iNSaNiTY escrita por Sakamaki07


Capítulo 1
Capítulo Único




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Apenas estava sentada no gramado da escola, sem muita coisa para fazer, minha vida por si mesma era vaga, não tinha nada que gostasse, tinha várias coisas que não gostava e muitas que não entendia. Para começar, nunca entendi o sentido de comemorar o aniversário, e não falo como aquelas pessoas que não querem admitir que estão mais velhas, mas, a necessidade. Começo e fim, é mesmo tão necessário nos apegarmos a coisas como essa, não irão apenas acontecer naturalmente?

Mesmo se morrermos, nada no mundo mudará, todos tem um destino, qual o sentido em tentar nos engrandecer? Nada é de extrema importância no mundo, mesmo se 90% da população viesse a desaparecer, nada mudaria nos 10% restantes.

Os humanos são mesmo estranhos, sempre se apegando a coisas sem valor, apesar do meu “discurso” acima, dou valor a vida, não é porque eu não entendo certos eventos estranhos que não tenho amor para com nada. Na verdade eu deveria, não existe muita coisa de importante para mim, uma pessoa que passa a vida presa a solidão. Tentando inutilmente fugir de pessoas com falsas intenções de amizades, tentando fugir do interesse exterior, me fechando cada vez mais na escuridão. Não, hoje todos podem ver meu verdadeiro eu, uma casca vazia que ainda se movimenta e se alimenta.

Agora me pergunte, qual o lugar final onde eventos como isolamento, alta desconfiança e falsa amnésia poderiam levar?

Loucura.

Apesar de ainda não querer me identificar, vamos conversar um pouco mais. Não posso afirmar com todas as letras que você irá gostar, mas, que tal tratar como algo banal e me ouvir?

Bem, eu nasci em uma família de bastante dinheiro, não tanto, mas o suficiente para despertar o desejo de ganância nos outros, a começar por nossa empresa, que diversas vezes foi vítima de fraudes e roubos, sem saber exatamente de onde vinham, minha família foi forçada a fechar temporariamente os negócios. Sim, foram roubos consideráveis.
Sem poder fazer muito, meus pais desistiram de uma grande parte da fortuna, mas, conseguiram se reerguer, não digo "facilmente" como gostaria, mas, reergueram os negócios, de fato, ambos eram pessoas de se admirar, sempre lutando na raça até mesmo quando a empresa já havia feito sucesso, todos seus lucros foram méritos dos meus pais, que lideravam com harmonia.

Não contente com os primeiros resultados, minha família passou a ser alvo de todos os tipos de pessoas sujas, as quais adoravam crescer as custas do trabalho duro dos outros. Naquela época eu nunca entendi bem do que se tratava, eu era uma criança afinal.

Mas, eu de fato não sabia o que estava por vir quando as perseguições passaram a ser mais explícitas, como notícias falsas, montagens, e tentativas em cima de tentativas de separar toda a família, éramos tratados como criminosos em filmes de piratas e de bang-bang. Nossas cabeças eram procuradas, claro que não iriam faltar bandidos que gostariam do preço, bem adocicado, que seria dado por nós.

Ao menos não éramos vendidos por coisa barata, era de se rir.

Claro que essa história não daria tão bem quanto esperávamos, não tínhamos em quem confiar. Até as crianças tinham más intenções ao brincarem comigo, tirando informação sem que eu percebesse, sim, era tão tola na época que mal podia entender onde aquelas perguntas e respostas me levariam. Me levariam a perder meus pais, as únicas pessoas que realmente se importaram comigo.

Sem capacidade para assumir uma empresa, meu tio a assumiu, ele não me tratava mal, mas, era uma pessoa orgulhosa e nem mesmo falava comigo, tudo o que fazia era me entregar o dinheiro que precisava e sumir, sempre trancado no escritório. Ainda naquela época a perseguição não havia acabado, mas estava diminuído. Claro, precisavam de tempo, na tentativa de esconderem suas verdadeiras faces horripilantes, os monstros que deveriam ter sido abortados.

Todas as coisas tinham algo em comum, tudo que acontecia era sempre em momentos em que não estávamos esperando, sempre que algo de ruim estivesse para acontecer, passávamos por momentos que não esperaríamos, qual achávamos que havia acabado, lá estava as malditas correntes nos puxando para a morte.

Em meus momentos de devaneios percebi, percebi que deveria me prevenir para coisas assim, mas o que fazer? Jamais teria forças para combater pessoas armadas, apesr de desejar profundamente, não queria morrer tão cedo, afinal. Na verdade era uma desculpa, o que eu queria era acabar com aqueles que ousaram brincar com nossa existência, aqueles que realmente deveriam ter seu fim antes do momento.

Não por justiça, não por vingança, apenas por desejo.

Como esperado foi exatamente isso o que aconteceu, quando menos esperávamos, estávamos cercados por todas as peças do tabuleiro, mas.... Seria diferente?

Ainda tentava correr, sem motivos, para uma garota do meu pequeno porte, seria impossível fugir sem enfrentar, era como o maldito dito “Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”, então, qual escolha teria?

Corri até o quarto dos meus pais, o lugar onde foram assassinados no silêncio da noite, eis a explicação pelo que eu não conseguia me “desligar” quando dormia.

Os homens, os quais não lembro da aparência, me seguiram facilmente até o quarto, não demorou para arrombarem a porta, me encurralando, igual um gato na caçada de um rato. Não via muito o que fazer, foi quando lembrei de secretamente ter visto meu pai esconder uma “arma para defesa”, a qual o mesmo não teve tempo para utilizar, pobre pessoa. Sabia que contra armas de fogo a que tinha no local não seria de muita ajuda, mas, não custava nada tentar. Sofrer ou não sofrer não faria diferença afinal. Então, a vagarosamente puxei, para que não percebessem. A cada passo que davam, a cada centímetro que puxava a tal arma, a adrenalina e desespero tomavam conta de mim, não queria apenas esperar pela morte, queria ver sangue jorrar, igual como aconteceu com meus maravilhosos pais.

Era como se meus sentidos estivessem sendo apagados aos poucos, era uma sensação que poderia ser comparada com um desmaio, o desespero continuava, sem tempo nem mesmo para rezar, como se um choque passasse por meu corpo, consequentemente o deixando mais e mais tenso.

Apenas um plano de fundo escurecido preenchia meus olhos, era uma sensação de alívio, apesar de saber exatamente o risco que corria, apesar de saber bem das pessoas que estavam à minha frente, prestes a me matar, nem tinha notado quando havia começado a me movimentar. Naquele momento deixei a sensação me levar, meus instintos estavam mais afiados que nunca, meu corpo se movia quase que sozinho, com o instrumento, o facão que meu pai escondia, ataquei, ainda costumo não lembrar muito bem dos momentos, ao que sei, levei dois tiros de raspão, na barriga e na minha perna, como esperado, não fazia nem ideia de que havia sido baleada, mas, havia algumas coisas que não esqueceria, a os gritos de medo misturados com surpresa dos malditos ao verem que não era apenas uma adolescente indefesa.

Foi tão divertido que mal dava pra acreditar. Não me importava com o modo como quase esquartejava aqueles infelizes, o que importava era a sensação, a sensação de uma vida despreocupada, de alívio. Dizem que terapias poderiam ajudar com o estresse, mas, cá entre nós, nenhuma terapia me fazia relaxar tanto quanto despejar toda minha capacidade, até então desconhecida, naqueles que merecem, pessoas as quais jamais poderão ser chamadas de “vítimas”, mesmo tendo mortes tão horríveis.

Mas, não posso entrar em detalhes, não sei realmente afirmar o estrago que fiz, apenas ouvi boatos tempos depois do ocorrido.

Quem eu era? O que eu fazia? Não tinha importância, não tinha mais do que me esconder, se alguém se atrevesse a me desafiar, com certeza iria para um lugar de paz... Não, o inferno não é conhecido como um lugar de paz. Sim, não tinha o menor medo de mim, na verdade, me ver no comando me fez sentir melhor, não haveria mais o que temer com isso, não haveriam mais pessoa que me pusessem contra a parede novamente.

XxX

Quantos dias haviam se passado? Quantos anos? Quantas horas? Não fazia diferença, nunca entendi coisas como essas de qualquer forma. Ora, ora... Infelizmente para todo lado bom, existe um lado ruim.
Qual o lado ruim em ter acabado com a vida dos dois malditos que se atreveram a tentar novamente tirar tudo que me pertencia? Digamos que, se alguém me chamasse de louca eu concordaria, mas... Se me chamassem de solitária, provavelmente choraria por dentro. Afinal, se havia alguma chance de me enturmar novamente, mudar de escola, quem sabe recomeçar? Foi jogada no lixo. Quem gostaria de passar algum segundo perto de uma pessoa perigosa como eu?

Alguém que destruiu de forma insana dois ladrões miseráveis, que pode a qualquer segundo perder o controle. Quem garantiria que não iria ferir alguém próximo? Apesar de ter claramente recuperado minha consciência, ou “sanidade”, era óbvio o resultado, não poderia fugir.

XxX

“Insanity

Fusou shisou da

Psychopaty

Nonki na jinsei”

XxX

Os dias continuavam a passar, uma vida tranquila continuava, nada de novo acontecia, parecia que os dias se tornavam mais longos, o tempo se passava mais lentamente, o tédio me consumia, junto com aquele sentimento, não que gostasse de ver todos ao redor se contorcer de dor, sei muito bem que fizeram isso, apesar de não lembrar bem. Mas, sentia como se estivesse presa com correntes, agora que tinha ideia do quão longe poderia ir, tarefas comuns se tornaram mais simples que antes.

Sem ninguém com quem pudesse conversar, digitava palavras sem sentido em meu celular, ao mesmo tempo em que fazia meu caminho de volta para minha morada, nada fora do costume, até que senti uma mão me jogar para a parede. Sem perceber, deixei meu celular cair no chão, um ladrão? óbvio, como já dito, o mundo não mudaria por uma ação fora do comum de algum tempo atrás, a qual não lembro ao certo. Roubos, estupros, assassinatos ainda acontecerão do mesmo jeito, principalmente em uma cidade grande como a minha.

A pessoa gritava comigo, não fiz questão de memorizar sua face, na verdade, muitas coisas se passavam ainda mais despercebida por mim. Não sentia medo, o pior sentido que me vinha era o terrível cheiro da droga que a pessoa de olhos avermelhados tinha. Tentei ao todo suportar, esperando apenas o primeiro movimento do serzinho insignificante. Apesar de tudo, não gostaria de ser uma “vítima sem provas”, então me machucar para poder acabar com a raça dessa pessoa não era nada demais.

Sorri ao vê-lo puxar uma pequena faca, sem nem mesmo esperar para jogá-la em meu rosto, criando um enorme corte, uma sensação de dormência e formigação não deixou de ser percebida por mim, isso apenas me fez sorrir mais, logo podia “controlar” meus instintos a ponto de fazê-lo cair no chão, lembro de ter pegue a faca no processo, estava pronta para apunhala-lo, mas, senti várias pessoas me segurarem. Infelizmente não tinha como lutar contra todos, também não queria algo maior do que já tinha. E novamente eu estava naquele lugar.

A parte esperada foi apenas receber cuidados e uma pequena advertência, mas não imaginaria que iria precisar ir a psicóloga depois disso, imaginavam eles que eu apenas estava traumatizada. Não eu não estava com nada daquilo, meus nervos estavam perfeitamente bem, eles apenas não entendiam que essa coisa, a sanidade, um dia precisaria cair. E era isso que ela estava fazendo. Me jogando no poço do prazer da loucura, e então, fazia alguma diferença o fim? Se vivi ou se sobrevivi por mais tempo, todos sabem o final de um ser humano. Por mais problemas mentais que tenha.


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