rosto em minhas mãos e sorri para ela. Ela respirou fundo e inclinou o corpo como se quisesse me abraçar, mas a única coisa que conseguiu fora arrastar minimamente as pernas da cadeira no mármore gelado. Como se aquele som fosse o gatilho de uma arma, a expressão de alívio deixou os olhos dela e um terror imensurável os tomou.

— Vá embora, Ronald! Vá antes que ele descubra que você está aqui! — ela sussurrava, chorando amargamente. — Vai, Ron, ou ele vai fazer com você o mesmo que fez comigo, e isso eu não vou suportar. — ela implorava que eu fosse embora, mas eu não conseguia mover um só músculo sequer; não podia me mover ao notar tanto sofrimento e dor abrigando a pessoa com quem eu mais me importava. Ainda que ela não soubesse disso, Hermione Granger era importante para mim, muito mais do que podia imaginar.

— Eu não vou a lugar algum sem antes tirar você daqui, Hermione! — decretei com firmeza. — Você precisa de um médico, precisa de cuidados. Eu só preciso arrumar um jeito de te desamarrar e nós vamos embora juntos... — passei meus olhos pelo local à procura de algo que pudesse cortar todas aquelas malditas cordas. Avistei um brilho prateado sobre uma mesa e corri até lá, encontrando facas, tesouras, alicates e muitos outros instrumentos machados com sangue... Com o sangue de Hermione! Um ódio sem precedentes me fez fechar os olhos e cerrar os punhos, disposto a quebrar a cara do doente que fizera aquilo com a morena, mas decidi que a retaliação ficaria para depois; minha prioridade agora era tirar Hermione daquele lugar. Corri na direção da cadeira, trazendo comigo um facão largo e já começava a cortar as cordas dos pés da morena, quando um soluço sofrido soou dos seus lábios e seus olhos se tornaram negros de terror.

— Que bom que se juntou a nós, Weasley! Agora a festa está completa! – aquela voz, tão desprezível quanto o seu dono, soou, me forçando a virar em sua direção. Minhas orelhas ferveram ao avistar o sorriso demoníaco em seu rosto.

— Krum! — foi tudo o que eu consegui dizer, antes de me colocar de pé, com a faca nas mãos e encará-lo desafiador, ignorando os pedidos desesperados de Hermione para que eu não fizesse nada. — Você é um porco! — disse simplesmente, controlando meus instintos de avançar sobre ele.

— Porco? Por cuidar daquilo que me pertence? Por impedir que mauricinhos, invejosos como você, roubasse o que é meu? — ele dizia calmo, como se explicasse a um bebê que tudo o que fizera era em prol de algo benéfico.

— Olha só o estado dela! Acha mesmo que isso é cuidar? – perguntei, a voz saindo encolerizada, alta demais para as regras de boa convivência; raivosa demais para o bem do idiota a minha frente.

— Ela é minha, Weasley! Minha namorada, minha mulher e eu cuido dela da forma que bem entender. Toda a dor que ela sentiu foi apenas uma leve punição por ela ser tão teimosa e por ter me traído... Com você, aliás, amigo! — a última palavra fora dita em completo desprezo. Por mais que eu soubesse que era arriscado me engalfinhar com um cara como o Vitor, segurando uma faca enorme numa das mãos e que sabia muito bem como usá-la, não pude me conter. Ignorando os gritos nervosos da morena às minhas costas, corri com tudo para cima do moreno, derrubando-o com o impacto do meu corpo sobre o dele, nossas facas voando para longe de nossos corpos; Soquei o rosto do idiota várias vezes, recebendo socos e chutes no abdome em resposta. Rolamos no chão, embalados pelo choro e pelos gritos de Hermione, que parecia cada minuto mais fraca e mais desesperada. Num dado momento nos afastamos e ambos corremos em direção às armas jogadas pelo chão, mas Vitor chegou antes de mim à sua faca e ergueu-a na direção do meu pescoço, me obrigando a recuar até estar parado bem ao lado de Hermione. O Krum sorriu maligno, desviando o olhar de meu rosto para o de Hermione, molhado pelas lágrimas.

— Se você não puder ser minha, não será de nenhum outro... — Vitor disse olhando alucinado para a faca em meu pescoço, aumentando a pressão da lâmina sobre a minha pele, deslizando-a bem lentamente. Eu podia sentir o sangue escorrendo pelo ponto em que ele cortava, mas antes que ele chegasse ao meio da minha garganta, focos de luz amarelada iluminaram o local, sobressaltando a nós três, escondidos na penumbra avermelhada do porão.

— Polícia! Largue a faca e ponha as mãos na cabeça, senhor! – um policial gritou, já correndo em direção a Vitor, derrubando no chão, antes que ele tivesse qualquer reação homicida, e eu soltei um suspiro de alívio ao saber que enfim estávamos a salvo. Agachei-me a frente de Hermione, cortando as cordas que ainda a prendiam; retirei meu paletó, cobrindo seu corpo seminu com ele e aconchegando-a ao meu corpo, quando ela lançou seus braços ao redor de mim e chorou.

— Obrigada Rony... Obrigada! – ela dizia, sufocando com o choro copioso. Apertei-a levemente ao meu corpo, tentando acalmá-la, tentando dizer que tudo ficaria bem a partir de agora.

“... Segredos que eu tenho mantido em meu coração

São mais difíceis de esconder do que eu pensei

Talvez eu só queira ser seu

Eu quero ser seu, eu quero ser seu...”

Muitos meses já haviam passado desde aquele dia e nunca mais topei com Vitor Krum. Após ser condenado por Crimes de Tortura, Tratamento Desumano e Cruel a pena de morte dois meses depois de sua prisão, eu pude finalmente viver em paz. Ronald passou de chefe rabugento a um amigo mais que especial e a presença dele na minha vida se tornou tão comum e corriqueira, que não mais conseguia me imaginar vivendo sem sua companhia. Começamos a namorar um mês após a morte do Vitor, como se aquele passo significasse deixar pra trás todas as lembranças ruins. Desde então tenho vivido dias de alegria imensa; somos diferentes, Ronald e eu; nos desentendemos às vezes, mas sempre encontramos um jeito de nos reconciliar. Aprendemos a enxergar as qualidades um do outro e relevar os defeitos. Entendemos como é amar alguém de verdade e como ser amado de verdade e, mesmo que algumas marcas da tortura tenham permanecido em meu corpo depois de tudo, Ronald sempre fez com que eu me sentisse linda... E se aos olhos dele eu era linda, era só quem me importava.

- Mione? – a voz doce do ruivo soou pelo meu apartamento, e eu me apressei em descer às escadas ao seu encontro. Joguei-me em seus braços no instante em que cheguei à sala, recebendo o mais caloroso de todos os abraços, dando-lhe um beijo muito apaixonado em seguida.

— Quanta saudade de mim, hein! — ele debochou, beijando minha bochecha, erguendo meu corpo do chão, me carregando até o sofá, me sentando em seu colo.

— Com certeza! Você passou quase um mês inteiro longe de mim... Sinto sua falta, Roniquinho! — disse apertando suas bochechas rosadas, usando o apelido que sua mãe lhe dera apenas para irritá-lo; sabia que ele detestava ser chamado assim.

— Você nunca vai esquecer este bendito apelido não é? — perguntou, massageando as bochechas, rindo enquanto falava. Eu adoro isso nele; falar sem nunca retirar aquele sorriso perfeito dos lábios.

— Não mesmo, amor! Mas me conta, como foi a viagem? Deu tudo certo? — indaguei curiosa. Gostava de saber como tudo transcorria no trabalho do Ron, gostava de estar informada sobre tudo o que era importante na vida dele.

— Correu tudo na mais perfeita ordem, Srta. Granger. Apesar de reuniões longas e tediosas, chegamos a uma solução viável e satisfatória para todas as partes. E por meus excelentes serviços, palavras do diretor sênior... — gabou-se o ruivo, fingindo uma modéstia, que me fazia gargalhar um pouco. — Agora sou o gerente sênior do museu! — ele finalizou, sorrindo de forma encantadora para mim, e não pude deixar de sentir orgulho. Ronald era muito bom naquilo que fora ensinado para fazer e o museu registrava números de visitas diárias cada vez maiores.

— Parabéns, meu amor! Você merece todas estas honras! Você é um chefe maravilhoso, sei que todos ficarão felizes com você no comando! — disse sincera, recebendo um demorado beijo nos lábios em agradecimento. Passei meus dedos por seus lábios quando os separei dos meus e ele depositou um breve selinho neles.

— Sabe no que isso implica, Srta. Granger? — me indagou sorridente e eu neguei com a cabeça. — Com esta promoção, eu posso finalmente sair daquele apertamento que é o meu apartamento e comprar uma boa casa, grande e bonita no centro de Londres, e te chamar pra dividi-la comigo! — disse simplesmente, sorrindo largo em seguida. Arregalei os olhos e sai de seu colo, sentando reta ao seu lado no sofá. Eu tinha ouvido errado ou ele estava me chamando para morar com ele?

— Isso é um convite para que eu vá morar com você, Ronald? — perguntei perplexa, apenas para confirmar que meus ouvidos não estavam enganados.

— Mais que isso, Mione! – e tendo dito isso, o ruivo agachou-se a minha frente, retirando uma pequena caixa de veludo, de dentro do bolso da calça social cinza que vestia. Levei uma das mãos à boca, surpresa; ele não faria o que achava que ele faria! Faria?

— Não quero que vá apenas morar comigo, Hermione; quero que divida comigo muito mais que uma cama. Quero que divida comigo os seus medos, seus sonhos, suas alegrias. Quero compartilhar ao seu lado todos os bons momentos que a vida ainda tem guardados para nós dois. Quero que seja a minha esposa, porque você já é a dona do meu coração e a mulher da minha vida! — Eu não podia acreditar nas palavras que eu estava ouvindo naquele instante! Os olhos azuis de Ron me olhavam repletos de uma emoção que eu nunca havia enxergado antes. Sorri, sentindo as lágrimas rolarem em meu rosto; nunca, uma proposta me pareceu tão certa, tão perfeita.

— Casa comigo e me faz o homem mais feliz de toda a Londres? — ele perguntou, abrindo a caixinha de veludo, revelando um singelo, porém perfeito, anel cravejado por pequenos diamantes em toda a sua extensão. Olhei do anel para o seus olhos, seus lindos olhos, e sorri, me jogando em seus braços, derrubando a nós dois sob o carpete branco que enfeitava o chão da sala.

— Caso! É claro que eu caso!


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler!!! Espero de coração que tenham gostado *-* Segue abaixo a mini playlist, lembrando que todas as canções são da Banda Arctic Monkeys =D =D

Na ordem em que são citadas...

Do I Wanna Know?
R U Mine?
Fireside
Crying Lighting
Snap Out Of It
I Wanna Be Yours

Então é isso! Até a próxima XX



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